sábado, 26 de maio de 2018

Ozzy Osbourne – No More Tours 2 (20/05/18 – Jeunesse Arena – Rio de Janeiro/RJ)

Flyer original da tour

Goodbye to Romance?
Fotos e texto por Trevas

O clima não era lá dos melhores. O evento foi transferido da péssima Apoteose para a distante Jeunesse Arena devido à baixa procura de ingressos, o que gerou também uma miríade de promoções conforme o show se aproximava. Os vídeos no YouTube evidenciavam que a qualidade do show, ao menos no que se refere à performance do dono da bola, anda variando muito. Some-se a isso a atitude estúpida da produção, que cedeu aos caprichos de uma prima donna da fotografia rocker, impedindo o trabalho dos fotógrafos locais, deixando os veículos de imprensa reféns do material do beócio-cujo-nome-não-citarei, com a alternativa de contar com fotos feitas à distância, como as que aqui apresentarei. É, a despedida (de novo?) de Mr. Madman dos palcos não parecia lá muito atraente.


As sirenes indicam: os Porcos da Guerra chegaram!
Mas caiu em meu colo um par especialíssimo de ingressos (valeu, Sá!!!), e lá fomos eu e Dressa comemorar meu aniversário ao som de um dos caras que eu mais escutei na minha juventude. Arena abarrotada, pontualmente o belo arranjo de telões inicia a reprodução de um filme muito do bem feito ao som de Carmina Burana. Logo Ozzy sobe ao palco, convocando sua banda e anunciando o show. Bark At the Moon toma de assalto nossos ouvidos e toda aquela balela que escrevi ali no primeiro parágrafo pareceu bosta de camelo diante do que se viu e ouviu.

Ozzy e Zakk, uma parceria para a eternidade

Mas como está Ozzy? O sequelado sessentão se movimenta com a graça de um senhor de 90 anos que acabou de soltar um lastro em seu fraldão geriátrico, verdade. Mas, convenhamos, isso pode ser dito sobre ele desde os 40 anos de idade, não é mesmo? A voz? Essa estava surpreendentemente boa e precisa, numa forma bem superior à da segunda perna da Scream World Tour (quando vi um errático show dele no Monsters) e melhor também do que na turnê de despedida do Black Sabbath. E o Madman, além de possuir a maior concentração de carisma por metro quadrado, tem a seu favor três trunfos, o primeiro deles um setlist matador, que permite emendar a sequência Mr. Crowley, I Don’t Know, Fairies Wear Boots e No More Tears, para somente então frear um pouco os ânimos com a baladinha Road To Nowhere.

Ozzy e seu atentado aos epiléticos

O segundo trunfo é a cozinha destruidora formada por Tommy Clufetos e Blasko (com Adam “filhodocara” Wakeman quebrando um galho por vezes no teclado, por vezes numa segunda guitarra). O terceiro trunfo atende pelo nome artístico Zakk Wylde. O cruzamento de viking com urso grizzly é um show à parte. Longe da birita, sua performance está enfim à altura de sua fama, e o cara consegue até mesmo carregar o show nas costas quando o velho comedor de morcegos se ausenta por mais de dez minutos. Segurar as pontas com um medley instrumental calcado nas partes dos solos das músicas, caminhando ogrescamente entre uma ponta a outra do chiqueirinho debulhando com a guitarra às costas como quem passeia com o totó no parque? Não, não é para qualquer um. Zakk é uma lenda viva e sua presença faz enorme diferença se comparado aos shows com o excelente Gus G e o competente Joe Holmes. Mas nem tudo são flores. Se visualmente os canhões laser e telões formavam um espetáculo imponente, o som da Jeunesse Arena se mostrou confuso para tudo que não fosse bateria ou voz. E ainda que os pouco mais de 80 minutos de show tenham sido extremamente divertidos, é difícil aceitar um setlist tão reduzido (se contarmos os solos de guitarra e bateria) na despedida mundial de um dos maiores ícones da história do Heavy Metal. Deixou a sensação de que faltou muita coisa a ser tocada. Ainda assim, ao término do show, a saída da Arena era só sorrisos, uma multidão feliz por ver um de seus ídolos saindo de cena de maneira para lá de honrosa. Longe de ter sido um show perfeito, mas Ozzy e sua trupe certamente nos brindaram com uma noite muito divertida! (NOTA:8,50)


























4 comentários:

  1. Disse tudo, querido bro Trevas! Seu bom humor é impagável e sua descrição dos eventos: cirurgicamente precisa! Parabéns por mais uma resenha caprichada e... SHAROOOON! (Ozzy neles!)

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  2. "...com a graça de um senhor de 90 anos que acabou de soltar um lastro em seu fraldão geriátrico..." - rindo até 2112!!!!!
    Trabalhei em vários shows lá, assisti a vários sem ter trabalhado tb; em shows de rock ou metal o som só é bom na pista e, mesmo assim, bem de frente pro meio do palco e não mais distante do q até o centro da arena (é fácil de visualizar por conta do placar pendurado no teto). Trabalhei lá em shows de artistas como André Rieux, Michael Bubblé e Maroon 5, por exemplo, nesses o som foi bem bom.
    É mesmo uma pena o setlist ser tão curto, mas acho q o véio John Michael não aguentaria por mais tempo, o q prejudicaria todo o show e a turnê inteira. Fica, pra quem foi, o privilégio de ver o carismático ser caquético paradoxalmente em forma, q influenciou a vida de milhões de pessoas nas últimas 5 décadas - inclusive a minha.
    Belezura de texto, mizifio!!
    Valeu!!!!
    ML

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    Respostas
    1. Grande Lacerdão
      Humor e tio Ozzy tem que combinar né? Confesso que o show foi bom, mas a carga emocional de se saber que seria a última chance de ver o velho gagá cantando amplificou a experiência.
      Abração
      T

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