quinta-feira, 3 de maio de 2018

Glenn Hughes – Classic Deep Purple Live (29/04/2018 – Circo Voador – Rio de Janeiro/RJ)

             Glenn Hughes – Classic Deep Purple Live (29/04/2018 – Circo Voador – Rio de Janeiro/RJ)

Definitivamente: A VOZ!
Fotos e texto por Trevas


Noite de domingo, parto para assistir, pela quarta vez, uma das lendas vivas da história do rock: Mr. Glenn Hughes. O vocalista/baixista britânico, agora um senhor de 65 anos muito bem vividos, a grande maioria deles de grandes serviços prestados à música, é figura fácil na cidade. Embora a qualidade de Hughes como músico seja incontestável, nem sempre a dinâmica de seus shows corresponde, muito por conta de repertórios confusos diante de tanta coisa produzida junto a diferentes artistas com quem ele colaborou (Deep Purple, Trapeze, Pat Thrall, Black Sabbath, Phenomena...). Mas dessa vez o show seria calcado exclusivamente em material do Deep Purple, uma das bandas mais importantes da história. Promissor.

Cartaz da turnê
A abertura do show ficou por conta da banda carioca Seu Roque. Com o som totalmente calcado no rock setentista, a banda alternou covers de clássicos (Led Zeppelin e The Doors) com músicas próprias em português. Instrumentalmente a banda funciona muito bem, mas confesso que senti que falta de algo nas composições próprias, em especial nas linhas vocais. Ainda assim, um show divertido e que ganhou no mínimo o respeito da plateia, que já lotava o Circo Voador como há muito eu não via.


Titia Hughes, carcaça carcomida, voz do além


Após uma introdução imitando transmissão de rádio, tocada no som mecânico, Stormbringer é jogada impiedosamente em nossas fuças. Um início avassalador, mas quem já acompanha os shows de Hughes não viu novidade ali...ela viria sob a forma de Might Just take Your Life, seguida pela bela Sail Away e pelo clássico absoluto Mistreated.


Glenn canalizando agudos de outra dimensão
Esse tipo de repertório é uma faca de dois gumes, excelente no papel, poderia muito bem ser um tiro no pé se a banda que acompanha Glenn não tivesse a pegada certa. Mas, acreditem, os caras tocam muito e estavam muito bem ensaiados, e com os timbres brilhantemente escolhidos. E o som da casa, perfeito como poucas vezes ouvi. A comprovação veio logo após a pergunta do vocalista: vamos voltar comigo ao California Jam? Foi a deixa para executarem You Fool No One, com direito a emulação dos improvisos originais do lendário show. Soren Andersen já é velho conhecido, e se não é um virtuose da guitarra, casa muito bem com a proposta e tem muita pegada e carisma. Jay Boe manda bem demais nos teclados, e contou com o reforço de mini moog e hammond reais! Mas o destaque mesmo ficou para o jovem chileno Fer Escobedo, que brilhou em um longo solo de bateria que bem poderia ter minado o andamento da apresentação. Aliás, ele brilhou o show inteiro, a despeito do visual meio sleaze e das caras e bocas, o garoto é de uma técnica e pegada invejáveis!


O fiel escudeiro, Soren Andersen


Glenn & Soren

Ah, e a voz do Rock? Essa não envelhece nunca, a despeito da carcaça cada vez mais gasta de seu dono. Para falar a verdade, facilmente posso colocar o que ouvi nessa noite como uma das performances vocais mais belas e impressionantes que já pude testemunhar. O que Glenn fez essa noite em canções como This Time Around, Georgia On My Mind (encerrando Smoke On The Water, como nos shows de sua era no Purple) e You Keep On Moving (essa de arrepiar cada pelo do corpo) é de uma perfeição que parece vir de outro plano astral. A banda se despede sob intensos aplausos de uma plateia maravilhada.

Sim, você o é, meu chapa

Mas havia mais. O quarteto retorna alguns minutos depois. Glenn deixa o baixo para alguém de sua equipe técnica (sorry, não descobri quem é) e emenda uma versão de Highway Star anos luz à frente do que o Purple consegue fazer hoje em dia. Aliás, ela podia ser intitulada “Chupa Gillan”, mas isso é outra história. O encerramento vem com a obrigatória Burn, um pouco desencontrada, mas que surte o efeito de um tornado no Circo Voador. Todos os membros da banda abraçam o chefe de maneira carinhosa e verdadeira. Hughes, visivelmente emocionado, agradece com aquela paz de guru esotérico e promete um retorno para o ano que vem. Ninguém arreda o pé, os aplausos seguem efusivos enquanto a banda e seu líder permanecem no palco. E posso dizer então, que, mesmo já tendo visto o Purple “oficial” uma penca de vezes, pela primeira vez vi uma banda fazer justiça a seu legado musical. E assim termina um dos maiores espetáculos que já tive a sorte de presenciar. Uma noite perfeita (NOTA: 10)




Nós é que temos que agradecer, obrigado, tia Glenn

6 comentários:

  1. Um show eletrizante e um relato sensacional! Parabéns e Obrigada!!! :)

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  2. Caraca. Arrependimento total.
    Perdi aqui em Sao Paulo, pois viajei à trabalho nesse dia. Que M.

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    Respostas
    1. Fala, Mow!!
      Olha, confesso que fui ao show sem grandes expectativas, já vi ele mandar muito bem em algumas ocasiões e em outras nem tanto. Fui para levar meu irmão Eduardo, era aniversário dele e dei o ingresso de presente.
      Sorte nossa, foi fantástico!
      Abraço
      T

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