domingo, 24 de novembro de 2019

Kadavar – For The Dead Travel, Fast (CD-2019)



Retro-Rock Direto da Toca do Vampiro Doidão
Por Trevas

Após dois discos em que envenenou seu stoner com mais peso e experimentalismo, somados a alguma modernidade na produção, parece que o hirsuto trio teutônico Kadavar resolveu dar marcha-a-ré na máquina do tempo, apostando numa história conceitual baseada nas várias releituras da mitologia do senhor dos mortos, Drácula.

Convenção de Bruxos velhos?
Em meio a muita fumaça, The End se mostra uma introdução lânguida e psicodélica que ironicamente inicia os trabalhos, preparando território para uma pérola do Doom progressivo: The Devil’s Master. A produção, nas mãos do tresloucado batera Tiger Bartelt, muito mais vintage do que nos discos anteriores, a voz de Lupus Lindemann emulando o que parece ser um jovem Ozzy com sífilis, tornando a apreciação do som um pouco ardilosa. Mas vale a tentativa! Os riffs matadores estão lá, apenas trabalhando de maneira mais contida ao longo da canção.


A virulência e peso retrô habituais passa a frente na viciante Evil Forces, com baixo gorduroso, bateria alucinante, grandes riffs e solos. O som do Kadavar, sempre com pés fincados no passado, nunca soou tão genuinamente antigo, casando com perfeição com a foto envelhecida e os trajes dos músicos na arte de capa. Na verdade, o novo disco soa totalmente Kadavar, mas de uma maneira diferente, nada como nenhum dos discos anteriores. Children Of The Night confirma a impressão passada pelas faixas anteriores: os caras continuam mestres na rifferama, apenas decidiram criar um clima de suspense na construção das canções, de maneira a casar com as letras, pequenos contos de horror com um enfoque algo existencialista. 


Dancing With The Dead é uma valsa algo progressiva repleta de climas interessantes e que provavelmente pedirá por improvisos em sua execução ao vivo. Poison é bem mais pesada e urgente, e mostra o Rei dos Vampiros em sua conhecida repulsa pela humanidade dessa vez temperada por um viés de crítica social e comportamental.  Demons In My Mind é excelente e algo espacial, parecendo fazer a ponte entre o novo trabalho e os caminhos seguidos nos dois discos anteriores.



Saturnales é mais experimental, com o baixista Simon Bouteloup assumindo os vocais principais. Funciona praticamente como uma preparação para Long Forgotten Song, um misto de Blues com Doom que faria tio Iommi orgulhoso, a faixa mais longa de For The Dead Travel, Fast. Com seu quinto trabalho de estúdio, o Kadavar mergulha de maneira firme e certeira na história de Drácula e num som que parece erguido triunfantemente das brumas lisérgicas do final dos anos 1960. Absolutamente matador (NOTA: 9,39)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: esfumaçado e repleto de climas
Contras: o disco mais viajante dos barbudos
Classifique como: Retro-Rock, Stoner, Rock Psicodélico
Para Fãs de: Graveyard, Uncle Acid & The Deadbeats


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