terça-feira, 21 de novembro de 2017

Shows de Novembro: Vimic + Megadeth + Accept + Zakk Sabbath

Vimic + Megadeth +Accept + Zakk Sabbath

Olá, Criptomaníacos!
Bom, infelizmente devido à crise que assola o Estado do Rio de Janeiro, e sendo eu um dos muitos servidores que vivem um ano complicado repleto de salários atrasados, definitivamente tive que me alijar de assistir uma penca de grandes shows que por aqui pintaram. Mas não seja por isso, o grande Freddy Krill, nosso enviado especial da Cripta, esteve em todos eles e vem aqui contar tudo para vocês. Divirtam-se!!   
Abraço
Trevas


Convidado da Cripta: Freddy Krill


Biólogo e Maidenmaníaco, Krill testemunhou mais shows nessa existência do que você comeu meleca na sua infância, e isso merece respeito. 

Nas horas vagas, Mr. Krill é um renomado e dedicado professor cujo humor e peso da mão na correção de provas variam consideravelmente de acordo com o que está rolando no aparelho de som.




SOBRE NOVEMBRO E SHOWS NO RIO

Não é novidade que o Rio há muito se tornou escala alternativa para MUITAS produtoras de shows de Rock/Metal (valeu e “OBRIGADO”, povo rockêro-redbênzi!...). Mas estes últimos meses têm sido (estão sendo) atípicos! Ainda que tenhamos ficado de fora do circuito de algumas bandas (King Diamond, Helloween, Hammerfall e Anthrax, sobretudo), tivemos ótimos shows aqui! Cito CINCO, na sequência de apresentação: Vimic / Megadeth, Metalmorphose, Accept & Zakk Sabbath! Esta resenha versará apenas sobre os gringos...

1.          VIMIC / MEGADETH (VIVO RIO, 01/11/2017)

a)         VIMIC: NUNCA fui (ou serei) fã do Slipknot. As a matter of fact, quando se apresentaram no RiR 2011, fui me deitar na grama (sintética) da Cidade do Rock... Também, depois de Matanza, Korzus, Angra, Sepultura, Coheed & Cambria e MOTÖRHEAD (meu último deles, snif snif...), como é que eu estava??? Então optei por ficar apenas ouvindo aquela “muralha” (oops!) polissônica que não me emociona (Sorry lovers / Hello haters)! Mas por que falar deles? Porque a saída/demissão/expulsão de Joey Jordison da banda será sempre algo mal e/ou não devidamente explicado. Assim sendo, saber da inclusão do Vimic como banda de abertura do Megadeth não me disse nada. Não sabia o que esperar...
A convite da @eventimbrasil (produtora do evento), adentramos o Vivo Rio com a expectativa nas alturas! Eram 20h (EM PONTO) quando Jordison (D) e seus asseclas (Jed Simon / Steve Marshall [G], Kyle Konkiel [B], Matt Tarach [KB] e o super-albino Kalen Chase [V]) tomaram o palco. Sua música tem (e não poderia ser diferente!) toques da ex-banda de Joey (que é um excepcional baterista!), mas, honestamente??? NÃO CONSEGUI CURTIR!!! As músicas têm andamentos esquisitos, com diversas “quebradas” de tempo... Na hora em que você acha que “vai”... NÃO VAI!!! O público (ainda reduzido) tratou o batera com reverência e (a banda com) respeito, mas o fato de ainda não terem lançado seu álbum de estreia e um show apenas morno (apesar de uma hora de duração), com músicas desconhecidas, contribuiu para certa indiferença... (este escriba incluso!).


