quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Dio – A Decade of Dio: 1983-1993 (Box Set – 2016)

A Decade of Dio
A importância de Ronnie James Dio para a história do rock pesado já seria imensa mesmo se o pequeno estadunidense tivesse gravado apenas Rising (com o Rainbow) e Heaven & Hell (com o Black Sabbath). Para nossa sorte, além e outros discos com as bandas citadas, Ronnie gravou um punhado de pérolas em sua banda solo. E se a força de Dio, a banda, acabou diluída para a nova geração pela sequência de trabalhos pouco inspirados lançados a partir de 1996, esse recém editado Box Set, contando os 6 discos que o gnomo gravou entre 1983-1993 (sob contrato com a Warner), vem para mostrar para a garotada que o cara já teve uma carreira que rivalizava com a dos grandes nomes da época. Afinal, foram 10 milhões de discos vendidos nem estilo pouco afeito ao mainstream. Para os já iniciados, o Box Set tem também sua serventia, já que traz os respectivos trabalhos remasterizados pela primeira vez para Cd. Como de praxe, a resenha irá avaliar a apresentação do Box Set e seu conteúdo musical em separado.

O pequeno grande Dio
Apresentação

O Box Set foi pensado como um pacote econômico contando com os seis discos do Dio enquanto artista contratado da Warner. Ou seja, não foi nem de longe projetado com os requintes necessários para satisfazer os colecionadores de edições especiais. Na prática temos um estojo de papelão, altamente suscetível a danos, com arte gráfica inédita de Marc Sasso (artista de longa parceria com Ronnie e sua trupe). Dentro, os seis “Mini Lps”. Ao contrário de box sets como o do Bruce Springsteen e do Blue Öyster Cult, os “Mini Lps” não são nada luxuosos, resumidos às capinhas de papelão bem tosquinhas e estreitas com encartes simulando os originais, o que não ajuda em muito, já que os encartes dos vinis originais eram bem fraquinhos. Não há a sacada do envelopinho plástico do vinil, o que ajudaria a proteger os Cds. Ou seja, espere por arranhões no tira e bota da embalagem. Ah, e as capinhas são tão estreitas que indicam também que seus “encartes” ficarão danificados bem rapidamente. Fora isso, outra bola fora é a total ausência de ficha técnica ou livreto no Box. Para não dizer que a apresentação do pacote é um total desastre, há de ser justo em verificar que a impressão das artes de capa estão em resolução muito melhor que as edições em Cd originais. Além de que, os Cds em si são printados em réplicas dos miolos das respectivas edições em vinil.

Apresentação da edição em Cd do Box
Conteúdo Musical



Holy Diver

Holy Diver (1983) é um clássico impecável, e mesmo sua faixa mais “fraca” (Invisible), não faria feio frente à boa parte do material de qualquer banda de Heavy Metal do primeiro escalão da época. Aqui temos Don’t talk to Strangers, Straight Through the Heart, Gypsy, Shame on the Night, Stand up And Shout, Caught in the Middle, a faixa título e a famosíssima – e desfavorita do patrão – Rainbow in the Dark. Parece até uma coletânea de tanta coisa foda! Não à toa, é de longe o maior sucesso comercial do gnomo em sua fase solo. A versão remasterizada deu um belo brilho a um material que já era perfeito em sua prensagem original (NOTA:10).



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The Last In Line
Holy Diver é um disco quase impossível de ser superado, mas temos que admitir que seu sucessor, The Last In Line (1984) chegou bem perto de iguala-lo. Seja na fúria de We Rock e I Speed At Night, seja na veia épica de Egypt e da faixa título, o material aqui é todo da melhor qualidade. Mystery, com sua pegada mais Hard, já indicava o caminho que a banda seguiria no disco seguinte. Novamente, mais um belo trabalho de remasterização (NOTA: 9,43).

