quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Magnum – The Serpent Rings (CD-2020)


 

O Veneno da Velha Serpente

Por Trevas

Longa estrada já percorreu esse combo britânico, The Serpent Rings é simplesmente o 21º trabalho de estúdio em uma carreira que remete ao longínquo ano de 1972. O mais impressionante é imaginar que quase metade desses trabalhos foi lançada em anos recentes, mais precisamente após o retorno da banda, após alguns anos de hiato, em 2002. Se essa alma prolifica algo tardia já é incomum, mais incomum ainda é o fato de que, afora os curtos anos de flerte com o Mainstream, entre a segunda metade dos anos 1980 e início dos 1990, a banda nunca foi tão popular. Aproveitando a liberdade artística dos dias atuais e surfando nessa nova onda de popularidade, o mentor, guitarrista e principal compositor do MagnumTony Clarkin - optou por manter essa hercúlea rotina de trabalho e, enquanto falamos desse disco, já foi anunciado que a banda está preparando o próximo, programado para início de 2022.


UOUOUIEIEI...Ovelha e sua trupe, 2020

The Serpent Rings marca a estreia de Dennis Ward (Pink Cream 69, Unisonic, Place Vendome), substituindo o baixista Al Barrow. Mas, para minha surpresa, não é o estadunidense quem assume a produção aqui, e sim o patrão Clarkin. Que escreveu todas as músicas e letras, claro. A bolachinha abre com Where Are You Eden?, um belo exemplar da sonoridade atual da banda. Talvez com a guitarra mais na cara do que no mediano disco anterior. Ah, para quem não conhece o trabalho do Magnum, explicar o estilo dos britânicos não é lá uma tarefa muito fácil. Aura mística, canções baseadas num vocalista que prima muito mais pelas belas melodias e timbres do que pelos gritos e agressividade (o clone do Ovelha, Bob Catley) e uma impressionante capacidade de misturar Hard, Heavy, AOR e Progressivo sem soar forçado – essa é a melhor definição do som do Magnum. E isso tudo está presente aqui.


Seguimos com You Can’t Run faster Than Bullets, e a impressão de um álbum mais guitarrístico se confirma, com sua letra sombria ganhando vida na bela voz de Bob Catley, que se já mostra sinais de esgotamento ao vivo (pudera, são 73 anos bem vividos), ainda cumpre seu papel com maestria em estúdio. Bob, aliás, dá um show na ótima Madman Or Messiah, que tem algo do Uriah Heep atual. Um dos trunfos de Clarkin é sua capacidade de construir pequenos épicos, repletos de luz e sombra, como The Archway Of Tears. A princípio menos impressionante, a faixa de trabalho, Not Forgiven, dá uma guinada em seu refrão. Vale ressaltar que tio Clarkin anda meio cabreiro, as letras são boas e bem encardidas por uma certa descrença e raiva.


A épica e progressiva faixa título é bonita e algo climática, com as orquestrações dando a ela uma aura de filme à lá Senhor dos Anéis. Sabiamente, ela vem seguida pela rocker House Of Kings, que mesmo aparentando maior simplicidade, abre caminho para um interlúdio de piano, um sax encardido e belo solo de guitarra. Uma daquelas coisas que somente a maturidade traz aos grandes compositores. Seja lá que bicho mordeu a banda, o marasmo do disco anterior pouco se faz presente aqui, e até nas faixas que despertam um certo Deja Vu, como Man e The Great Unknow, há momentos interessantes. Um disco inspirado e cheio de nuances só poderia encerrar com uma faixa como Crimson On The White Sand, com Bob tirando um coelho vocalístico da cartola e mostrando que nunca é tarde para aprender novos truques. Mais um belo trabalho do Magnum, que tirou a má impressão deixada pelo disco anterior. Vale uma conferida! (NOTA: 8,90)

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Gravadora: Shinigami Records (Nacional)

Prós: clima soturno, músicas bonitas e repletas de dinâmica

Contras: sempre reclamo de discos longos, então...

Classifique como: AOR, Prog Rock

Para Fãs de: Demon, Ten, Avantasia

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