Vimic (foto por Krill)
b)         MEGADETH: Desde que aterrissaram no RiR 1991, com a formação do Rust in Peace (Mustaine / Ellefson / Friedman / Menza – aclamada como a melhor da história da banda), que de forma mais ou menos contínua ela vem ao Brasil. Sua última passagem aqui foi em 2013, como banda de abertura do Black Sabbath (Apoteose), ainda com Shawn Drover (D) e Chris Broderick (G), que saíram logo após. A escalação de Kiko Loureiro (G, ex-Angra) e Dirk Verbeuren (D, ex-Soilwork) como membros efetivos trouxe certo entusiasmo em ver como seria sua “enésima” encarnação!
Eram 21:30h (sim, EM PONTO!) quando o telão passou sua tradicional abertura e, logo após, ladeados por algumas dezenas de fãs do Meet and Greet, Dave Mustaine e trupe adentraram o recinto, descascando logo de cara Hangar 18 que, na minha opinião, não fosse Holy Wars, ganharia o título de “melhor-música-best-of-de-todos-os-‘times’-do-RiP”! Calcando seu set no novo CD, levaram The Threat is Real, Conquer or Die!, Lying in State e a faixa título Dystopia, além daquelas “çuper-crássicas-crasse-A” que não podem faltar: Wake Up Dead, In My Darkest Hour, A Tout Le Monde, Symphony of Destruction e Peace Sells, ladeadas pelas excepcionais Take No Prisoners, Sweating Bullets (é muito comédia ver Mustaine conversando com ele mesmo!), Tornado of Souls e a apenas esforçada Trust (dava pra colocar outra melhor no lugar...). De MUITO espantoso veio Mechanix (provando que Mustaine deixou no passado suas diferenças com o Metallica – ou será que não e nunca???)...
Os novatos Dirk e Kiko provaram ter sido ótimas escolhas, ainda que o Brasileiro esteja contido, com pouca participação junto à galera, que o ovacionava de forma enlouquecida! Num show direto, mas curto (1:30h de duração), a volta teve como único bis a óbvia Holy Wars... The Punishment Due, que levou o público ao êxtase! De forma simpática, mas sem muitas firulas, bye bye Rio!

Dave Megamorte e sua trupe (foto por Krill)
2.          ACCEPT (TEATRO RIVAL, 11/11/2017)

Sabe aquelas bandas que você acha que NUNCA conseguirá ver aqui? Pois é. Para mim, o Accept SEMPRE teve essa aura! Nas suas idas e vindas, ao longo de seus 40 anos (!) de carreira, com intermináveis e inesgotáveis “brigas e pazes” com o baixinho Udo Dirkschneider, já tinha me conformado com o inevitável. Mas eis que... Udo’s OUT, Mark Tornillo’s IN e... ACCEPT NO BRASIL (abrindo para o Judas Priest, num abarrotado Vivo Rio [23/04/2015] e Imperator [09/04/2016])!! Shows irrepreensíveis, com uma banda afiada, que resiste ao tempo no “núcleo duro” composto por Wolf Hoffman (G/V, o melhor clone de Bruce Willis que você verá na sua Vida!) e Peter Baltes (B/V), aliados ao já citado Tornillo (V, ex-TT Quick), Uwe Lullis (G/V, ex-Grave Digger / Rebellion) e Christopher Williams (D/V, ex-Kid Rock, Blackfoot & War Within). E foi assim que vieram para sua terceira apresentação no RJ, divulgando seu novo CD (o primeiro com a nova formação). Na fila (pequenina), algumas questões: o quanto de público compareceria? (O Rival comporta apenas metade de público do Imperator, onde o show já fora um tanto esvaziado) e, pior... Haveria? O de Fortaleza fora cancelado (por problemas no avião/aeroporto)... Mas daí encostou uma van e saltaram os cabruncos!

