quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Curtas: Running Wild, Killswitch Engage, Jeff Beck e The Dead Daisies

Running Wild, Killswitch Engage, Jeff beck & The Dead Daisies



Running Wild - Rapid Foray


Running Wild – Rapid Foray (Cd-2016)

A Balada do Pirata Cansado

A banda de Rock’n’Rolf parece aquele bom futebolista que já passou tem muito tempo do seu auge, mas não consegue largar o campo de jogo. Após alguns discos bem ruins, Rapid Foray vem com a promessa de que ainda há inspiração nesses velhos piratas. Black Skies, Red Flag parece querer mostrar que a banda ainda pode soar como nos velhos tempos. Quase consegue, mas fica claro que Rock’n’Rolf está com a voz bem gasta, parecendo que vai falhar a qualquer momento. Warmongers é a típica faixa anos 1990 mediana dos alemães. Stick to Your Guns traz uma veia AC/DC e Rapid Foray é divertida e puxa para o lado do Hard Rock. Black Bart faz justiça aos clássicos e certamente é o melhor exemplar do novo disco.


Os Riffs e solos da maior parte do material aqui são legais, mas deixam a gente com a certeza de que ouvimos tudo isso antes, e com maior ferocidade e velocidade, vide as burocráticas Hellectrifried, the Depht of the Sea e Into the West. Mas me daria por satisfeito se esse fosse o único problema, infelizmente há uma porcaria na bolachinha, a absolutamente intragável By the Blood In Your Heart. Há também uma tentativa infrutífera em criar um novo épico marcante, sob a forma de Last Of The Mohicans, uma faixa até bacana, mas que apresenta muito pouco que justifique ser esticada até onze minutos de duração (seria efeito da síndrome de Iron Maiden?). Enfim, Rapid Foray é bem melhor que Shadowmaker ou Resilient, mas nem de longe pode ser comparado aos melhores trabalhos do Running Wild. Um bom momento para pendurar as chuteiras em definitivo, Rolf!

NOTA: 7,17

Pontos positivos: alguns bons riffs, solos e refrães
Pontos negativos: não traz nada de novo e a banda parece repetir o passado, com a voz de Rock’n’Rolf soando cansada
Para fãs de: Rage
Classifique como: Heavy Metal Tradicional, Power Metal Europeu 

Pirata Velho ainda faz música boa?
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Killswitch Engage - Incarnate
Killswitch Engage – Incarnate (Cd-2016)

Mantendo a Boa Forma

Após um surpreendente retorno com o vocalista Jesse Leach no apoteótico Disarm The Descent, me parecia óbvio que o próximo passo do KsE corria o perigo de empalidecer numa comparação com seu possível melhor trabalho. Bom, dito e feito, minhas primeiras audições de Incarnate apontaram para um leve sentimento de decepção. Bobagem. O disco é muito bom, apenas não tem em cada uma de suas músicas aquela estampa de “novo clássico” que o Cd anterior e The End of Heartache traziam.


Mas dentro da qualidade bem homogênea do material, impossível não destacar o single Hate By Design (ver vídeo), a grudenta dobradinha Until the Day e It Falls On Me, e principalmente a mais diferente de todo o disco, a excelente Embrace the Journey...Unpraised. A produção continua afiada, assim como todos os músicos. Jesse parece mais solto aqui, talvez não mais preocupado em provar sua capacidade em comparação a um vocalista naturalmente mais talentoso (o monstro Howard Jones). Talvez por isso sua performance aqui seja menos impressionante que em Disarm, mas nada que prejudique nem um pouco o disco. Talvez Incarnate nunca se torne um disco de cabeceira para os fãs da banda, mas duvido que tenha desagradado a algum deles.

NOTA: 8,68

Pontos positivos: musicalidade impecável, refrães bacanas
Pontos negativos: nada a destacar, faltou só um pouquinho para considerar o disco perfeito
Para fãs de: Bullet for My Valentine, Soilwork, Shadows Fall, Devil You Know
Classifique como: Metalcore, Melodic Death Metal

KsE 2016
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Jeff Beck - Loud Hailer
Jeff Beck – Loud Hailer (Cd-2016)

Conspiração Guitarrística da Terceira Idade

Da letra declamada em The Revolution Will Be Televised, passando pelo Blues Rock eletrificado e moderno de Live In The Dark e pela bela balada Bluesy Scared For the Children, apenas uma coisa se faz constante, a magia das seis cordas de Jeff, que reitera ser um dos maiores expoentes do instrumento em todos os tempos. Loud Hailer, décimo primeiro disco solo do lendário setentão, mostra que idade não é sinônimo de acomodação criativa – aqui, Beck adota como parceiras Carmen Vandenberg e Rosie Bones, que formam o duo britânico de Blues Rock moderno Bones. Bones, a cantora, tem uma voz meio encardida que causará estranhamento a alguns. Mas seu feeling e capacidade de interpretação caem como uma luva no material cáustico da bolachinha.


