domingo, 3 de fevereiro de 2019

Curtas: Ihsahn, Sleep, Wytch Hazel & Conan






Ihsahn – Ámr (Cd-2018)

Sombrio Ecletismo
Por Trevas

As nove faixas do sétimo trabalho do norueguês que desde sua juventude assume a aura de arquiteto da vanguarda do Black Metal de seu país trazem a já esperada evolução e experimentalismo que se tornaram marcas registradas de seu legado. Talvez ainda mais eclético e, ao mesmo tempo, acessível, Ámr (negro, em sua língua mãe) tem início com a algo hipnótica Lend Me The Eyes of Millenia, e o peso, os vocais rasgados e blast beats se fundem a uma aura eletrônica e arranjos bem pensados, numa espécie de trilha sonora para algum filme sombrio. Arcana Imperii (com solo do guitarrista do Opeth, Fredrik Åkesson) já se traduz num Prog Metal que bem poderia ter sido assinado pelo esquizoide canadense Devin Townsend.


Sámr é melancólica e melodiosa e os arranjos, viajantes. Ihsahn disse que dessa vez se inspirou muito nas trilhas sonoras carregadas de sintetizadores antigos, e eles realmente se fazem presentes. O norueguês também comprou briga ao assumir se deixar influenciar pelo pop e Hip Hop modernos, que seriam nos seus melhores exemplares, mais sombrios e profundos que muita coisa feita atualmente sobre a égide do Black Metal. O quanto ele realmente acredita nisso ou fez tal declaração como mera provocação é incerto, mas o fato é que efetivamente temos um disco moderno e eclético, ainda assim denso e pesado, mesmo que o faça de uma maneira sutil -  e excelente Twin Black Angels é prova disso. Mais um trabalho bem arquitetado e altamente recomendável elaborado por um dos maiores cérebros da cena.

NOTA: 8,42

Gravadora: Candlelight Records (importado)
Prós: denso e variado
Contras: muitas referências e estilos podem alienar o fã menos aberto a misturas
Classifique como: Prog Metal, Modern Metal

Tio Ihsahn é o verdadeiro macacão da bola azul
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Sleep – The Sciences (Cd-2018)

Adentrando a Iommisfera
Por Trevas

Surgido em 1990, o Sleep é um power trio idiossincrático que parece se contentar em emular a fase inicial do Black Sabbath, só que observada de algum planeta estranho e longínquo no vasto espaço sideral através de uma aura de fumígeros nada ortodoxos. A banda estava fora da cena desde 2003, quando o monólito que atende pelo sintomático nome de Dopesmoker viu a luz do dia após anos de embate com a antiga gravadora, e acredito que até Snoopy Dogg se viu surpreso com o anúncio do lançamento de um novo trabalho dos caras. E ao colocar a bolachinha para rodar, nos deparamos com três minutos de microfonia que atendem pela faixa título. Hm...



Em seguida temos a especialidade da casa, Marijuanaut’s Theme traz aquele apanhado de riffs que poderiam bem estar escondidos na meia do tio Iommi desde 1972, canalizados pelo mestre Matt Pike e temperados com letras amalucadas e a voz Ozzy-lambeu-um-sapo-colorido de Al Cisneros (que detona no baixo). Logo em seguida temos a esperada rendição da apocalíptica Sonic Titan, que aparecera anteriormente em versão ao vivo no Dopesmoker: “Look onto Zion, though it can’t be seen - Man on the Moon cannot help me see”, soa fantástico ainda que eu não faça ideia do que isso quer dizer! Talvez não seja um prato ao gosto de todos, The Sciences, como quase tudo o que a banda fez até aqui, pode parecer uma interminável jam àqueles que não tem apreço ao fuzz e aos riffs Sabbathicos. Mas para aqueles que idolatram a fase inicial do quarteto de Birmingham, ouvir um disco com faixas como a brilhantemente nomeada Giza Butler é no mínimo garantia de diversão quase lisérgica.

