sábado, 30 de novembro de 2019

Baroness – Gold & Grey (CD-2019)



Dourado, Cinza e Esquisito
Por Trevas

Quinto capítulo da conturbada jornada musical de John Dyer Baizley e seu Baroness, Gold & Grey marca a estreia de Gina Gleason nas guitarras, substituindo o membro de longa data Peter Adams. Novamente ornado com bela arte gráfica de criação do vocalista/guitarrista, o disco foi composto como uma espécie de biografia de Baizley, hoje convivendo com as dores crônicas deixadas pelo sério acidente que quase ceifou a vida dos membros da banda em 2012.

Baroness, turma de 2019
Rápida introdução etérea e logo Front Towards Enemy toma de assalto nossos ouvidos. Idos são os tempos em que os caras soavam como um Mastodon parte 2, o que temos aqui é uma banda de Rock versátil, repleta de melodias interessantes. Do Sludge de outrora, restam algumas intrincadas partes de guitarra, engrandecidas com a chegada da nova caloura.




I’m Already Gone tem de início uma levada em Loop e linha e baixo bacana (por Nick Joost, que também toca os sintetizadores) que remetem aos Synth Pop de outras eras, uma beleza de música, mas que explicita um grande defeito do disco: a produção de Dave Fridmann (Weezer, Flaming Lips, Mercury Rev) é simplesmente horrorosa. Não sei qual foi a intenção aqui, mas a sujeira constante, como se estivéssemos ouvindo a música em uma caixa de som estourada não confere nenhum charme ao trabalho. E convenhamos, ouvir 17 faixas (uma hora e pouco de disco) nessas condições não é lá muito agradável.


Seasons começa, como diz o próprio Baizley como “o The Police no pior de seus dias”, mas ganha o ouvinte com o peso ao meio da canção aliado a solos de guitarra bem diferentes e uma inesperada presença de Blast Beats.


Sevens é um dos delicados interlúdios instrumentais aqui presentes, fazendo as vezes de introdução para Tourniquet. Primeira faixa composta para o novo disco, ela começa absolutamente sessentista, para então evoluir para algo que poderia figurar em alguma rádio rock nos anos 1980. E quando você acha que entendeu para onde a música está indo, ela toma um novo rumo. Bela canção, Gina mostra que trouxe ideias muito boas para os temas de guitarra e Sebastian Thomson preenche os espaços com padrões sempre interessantes de sua bateria, lembrando somente nesse ponto as comparações passadas com o Mastodon.



Anchor’s Lament faz a ponte entre a faixa anterior e Throw Me An Anchor. Com seus intrincados temas de guitarra, senso de urgência e bateria tresloucada aliados a um baita refrão, ela é forte candidata a música de destaque aqui. I’d Do Anything, uma bela e dark balada, mantém a versatilidade e qualidade em alta. Blankets Of Ash é só uma colagem de efeitos sonoros e Emmet Radiating Light, com as vozes combinadas de John e Gina e clima sensível, parece saída de um disco de MPB. 



Cold-Blooded Angels continua a toada mais calma, uma das favoritas de Baizley, traz inclusive a filha do “hômi” nos Backing Vocals. Ainda que a música ganhe um pouco de energia em sua metade final, não conseguiu me ganhar com a mesma força que outras do pacote. Broken Halo é a música mais “normal” em todo o disco, e definitivamente não chega a se destacar de início, mas cresce bastante com o belo tema de guitarra em sua reta final.



Can Oscura é uma loucura instrumental repleta de psicodelia que prepara o terreno para Borderlines, um excitante elo perdido entre o Baroness dos primórdios e o de agora. Temas instrumentais intrincados convivem em harmonia com melodias radiofônicas e climas que se alternam como se saltassem de década para década.


Bem que o disco poderia acabar aí, infelizmente ainda temos a irritante vinheta Assault On East Falls, seguida da viajante Pale Sun, com harmonias vocais repetitivas em cima de uma levada em Loop. Uma pena que a longa duração do disco, superpovoado com 17 faixas, aliada a uma produção irritantemente suja, seja capaz de minar o que poderia ser o trabalho definitivo do Baroness. Gold & Grey pode ser um disco de difícil digestão num primeiro momento (num segundo também, quiçá num terceiro), mas acredite: vale a insistência. (NOTA: 8,57)

Visite o The Metal Club
Gravadora: Abraxan Hymns (importado)
Prós: denso e repleto de belas músicas
Contras: produção porca, longo demais
Classifique como: Sludge Metal, Prog Metal
Para Fãs de: Opeth, Mastodon


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