Ihsahn
– Ámr (Cd-2018)
Sombrio
Ecletismo
Por Trevas
As nove faixas do
sétimo trabalho do norueguês que desde sua juventude assume a aura de arquiteto
da vanguarda do Black Metal de seu país trazem a já esperada
evolução e experimentalismo que se tornaram marcas registradas de seu legado.
Talvez ainda mais eclético e, ao mesmo tempo, acessível, Ámr (negro, em sua língua mãe) tem início com a algo hipnótica Lend Me The Eyes of Millenia, e o peso,
os vocais rasgados e blast beats se fundem a uma aura eletrônica e
arranjos bem pensados, numa espécie de trilha sonora para algum filme sombrio. Arcana Imperii (com solo do guitarrista
do Opeth, Fredrik Åkesson) já se
traduz num Prog Metal que bem poderia ter sido assinado pelo esquizoide canadense Devin Townsend.
Sámr é
melancólica e melodiosa e os arranjos, viajantes. Ihsahn disse que dessa vez se inspirou muito nas trilhas sonoras
carregadas de sintetizadores antigos, e eles realmente se fazem presentes. O
norueguês também comprou briga ao assumir se deixar influenciar pelo pop e Hip
Hop modernos, que seriam nos seus melhores exemplares, mais sombrios e
profundos que muita coisa feita atualmente sobre a égide do Black Metal. O quanto ele realmente acredita nisso ou fez tal declaração
como mera provocação é incerto, mas o fato é que efetivamente temos um disco
moderno e eclético, ainda assim denso e pesado, mesmo que o faça de uma maneira
sutil - e excelente Twin Black Angels é prova disso. Mais um trabalho bem arquitetado e
altamente recomendável elaborado por um dos maiores cérebros da cena.
NOTA: 8,42
Gravadora: Candlelight Records (importado)
Prós: denso e variado
Contras: muitas referências e estilos
podem alienar o fã menos aberto a misturas
Classifique como: Prog Metal, Modern Metal
Tio Ihsahn é o verdadeiro macacão da bola azul |
Sleep – The Sciences (Cd-2018)
Adentrando
a Iommisfera
Por Trevas
Surgido em 1990, o Sleep é um power trio idiossincrático
que parece se contentar em emular a fase inicial do Black Sabbath, só que
observada de algum planeta estranho e longínquo no vasto espaço sideral através
de uma aura de fumígeros nada ortodoxos. A banda estava fora da cena desde
2003, quando o monólito que atende pelo sintomático nome de Dopesmoker viu a luz do dia após anos
de embate com a antiga gravadora, e acredito que até Snoopy Dogg se viu
surpreso com o anúncio do lançamento de um novo trabalho dos caras. E ao
colocar a bolachinha para rodar, nos deparamos com três minutos de microfonia
que atendem pela faixa título. Hm...
Em seguida temos a
especialidade da casa, Marijuanaut’s
Theme traz aquele apanhado de riffs
que poderiam bem estar escondidos na meia do tio Iommi desde 1972, canalizados pelo mestre Matt Pike e temperados com
letras amalucadas e a voz Ozzy-lambeu-um-sapo-colorido
de Al Cisneros (que detona no baixo). Logo em seguida temos a esperada
rendição da apocalíptica Sonic Titan, que aparecera anteriormente em
versão ao vivo no Dopesmoker: “Look
onto Zion, though it can’t be seen - Man on the Moon cannot help me see”, soa
fantástico ainda que eu não faça ideia do que isso quer dizer! Talvez não seja
um prato ao gosto de todos, The Sciences, como quase tudo o que a banda
fez até aqui, pode parecer uma interminável jam àqueles que não tem apreço ao fuzz e aos riffs Sabbathicos. Mas para
aqueles que idolatram a fase inicial do quarteto de Birmingham, ouvir um disco com faixas como a brilhantemente nomeada
Giza Butler é no mínimo garantia de diversão quase lisérgica.
