Black Country Communion - BCCIV |
O
Retorno do Quarteto Fantástico
Por Trevas
“Eu sou fã dessa
banda. Tão fã que se eu não fizesse parte dela, iria querer fazer”. Com essa
frase (tradução livre por este que vos fala) Glenn Hughes, 65 anos
muito bem vividos, muitos deles de serviços prestados ao Rock, define bem à Classic
Rock Magazine seu comprometimento com o Black Country Communion. O supergrupo, que conta com
o maior expoente do Blues Rock da atualidade, o workaholic Joe Bonamassa, o
pistoleiro de aluguel Derek Sherinian (Dream Theater, Kiss, Alice Cooper, dentre
outros zilhões) e o “filho do homem” Jason
Bonham (UFO, Foreigner, Led Zeppelin), quase implodiu diante do choque de prioridades entre as
duas estrelas maiores dessa impressionante constelação.
Em 2012, Hughes pressionava por mais um disco e
turnê da banda. Bonamassa,
excursionando e gravando incessantemente desde os 20 anos de idade, começara a
pagar o preço de seu inexplicável e estrondoso sucesso: “Pensei em largar tudo
e virar jardineiro, simplesmente não aguentava mais”. O embate ganhou as redes
sociais e imprensa. Palavras amargas foram ditas, o terceiro disco foi
finalizado (Afterglow, muito mais próximo
a um esforço solo de Hughes), a
turnê subsequente, cancelada. E parecia o fim definitivo de um dos melhores
supergrupos que o mundo já viu.
Parecia.
O quarteto, na capa da Classic Rock Magazine |
A despeito de Hughes e Bonamassa aos poucos terem retomado a
amizade e trocarem elogios e conversas nas mídias sociais, foi com imensa surpresa
que recebi a informação de que o quarteto, novamente produzido por seu mentor,
o sul-africano Kevin Shirley, estava unido e gravando um
novo disco. BCCIV veio à tona, com
sua capa dessa vez ornada por um outro tipo de ave, uma fênix. Nada mais propício.
Confesso que ao escutar a faixa de abertura, Collide, a primeira música de trabalho do disco, não fiquei lá
muito empolgado. Excelentemente bem produzida e muito bem tocada, a faixa apenas
parecia um pouco...preguiçosa.
Over My Head, claramente feita
para se tentar replicar o sucesso de One
Last Soul, já funciona melhor, com um refrão irresistível. Mas o negócio
fica realmente fenomenal com a épica e bela The Last Song For My resting Place, graças à performance vocal e
guitarrística estelar de Joe e a presença
de um bem colocado violino.
Só que a empolgação logo cai por terra com a apenas razoável Sway, algo repetitiva e com um refrão fraco
que parece com 789 coisas que mr. Hughes
fez e continua fazendo em sua por vezes errática carreira solo. Para nossa
sorte um pequeno deslize, compensado com sobras pelo blues sorumbático The Cove, com Hughes
ressuscitando uma performance vocal mais grave, daquelas que ele infelizmente vem
abandonando em seu período pós From Now On para cantar a desafortunada história da matança de golfinhos. Uma
saga de horror que se repete a cada ano, deixando os mares vermelhos de sangue
e ganância. E aí resta aos mortais se curvarem a um dos grandes mestres da voz.
E a cozinha, repleta de dinâmica e bons arranjos, e os solos carregados de timbres
gordos e fúria, só coroam a bela performance do sessentão. Que música linda e cheia
de alma.
The Crow é outra faixa mais direta, uma filha bastarda de Black Country, do primeiro disco. Mas uma filha muito bem-feita e
raivosa. Feita para homenagear o corvo que se tornou símbolo da banda, possui
um forte refrão, com a voz de Hughes
novamente centro o centro das atenções. Por que diabos ele não canta sempre
assim? E há espaço para a sua destreza no baixo brilhar, tal qual para um duelo
bacana entre Joe e Derek. Excelente!
Quatro almas em comunhão musical - BCC 2017 |
Wanderlust traz
um punhado de melodias palatáveis e arranjos mais próximos aos anos 1980 do que
o usual para a banda. Love Remais é um balaio de eras e influências
diversas que funciona muito bem e se faz diferente de tudo que a banda já fez. Awake parece bastante inspirada em Yes, e aí temos o Glenn atual de volta, num refrão sem muita inspiração. Mas a música
vale pelo devaneio instrumental, com todos os músicos brincando loucamente. A bolachinha
tem seu fim na belíssima e épica When
the Morning Comes, que
aproveita, ainda que de forma algo tímida, o pouco explorado contraste entre as
grandes vozes de Glenn e Joe.
Veredito
Final
O BCC retornou com seu trabalho mais diversificado e bem produzido,
repleto de alma e muito punch. Mas de
nada isso valeria se as canções não estivessem à altura. E, graças aos deuses
do rock, elas estão. Um Cd para
rivalizar com o BCC 2 como o melhor disco desse supergrupo
que faz valer a soma de suas partes! Um dos grandes trabalhos desse bem provido
2017!
NOTA:
9,20
Gravadora:
J & R Adventures (importado).
Pontos
positivos: produção perfeita e ótimas músicas
Pontos
negativos: Sway e Awake destoam. Podiam explorar melhor os dois vocais diferentes.
Para
fãs de: Deep Purple, Led Zeppelin
Classifique como: Retro Rock, Classic Rock, Hard
Rock
Não sabia q tinham voltado! Boa, hein!! \m/ Ainda bem q tenho a Cripta do Trevas para me manter informado! hehehe =P
ResponderExcluirFala, Beanner!!!
ExcluirAinda bem que o chimpanzé adestrado não para de escrever, uhuhuhuhu
Abração, saudades
T
Poucas, pouquíssimas vezes supergrupos são realmente super; e entre essas raridades está o BCC, q mostrou coesão desde sua estreia e, o melhor de tudo, qualidade extrema em sua composições. É uma banda q tem cara de banda, jeito de banda e não um somatório de egos brigando por seu lugar ao sol.
ResponderExcluirEsse disco, PQP, é tudo isso q vc disse no seu texto q, mesmo sendo totalmente excelente, jamais conseguiria descrever o prazer de escutar e apreciar devidamente essa maravilha.
2017 é um ano de merda, mas será inesquecível para a música - quantos discos excelentes esse ano nos trouxe? Eu perdi a conta...
Abração, mizifio!!
Valeu!!
ML
Fala, Lacerdão!
ExcluirSim, sim, árdua tarefa de colocar em palavras o prazer de escutar uma bolachinha dessas! E sim de novo, 2017 está uma bosta fora da música, mas fantástico dentro!
Abração
T