Bruce Willis teutônico, Baltes, Lullis e tio Parafuso

Lá dentro, a espera durou mais que deveria... Mas às 21:30h o pano que cobria a bateria foi retirado, e Christopher recebeu os aplausos dos cerca de 300 (!) abnegados presentes. Logo em seguida, vieram os demais (num palco diminuto, dada a cenografia da banda) e largaram, de cara, Die by the Sword, emendando com Stalingrad (poderosa, ao vivo!) e as clássicas Restless and Wild, London Leatherboys e Livin’ for Tonite. Do novo álbum, e seguindo sua sequência vieram a faixa título The Rise of Chaos, Koolaid, No Regrets e Analog Man. A partir daí, Final Journey e Shadow Soldiers se apresentaram como novas clássicas (JÁ VIRARAM!), mas é claro que o povo quer as “Udonianas”: Neon Nights, Princess of the Dawn, Midnight Mover, Up to the Limit e Objection Overruled provaram que Tornillo não é “apenas mais um baixinho com voz de pato rouco”, mas que calçou os sapatos do Udo e os remoldou em seus próprios pés, sem deixar dúvidas sobre sua competência nem saudades do Urtigão Ranzinza (pleonasmo vicioso, eu sei!). Pandemic veio destruindo, mas... O ano foi 1982. O termo Heavy Metal, supostamente cunhado vinte anos antes por William S. Burroughs abrangia toda uma gama de sons altos, distorcidos e aparentemente relacionados ao que o Black Sabbath fazia desde 1968... Mas ao se colocar o LP “Restless and Wild” para tocar fomos (e somos) brindados com a curiosa abertura de uma música folclórica alemã, seguida pelo inconfundível som da agulha raspando no vinil e um berro de assustar (lembra do ano?), seguido da música que reputo como a primeira canção de thrash metal da história!: Fast as a Shark, que ao vivo assume contornos assustadores, de tanta força, energia e violência que libera!!! Pausa para um breve descanso, e a volta vem com Metal Heart, Teutonic Terror e a infalível Balls to the Wall!! Na saída, os sorrisos da banda, aliados àquele calorzinho “gostoso” do Rio pré-verão diziam como eles se sentiam... O bom do Accept é que se você não conhece as letras fazer um ÔÔÔÔ já ajuda, e bastante! O carisma, presença de palco, talento e coreografia da melhor banda teuto-americana do mundo faz o resto! Que voltem logo, porque ficamos otimamente bem acostumados!

Teutonic Terror

3.          ZAKK SABBATH (CIRCO VOADOR, 17/11/2017)
Com o “The End” dos mais longevos dinossauros do Heavy Metal, abriu-se uma lacuna que jamais será fechada. Não há banda nesta Terra plana (Planeta – ironic feelings!) que possa fazer o que o Black Sabbath fez. E PONTO! Então, só nos restará, doravante, ver/ouvir seus CDs / DVDs e pior: “aturar” os clones/repetidores/imitadores do BS (EU MESMO participo, como vocalista (se o Ozzy pôde, por que não este escriba?), de uma bagaça dessas)!
Assim, foi sem espanto que no início deste ano soube que Zakk Wylde (G/V, Ozzy Osbourne / Black Label Society), Rob “Blasko” Nicholson (B, ex-Rob Zombie / Ozzy Osbourne) e Joey Castillo (D, ex-Danzig / QOTSA) montaram um projeto, singelamente nomeado Zakk Sabbath. Convenhamos: QUEM TEM MAIS MANHA que Zakk de colocar algo assim pra funcionar? Guitarrista de longa data do Quiropterófago Dislálico e tour-partner dos pais do Heavy Metal... O vídeo de War Pigs me convenceu que havia ali algo espontâneo e forte, ainda que apenas um projeto, já que o BLS está plenamente ativo, e ele voltou a tocar/gravar/excursionar com o Madman. Blasko é um monstro nas quatro cordas, e Joey (que vi com o Danzig no Imperator, num distante 22/06/1995 [lembrem-se de que o Trevas afirmou que já vi mais shows do que melecas foram comidas por muita gente ao longo da Vida!...]) é um baterista fenomenal!
Ao saber que o ZS viria ao Brasil, e melhor, ao Rio e, muito mais melhor de bom ainda, ao Circo Voador, comprei meu ingresso sem pestanejar! Sabia que não há como dar errado juntar músicos como os três com a música inspiradora e atemporal do Black Sabbath!

