Dimmu
Borgir – Eonian (Cd-2018)
Dimmuwish?
Por Trevas
A gestação do nono
disco de estúdio dos mestres noruegueses do Black Metal Sinfônico foi
surpreendentemente longa: 8 anos de espera, com anúncios desencontrados e
expectativas minguando nesse percurso. Hoje resumido a um restrito polo
criativo, com Shagrath, Silenoz e Galder formando uma nada santa trindade, o Dimmu Borgir
definitivamente é uma entidade bem diferente daquela que no passado entregou Enthrone Darkness Trumphant. E é
também uma entidade muito bem-sucedida, obrigado. E em que obscuros recônditos
teria ido vagar a sonoridade da banda após tanto tempo? Pois então, se Abrahadabra já potencializava de
maneira assustadora o lado sinfônico dos monstrinhos, a primeira faixa de
trabalho, Interdimensional Summit fez com que muito fã de
carteirinha regurgitasse o sangue de virgem consumido na ceia: substitua a voz
rasgada de Shagrath pela da Floor Jansen e a música passaria com facilidade como algo do Nightwish. Se isso é um elogio ou
heresia, da resposta dada podemos inferir se existe alguma possibilidade de
você digerir o restante da bolachinha.
Sim, por que Eonian eleva os coros operísticos e
orquestrações à estratosfera, deixando o restante da banda em segundo plano, um
profano refém de sua própria audácia e grandiloquência. Particularmente, apesar
de entender o horror que o disco vem causando nos fãs mais puristas, não
consegui nutrir pela bolachinha tamanho desencanto. Eonian flui como uma trilha sonora, com momentos que lembram a
fúria de outrora entremeados a construções operísticas e sinfônicas que raramente
colam de imediato, mas podem convencer com repetidas audições. The Empyrean Phoenix e Lightbringer talvez sejam ótimos
exemplos do caráter quase esquizofrênico do disco, que tem em Alpha Aeon Omega seu destaque
absoluto. Enfim, um trabalho ambicioso em sua concepção e algo titubeante em
sua execução, que vem recebendo uma saraivada de críticas pesadas bem mais pela
expectativa criada pelos oito anos de ausência do que pela falta de qualidade
em si. Ainda assim, temos que concordar que Eonian está distante dos melhores momentos dos noruegueses.
NOTA: 7,57
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: complexo e variado
Contras: chega a esbarrar no Disney Metal
de um Nightwish
Classifique como: Black Metal
Para Fãs de: Therion, Cradle OF Filth
É, acho que está na hora da Floor para com os anabolizantes... |
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Bullet – Dust To Gold (Cd-2018)
Fast
As A Sh...Bullet?
Por Trevas
O sexto full length do combo sueco de heavy metal tradicional começa com os dois
pés na porta: Speed And Attack é um veloz (ooops) ataque (oooooops) inclemente que quase
nos remete aos primórdios do Accept.
E olha que isso é um elogio para lá de colossal. A voz do corpulento Hell Hofner é aquela coisa meio troglodita e algo idiossincrática que parece
ter desaparecido do mapa após 1987. As guitarras de Alex Lyrbo e Hampus Klang dificilmente irão figurar na capa da Guitar Player, mas são
mais que suficientes para nos abastecer de riffs e solos simples e certeiros.
Dois Gustavs fazem uma cozinha
correta em técnica mas que garante uma pressão analógica muito bem vinda na
produção Old School e precisa, nas mãos sei-lá-de-quem, já que o belo encarte
não traz nenhuma informação a respeito.
O bacana é que dentro da falta
de pretensão do Bullet em reinventar
a roda e de sua evidente simplicidade é possível afirmar que há uma sonoridade
com cara bem própria. Sim, e isso ocorre mesmo nos números que parecem tentar
homenagear monstros sagrados do estilo. Highway
Love pode ter toneladas de AC/DC,
mas é a versão Bullet para o som dos
australianos. O mesmo pode ser dito de Wildfire,
que traz um irmão sueco e mais novo do melhor material do W.A.S.P. E seguindo a onda de emular o som e visual das bandas de
Heavy Metal oitentista, uma das tendências mais legais da chamada NWOTHM é a de
produzir discos curtos, sem encheção de linguiça. Não dá tempo nem de pensar em
ficar saturado da voz de carniça de Hofner, o disco acaba e o pescoço
continua a balançar, quase que num movimento fantasma. Para quem está atrás de
um Heavy Metal com cara de anos 80 e sem nenhuma pretensão, Dust To Gold garante 38
deliciosos minutinhos para lá de bem investidos de seu tempo!
