terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Ozzy Osbourne – Ordinary Man (CD-2020)


Renascendo das Trevas

Por Trevas

Passando por uma sequência de problemas de saúde nos últimos anos, Ozzy parecia fadado a rumar para um melancólico, e dessa vez, involuntário, fim de uma longa carreira. Até que um acaso do destino mudou severamente o rumo dos acontecimentos. Andrew Watt, guitarrista que participou do breve projeto Retro Rocker California Breed, com Glenn Hughes, se tornou um dos produtores e compositores do momento no mundo da música Pop (emplacando Hits no topo das paradas com gente do naipe de Shawn Mendes e Camila Cabello). Seu novo desafio, um trabalho do Rapper do momento, um tal Post Malone. Durante a pré-produção, Andrew descobre que Malone divide em comum com ele o amor pela música de Ozzy. A dupla viaja que uma das novas canções bem poderia ter participação do Príncipe das Trevas. E então Watt esbarra com Kelly Osbourne em uma festa e combina de enviar a música para ela. Kelly bota a música para o papai dodói das ideias escutar, e o velho pira com o som. E Ozzy topa gravar uma participação. Mas ninguém imaginou no que isso renderia...

Ozzy & Watt

Take What You Want simplesmente se tornou a primeira música a trazer Ozzy a aparecer no Top 10 da Billboard em nada menos que 30 anos. Foi a deixa para Sharon farejar uma mina de ouro ali, some-se a isso a empolgação do marido em gravar novamente, e temos Andrew Watt como novo parceiro do comedor de morcegos favorito dos fãs de metal. Como é típico de produções do mundo Pop, a lista de músicos que participaram das gravações é extensa. Alguns deles, nomes conhecidos, como Slash, Chad Smith, Elton John, Duff McKagan e Tom Morello. Mas à época, ficou em aberto qual o direcionamento que a bolachinha seguiria. Teria Ozzy virado Rapper

Watt & Ozzy

Straight To Hell começa muitíssimo bem, com um riff totalmente Black Sabbath, apesar da desnecessária referência “All Right Now” ser a primeira coisa que sai da boca do príncipe das Trevas. A produção tem aquela pegada moderna, mas com menos quantidade daqueles efeitos na voz que Ozzy vinha usando já tinha alguns discos. Slash faz um solo bem bacaninha aqui, e dá para dizer que se trata de uma das aberturas mais promissoras de um disco do vocalista em muito tempo. A segunda faixa é uma balada, a bonitinha All My Life, e aqui já fica claro o teor autobiográfico do disco. Para quem reclamou da falta de um Guitar Hero na bolachinha, ouça o inspirado solo final, por Watt


Goodbye segue com mais uma referência ao passado Sabbathico de Ozzy, um metal grooveado com aquela aura Pop que o vocalista sempre imprimiu em seus trabalhos solo. A faixa título, uma baladinha à lá Beatles, traz lado a lado dois ícones imortais da história da música: Ozzy e Elton John. O resultado fica melhor no clipe, mas ainda assim funciona melhor que a média das melecosidades habituais do Príncipe das Trevas. Ah, e tem novamente Slash no solo.


Aí chegamos à cereja do bolo, Under The Graveyard é daquelas faixas que já nascem clássicas, mais uma que poderia bem figurar nos discos icônicos do vocalista, e se existirão turnês futuras, certamente ela estará no repertório. Falei em passado? Eat Me traz Ozzy na gaita, baixo pulsante e Riff encardido. Lembra aquelas coisas bacanudas do Alice Cooper da era Hey Stoopid (o que também a coloca numa pegada similar à encontrada em No More Tears, se pensarmos bem).


Today Is The End é outra grata surpresa, e certamente teria alta rotatividade nas rádios em décadas anteriores. Scary Little Green Man traz Tom Morello e um refrão grudento em uma faixa legal, mas que deixa a impressão de que poderia ter rendido mais. 


Holy For Tonight é mais uma balada, dessa vez não tão bonita, e que não fosse a produção moderna, bem poderia ter sido composta no início dos anos 1970. E aí entra o momento de desespero para os puristas: Post Malone divide os holofotes com Ozzy no suposto encerramento com a divertida e acelerada It’s A Raid. Mas a despeito de constar como Bonus Track, a já citada Take What You Want aparece em absolutamente todas as edições do disco, então de fato é ela que fecha o disco. Mas, a despeito de soar algo deslocada, não há nada que envergonhe aqui, se trata de um Pop caprichado com bela melodia.

Ozzy fez a escolha certa ao variar suas parcerias de composição (isso se acreditarmos que ele compõe algo), pois tudo aqui soa numa pegada bem mais interessante e viva que todo seu material pós No More Tears. E se o tom algo melancólico e autobiográfico indica um suposto fim de jornada, ela se dará em bom nível. Um disco que certamente ganhará mais admiradores no futuro, quando a troozice dos "fãs" amansar. Surpreendentemente legal. (NOTA:8,51)

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Gravadora: Sony Records (importado)

Prós: canções legais que fazem referência ao passado do Príncipe das Trevas

Contras: mais de uma balada no mesmo disco sempre incomoda

Classifique como: Heavy Metal, Hard Rock

Para Fãs de: Black Sabbath, Alice Cooper


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