Overdose
de Abóbora
Por Trevas
Talvez uma das
maiores notícias (e um dos maiores golpes de marketing) da cena metálica
internacional desde o anúncio do retorno de Bruce e Adrian ao Iron Maiden em 1999, a fusão de formações de eras diferentes do Helloween gerou a turnê dos sonhos de
muita gente que foi criada com a onda Power Metal dos anos 1990. A turnê, Pumpkins United, que começou titubeante devido a problemas de saúde
envolvendo Michael Kiske e uma grave acusação de uso
desenfreado de Playbacks, entrou
logo nos eixos e terminou como um estrondoso sucesso. Claro que, em tempos
modernos de grande apelo visual, onde cada movimento em cima de um palco é
registrado por inúmeros aspirantes a “cinegrafista de celular”, uma turnê de
tamanha importância pedia um registro audiovisual à altura. E cá temos United Alive, lançado em DVD
triplo e Blu-ray duplo (aqui
analisado), além de opções em Box Set e sua contraparte em CDs, denominada United Alive In Madrid.
Disco rodando, vamos às impressões da Cripta para a turma da abóbora teutônica.
O Pacote sob análise |
Imagem
& Som
O disco 1 representa
o set completo da turnê Pumpkins United. Mas as músicas foram escolhidas
de 3 shows diferentes. Embora a edição seja competente o suficiente para que
isso não venha a causar problemas de continuidade (quase não se sente os cortes
quando o show “muda de lugar”), fator importante em qualquer ao vivo que se
preze, a alternância de imagens e som entre os shows de São Paulo, Madrid e
Wacken, além da óbvia mudança de cenário, ainda fazem com que exista uma
diferença entre a qualidade do vídeo e som, ainda que essas diferenças não
cheguem a atrapalhar. Pois para nossa sorte as câmeras são de alta qualidade, e
em grande número, possibilitando uma edição ágil sem ser cansativamente
frenética. Há a inserção de efeitos, em especial flashes em P&B e divisão
da tela, mas ocorrem de maneira bacana. E quando o show muda de uma cidade para
outra, simpáticas vinhetas aparecem para nos informar o paradeiro atual, com
nome da música apresentada. Infelizmente o som já não acompanha a perfeição das
imagens, longe de ser verdadeiramente ruim, mas mais próximo de embolado do que
se esperaria para uma superprodução. Talvez tenha sido uma opção para deixar o trabalho
com mais cara de ao vivo possível. O legal é que os públicos dos três shows,
extremamente animados, aparecem consideravelmente na mixagem.
Performances
& Repertório
Quem já assistiu
qualquer show dos teutônicos, em qualquer era, provavelmente já sabe que
instrumentalmente a banda é sempre impecável. A dupla atual de guitarristas, Sascha Gerstner e Michael Weikath abriram espaço para Kai Hansen brilhar, os arranjos para 3 guitarras soando muito melhores
do que no caso do Iron Maiden, seja nas faixas recentes, seja
nos clássicos da era Kiske/Hansen. É fácil fácil se perder
embasbacado nas cascatas de solos dos 3 grandes guitarristas. A cozinha,
formada por Dani Loeble e Markus Grosskopf
funciona à perfeição, o que não é novidade.
Novidade mesmo, e uma novidade super esperada, é a união dos três
vocalistas que já passaram pela banda. Michael
Kiske, a cara do eunuco Varys da série Game Of Thrones, está com a voz cristalina e em
dia. Mas o careca possui o carisma de uma abóbora cozida. Já o sempre divertido
Hansen tem problemas com a voz tem
séculos, mas sobrevive surpreendentemente bem aos seus números, quase todos
compilados num Medley interessante,
além de colaborar bastante nos Backings.
Arrisco dizer que a união serviu para que os fãs deem mais valor ao
excessivamente criticado Andi Deris – além de estar em sua melhor
forma vocal em mais de década, Deris
ainda carrega boa parte da atenção do longo show com seu carisma e dinamismo.
Os arranjos foram todos muito bem bolados para aproveitar o melhor de cada
vocalista, deixando espaço para duetos e momentos solo. Afinal, todos têm
direito a descansar um pouco a voz em um set que beira as 3 horas de duração.
De resto, a banda demonstra simpatia o show inteiro, além de se movimentar
bastante em um palco com produção caprichada. Aos puristas, uma ressalva e
alerta: a banda toca atualmente com a afinação 1 tom abaixo do original. A
grande maioria das canções funciona sem maiores sustos, mas uma ou outra, mais
notadamente Dr Stein, soam esquisitas aos meus ouvidos com essa mudança.
Outro ponto a ser discutido é a escolha de repertório. Claro que cada fã
da banda tem seu “lado B” de estimação que pode não ter visto a luz do dia
aqui. Mas num show com quase três horas de duração e 25 faixas (fora os trechos
inclusos em dois Medleys), há mais Helloween do que a maioria ousaria
sonhar. Um repertório bem equilibrado e que consegue o milagre de fazer com que
o longo programa nunca chegue perto de ficar cansativo.
Extras
O segundo disco
apresenta quatro faixas ao vivo, duas representando versões alternativas (em
países diferentes) para músicas presentes no disco 1. As outras duas são faixas
que não aparecem no show principal, Kids
Of the Century e March Of Time. Qualidade de
imagem? Ótima. De som? Boa, como no material do programa principal. De resto,
documentários sobre a reunião, com incrível opção de legendas, inclusive para o
português!
Uma união fantástica, só resta saber quanto tempo vai durar |
Veredito
da Cripta
Um pacote que encapsula
aproximadamente quatro horas de material já merece respeito. O que dizer então
quando há visível esmero e capricho em cada pedaço do referido material? United Alive é a materialização dos sonhos molhados de qualquer fanático
pelo Helloween que se preze. Uma
deliciosa e imperdível overdose de abóbora! (NOTA: 10)
Gravadora: Nuclear Blast (importado)
Prós: Overdose de Helloween
Contras: Overdose de Helloween
Classifique como: Heavy Metal, Power Metal
Para Fãs de: Gamma Ray, Heavens Gate
Ainda estou me devendo esse show...
ResponderExcluirTrate de cobrar essa dívida de você mesmo hehehehe
ExcluirAbraço
T