NOTA: 8,88
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Old School e grudento
Contras: não tem sequer 1 minuto de
inovação aqui
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Accept, Grim Reaper
Valderrama e os Impedidos? Bullet 2018 |
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Five Finger Death Punch – And
Justice For None (Cd-2018)
Soco
De Raspão
Por Trevas
O metal
macho-burro-com-uma-arma-na-mão dos estadunidenses é a cara de um mundo
ocidental que aos poucos vira à direita. Mas limitar o acachapante sucesso
comercial dos caras a fatores desse tipo seria reducionismo da minha parte. O FFDP nos presenteou com uma série de
discos deliciosamente diretos que misturam a estética macho-alfa de um Pantera com a simplicidade do Metal
tradicional e trejeitos do Nu-Metal não tão Nu-Metal assim do Disturbed. O problema é que após a
dobradinha inspirada de The Wrong Side
Of Heaven, a fonte parece ter começado a secar. Some isso à banda andar
perdendo mais tempo com os problemas com a gravadora (que adiou por quase dois
anos o lançamento do disco) e com os demônios pessoais de alguns integrantes e
temos a impressão de que o timing está prestes a se perder. E a abertura com a
algo formulaica Fake só parece
corroborar que o FFDP perdeu a mão.
Mas não é tão simples assim, Top Of The World é divertida e remete aos
primeiros discos da banda. Sham Pain, a despeito do trocadilho idiota,
tenta recuperar os flertes com o Hip
Hop e é bem grudenta. A produção
para lá de plástica de Kevin Churko (por Odin, não consigo gostar do som dos discos que esse cara produz)
dilui o poder de fogo dos rapazes, mas a capacidade de escrever faixas diretas
e grudentas definitivamente ainda está viva, ainda que entre erros e acertos. Blue On Black (uma improvável
cover do Kenny Wayne Shepherd) detona
e soa como puro Lynyrd Skynyrd moderno, Fire In The Hole tem mais dinâmica do que a média do trabalho anterior e I Refuse tenta (e falha) emular o
sucesso das Power Ballads que ajudaram a escalada
comercial no passado recente. And
Justice For None marca de maneira honesta o encerramento do relacionamento
conturbado com a gravadora Prospect Park e o fim da parceria com o
baterista Jeremy Spencer, que deixa os colegas por
motivos médicos. Um bom disco de
passagem. Resta saber se o próximo passo fará efetivamente aquele que
consolidará o FFDP entre os Headliners de festivais no futuro ou se
eles ficarão no confortável patamar em que se encontram.
NOTA: 7,26
Gravadora: Prospect Park (importado)
Prós: boas músicas, refrães grudentos
Contras: produção pau mole, fórmula
repetida
Classifique como: Metal Moderno
Para Fãs de: Stone Sour, Disturbed
Olha, tem que tocar isso aí, taokey? |
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Behemoth – I Loved You At Your
Darkest (Cd-2018)
Uma
Capirotagem Muito Digna
Por Trevas
A batalha vencida contra
um câncer devastador rendeu a Nergal,
líder inconteste dos poloneses do Behemoth,
munição pesada para produzir The Satanist, um dos grandes discos de
metal em qualquer de seus subgêneros nos últimos dez anos. O problema de quando
se faz um trabalho cuja repercussão transcende seu restrito nicho de fãs é que
o inesperado sucesso torna o passo criativo seguinte uma caminhada arriscada em
terreno pantanoso. Nergal chegou até
mesmo a questionar se conseguiria efetivamente compor algo que fosse digno de
seguir o legado do disco anterior. Quando ILYAYD
foi anunciado, ficou clara a curiosidade de todos na cena em relação à direção
que o Behemoth tomaria. E, vejam só,
eles não repetiram a fórmula. E deu muito certo.
A primeira metade do disco é
de uma fúria e concisão impressionantes. Solve
é uma introdução assustadora, que traz o peculiar senso distorcido de humor de Nergal unidos a um coral de crianças profanas,
tudo para nos lançar na desgraceira que é Wolves
Of Siberia. Não contente com isso, o primeiro single, God=Dog, mostra como se produz uma peça
diabólica, pesada e ainda assim grudenta, tal como faz a brilhante Ecclesia Diabolica Catholica. Bartzabel é o mais perto que essa horda
de poloneses capirotescos se aproximará de uma Power Ballad, bela e
poderosa. E o mais legal é que o conteúdo musical novamente é amparado por um
cuidado gráfico exemplar, repleto de belas imagens para lá de profanas. É na
segunda parte da bolachinha que ILYAYD
acaba por se distanciar da quase perfeição de Satanist. Não que o padrão de qualidade despenque, nenhuma das
faixas é menos do que boa, mas com a exceção de Sabbath Mater e Havohej Pantocrator (que parece tentar
replicar a estonteante O Father, O
Satan, O Sun), o material da segunda metade do disco não atinge o patamar
de memorável. Ainda assim, temos um disco excelente e único que consegue
sobreviver ao árduo teste de suceder um clássico moderno.
NOTA: 9,00
Gravadora: Nuclear Blast (importado)
Prós: um capítulo único no livro blasfemo
de tio Nergal
Contras: a produção é um pouco lamacenta
Classifique como: Black Metal, Death Metal
Para Fãs de: Vader, Sceptic Flesh
Trouxe um presentinho, tia Damares |
Notas Baseadas no sistema The Metal Club |
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