sexta-feira, 21 de maio de 2021

Nervosa – Perpetual Chaos (CD-2021)


Renascimento no Caos

Por Trevas

Um meme que se tornou popular entre os headbangers diz que a guitarrista Prika Amaral já havia empregado mais gente que o atual Ministro da Economia, já que da dissolução da formação anterior da Nervosa, um Power trio, surgiram duas bandas de quatro integrantes. Brincadeiras à parte, quando a baixista/vocalista Fernanda Lira anunciou sua saída da Nervosa (seguida pela baterista Luana Dametto), no início de 2020, muitos apostaram se tratar do fim de uma das mais fortes marcas da história recente do metal nacional. E eu fui um deles. Prika bateu o pé, esse não seria o fim da banda, e uma formação ainda mais forte estava a caminho. Não levei fé. E como é bom estar errado: Meses depois uma sequencia de simpaticíssimos vídeos no YouTube mostravam o Making Of do que viria a ser Perpetual Chaos, uma sessão de imersão em um sítio na Espanha, com muita diversão e amor pela música. No novo time, um combo multinacional: na voz, a espanhola Diva Satânica (aka Rocio Vázquéz); no baixo, a italiana Mia Wallace; e na bateria, a grega Eleni Nota. Um time que nunca havia se visto antes. Tinha tudo para dar errado. Felizmente, não foi o caso. Com a produção novamente nas mãos do argentino Martin Furia, fez-se o caos.

A nova e poderosa formação da banda

Logo de cara, Venomous nos mostra que estilisticamente a Nervosa optou por seguir o caminho trilhado em Downfall Of Mankind, um Thrash/Death que não reinventa a roda, e nem vagamente tem essa intenção. Mas, ao mesmo tempo, tudo soa mais forte aqui: Diva alterna entre a voz mais esganiçada (semelhante à pegada de Fernanda) e guturais de fazer muito marmanjo mijar nas cuequinhas de Super-Homem. Os riffs estão visceralmente cortantes e a bateria de Eleni? Um rolo compressor. Mia aparece menos na mixagem, mas joga claramente para o time. Claro que, grandes performances individuais podem até ser desejáveis, mas de nada adiantariam caso não ornamentassem grandes músicas.


E grandes músicas nós temos em profusão por aqui: a sequência inicial é particularmente arrasadora. Guided By Evil certamente comandará os repertórios dos shows quando essa bosta mole de pandemia passar, assim como a faixa título. Temos algumas participações especiais no disco, e a primeira delas é num dos solos da forte Until The Very End, nas mãos de Guilherme Miranda (Entombed AD, Revolta).



A segunda me fez lembrar em poucos segundos do por que não consigo gostar do Destruction: o simpático Schmier empresta a (des)graça de sua voz esganiçada a Genocidal Command. A música é boa, deve funcionar melhor ao vivo (sem o alemão). Dizer que o disco perde a força na sua metade é bobagem, já que o ritmo continua frenético, mas novos destaques absolutos aparecem mais para o final, com Blood Eagle, Rebel Soul (trazendo o vocal do Flotsam & Jetsam) e Under Ruins, todas avassaladoras. Exija, bem punk e com letra em português, aparece como bônus da versão nacional, e ainda que destoe de parte do material, também é interessante. Enfim, Perpetual Chaos é um disco arrasa-quarteirões que tem tudo não só para manter as conquistas anteriores da Nervosa, mas também para fazer a banda alçar voos ainda maiores mundo afora! Sensacional! (NOTA: 9,13)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: uma trauletada atrás da outra

Contras: nada a destacar

Classifique como: Thrash/Death Metal

Para Fãs de: Destruction, Sodom, Arch Enemy



sexta-feira, 7 de maio de 2021

Heavy Duty: Minha Vida No Judas Priest – K.K. Downing & Mark Eglinton (Livro-2018)


 

K.K. Solta o Verbo

Por Trevas

Originalmente publicado em 2018, esse é o trabalho autobiográfico de K.K. Downing, legendário guitarrista do Judas Priest, escrito em parceria com o escocês Mark Eglinton (responsável pelo livro sobre a Metal Blade e pelas biografias de Nergal e Rex Brown).

 

Apesar da carência de material literário sobre o Judas Priest (uma de minhas bandas favoritas) à época, relutei em adquirir o livro: resultado de uma agressiva campanha de marketing na qual quase diariamente o guitarrista soltava alguma declaração depreciativa em relação a seus ex-companheiros de banda. Cheirava a azedume e dor de cotovelo gratuitos. Livros escritos assim raramente valem a pena. Coube então ao meu amigo Moisés Cipriano fazer a resenha do livro para a Cripta, em sua edição original.

