sábado, 25 de janeiro de 2020

Swallow The Sun – When A Shadow Is Forced Into The Light (CD-2019)



Jornada Ao Centro Do Luto
Por Trevas

O que fazer quando o amor da sua vida tragicamente deixa esse plano em tenra idade por conta de uma doença cruel? Se você é um artista, parece inevitável se valer de sua própria arte para expurgar o sentimento de impotência e o luto. E quando sua arte já é naturalmente sombria, a tristeza pode ser canalizada como um possante combustível. E é com esse sinistro combustível que Juha Raivio, líder e guitarrista do combo finlandês de Doom Metal, abastece o oitavo trabalho de estúdio do Swallow The Sun. Juha perdeu sua esposa e musa inspiradora, a cantora sul-africana Aleah Stanbridge, pouco depois do lançamento do magistral e ambicioso Songs From The North (cuja capa traz justamente uma foto de Aleah).

Aleah e Juha
Catarticamente, se concentrou então em terminar o disco póstumo do Trees Of Eternity (seu duo com a esposa). Chafurdando no luto, entendeu que parar de trabalhar seria uma escolha ruim. E assim nasceu When A Shadow Is Forced Into The Light, produzido por ele mesmo em dobradinha com o tecladista Jaani Peuhu, e mixado pelo mago Jens Bögren.

Sexteto Sorumbático
A faixa título abre a jornada, um épico que transita com maestria entre luz e sombra, ora extremamente melodioso, ora pesado e desesperado. Uma macabra e cadavérica valsa das trevas.



A impressão de que o Swallow The Sun dessa vez mergulharia mais sem eu lado atmosférico e melódico fica ainda mais latente nos quase 8 minutos da belíssima The Crimson Crown, delicada e extremamente melancólica. É como se Juha tivesse tentado fazer com que sentíssemos cada átimo de sua saudade e dor, com sucesso.


Firelights e Upon The Water mantém um impressionantemente alto padrão de qualidade. Por vezes a banda soa como uma versão mais delicada do My Dying Bride, em outras, evoca o lado mais gótico do Paradise Lost. Sempre com sucesso. A produção é excelente, e os cuidadosos arranjos privilegiam o poder das canções, em detrimento de destaques individuais. Ainda assim, impossível não aplaudir a performance de Mikko Kotamäki. Mikko está perfeito, tanto nas vozes limpas quanto nos urros, ficando claro o quanto ele cresceu, ainda que possam ser ouvidas claras influências do mestre Aaron Stainthorpe (My Dying Bride).


As oito canções aqui presentes são recheadas de uma melancolia quase palpável de tão densa. Mas os elementos de Death Metal ainda se fazem presentes aqui e acolá (como em Here On Black Earth), ainda que sirvam majoritariamente como mero tempero de um todo bem menos histriônico. O que não tira em absoluto a força do disco, uma pérola sombria que nos transporta diretamente para o centro do luto de um homem desesperado. Ao ponto de quando Mikko finaliza a poderosa Never Left com os versos “Empty arms,But you never left. Empty rooms, But you never left. Empty heart, But you never left” quase podermos sentir a presença do fantasma da bela e talentosa Aleah. Um dos mais belos discos de 2019. (NOTA: 9,56)

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Gravadora: Urubuz Records (nacional)
Prós: delicado, sombrio e triste
Contras: não é exatamente brutal
Classifique como: Doom Metal, Gothic Metal
Para Fãs de: My Dying Bride, Paradise Lost, Katatonia


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