Mas não é só na aposta na ala feminina do rock moderno britânico que jaz a ousadia de Beck, não. Loud Hailer é um disco duplamente conceitual: primeiramente, trata-se de um disco de protesto, repleto de letras sarcásticas com críticas políticas e sociais. Segundo, embora não gire 100% em cima do tema, boa parte das letras faz referência à teoria conspiratória de que o 11 de setembro não passou de um embuste criado pelo governo estadunidense em pareceria com o britânico para justificar ações bélicas que na verdade tinham como intuito a corrida pelo petróleo. Esse é um assunto que delicia o velho Jeff sobremaneira. E é um assunto para lá de espinhoso para um senhor dessa idade soltar num disco lançado por majors ao redor do globo. Ponto pro véio.

Tia Jeff  trouxe suas novas amiguinhas para o chá das cinco (Rosie com um "Loud Hailer" nas mãos)
Musicalmente, os 45 minutos de Loud Hailer soam revigorantes, com um blues rock repleto de eletrônica e sujeira intercalando com algumas baladas bonitas. Quase todas as faixas funcionam muito bem, obrigado, sendo a funky O.I.L. o único ponto baixo (e The Ballad of the Jersey Wives um dos destaques). Enfim, um discaço surpreendente vindo das mãos de um velhinho que se recusa a assumir o fraldão geriátrico musical que vem se tornando o Classic Rock.

NOTA: 8,19

Pontos positivos: guitarras fantásticas, voz repleta de personalidade
Pontos negativos: A voz de Rosie pode incomodar ouvidos mais sensíveis
Para fãs de: Hendrix, Rory Gallagher, Gary Moore
Classifique como: Blues Rock

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The Dead Daisies - Make Some Noise
The Dead Daisies – Make Some Noise (Cd-2016)

Dream Team do Hard Rock Ataca de Novo!
Doug Aldrich na guitarra, Marco Mendonza no baixo, John Corabi na voz e Brian Tichy na bateria. Parece uma banda fruto de uma brincadeira de montar o line up dos sonhos para algum fã de Hard, não? Pois então, não é de mentira, esses são os acompanhantes que o guitarrista David Lowy angariou para o novo disco de seu Dead Daisies. Desde o riff inicial de Long Way To Go, totalmente calcado em AC/DC, até os últimos segundos do cover para Join Together do The Who, temos uma sequência incansável de Hard Rock vigoroso. Todos os músicos fazem suas partes à perfeição, como era de se esperar. A maior referência em termos comparativos seria o Aerosmith em sua verve mais rocker. Aliás, se Mr. Tyler não se mostrar mais interessado sem seguir com o Aerosmith, a banda cometeria imenso erro em não pensar em John Corabi para a vaga.


Os destaques ficam para We All Fall Down, Song and a Prayer e a faixa título (Quiet Riot puro!). Mas não dá para deixar de lado um ponto que alguns críticos vem citando em relação ao disco: o de que falta uma cara própria ao som da banda. É verdade, ainda que muito bem feito, Make Some Noise parece uma colcha de retalhos de tudo o que já fez sucesso no mercado estadunidense de Hard Rock (não dá para evitar ouvir Black Betty no início de All the Same, por exemplo, sendo que o restante dela é mais Aerosmith que o Aerosmith de hoje), fato esse amplificado pela opção do Dead Daisies em inserir dois covers no repertório, nenhum deles muito diferente das versões originais: a boa Fortunate Son (Creedence) e a fraca Join Together (The Who). Mas convenhamos, dá para perdoar totalmente a falta de criatividade quando o resultado é tão divertido quanto esse disco aqui!  

NOTA: 7,71

Pontos positivos: ótima produção e grandes músicos
Pontos negativos: soa algo genérico
Para fãs de: Aerosmith, Quiet Riot
Classifique como: Hard Rock

The Dead Daisies - só tem barão!

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