Kadavar - Rough Times |
Power
Trio Alemão Na Pressão
Por Trevas
A história da música
popular conta com uma miríade de depoimentos de artistas que colocam a culpa do
insucesso ou da baixa qualidade de alguns de seus trabalhos na conta da pressão
sofrida por gravadoras e/ou empresários, que ávidos por aproveitar uma janela
de oportunidades, apressam seus pupilos a soltar uma música ou até mesmo um
disco em tempo recorde. Ok, se tem algo na atual nova ordem do mercado musical
que mudou foi a quase inexistência desse cenário. Afinal, discos já não vendem
nada, mesmo. Mas eis que vem um Power
Trio de Retro Rock alemão, com
absoluto controle criativo que resultou em três incensados discos, e que resolve
emular essa atmosfera de pressão para apostar em um resultado mais espontâneo e
mais distante de sua zona de conforto. Loucura? Parece, mas é o caminho que o Kadavar escolheu para seu quarto disco,
sintomaticamente nomeado Rough Times.
Kadavar em technicolor |
Composto e gravado do zero no recém-inaugurado estúdio próprio da banda,
tendo que obedecer um cronograma apertado, Rough
Times foi concebido em meio ao caos
para se tornar um contraponto ao relativamente acessível e muito bem-sucedido Berlin. A crueza da faixa título, com
seu tema viciante guiado por uma cozinha boçal (culpa do baterista Tiger Baltelt e do baixista Simon
Bouteloup) nos soca no meio do
estômago sem nem percebermos. Em seguida temos a absurdamente excelente Into the Wormhole (vídeo),
tão grudenta quanto suja e lisérgica.
Skeleton Blues é Black Sabbath do Vol 4 mergulhado em um
tonel de ácido, enquanto Die Baby Die (ver vídeo) se faz um híbrido horrendo e eficaz entre Prog Rock e Stoner Rock. A bateria marcada e calma do
início de Vampires nos pega de
surpresa, a música dando uma retorcida violenta em seu ótimo refrão e que acaba
por nos arremessar diretamente em um vendaval psicotrópico chamado Tribulation Nation. Tribulation foi
composta em casa pelo tresloucado guitarrista/vocalista Lupus, que queria deliberadamente criar um Space Rock com elementos
de Gong e com sintetizadores à lá Hawkwind. Conseguiu, e o bicho é bom
demais.
Words of Evil é diretona e bem
Proto Metal, e talvez por isso mesmo seja a primeira coisa abaixo do
nível absurdo do material até agora mostrado. A reta final do trabalho é intencionalmente
mais calma e experimental, guiada pela bela e viajandona The Lost Child e pelas chatinhas You Found The Best In Me (que lembra algo do
Led) e A L’Ombre Du Temps. A edição nacional ainda conta com uma suja e
bacana versão para Helter Skelter, vocês sabem de quem, claro.
Veredito
da Cripta
E não é que a pressão funcionou?
O Kadavar criou em Rough Times seu trabalho mais forte até o momento, ainda que sua reta
final soe um pouco anticlimática. Uma pista de que os alemães talvez ainda
tenham sua obra prima escondida em algum lugar daquelas cacholas desmioladas.
NOTA:
8,69
Gravadora:
Shinigami Records (nacional).
Pontos
positivos: a primeira metade é absurda
Pontos
negativos: as duas últimas músicas quebram e muito o clima
Para
fãs de: Graveyard, Vintage Caravan, Radio Moscow
Classifique como: Retro Rock, Stoner Rock
Ah, mizifio, de desmioladas aquelas cacholas não têm nada!!!
ResponderExcluirDe certa forma acho irônico q estejam se tornando o maior nome dessa onda retrô, já q a maioria dos representantes do "movimento" sejam suecos, ingleses ou americanos e o Kadavar é, praticamente, o único grupo alemão mais relevante; digo isso pq muito de toda essa sonoridade retrô vem, principalmente, das zilhares de bandas alemãs dos anos 70 q se dedicavam a um rock mais pesado, progressivo, psicodélico e experimental - o gigantesco e variado saco de gatos chamado "krautrock".
Mesmo outras bandas e artistas não alemães q influenciaram toda essa onda retrô, naquela época, encontravam no público alemão não só grande aceitação como, tb, inspiração - e pra isso dou o exemplo clássico do Nektar, q era uma banda composta por ingleses, mas q foi formada e baseada (sem trocadilhos...) na Alemanha.
Vida longa ao Kadavar, q continue nos presenteando com ótimos álbuns e nos surpreendo com sua extrema qualidade e criatividade.
Abração!!!
ML
Fala, Marcello!
ResponderExcluirPois é, na verdade minha resenha inicial fazia um paralelo com o histórico do Krautrock. mas confesso que estou longe de compreender o que foi o movimento mais a fundo, fiquei com medo de estar escrevendo merda, e mudei, hehehehehe
Só lembro do Zodiac vindo de lá tentando um som Retrô, e isso é curioso.
Abração
T