Monster Magnet - Mindfucker |
Fornicando
Com Nossas Mentes e Ouvidos
Por Trevas
O décimo full-length de uma das bandas seminais
da cena Stoner foi elaborado
deliberadamente para se opor ao antecessor, Last Patrol. Se LP fora uma ode ao Space Rock e pintava um
cenário inspirado em psicotrópicos, num clima enevoado e colorido que remetia
ao final dos anos 1960, Mindfucker
apostaria em outra vertente estética do mesmo período, o Proto Punk de Blue Cheer e MC5. Dave Wyndorf, o cérebro carcomido por pílulas por detrás do Monster Magnet, afirmou que ele precisou escrever dez canções diretas e que
te deixam com vontade de dirigir a cem quilômetros por hora, que é a única
coisa que ele quer fazer para escapar das insanidades de um mundo “completamente
fodido”. Ah, ok. Com a produção dividida entre Wyndorf e o guitarrista de longa data Phil Caivano, vamos
encarar a nova viagem dos monstrinhos de Nova Jérsei.
Capitão Wyndorf e seus temíveis proxenetas intergaláticos |
Rocket Freak já senta o pezão no acelerador, uma pedrada que resgata um Monster Magnet que eu não ouvia com tamanha ferocidade desde Powertrip. Voz enterrada em meio ao
instrumental virulento e com cara de música ao vivo, Dave evoca o fim do mundo e mulheres gostosas, como usual. Um
início e tanto. A cozinha para lá de entrosada de Chris Kosnik e Bob Pantella (ambos parceiros no Atomic
Bitchwax) faz uma cama kingsize para
Dave e Caivano deitarem a forte Soul
em nossos ouvidos. A faixa título chega e já pede para sentar na janela do
repertório Monstermagnetiano, o que,
convenhamos, só quem tem colhões de aço ousaria fazer.
A produção do novo disco pode ter aquela cara de “ao vivo e sem cortes”,
mas experimente colocar a bolachinha para rodar com seus melhores fones de
ouvido e repare o quanto de detalhes o material esconde. Eu só fui reparar nisso
muitas ouvidas depois, justamente da primeira vez em que resolvi fazer a viagem
intergaláctica com headphones. As boas I’m
God e Drowning, mais cadenciadas e psicodélicas são bons números para se
explorar esses detalhes da produção.
O Proto Punk diretaço retorna com Ejection,
clássico de Robert Calvert (parceiro dos loucos do Hawkwind) de 1974, do disco Captain Lockheed and the Starfighters, de onde o próprio MM havia tirado The Right
Stuff, gravada em Monolithic Baby. O clima “para o alto e avante”
prossegue com as boas Want Some e All Day Midnight, enquanto Brainwashed
traz um toque diferente à bolachinha, que se encerra de maneira brilhante com When the Hammer Comes Down, forte
candidata a futuro clássico.
Veredito
da Cripta
Direto e viciante, Mindfucker dá a falsa impressão de ser
um álbum unidimensional em suas primeiras audições. Mas há mais aqui para
nossos ouvidos do que pode imaginar vossa vã filosofia. Um disco honesto e
muito, muito bom de se ouvir.
NOTA: 8,57
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Gravadora:
Napalm Records (importado).
Pontos
positivos: o disco mais direto da banda em eras
Pontos
negativos: pode não agradar os fãs de sons mais viajantes
Para
fãs de: MC5, Blue Cheer, Orange Goblin
Classifique como: Stoner
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