Conjurando
Os Deuses Antigos da Escócia
Por Trevas
Quando voltei de minha viagem para a Escócia, em 2018, vim com a mala abarrotada de guloseimas musicais. Na busca por novidades da cena local, fui menos bem-sucedido do que esperava. Excetuando pela “descoberta” de uma banda de Doom Metal vinda de Edimburgo. Que, para minha sorte, lançara seu disco de estreia exatamente no mês em que lá estive. Voltei com Under The Mountains, um debut encardido, que logo se tornou um dos meus favoritos daquele ano. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que, dois anos depois, a banda teria seu segundo disco lançado aqui no Brasil, em bela edição da Hellion Records? Obviamente corri atrás de minha cópia assim que saiu.
Isso é true, até a foto é Doom |
Após uma intro climática, a faixa título assombra nossos ouvidos com um
dos Riffs mais encardidos desse
2020. De cara, a voz de Laura Donnelly, despida das toneladas de
efeitos do primeiro disco, toma a frente, numa performance hercúlea que se
repetiria por todo o disco. Ao final da faixa fica impossível também não se
impressionar com a destreza da cozinha formada pelo estreante Rory Lee (baixo) e pelo polvo grotesco Lyle Brown.
A produção, dessa vez dividida entre o guitarrista Jamie Gilchrist e Kevin Hare, acerta no tom, com um punch absurdo e modernidade sem descaracterizar as origens do tipo de som que a banda faz, um Doom Metal com veia épica e bem dark. As letras, estas são calcadas no folclore celta, em especial nas lendas da bela Escócia, como na monstruosa Of Rock And Stone, que narra as desventuras de Beira, a deusa do inverno e mãe de todos os deuses, na mitologia local.
Quando eu chamo o som dos escoceses de Doom Metal, talvez esteja simplificando um bocado a coisa. Embora Call Of the Hunter soe tão Candlemass clássico que Laura até pareça aqui e acolá com um Messiah Marcolin de saias, o rolo compressor Witches Mark, por exemplo, já tem bem mais de um híbrido entre Motörhead e Mastodon.
Elementos setentistas permeiam timbres, a pegada da cozinha e a voz de Laura (ver Order From Chaos), e a modernidade aparece nos arroubos que remetem (ainda que levemente) ao Sludge de bandas como Mastodon e Baroness. Independente disso, o que torna Body of Light absurdo é que não há, exceto pelo curto interlúdio acústico Solstice II, um minuto de descanso para os ouvidos. Decibéis inspirados permeiam pérolas Doom Metal como Solstice I/She Burns e o encerramento apoteótico com os mais de 10 minutos de Beyond The Black Gate. Colossal e obrigatório! (NOTA: 10)
Visite o The Metal Club |
Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: um verdadeiro massacre Doom
Contras: uma hora de disco pode ser
demais...
Classifique como: Doom Metal
Para Fãs de: Candlemass, Avatarium, Death Penalty
Nenhum comentário:
Postar um comentário