domingo, 9 de outubro de 2016

In Flames – Sounds From the Heart of Gothenburg (Box Set: Blu-ray + 2Cds)

Sounds From the Heart of Gothenburg
Gotemburgo em Chamas
Por Trevas

Prólogo – Uma banda, Dois Mundos

Um dos baluartes daquele movimento que veio a se tornar conhecido como Gothenburg Sound (o Melodic Death Metal sueco), o In Flames viveu duas fases bem distintas. A primeira, que compreende os lançamentos de Lunar Strain (1994) até Clayman (2000), traz uma banda que alia o Metal Tradicional ao Death Metal para produzir uma sequência de discos que trouxe uma parcela dos bangers mais tradicionalistas a conhecer um pouco do universo extremo. Nesse período, a banda era quase uma unanimidade na cena. Mesmo aqueles não muito afeitos ao som, ao menos demonstravam respeito pelos caras.


A segunda fase pega tudo o que os suecos fizeram desde o polêmico Reroute to Remain, de 2002. A partir daquele ponto, o In Flames desconstruiria sua imagem, adotando maciçamente elementos do mundo alternativo e do Nu Metal. Os narizes torcidos dos bangers puristas não impediram que a banda se tornasse uma potência comercial, conquistando uma legião renovada de fãs. Alguns sortudos conseguem enxergar com carinho os dois mundos do In Flames, e sou um destes. Consigo escutar tanto um Siren Charms quanto um Whoracle com igual felicidade. E se você é um fã da afse atual, ou como eu, não tem preferência por nenhum dos dois mundos, esse novo lançamento ao vivo vai te agradar em cheio. Como de costume, irei separar a avaliação do pacotão pela apresentação do material físico, qualidade de som e imagem e finalmente do show em si.


Apresentação
Em tempos onde boa parte do público está acostumado a piratear o material de suas bandas favoritas e que só os colecionadores parecem dispostos a arcar com o custo de ter fisicamente o produto oficial em mãos, se faz imperativo que os artistas invistam para agradar esse exigente mercado. Já faz bastante tempo que os suecos se preocupam com cada detalhe gráfico de seus lançamentos, e aqui não é diferente. A edição que comprei é a que vem com um digipack belíssimo encapsulado em um envelope muito bonito. O livreto traz fotos caprichadas somadas às letras das músicas. Existe ainda uma versão em digibook que inclui também a edição em DVD para o show. Não fosse o preço proibitivo, teria apostado nessa, pois pelas fotos parece ainda mais bonita. Enfim, quem pagou para ter o material físico em mãos, irá se sentir satisfeito, com toda certeza.

Imagem da edição analisada
Imagem
Cenograficamente o show é um deleite, tendendo à escuridão completa para valorizar o incrivelmente engenhoso set de luzes dos caras. Dependendo da música, os canhões transformam o palco, adornado ao fundo com uma parede de galhos mortos, com uma profusão de verde ou vermelho ou azul...esse efeito nas mãos experientes e para lá de competentes de Patric Ullaeus, com suas tomadas únicas, faz com que o Blu Ray seja visualmente perfeito.


Som
Os dois lançamentos anteriores do In Flames sofriam do mesmo mal, uma péssima qualidade sonora. O resultado era tão ruim que ouço até hoje muita gente dizendo que a banda só funciona em estúdio. Bobagem, o In Flames é um dos shows mais concorridos no mercado europeu e isso não é à toa. Dessa vez a produção caprichou, escuta-se tudo com imensa perfeição e com muito punch, seja no Blu Ray, seja nos dois cds. Um fator bem legal que deveria ser obrigação para qualquer lançamento ao vivo que se preze, foi o cuidado na captação do áudio da plateia, a intensa reação do público faz-se presente de maneira incrível na mixagem, transportando a gente lá para o meio da multidão.


O Show
Impossível não começar essa parte da avaliação sem citar o set list. Se você é fã exclusivamente da fase mais Melodeath do In Flames, nem prossiga. O repertório traz apena duas faixas pré-Reroute, e uma delas  representava uma transição musical, a apoteótica Only for The Weak (recebida com um entusiasmo imenso, mostrando a plateia simplesmente quicando tal qual uma onda de carne). De resto, todos os discos da fase moderna estão muito bem representados, obrigado. E é impressionante perceber como cada música escolhida soa como um Hit em potencial. Até mesmo o material do criticado Siren Charms brilha aqui, mostrando que a produção ruim tirou em muito o potencial daquele disco. Vide a belíssima When the World Explodes, que casa a apresentação visual impecável com uma emocionante participação da cantora lírica Emilia Feldt.


A banda funciona perfeitamente ao vivo, com todos os músicos demonstrando imensa empolgação e destreza técnica. Vocalmente limitado, Anders Fridén hoje em dia sabe usar muito bem a ferramenta que tem em mãos, e sua simpatia é no mínimo contagiante. Mas nem a banda e seu repertório fariam diferença se estivessem diante de uma plateia indiferente. E o que torna esse lançamento ainda mais especial é ver o quanto o público de Gotemburgo ama a banda. A reação em boa parte das músicas se assemelha em absurdo ao que presenciei no Live At River Plate, do AC/DC. A galera canta tudo palavra por palavra nas músicas mais calmas e quica ensandecidamente no material mais agitado. Fantástico. E não se assuste com o fato da interação da banda com o público ser feita na língua pátria – nesses momentos temos a ajuda de legendas bem colocadas. Único ponto a se considerar negativo é a absoluta ausência de extras.

In Flames 2016


Saldo Final
Parece que finalmente o In Flames resolveu acertar a mão num lançamento ao vivo oficial. Sounds From the Heart Of Gothenburg tem tudo que um fã da banda poderia pedir de um show da atual fase dos suecos. Um dos melhores materiais ao vivo de uma banda de Metal que vejo em eras. Absolutamente perfeito.


NOTA: 10


Pontos positivos: Luzes, som, banda e plateia encapsulados em vídeo de maneira perfeita.
Pontos negativos: Não há extras e pode soar ofensivo aos fãs da primeira afse dos caras.
Para fãs de: Soilwork, Dark Tranquility, Korn
Classifique como: Melodic Death Metal, Modern Metal  

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