Satan - Cruel Magic (Cd-2018) |
Satã
Clama Metal!
Por Trevas
Terceiro disco dos
veteranos da NWOBHM desde seu
brilhante retorno aos estúdios, Cruel
Magic ganhou uma impensável edição
nacional pela Urubuz, com um
slipcase que realça a malvada e bela arte de Eliran Kantor (Kreator). Arte aliás, que parece continuar
a temática do mórbido juiz que aparece desde os tempos do longínquo e clássico Court In The Act. Mas quem esperava um mais do mesmo
do quinteto britânico, deve ter tomado um certo susto.
Vossa Satânica Majestade |
Into The Mouth Of
Eternity
chuta eventuais bundas esperançosas pela mesmice com uma introdução totalmente
progressiva, para então adentrar o ramo do Metal oitentista com uma produção
crua e bem ao vivo, que parece reminiscente do fim dos anos 1970 do que da
própria era que consagrou o Satan. A
música é brilhante, com Brian Ross e sua voz que nunca envelhece
entoando suas inspiradas letras algo esquisotéricas rodeado de uma orgia
guitarrística de arrancar sorrisos de qualquer fã de guitarras dobradas. Steve Ramsey e Russ Tippins definitivamente não estão para
brincadeira aqui.
A faixa título começa misteriosa e o baixo pulsante de Graeme English fazendo uma belíssima dobradinha com a bateria “na fuça” de
Sean Taylor, cada batida uma pancada nos tímpanos. O estilo de gravação
setentista chama a atenção, alguns solos até mesmo poderiam evocar algo como Foghat e os backing vocals, são
deliciosamente “largados” e também temos cowbells
aqui e acolá. Não se assuste, o Satan
ainda está ali, prontamente reconhecível mesmo àqueles que só acompanharam o
debut, mas os caras conseguiram trazer um molho à mais. O single The Doomsday Clock (que curiosamente tem
um trecho que parece cantado pelo Daron
Malakian do SOAD!) e sua sucessora Legions
Hellbound (uma das faixas mais
fodonas de metal tradicional que já escutei) bem poderiam estar no disco de
estreia, diga-se de passagem.
Ophidian dá a impressão que o
quinteto tentou reescrever The Ripper, do Judas Priest. Mas o fez
com esmero, pois conseguiram manter aquele clima de suspense/horror que seus
conterrâneos canalizaram sonoramente décadas atrás. O começo com a bateria de Sean Taylor dá o sinal para My
Prophetic Soul, a menos inspirada de todo o disco, mas ainda assim capaz de
fazer o pescoço balançar e as mãos acompanharem os riffs e intrincados solos em
uma guitarra invisível. Death Knell For A King nos faz querer ajoelhar perante a
majestade Brian Ross. Como o cara soa bem aqui. E as letras conseguem soar
absolutamente Heavy Metal sem dar aquela vergonha alheia. Um
talento de poucos.
Who
Among Us soa um cadinho abaixo do massacre sonoro, mas Ghosts Of Monongah, que musica esplendorosamente
a história da catástrofe que dizimou mais de 300 mineiros na homônima cidade
estadunidense séculos atrás, me faz pensar que diabos os caras beberam para
esbanjar tamanha inspiração em um estilo já tão batido. Mortality encerra com toques orientais e maestria um disco
impressionante.
Veredito
da Cripta
Quantas bandas conseguem
depois de um hiato tão longo replicar a magia de seus primórdios em uma trinca
de discos tão forte? Um fenômeno raro, mas aqui o Satan ainda foi mais longe, buscando toques de progressivo e de
timbres setentistas para produzir algo ainda mais raro: um disco único. Nada
soa como esse Cruel Magic. Facilmente um dos melhores discos
desse excelente 2018!
NOTA: 10
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Gravadora: Urubuz Records (nacional)
Prós: um disco único, e ainda assim soa
como Satan clássico
Contras: produção crua e bem “ ao vivo”,
pode incomodar alguns
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Blitzkrieg, Angel Witch
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