sábado, 19 de maio de 2018

Monster Magnet – Mindfucker (CD-2018)

Monster Magnet - Mindfucker
Fornicando Com Nossas Mentes e Ouvidos
Por Trevas

O décimo full-length de uma das bandas seminais da cena Stoner foi elaborado deliberadamente para se opor ao antecessor, Last Patrol. Se LP fora uma ode ao Space Rock e pintava um cenário inspirado em psicotrópicos, num clima enevoado e colorido que remetia ao final dos anos 1960, Mindfucker apostaria em outra vertente estética do mesmo período, o Proto Punk de Blue Cheer e MC5. Dave Wyndorf, o cérebro carcomido por pílulas por detrás do Monster Magnet, afirmou que ele precisou escrever dez canções diretas e que te deixam com vontade de dirigir a cem quilômetros por hora, que é a única coisa que ele quer fazer para escapar das insanidades de um mundo “completamente fodido”. Ah, ok. Com a produção dividida entre Wyndorf e o guitarrista de longa data Phil Caivano, vamos encarar a nova viagem dos monstrinhos de Nova Jérsei.

Capitão Wyndorf e seus temíveis proxenetas intergaláticos
Rocket Freak já senta o pezão no acelerador, uma pedrada que resgata um Monster Magnet que eu não ouvia com tamanha ferocidade desde Powertrip. Voz enterrada em meio ao instrumental virulento e com cara de música ao vivo, Dave evoca o fim do mundo e mulheres gostosas, como usual. Um início e tanto. A cozinha para lá de entrosada de Chris Kosnik e Bob Pantella (ambos parceiros no Atomic Bitchwax) faz uma cama kingsize para Dave e Caivano deitarem a forte Soul em nossos ouvidos. A faixa título chega e já pede para sentar na janela do repertório Monstermagnetiano, o que, convenhamos, só quem tem colhões de aço ousaria fazer.



A produção do novo disco pode ter aquela cara de “ao vivo e sem cortes”, mas experimente colocar a bolachinha para rodar com seus melhores fones de ouvido e repare o quanto de detalhes o material esconde. Eu só fui reparar nisso muitas ouvidas depois, justamente da primeira vez em que resolvi fazer a viagem intergaláctica com headphones. As boas I’m God e Drowning, mais cadenciadas e psicodélicas são bons números para se explorar esses detalhes da produção.



O Proto Punk diretaço retorna com Ejection, clássico de Robert Calvert (parceiro dos loucos do Hawkwind) de 1974, do disco Captain Lockheed and the Starfighters, de onde o próprio MM havia tirado The Right Stuff, gravada em Monolithic Baby. O clima “para o alto e avante” prossegue com as boas Want Some e All Day Midnight, enquanto Brainwashed traz um toque diferente à bolachinha, que se encerra de maneira brilhante com When the Hammer Comes Down, forte candidata a futuro clássico.


Veredito da Cripta

Direto e viciante, Mindfucker dá a falsa impressão de ser um álbum unidimensional em suas primeiras audições. Mas há mais aqui para nossos ouvidos do que pode imaginar vossa vã filosofia. Um disco honesto e muito, muito bom de se ouvir.


NOTA: 8,57

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Gravadora: Napalm Records (importado).
Pontos positivos: o disco mais direto da banda em eras
Pontos negativos: pode não agradar os fãs de sons mais viajantes
Para fãs de: MC5, Blue Cheer, Orange Goblin
Classifique como: Stoner



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