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Sacred Heart
Sacred Heart (1985), o derradeiro rebento da formação clássica do Dio, já sofria com alguma inconstância. O “lado A” era quase perfeito, com a feroz King of Rock and Roll, seguida pela épica faixa título, Another Lie (reminiscente do disco anterior em sonoridade) e a pop e inspirada Rock n Roll Children. Mas o “lado B” já não impressionava tanto assim, Hungry for Heaven parecia música de filme de sessão da tarde, Like the Beat of a Heart e Just Another Day também se salvavam como coadjuvantes interessantes, mas Fallen Angels e Shoot Shoot, apresentadas em seguida, marcavam a primeira vez que os fãs esbarravam com composições bem abaixo da média contando com a voz do mestre. Infelizmente o trabalho de remasterização não se mostrou lá muito generoso com Sacred Heart, que soa apenas mais alto no mix do que na primeira prensagem (NOTA: 8,55).




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Dream Evil
A conturbada saída de Vivian Campbell foi um baque para a banda e fãs. Para seu lugar foi chamado Craig Goldy, cujo trabalho Ronnie conhecia de quando produzira algumas demos do Rough Cutt. Com sonoridade mais sombria e produção mais caprichada que o disco anterior, Dream Evil (1987) pode ser pouco lembrado fora do círculo de fãs do Dio, mas é um puta disco de Hard/Heavy. Night People, Sunset Superman, Naked in the Rain e Faces in the Window são muito boas. E All the Fools Sailed Away é um dos mais belos exemplares épicos do Dio. Confesso que I Could Have Been A Dreamer pode soar um bocado xarope para os não tão afeitos ao hard Rock, mas mesmo assim considero Dream Evil um dos grandes trabalhos do gnomo. Ah, a prensagem original em Cd já trazia um bom som, mas a remasterizada faz toda a diferença aqui (NOTA: 9,00).



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Lock Up The Wolves
O problema quando você lança de cara um trabalho bem-sucedido tanto comercialmente como artisticamente, é que passam a medir tudo o que você faz utilizando como comparativo essa obra. E a paulatina queda de vendas dos discos do Dio começou a gerar uma série de problemas. A gravadora já não colocava a banda como prioridade e as discussões sobre dinheiro foram se tornando cada vez mais complicadas. Em 1989, Ronnie viu-se abandonado pelos companheiros de longa data, sendo obrigado a remontar sua banda. Para o posto de baterista, Simon Wright foi chamado. Para os teclados, Jens Johansson. Para o baixo, Teddy Cook. E nas guitarras, um então promissor jovem inglês de 18 anos, Rowan Robertson. Lock up the Wolves (1990) abre de maneira igualmente promissora com a veloz Wild One, seguida da boa Born on the Sun. Uma pena que daí para frente, tudo soe bastante medíocre, com exceção da clássica faixa título. De longe o mais fraco dos discos contidos na caixinha, Lock up the Wolves ganhou bastante com o trabalho de remasterização (NOTA: 6,88).




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Strange Highways
Após uma curta e traumática tentativa de retorno ao Black Sabbath (que renderia o excelente Dehumanizer), Ronnie voltou suas atenções à banda solo com sangue nos olhos. Tentando seguir o caminho iniciado em Dehumanizer, com uma sonoridade mais moderna e temática calcada em problemas reais, Ronnie chamou para sua banda um guitarrista que se encaixava nessa visão – o então novato Tracy Grijalva, ou simplesmente Tracy G.
Strange Highways (1993) foi um tremendo choque para os fãs do estilo capa-e-espada do baixinho. Era uma época de crise de identidade para o heavy metal, que via sua maldade trevosa e aura perigosa repentinamente sendo taxada de caricata e infantiloide por uma geração que estava sendo alimentada pela sombria e realista cena Grunge. Talvez os fãs tenham se sentido traídos ao ver um de seus baluartes cedendo de alguma forma à estética do “inimigo”.  Mas escutado hoje em dia, fica até difícil entender o drama. Jesus, Mary & the Holy Ghost é uma das faixas mais inventivas e furiosas que Ronnie já cantou. Firehead, Hollywood Black e Blood From A Stone se distanciavam muito mais do material clássico da banda pela forma do que propriamente pelo conteúdo em si. E a faixa título, essa é um demônio Doom de fazer Leif Edling ter uma ereção. E o criticado Tracy G. pode ser uma péssima escolha para interpretar os solos de Vivian e Craig ao vivo, mas mostrava-se um baita guitarrista para o material proposto. Enfim, um disco muito bom, que sofreu muito preconceito devido ao timing de seu lançamento e que soa ainda melhor na edição remasterizada (NOTA: 8,39).





