sábado, 16 de fevereiro de 2019

Powerwolf – The Sacrament Of Sin (+ Communio Lupatum - Deluxe Edition – 2018)




Lobisomens Redivivos
Por Trevas

Caro Criptomaníano, a alemã Powerwolf, surgida nos idos de 2003, é a típica banda fácil de se odiar. Corpse Paint, vocalista advindo da música erudita, um Power Metal bombástico, nomes artísticos bisonhos e muito, muito excesso visual, com direito a roupinhas elaboradas pirotecnias e até mesmo o abjeto artifício do uso de Corpse Paint. Mas um ingrediente nessa mistura faz com que toda essa gororoba possa ser digerida sem problemas: os caras estão munidos de um tremendo senso de humor! Quando esse escuta uma pérola como Resurrection By Erection, não dá para bancar o banger sisudo e os exageros passam a fazer parte do charme.

Não, você não consegue ser mais ridículo que essa foto...desista
E parece que ao menos na Europa o pessoal comprou a piada, a banda disco a disco passou de mera curiosidade engraçadinha a postulante a headliner em festivais de verão. O show bombástico e visualmente bem pensado obviamente ajuda, mas o prato principal são os refrães bombásticos, que misturam elementos de música sacra com Power Metal, ornamentados por letras divertidamente profanas e blasfemas.

Edição deluxe, com Communio Luporum
Só que a piada aos poucos parecia perder força, os últimos dois discos (Blessed & Possessed e Preachers Of the Night) soando como versões diluídas do que havia dado muito certo até Bible Of The Beast. O quinteto resolveu então apelar para o mago da moda, o produtor sueco Jens Bögren, para ver se recuperava a mão para a divertida blasfêmia de outrora. E deu sim muito certo. O coro sacro dá as caras nos primeiros segundos da bombástica Fire & Forgive, e todos os clichês são escancarados e desconstruídos com maestria em pouco mais de 4 minutos.


A primeira música de trabalho, Demons Are A Girl’s Best Friend mostra aquele apreço por melodias grudentas e letras lascivas que podem soar irritantes ou irresistíveis dependendo da rabugice dos ouvidos receptores. Os vocais roufenhos de Attila Dorn são aquela coisa entre o roufenho de um Chris Boltendahl (Grave Digger) e Joakin Brodén (Sabaton) com algo mais técnico e talvez sirvam para minimizar a atmosfera exagerada. Fosse um típico vocalista eunuco de Power Metal aqui e eu não aguentaria um minuto.



Killers With The Cross exemplifica de maneira explícita minha fala quando me pedem para definir o som do Powerwolf: é o Sabaton com música sacra e ocultismo nos temas. Sim, Killers poderia estar em um bom disco dos suecos se falasse sobre guerras. A faixa é o paraíso para o fã de Power Metal, e é seguida pela bacaninha Incense & Iron. Mas talvez o ápice do disco seja mesmo a dobradinha formada pela belíssima Power Ballad com cara de Scorpions-mordida-por-um-lobisomem chamada Where The Wild Wolves Have Gone e pela excelente experiência em alemão Strossgebet, que faria o fã de Rammstein passar a frequentar a igreja profana dos caras. 


Daí para frente o disco continua extremamente divertido, emoldurado pela produção grandiosa mas para lá de bem calculada e cheia de punch de Bögren, ainda que definitivamente nenhuma das faixas restantes alcance o poder de fogo da primeira metade da bolachinha, talvez excetuando Venom Of Venus.



Veredito da Cripta

O Power Metal, geralmente um pária aos ouvidos deste escriba aqui, certamente ganhará um representante na minha vindoura lista de melhores discos de 2018. Sacrament Of Sin é o renascimento dos lobisomens teutônicos e provável postulante a melhor trabalho de suas carreiras. Um disco deliciosamente brega e divertido.

NOTA: 9,12


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Communio Lupatum

A edição deluxe é um caprichado box com dois belíssimos mediabooks. O primeiro é o Sacrament Of Sin propriamente dito. O segundo é o surpreendente Communio Lupatum, improvável disco que traz dez faixas do Powerwolf interpretadas por gente tão diversa quanto Mille Petrozza, Battle Beast, Heaven Shall Burn, Eluveitie e Epica. Os resultados são para lá de divertidos, justamente por que os artistas não são em sua maioria bandas típicas de Power Metal, mas conseguiram traduzir o estilo único do Powerwolf para seus próprios mundos. Um dos bônus mais legais e diferentes que já vi e que só mostra o quanto as músicas dos alemães são bacanas mesmo afastadas do exagero audiovisual que os cercam. 

Communio Lupatum e sua bela capa

Gravadora: Nuclear Blast (importado)
Prós: produção impecável, ótimas músicas
Contras: pode soar muito brega dependendo do ouvinte  
Classifique como: Power Metal
Para Fãs de: Sabaton


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