 

Mas após viajar com o ótimo Confess, do Halford, achei que era hora de encarar a versão de K.K. sobre a história de uma das maiores bandas de Metal em todos os tempos. O timing foi perfeito, pois a Estética Torta lançou o livro em uma belíssima edição nacional, em capa dura e com tradução certeira. E que ainda vem com cartão (bookplate) autografado pela própria lenda.

A bela edição nacional, com o bookplate autografado. Parabéns para a Estética Torta

Sobre o livro em si, me surpreendi: o tom de Downing no geral é bem leve, ainda que franco, mesclando lembranças de sua juventude e vida pessoal com detalhes sobre a carreira do Judas Priest.

No comparativo com Confess, Heavy Duty é sim um livro mais centrado no Judas Priest do que a obra de Halford. Dito isso, nem de longe parece um livro definitivo sobre a história da banda (Mick Wall, cadê você, meu filho?!?!). A narrativa é bacana, mas K.K. decididamente não é um contador de histórias tão divertido quanto o Metal God.

E se o azedume não contaminou o discurso de K.K. durante boa parte das 325 páginas de Heavy Duty, o mesmo não pode ser dito de seu encerramento, com um capítulo confuso (assim como o do Halford em Confess, sobre sua saída em 1991), contraditório e repleto de mágoas, quase sempre direcionadas a Glenn Tipton.

Ou seja, temos em mãos uma biografia honesta, mas sem nada de especial para quem já está acostumado a livros do gênero. Um bom livro, mas que dificilmente cativará alguém que já não seja muito fã do Judas Priest.(NOTA: 7,00)

Formato: Livro

Título Original: Heavy Duty: Days & Nights In Judas Priest

Ano 1ª Edição: 2018

Editora: Estética Torta

Páginas: 325





segunda-feira, 12 de abril de 2021

Accept – Too Mean To Die (CD-2021)


Difícil de Matar

Por Trevas

Quando fiz a resenha para The Rise Of Chaos, disco de 2017, já havia chamado a atenção para a dificuldade do Accept em manter o altíssimo padrão de seu retorno, com o já clássico Blood Of The Nations. À época, Wolf Hoffmann acabara de perder a dupla Stephan Schwarzmann e Herman Frank. Mas a situação iria piorar: agora a baixa atendeu pelo nome de ninguém menos que Peter Baltes, o icônico baixista/vocalista, até então eterno parceiro de Wolf. Para seu lugar, Martin Motnik foi recrutado. Já que mudança pouca é bobagem, o patrão também resolveu adicionar um terceiro guitarrista à banda: Philip Shouse (Gene Simmons Band, Ace Frehley, Lucifer). Esse último já havia tocado com a banda uma penca de vezes, ou em substituição a Uwe Lulis ou na turnê Symphonic Terror. Para o novo trabalho, ao menos uma coisa se manteve, a parceria com o mago Andy Sneap. Mas confesso que com tudo o que escrevi, fui escutar Too Mean To Die com expectativas bem baixas.

Tio Wolf e seus calouros

Logo nos primeiros instantes da introdução de Zombie Apocalypse, fica claro que ao menos a parceria com Andy Sneap continua garantia de uma sonoridade caprichada. Sei que é impossível mensurar o resultado da adição de um terceiro guitarrista ao som pelo material de estúdio, já que temos sempre uma parede de guitarras, mas ao passar pela virulenta faixa título e pela Metalheartesca Overnight Sensation, salta aos ouvidos a fúria guitarrística desse CD, os riffs e solos estão cortantes como pouco se ouviu na carreira do Accept. A bateria de Christopher Williams também faz um baita estrago, só o baixo de Motnik que ficou enterrado na mixagem. Ah, e Tornillo, esse foi um achado! Cada vez mais esbarramos com fãs da banda que já o consideram o vocalista definitivo da carreira dos caras, o que não é pouca bobagem.


Mas a despeito da qualidade da equipe e do som, as composições pareciam boas, mas longe de postulantes a novos clássicos. Até que a épica No Ones Master eleva o nível. E The Undertaker pode ter causado alguma apreensão entre os puristas, mas é excelente e acerta ao apostar numa direção diferente. Dá até para relevar que roubaram na cara dura a ponte de Fish On, do Lindemann (projeto politicamente incorreto do vocalista dodói do Rammstein com o doido-de-pedra Peter Tägtgren).