NOTA: 8,35
Gravadora: Third Man Records (importado)
Prós: mais de 50 minutos de Black Sabbath
direto do Bong
Contras: mais de 50 minutos de Black
Sabbath direto do Bong
Classifique como: Stoner/Doom
Para Fãs de: Black Sabbath, Cathedral
Tem seda? Sleep 2018 |
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Wytch Hazel – II: Sojourn (Cd-2018)
Jethro
Lizzy
Por Trevas
O segundo Full-length dos britânicos do Wytch Hazel é um deleite aos ouvidos mais afeitos à sonoridade de eras
passadas: guitarras dobradas com a cara do Thin
Lizzy, melodias simples e grudentas
com aquela cadência algo folk de um Jethro Tull e uma cozinha impressionante. Tudo na bolachinha cheira à anos
1970, e se a abertura com Devil Is Here
não for o suficiente para te convencer que os caras falam à sério, tente
sobreviver ao ataque seguinte, com Save
My Life. Impossível, não? Que bom que não são exceções à regra, a
terceira faixa é outra delícia setentista que atende pelo epíteto Still We Fight.
Mas como descobri esses
malucos? Esbarrei com essa banda graças ao Instagram,
mas logo esqueci dos caras. Não sou um ouvinte assíduo de MP3, enfim. Mas eis
que dentro de minhas explorações musicais numa viagem ao Reino Unido, esbarrei
com essa belezura a preços módicos. Logo tomei posse do Cd e nenhum
arrependimento será sentido por isso. Seja nos ataques Thinlizzyanos, repletos de ótimas guitarras dobradas, seja nos
momentos em que o quarteto viaja por sonoridades um pouco mais folk (ou Wishboneasheanas), o que temos em Sojourn é um dos melhores trabalhos de Retro-rock que escutei nos últimos 3 anos. Tudo soa tão bacana que
até fica em segundo plano a temática cristã nas letras (ainda que em nenhum
momento soem piegas ou como pregação barata). Certamente um trabalho que aparecerá
na minha lista de melhores de 2018.
NOTA: 9,26
Gravadora: Bad Omen Records (importado)
Prós: uma viagem pelos anos 1970
Contras: suas suíças estão descabeladas,
senhor
Classifique como: Retro-Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Thin Lizzy, Wishbone Ash, jethro Tull
É aqui que mora Ritchie Blackmore? Wytch Hazel |
Conan – Existential Void Guardian (Cd-2018)
Neanderthal Metal
Por Trevas
Confesso que até
agora eu havia passado incólume aos encantos do Doom Metal de Neandertal
dos britânicos do Conan. Isso até me
deparar com a viciantemente sujismunda Volt
Thrower no Youtube: definitivamente não dá para resistir à ogridão que parece
saída do cruzamento bastardo entre Motörhead
e Celtic Frost num clipe que traz guerreiros montando gastrópodes gigantes!
O Conan (como ninguém usou esse nome
para uma banda de Metal antes?) faz um Stoner/Doom afinado abaixo dos portões do
próprio inferno, um Power Trio tão imundo que faz Lemmy Kilmister parecer
a Scarlett Johansson! Talvez até sujo demais para meu gosto, mas impulsionado
pelo clipe citado encarei a audição do novo trabalho.
E o que temos nos parcos 37
minutos de Existential Void Guardian é uma sopa fétida e distorcida que faria o fã usual de Dream Theater regurgitar seu precioso desjejum de froot loops em cima dos
próprios sapatênis. Mas, convenhamos, se você fosse o típico fanboy empolado da excrescência Prog Metal estadunidense já teria parado de ler esse post ali em cima no
Sleep. Sem nenhum minuto de alívio
melódico, o disco atira pedradas encardidas como Eye To Eye To Eye e Prosper On The Path, munidos de riffs e linhas de
baixo mais gordurosos que cozinha de boteco de zona e dois vocalistas ogroides
cujo DNA deveria ser estudado para
que possamos compreender melhor a linhagem evolutiva dos homens das cavernas. A
maioria das edições conta ainda com quatro atrocidades ao vivo. Um trabalho
pesado, sujo, feio e para lá de divertido.
NOTA: 8,13
Gravadora: Napalm Records (importado)
Prós: guerreiros montando gastrópodes!!
Contras: passe longe se teu sonho é
assistir o Toto
Classifique como: Sludge/Doom
Para Fãs de: Mastodon, Celtic Frost
Conan 2018 - Mestres da Ogridão |
Notas baseadas no Site - The Metal Club! |
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