Retro-Rock
Direto da Toca do Vampiro Doidão
Por Trevas
Após dois discos em
que envenenou seu stoner com mais
peso e experimentalismo, somados a alguma modernidade na produção, parece que o
hirsuto trio teutônico Kadavar
resolveu dar marcha-a-ré na máquina do tempo, apostando numa história
conceitual baseada nas várias releituras da mitologia do senhor dos mortos, Drácula.
Convenção de Bruxos velhos? |
Em meio a muita fumaça, The End se mostra uma introdução lânguida e
psicodélica que ironicamente inicia os trabalhos, preparando território para
uma pérola do Doom progressivo: The Devil’s Master. A produção,
nas mãos do tresloucado batera Tiger
Bartelt, muito mais vintage do que nos discos anteriores, a
voz de Lupus Lindemann emulando o que parece ser um jovem Ozzy com sífilis, tornando a apreciação do som um pouco ardilosa.
Mas vale a tentativa! Os riffs matadores
estão lá, apenas trabalhando de maneira mais contida ao longo da canção.
A virulência e peso retrô
habituais passa a frente na viciante Evil
Forces, com baixo gorduroso, bateria
alucinante, grandes riffs e solos. O
som do Kadavar, sempre com pés fincados
no passado, nunca soou tão genuinamente antigo, casando com perfeição com a foto
envelhecida e os trajes dos músicos na arte de capa. Na verdade, o novo disco
soa totalmente Kadavar, mas de uma
maneira diferente, nada como nenhum dos discos anteriores. Children Of The Night confirma a impressão passada pelas faixas anteriores: os
caras continuam mestres na rifferama, apenas decidiram criar um clima de
suspense na construção das canções, de maneira a casar com as letras, pequenos
contos de horror com um enfoque algo existencialista.
Dancing With The Dead é uma valsa algo progressiva repleta
de climas interessantes e que provavelmente pedirá por improvisos em sua
execução ao vivo. Poison é bem mais
pesada e urgente, e mostra o Rei dos Vampiros em sua conhecida repulsa pela
humanidade dessa vez temperada por um viés de crítica social e comportamental. Demons
In My Mind é excelente e algo
espacial, parecendo fazer a ponte entre o novo trabalho e os caminhos seguidos
nos dois discos anteriores.
Saturnales é mais experimental,
com o baixista Simon Bouteloup assumindo os vocais
principais. Funciona praticamente como uma preparação para Long Forgotten Song, um misto de Blues com Doom que faria
tio Iommi orgulhoso, a faixa mais
longa de For The Dead Travel, Fast. Com seu quinto trabalho de estúdio, o Kadavar mergulha de maneira firme e certeira na história de Drácula
e num som que parece erguido triunfantemente das brumas lisérgicas do final dos
anos 1960. Absolutamente matador (NOTA: 9,39)
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Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: esfumaçado e repleto de climas
Contras: o disco mais viajante dos barbudos
Classifique como: Retro-Rock, Stoner, Rock
Psicodélico
Para Fãs de: Graveyard, Uncle Acid & The
Deadbeats
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