Trio Urtigão (foto por Krill)

Adentrei o solo sagrado da música carioca/brasileira e de imediato colei logo o quanto pude junto ao palco. Em apenas 30min de casa aberta já havia cinco filas de camisas pretas à minha frente! Mas isso seria temporário, como todos que vamos a shows de metal sabemos... Às 21:35h aquela indefectível introdução de chuva, raios e sinos dizia que... O MONSTRO estava ali! Empunhando de imediato uma belíssima Gibson Les Paul Custom Signature roxa (que ao longo do show trocou por outras iguais), Zakk e seus comparsas assomaram ao palco, iniciando a debulhação de imediato com a trinca Supernaut / Snowblind / A National Acrobat! Na voz, Zakk emula muito bem o “Patrão”, além de ter cartazes plastificados com as letras abaixo dele, que eram trocados por seu roadie particular a cada música! Nos solos, ele abusa de sua técnica e “fritação”, tocando com a guitarra por trás da cabeça (diversas vezes ao longo do show!) alongando-os de maneiras que Tony Iommi, soberbo e preciso em sua economia, jamais pensou fazer! Mas e daí? Era Sabbath, PORRA! À essa altura, a galera sedenta queria algo mais visceral, que veio na forma de Children of the Grave e aí o Inferno abriu suas portas! Aquele “calorzinho bom” se transformou numa sauna fedegosa, com a abertura de uma roda carniceira! A pista, que estava muito cheia se tornou local para bravos e/ou insanos, por que a porradaria estancou, e dicumforça! PRA PIORAR, Zakk desceu ao fosso, onde ficou tocando por infindáveis minutos (com a guitarra por trás da cabeça!), e jogando sua palheta para a pista, fazendo metade dela espremer os próximos à grade (eu incluído, obviamente!)... Sem pausa, vieram Lord of This World, Under the Sun / Everyday Comes and Goes e uma improvável (e inesperada) Wicked World! O entrosamento entre os três fazia com que bastasse um rápido olhar para trocarem de música! Fairies Wear Boots foi emendada direto com Into the Void!! Soberbo!! Espetacular!! Hand of Doom trouxe a apresentação dos músicos, seguida por Behind the Wall of SleepBassicallyN.I.B. Mais descidas de Zakk ao fosso, mais debulhação por trás da cabeça, mais espremeção... TUDO NORMAL!!!

Blasko (foto por Krill)

Sem ser exatamente um bis, pois a banda não se retirou, as luzes se apagaram para começar aquela sirene de ataque aéreo, que prenuncia War Pigs, executada de forma crua (Zakk solou com os dentes!), e o coro do Circo Voador estremeceu a velha lona (veja nos links dos vídeos). Ao final do espetáculo, uma faixa homenageando Dimebag Darrel foi lançada ao palco e exibida pela banda, sob estrondosos aplausos! Aquela gorilice de praxe do Zakk e lá se foram eles...


Zacarias "Ursão" Selvagem (foto por Krill)


É lógico que jamais imaginaria Mr. “Goes Wylde” tentando cantar algo das outras fases do BS, mas ficou um gostinho azedo de “quero mais”, já que nos USA tocaram Never Say Die (a melhor faixa desprezada do igualmente desprezado álbum!) e não fizeram clássicos icônicos como Sympton of the Universe, Black Sabbath, Iron Man e o hino dos hinos Paranoid...

Set: https://www.setlist.fm/setlist/zakk-sabbath/2017/circo-voador-rio-de-janeiro-brazil-73e0e231.html










P.S.: Digno de nota é o fato de que no mesmo dia e hora, a poucos metros do Circo, o Obituary se apresentou no Teatro Odisseia (uma banda que AINDA não tive chance de ver, mas Sabbath supera tudo)!
É isso, espero que tenham gostado de ler, assim como gostei de escrever! E, mais uma vez, obrigado ao Trevas pela oportunidade!
Freddy Krill.

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