Saldo Final:
A Decade of Dio traz um legado musical de alta qualidade encapsulado em uma apresentação totalmente Low Budget. Seu baixo custo lá fora faz do pacote um tremendo doce de coco para aqueles que porventura queiram começar a sua coleção do zero. Para os muitos fãs de carteirinha, que já tem os discos, já há um problema. A remasterização certamente seria o chamariz, mas a falta de capricho na apresentação do pacote vai fazer muita gente desistir de renovar sua coleção. Ao menos um livreto que fosse deveria ter sido incluído. E não estou nem entrando no mérito da absoluta ausência de material inédito. Enfim, um Box Set ruim como item de colecionador, mas bom em seu conteúdo musical. Dio merecia mais.






















3 comentários:

  1. Falae, Trevos!!!

    O Baixinho Tinhoso sempre há de merecer muito mais! Nós, que adoramos sua voz ímpar, merecemos uma reencarnação dele PARA AMANHÃ, com os timbres Rainbowzísticos-Sabbathicos-Diozísticos embalados numa capa mais apresentável, porque o puto era feio de doer!!!!

    Saudades de ver esse Capeta ao vivo! No palco, ele era o "Master of Insanity" absoluto! Tive a chance de estar frente a ele em oito oportunidades. E foi pouco demais!!!

    Mas é legal ver o povo já começando a dizer que "ele não foi isso tudo", "parei de ouvir a partir de..." e blablabla... Daqui a pouco começam a falar que o Motörhead não tem metade da importância que dizem ter...

    Aff... Badernistas criados a leite com pera e ovomaltino gelado...

    Jundis.

    K.

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    1. Fala, Krill!!!
      Pois então, tive a felicidade de ver o gnominho em cena em 6 oportunidades e sempre foi absurdo.
      Quanto à unanimidade ou não, pouco me importa, me sinto satisfeito por poder ter vivido a mesma época desse "cabrunco" (verbete do linguajar Krilliano devidamente adotado aqui na Cripta, hehehe).
      Abracetas
      T

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  2. Matéria a resenha destes álbuns citado tendo conhecimento apenas hoje (junho de 2020). Duas considerações: Não, Secred Heart não é nem de longe um trabalho ruim,estão malucos? O que tomaram ? Hahahahaha ... Nem lado A e muito menos lado B, alias o peso de Like the Beat of a Heart com a bateria de Vinnie Appice é descomunal, uma das faixas mais pesadas e tranpadas da carreira do baixinho, diga-se. Com aquele time teria como lançar um trabalho meia boca ? Impossível !. E digo o mesmo ao ótimo Lock Up The Wolves que, ainda que com outra formação e já mantendo um clima soturno e melancólico, na maior parte de suas faixas, a qualidade deste trabalho é uma constante, Ronnie demonstrando um nível de interpretação acima da média . E o que comentar a respeito dos belíssimos e inspirados solos do então novato Rowan Robertson? Absolutamente mágicos, acrescentando dinâmica as suas melodias muito a frente do que se previa para um jovem de 18 anos. "Hey angels", "My Eyes", "Between Two Hearts", "Night Music" ... Baaahhhh, com uma produção competentíssima. Não observar a qualidade destas faixas é ser surdo. Ainda que se comentasse a respeito de "Magica" (ano 2000) como sendo um trabalho mediano eu concordaria.

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