Capirotagem
Em Alta definição
Por Trevas
Chega a ser difícil
acreditar que um artista tão reconhecido pelo apelo visual de suas
apresentações ao vivo nunca tenha lançado um Home Video em sua
extensa carreira. Pois é, mas esse é caso do dinamarquês King Diamond, que
pretende tirar o atraso com esse Songs
For The Dead, que nos traz duas apresentações completas, uma em ambiente
fechado e outra num festival, focadas em sua para lá de bem-sucedida turnê de
retorno após um infarto que quase lhe levou mais cedo para o colo do capeta.
O Box e suas guloseimas |
Apresentação
Songs For The Dead vem em uma penca de
formatos: DVD duplo + Cd; Blu Ray e um opulento Box Set. E é justamente o Box
Set que analisaremos aqui na Cripta.
O mesmo compreende a soma das edições em DVD
duplo (mesmo conteúdo do BD) + CD, Blu-Ray e um CD bônus (com o áudio do show do Graspop). Isso tudo em um pacote cheio
de delícias para colecionadores. São elas: uma réplica do Set List do Graspop assinado (uma pena que o
“autógrafo” é impresso); uma réplica do cartaz do show; um pôster da turnê;
dois stage passes e uma palheta. Tudo embalado numa caixa de papelão que emula
um case de instrumento musical. Um pacote belo e caprichado, que pode ser visto
em detalhes no Unboxing que fiz no
vídeo abaixo.
Áudio
e Vídeo
Todo o cuidado com a
apresentação de nada serviria se não fosse acompanhado de igual esmero nas
imagens e no som. Para nossa sorte, os shows foram captados em altíssima
definição, com tomadas e edição criativas que só engrandecem a por si só já
impressionante produção de palco. E as performances individuais da agitada
banda também não escapam do olho mecânico sagaz. E isso sem deixar de lado as
imagens da galera ensandecida, sempre instigada pela presença de palco
hipnótica do carismático Rei Diamante. O Som? Tão impressionante
quanto esperaria o mais otimista dos fãs. E a qualidade sonora também está
excelente nos Cds, o que é ainda
mais raro.
Os
Shows – Performances e Set List
Olha, realmente fica
difícil acreditar que o Rei esteja com 60 anos nesses shows. Já tive a
oportunidade de ver o Dinamarquês ao vivo duas décadas atrás e a performance
dele naquela noite não se equipara ao que vemos nos dois shows aqui presentes,
a perfeição é tamanha que logo apostaria em toneladas de overdubs. Mas basta buscar outros shows gravados não oficialmente
dessa turnê para entender que, seja lá o que a experiência de quase morte
trouxe na cachola do maluco, essa epifania fez um bem danado para sua
performance. Contando apenas com a ajuda da esposa e cantora Livia Zita, ele destrói, e nenhuma música fica aquém de sua contraparte
de estúdio.
E não é só o patrão que está na ponta dos cascos, não. Andy La Rocque e Mike Wead formam uma dupla de guitarras forjada nas profundezas do
inferno. E a cozinha composta por Pontus
Egberg e Matt Thompson (que rolo
compressor é esse cara!) parece tocar por telepatia. Sem tempo para respirar,
as músicas se seguem e os caras agitam bastante, como se conhecessem cada uma
das notas desde 789 encarnações passadas.
O repertório se repete nas duas apresentações, com uma ou outra mudança
de ordem. A primeira parte do show traz um apanhado da carreira do tio
Diamante, com dois números do Mercyful
Fate, a segunda metade centrada na execução integral de seu disco mais famoso: Abigail. Apesar das reclamações dos fãs
mais ardorosos, que gostariam de ver todos os discos representados, é
indiscutível que o resultado final funcionou monstruosamente bem! E apesar dos
repertórios gêmeos, a ambiência diferente dos dois shows justificam a
dobradinha. Apesar do público maior no Graspop,
a atmosfera fica ainda mais legal no mais intimista Phillmore. Se há realmente algo que poderia causar alguma
reclamação mais justa, é a ausência de making
off, entrevistas ou qualquer outro
extra.
Veredito
da Cripta
Alta definição de imagens,
grandes performances e uma sonoridade bem cuidada podem produzir grandes Home Videos. Mas existe um outro elemento, difícil de explicar, que
eleva alguns desses registros de shows a um patamar ainda mais alto. Seria a atmosfera?
Ou a interação entre público e banda? Ou uma noite particularmente inspirada
dos músicos? Tudo isso junto? Não sei. Mas sei que esse Songs For The Dead tem exatamente esse algo mais, um bem-vindo
elemento sobrenatural que faz desse ao vivo um clássico em potencial. Coloque
para rodar com o volume no talo e perdoe King
Diamond por ter demorado tanto tempo
para nos entregar essa pérola! Obrigatório!
NOTA: 10
Gravadora: Metal Blade Records (importado)
Prós: produção visual impecável, som de
primeira e grande performances
Contras: ausência de extras
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Mercyful Fate