NOTA: 8,35

Gravadora: Third Man Records (importado)
Prós: mais de 50 minutos de Black Sabbath direto do Bong
Contras: mais de 50 minutos de Black Sabbath direto do Bong
Classifique como: Stoner/Doom
Para Fãs de: Black Sabbath, Cathedral

Tem seda? Sleep 2018

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Wytch Hazel – II: Sojourn (Cd-2018)

Jethro Lizzy
Por Trevas

O segundo Full-length dos britânicos do Wytch Hazel é um deleite aos ouvidos mais afeitos à sonoridade de eras passadas: guitarras dobradas com a cara do Thin Lizzy, melodias simples e grudentas com aquela cadência algo folk de um Jethro Tull e uma cozinha impressionante. Tudo na bolachinha cheira à anos 1970, e se a abertura com Devil Is Here não for o suficiente para te convencer que os caras falam à sério, tente sobreviver ao ataque seguinte, com Save My Life. Impossível, não? Que bom que não são exceções à regra, a terceira faixa é outra delícia setentista que atende pelo epíteto Still We Fight.


Mas como descobri esses malucos? Esbarrei com essa banda graças ao Instagram, mas logo esqueci dos caras. Não sou um ouvinte assíduo de MP3, enfim. Mas eis que dentro de minhas explorações musicais numa viagem ao Reino Unido, esbarrei com essa belezura a preços módicos. Logo tomei posse do Cd e nenhum arrependimento será sentido por isso. Seja nos ataques Thinlizzyanos, repletos de ótimas guitarras dobradas, seja nos momentos em que o quarteto viaja por sonoridades um pouco mais folk (ou Wishboneasheanas), o que temos em Sojourn é um dos melhores trabalhos de Retro-rock que escutei nos últimos 3 anos. Tudo soa tão bacana que até fica em segundo plano a temática cristã nas letras (ainda que em nenhum momento soem piegas ou como pregação barata). Certamente um trabalho que aparecerá na minha lista de melhores de 2018.


NOTA: 9,26


Gravadora: Bad Omen Records (importado)
Prós: uma viagem pelos anos 1970
Contras: suas suíças estão descabeladas, senhor
Classifique como: Retro-Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Thin Lizzy, Wishbone Ash, jethro Tull

É aqui que mora Ritchie Blackmore? Wytch Hazel
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Conan – Existential Void Guardian (Cd-2018)

Neanderthal Metal
Por Trevas

Confesso que até agora eu havia passado incólume aos encantos do Doom Metal de Neandertal dos britânicos do Conan. Isso até me deparar com a viciantemente sujismunda Volt Thrower no Youtube: definitivamente não dá para resistir à ogridão que parece saída do cruzamento bastardo entre Motörhead e Celtic Frost num clipe que traz guerreiros montando gastrópodes gigantes! O Conan (como ninguém usou esse nome para uma banda de Metal antes?) faz um Stoner/Doom afinado abaixo dos portões do próprio inferno, um Power Trio tão imundo que faz Lemmy Kilmister parecer a Scarlett Johansson! Talvez até sujo demais para meu gosto, mas impulsionado pelo clipe citado encarei a audição do novo trabalho.



E o que temos nos parcos 37 minutos de Existential Void Guardian é uma sopa fétida e distorcida que faria o fã usual de Dream Theater regurgitar seu precioso desjejum de froot loops em cima dos próprios sapatênis. Mas, convenhamos, se você fosse o típico fanboy empolado da excrescência Prog Metal estadunidense já teria parado de ler esse post ali em cima no Sleep. Sem nenhum minuto de alívio melódico, o disco atira pedradas encardidas como Eye To Eye To Eye e Prosper On The Path, munidos de riffs e linhas de baixo mais gordurosos que cozinha de boteco de zona e dois vocalistas ogroides cujo DNA deveria ser estudado para que possamos compreender melhor a linhagem evolutiva dos homens das cavernas. A maioria das edições conta ainda com quatro atrocidades ao vivo. Um trabalho pesado, sujo, feio e para lá de divertido.


NOTA: 8,13


Gravadora: Napalm Records (importado)
Prós: guerreiros montando gastrópodes!!
Contras: passe longe se teu sonho é assistir o Toto
Classifique como: Sludge/Doom
Para Fãs de: Mastodon, Celtic Frost

Conan 2018 - Mestres da Ogridão

Notas baseadas no Site - The Metal Club!






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