Paul Rodgers - Free Spirit |
Paulo
Rogério e o Espírito Livre
Por Trevas
Narrativa em off, tela
preta, Paul faz uma introdução,
explicando que antes de todo o sucesso de sua carreira (cerca de duas centenas
de milhões de discos vendidos), existiu uma pequena banda de Blues Rock que ele montou com seu saudoso amigo Paul Kossoff (nenhuma menção
ou homenagem a Andy Fraser, diga-se) em 1968. A pequena
grande banda foi o Free, uma das
mais influentes para a então efervescente cena do Rock pesado britânica. Em sua curta existência, o Free produziu uma penca de discos
clássicos, e sua importância acabou eclipsada com o tempo pelo gigantismo da
empreitada seguinte de Rodgers, o
multi-platinado Bad Company.
Os imberbes menudos do Blues Rock inglês |
Em 2017 Paul resolveu colocar
na rua uma breve turnê celebrando o legado do Free, de mesmo nome desse lançamento (em diversos formatos), que vê
a luz do dia justamente quando a banda completa 50 anos de sua fundação. O local
escolhido para o registro? O lendário Royal
Albert Hall, em Londres. A banda que acompanha o vocalista, a mesma que
acompanhou a blueswoman Deborah Bonham (sim, irmã do “hômi”) por muitos anos. Uma banda repleta de
feeling e com proficiência o suficiente para fazer justiça ao material
original, 16 faixas pinçadas dos 6 discos de estúdio, contando com as
obrigatórias (All Right Now, Fire And Water, Mr. Big) e algumas “surpresas”, como Magic Ship (numa rendição de arrepiar) e Woman.
Ok, o repertório é matador e a banda é de ponta. Tá bom, mas e a estrela
da noite, como está? Então aos 68 anos, Paul
Rodgers prova que fez definitivamente
o pacto com o cramulhão! Ou isso ou o cara deve ser urgentemente estudado pela NASA. Além de estar em plena forma
física, o baixola não só não perdeu nem um pingo da potente e límpida voz como ainda
tira onda “tsunâmica” cantando por vezes a uma distância surreal do microfone,
de maneira até mais elástica do que em seus longínquos 20 anos. Não, nenhuma das músicas tem rendição menos do que espetacular. Talvez
falte somente aquela coisa mais crua da época, mas vamos combinar, difícil
reclamar do que foi gravado nessa noite mágica.
Áudio
e Video
Visualmente a
produção é mantida ao mínimo: bela iluminação em um palco clean, câmeras em
tomadas corretas (em altíssima definição) e uma edição de cortes nada
frenéticos, que privilegiam o cantor em pelo menos 70% do tempo. O som? Absolutamente
cristalino. Talvez a única reclamação possível seja o ambiente algo asséptico
de shows no Royal Albert Hall: parece partida de tênis, um monte de gente com cara de riquinho
que mal respira durante a música, todo mundo sentadinho, batendo palmas e
gritando só nos intervalos. Eu iria gritar e pular feito um macaco sifilítico
durante todo o show, mas está tudo ok.
Extras
Como já havia
acontecido em Live In Glasgow,
nos extras temos trechos dos shows de abertura. E se Paul fosse político, ia sofrer denúncias de nepotismo. Um dos shows
é da filhota, Jasmine Rodgers (com 6 músicas), em formato semi-acústico.
Bela voz e um som folk, por vezes exótico. Bacana. O Outro show é da filha de John Bonham, Deborah (com 7
músicas). Nesse caso, como Paul
roubou a banda dela, a moça se apresentou num esqueminha voz e guitarra. Baita vozeirão
tem a senhora, e o show acaba ficando interessante, mas certamente renderia
melhor com a banda completa. Bem poderia ter também uma entrevista com o tio Rodgers, mas ficamos só com os extras
musicais (bacaninhas) dessa vez.
Veredito
da Cripta
Uma boa banda, um ótimo
repertório e Paul Rodgers esbanjando voz. Não, o show não
é um emulador perfeito do que era o Free,
faltam a garra, a audácia e imprevisibilidade daqueles então menudos do Blues Rock. Mas em compensação, temos muita perícia, experiência e
feeling num registro para lá de recomendado.
NOTA:
9,00
Gravadora: Quarto Valley Records
(importado)
Prós: 16 clássicos do Free interpretados
com maestria
Contras: O clima “festa de tiozão” do
Roayl Albert Hall
Classifique como: Blues Rock
Para Fãs de: Bad Company, Joe Bonamassa
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