quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Paradise Lost – Obsidian (CD-2020)


O Equilíbrio Na Sombria Beleza Da Obsidiana

Por Trevas

O 16º trabalho de estúdio do Paradise Lost chega em uma das fases mais confortáveis da carreira do quinteto. Após uma extensa e algo polarizadora era de experimentalismos, com o excelente The Plague Within (disco de 2015) os britânicos selaram de forma definitiva as pazes com suas origens Doom/Death. O novo (velho?) direcionamento trouxe de volta uma leva de fãs antigos, num raro momento em que um lançamento da banda não gerou debates acalorados, mas o equilíbrio entre as várias facetas de sua carreira ainda estava por ser encontrado. Medusa (de 2018), tentou com afinco, trazendo um bocado de elementos de Gothic Metal à mistura, e talvez justamente por isso a banda tenha optado por repetir a parceria com o produtor Jaime Gomez Arellano (Purson, Cathedral, Primordial) em Obsidian.

Trevosos? Nós?

E são precisos poucos segundos da bela e soturna Darker Thoughts para perceber que o Paradise Lost investiu pesado numa tentativa de equilibrar sua faceta gótica com o peso cru de outrora. Violinos e pianos convivem em rara harmonia com os latidos cada vez mais precisos do famigerado Hetfield de Yorkshire, o senhor Nick Holmes. A produção, muito mais polida e cheia de camadas do que em Medusa, ajuda bastante para balancear os riffs monolíticos de Greg Mackintosh (novamente autor de 100% do material) e Aaron Aedy, com as harmonias do primeiro cantando em nossos ouvidos melodiosas lamúrias, vide a excelente Fall From Grace.


O ataque inicial é dos mais fortes de toda a discografia dos veteranos, como podemos ouvir em Ghosts e The Devil Embraced, com cada um de seus cadavéricos pés fincados em territórios lúgubres de diferentes, podendo agradar tanto ao fã de um Gothic Rock oitentista quanto ao fã de Doom Metal mais puro. Após a impressionante sequência citada, temos as boas Forsaken, Ending Days e Hopes Die Young praticamente revivendo o período de transição dos lançamentos posteriores ao fracasso de Believe In Nothing, mas beneficiados por uma produção mais encorpada. O padrão se eleva novamente no encerramento, com a densa, pesada e solene Ravenghast soando quase como uma profana homilia musicada. Algumas edições do disco (como felizmente é o caso da nacional) contam ainda com duas faixas-bônus: Hear The Night e Defiler, ambas mantendo o padrão de qualidade e intenção estética, deixadas de fora provavelmente em prol de uma audição mais curta e concisa.


Definitivamente Obsidian não foi forjado como uma mera continuação dos bem-sucedidos discos anteriores. Muito mais sutil e variado, talvez demande um pouco mais do fã que prima o lado mais cru da banda. Mas vale o investimento, pois trata-se de um dos melhores discos de toda a carreira dos baluartes do Doom/Gothic Metal britânico. Excelente. (NOTA: 9,22)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: um quase perfeito equilíbrio entre as diversas facetas da banda

Contras: perde ligeiramente a força após a primeira metade

Classifique como: Doom/Gothic metal

Para Fãs de: My Dying Bride


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