quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Picture – Wings (CD-2019)



Fênix Errática
Por Trevas

Wings é o disco de estúdio comemorativo dos 40 anos de existência do Picture, banda considerada uma das pioneiras do metal na Holanda. O Picture viveu um breve momento de sucesso no início dos anos 1980, excursionando com alguns grandes nomes da cena e causando um certo impacto em alguns mercados pela Europa até o encerramento de suas atividades, em 1987. Com o passar das décadas, o Picture acabou sendo catapultado aos status de banda Cult, tendo voltado em 2007, excursionando e gravando com alguma regularidade com uma formação que incluía a cozinha original e o vocalista britânico Pete Lovell (famoso pelo disco Eternal Dark). Em 2016, após dois discos de estúdio bacaninhas e inúmeras turnês, Lovell decidiu sair para montar o Lovell’s Blade, levando dois membros do Picture com ele. Os remanescentes Rinus (baixo) e Bakker (bateria) resolveram então remontar a formação original da banda, que gravara os dois primeiros discos. Na voz, Ronald Van Prooijen. Nas guitarras, o original Jan Bechtum soma forças a uma nova adição: Appie De Gelder. Com essa nova velha formação, fizeram uma turnê comemorativa antecipando os 40 anos (que rendeu um ao vivo ok). Como ninguém matou ninguém durante a turnê, o quinteto resolveu entrar em estúdio e cá estamos diante do rebento, o décimo trabalho de inéditas da carreira. Com a produção do desconhecido Jonathan Merrelaar e lançamento nacional em caprichado silpcase, vamos à Wings.

Senhores holandeses do barulho
Line Of Life abre o trabalho, com clara demonstração de que a sonoridade segue à risca a ideia da nostalgia – parece que estamos ouvindo um disco de 1978/1979. Boas guitarras se revezam e logo chega a voz de Ronald. O cara soa atualmente mais como o Dave Lee Roth do que o próprio Diamond Dave. E isso não é exatamente um elogio. Honestamente, a formação original do Picture nunca foi minha favorita, justamente por conta de Ronald, um vocalista muito menos interessante do que seus sucessores, Avigal e Lovell. Mas ele até faz um trabalho digno aqui, pena que Line Of Life, a algo irritante faixa título (que parece um Uriah Heep sem inspiração) e Little Annie introduzam o novo disco de maneira cansativa e nada empolgante.


Mas a coisa realmente emplaca nas ferozes, curtas e matadoras Is It Real e Blown Away (de longe a melhor do bando). Aqui realmente ouvimos o Picture cheio de energia que faz um dos shows mais legais que um fã de Metal Tradicional pode assistir. No Place To Hide e Empty Room diminuem o ritmo, mas essa última consegue extrair ótimas linhas melódicas aliadas a grandes solos e mudanças de andamento. Ótima música.



Mas infelizmente a empolgação dura muito pouco. Never Enough é quase um bizarro remake de We’re An American Band do Grand Funk Railroad. E a “paradinha para a galera cantar junto” no refrão surrupiado não melhora a vergonha alheia. Still Standing não consegue levantar muito a bola com sua letra comemorativa. Já a épica Stroke cita a empolgação da banda com o Brasil e encerra de maneira digna, mas não tão empolgante assim, um disco para lá de irregular. (NOTA: 6,75)

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Gravadora: Classic Metal Records (nacional)
Prós: o meio do disco tem ótimas músicas
Contras: Um início murcho e Never Enough
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Ostrogoth, Saxon, The Rods


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