Para os malucos(as) que como eu tem prazer em destrinchar as histórias que permeiam a trilha sonora que escolhemos para nossas vidas. E quantas histórias interessantes se escondem em cada esquina desse vasto mundo do rock! Vocês encontrarão por aqui resenhas de shows, discos, livros, dvds (blu-rays) e notícias comentadas sobre o mundo do rock. Espero que vocês gostem e visitem sempre ou eventualmente. Eu, certamente, me divertirei muito escrevendo aqui.
domingo, 8 de novembro de 2020
Kamelot - I Am The Empire: Live From The O13 (Box Set: Blu-ray + DVD + 2Cds – 2020)
Recheado
e Caprichado
Por Trevas
Quase 14 anos após o
lançamento do apoteótico One Cold Winter’s
Night, um dos home vídeos mais bacanas já lançados, o combo multinacional
de Power MetalKamelot volta ao formato com um show especial, gravado em Tilburg, na Holanda, em 2018. A versão
aqui analisada é a do Box Set, contendo
Blu-ray, Cds e DVD, mas como
habitual, existem diversos outros formatos (com lançamento nacional, inclusive).
Apresentação
O Box Set segue o formato tradicional
para lançamentos do gênero: um Digipack
enclausurado em Slipcase. Cada banda
do Digipack com miolos de plástico sobrepostos
para encaixe dos disquinhos. O encarte é bonito, mas tudo segue um padrão
repetido inúmeras vezes. Os Menus são bonitos, mas tive alguma dificuldade de
navegação pelo joystick do PS4. Uma apresentação bacana, mas não
há nada diferente aqui.
Feuer Frei!
Áudio
e Vídeo
Quem já assistiu a
banda ao vivo sabe do esmero técnico que envolve suas apresentações. Em se
tratando de um show especialmente feito para a gravação de seu novo ao vivo,
era de se esperar algo ainda mais grandioso. E é isso que encontramos aqui: uma
qualidade absurda de vídeo, com inúmeras câmeras, nenhuma imagem granulada que
seja, edição perfeita e momentos visuais de cair o queixo. A produção do show
ainda garante um palco belo, pirotecnias bem colocadas e um ou outro arroubo de
teatralidade (embora em menor grau que em One
Cold Winter’s Night).
O áudio é ótimo, e os Cds
merecem sim a aquisição, mas confesso que na primeira audição demorei a entrar
no clima da mixagem. Embora hoje nem saiba mais explicar o porquê.
Performances
e Repertório
O show do Kamelot é absurdamente redondo, e tecnicamente
absurdo. Alex Landenburg, o mais
novo membro, é um baterista para lá de competente para o estilo. OliverPalotai toma tanto os holofotes com seus teclados quanto o eficiente
patrão ThomasYoungblood. SeanTibbets brinca bastante no palco, ainda
que suas linhas de baixo raramente apareçam tanto. E TommyKarevik é o clone
perfeito de RoyKhan. A semelhança nos timbres chega a assustar. Mas, apesar de
tecnicamente ser possivelmente até melhor que seu antecessor, sinto a falta de
um pouco mais de feeling em suas interpretações. Da mesma maneira, apesar de,
como Roy, não ter pinta de cantor de
Metal, ele segura bem como frontman,
mas fica um pouco a sensação de algo meio robotizado em sua performance.
E, por falar em robôs, vamos entrar num ponto sensível aqui; é impressionante
o quanto temos material pré-gravado no show do Kamelot. Das compreensíveis partes orquestradas até quase todos os backingvocals, essas camadas extras deixam tudo com cara de que estamos
ouvindo o próprio CD ao vivo. Das bandas que conheço, somente o Nightwish exagera mais do que eles nas backingtracks. O quanto esse uso é interessante ou beira a trapaça, deixo
para cada um analisar.
Temos também um punhado de
participações especiais nesse show: LaurenHart (OnceHuman); AlissaWhite-Gluz (ArchEnemy); ElizeRyd (Amaranthe); CharlotteWessels (Delain), SaschaPaeth (ex-HeavensGate, Avantasia) e o quarteto feminino de
cordas Eklipse. Todos os convidados têm
seu espaço e fazem bonito, engrandecendo o show, como esperado.
Sobre o repertório,
aqui jaz o suposto único ponto fraco do pacote. A intenção, exposta nas
entrevistas bônus, era a de focar no material posterior ao último HomeVídeo. Com ao menos uma música dos cinco trabalhos de estúdio
lançados a partir de então. Uma ideia válida, mas que demonstra o quanto a
banda decaiu criativamente com o passar do tempo. Não que os discos com Karevik não tenham lá seus bons
momentos, em especial as músicas de Haven
(de longe o melhor dos discos atuais), mas até esses números empalidecem quando
confrontados com os poucos clássicos espalhados pelo set (MarchOfMephisto, When The Lights Are Down e Forever). Na verdade, apanham até dos
momentos de discos menores da era Khan,
como RuleTheWorld e TheGreatPandemonium. Mas a
plateia presente não composta de fãs eventuais, e acaba por cantar de tudo,
feliz e participativa.
Extras
O pacote é caprichado aqui:
temos um extenso documentário (cerca de 30 minutos) sobre o show, com muito
espaço para os fãs e convidados especiais. Tudo muito bem feito e interessante.
Outro item é um apanhado de imagens de bastidores da turnê norte americana, com
cerca de 15 minutos. Menos interessante, é daqueles que você dificilmente assistirá
mais de uma vez. Para fechar, temos todos os videoclipes da fase Karevik (10 no total), todos contando
com produção de ponta.
Veredito
Final
Completo e feito com imenso
esmero, I Am The Empire é um pacote
que há de ganhar alta rodagem nos aparelhos dos fãs da fase atual do Kamelot. Poderia reclamar da falta de
material antigo, mas como essa é exatamente a proposta desse ao vivo, seria
julgar o trabalho justamente pelo que ele não intenciona ser. Um HomeVídeo tecnicamente perfeito. (NOTA:
10).
Gravadora: Napalm Records (importado)
Prós: um pacote recheado e tecnicamente
absurdo
Contras: repertório baseado na fase atual,
backing tracks em profusão
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