Os riffs continuam fortes ao longo do disco, mas os refrães e melodias, nem sempre. Sucks To Be You, Not My Problem e The Best Is yet To Come (com Tornillo cantando bonitinho) sendo bons exemplos de boas músicas que poderiam ser ainda melhores com um capricho melódico maior. Symphony Of Pain, How Do We Sleep e a instrumental Samson And Delilah (que surrupia o tema de Victorious, do Heaven & Earth) elevam o nível para contrabalancear a segunda metade do CD, que pode ser considerado o trabalho mais forte dos alemães desde Stalingrad. (NOTA: 8,62)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: ótima produção, guitarras em chamas

Contras: algumas melodias não estão à altura do instrumental

Classifique como: Heavy Metal

Para Fãs de: Judas Priest

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Michael Schenker Group – Immortal (CD-2021)


 

Bodas de Ouro Com Medalha de Bronze
Por Trevas


O lendário gênio teutônico da guitarra completa impressionantes 50 anos de carreira, e Immortal é o disco comemorativo desta marca. Primeiramente, é reconfortante ver o músico largando os inexplicáveis epítetos que vinha utilizando (Temple Of Rock, Michael Schenker Fest) para reviver o icônico Michael Schenker Group (ou MSG). Em segundo lugar, cabe ressaltar que Immortal conta com um time extenso de convidados (Brian Tichy, Derek Sherinian, Barry Sparks, Simon Phillips...), muitos deles parceiros do passado na longa jornada musical do guitarrista. Com produção de Schenker com Michael Voss, vamos ao disco.

Como comemorar meus 50 anos de carreira? Que tal Alvin e os Esquilos cantando?

Drilled To Kill começa com o pé no acelerador, mas nem de longe empolga: o competente Ralf Scheepers soa irritante como sempre e as linhas melódicas são chupadas de Exciter e Betrayal, de Judas e Halford, respectivamente. Um pouco melhor se sai Don’t Die On Me Now, com o peruquinha Joe Lynn Turner no comando. Mas bom mesmo é esbarrar com um músico no topo de seu jogo, é o caso do onipresente Ronnie Romero, que nos brinda com sua ótima voz na primeira faixa realmente boa do pacote, Knight Of The Dead.


Uma pena que logo depois somos arremessados à voz (ou falta de) de Michael Voss, que parece saída de algum personagem de Alvin e os Esquilos, na péssima After The Rain. Scheepers retorna a seu trinado irritante em Devil’s Daughter e novamente quem vem a nosso socorro é Mr. Romero, na apoteótica Sail The Darkness, possivelmente a única em todo o disco merecedora de uma chance no repertório dos shows.


Até por que a coisa aqui definitivamente passa longe da inspiração demonstrada no último disco: Voss assombra os tímpanos dos incautos com sua voz de esquilinho na fraquinha The Queen Of Thorns And Roses, e Come On Over é tão mais ou menos que dessa vez nem Romero deu jeito. Sangria Morte, com Turner novamente no comando, nos traz um pouco de sangue (oops), mas a escolha de encerrar o disco com uma releitura para In Search Of The Peace Of Mind tem muito mais de importância histórica do que meritocracia musical: a riponga e progressiva primeira faixa do então adolescente Schenker está à anos-luz do que ele produziria em sua carreira. Um disco confuso para comemorar uma carreira também cheia de altos e baixos. Schenker pode muito mais do que isso. (NOTA: 6,30)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: ótima produção

Contras: músicas pouco inspiradas e algumas escolhas vocais duvidosas

Classifique como: Hard Rock, Classic Rock

Para Fãs de: Rainbow, UFO


domingo, 4 de abril de 2021

Tuatha de Danann – In Nomine Éireann (CD-2020)


Canções Para Leprechauns

Por Trevas

Ideia de longa data de Bruno Maia, líder (e quase sinônimo) do Tuatha de Danann, o novo disco dos mineiros é uma ode à música irlandesa, cuja riqueza constantemente inspira as faixas autorais da própria banda. Então, à despeito de majoritariamente se tratar de um disco de releituras para músicas tradicionais, não há nada a temer aqui: In Nomine Éireann se encaixa perfeitamente na discografia dos Tuatha

Brindemos à vossa cirrose, caro ouvinte

A produção musical, ao encargo do próprio Bruno, espelha a beleza da arte gráfica, o que fica claro logo nos primeiros segundos de Nick Gwerk’s Jigs, uma das quatro peças instrumentais formadas por trechos de canções tradicionais com incursões da própria autoria do sexteto. E a viagem folk ganha ares quase punk na urgência de delícias como Molly Maguires e The Devil Drink Cider.


Há ainda espaço para as já quase obrigatórias vozes femininas, com ótimas participações de Manu Saggioro (em The Calling) e Daísa Munhoz (na ótima releitura para a bicentenária The Wind That Shakes The Barley). Como bônus (somente por não ser parte do conceito do resto do disco), temos a autoral King – uma merecida “desomenagem” a um genocida que carrega a faixa presidencial em um certo país tropical. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência. Ou não. Enfim, In Nomine Éireann é um disco divertido e viciante, digno de fazer parte de uma das discografias mais equilibradas de nossa cena. (NOTA: 9,05)

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Gravadora: Heavy Metal Rock (nacional)

Prós: repertório caprichado e bela produção

Contras: absolutamente nada a reclamar

Classifique como: Folk Metal

Para Fãs de: In Extremo, Skyclad

Fates Warning – Long Day Good Night (CD-2020)


 

Uma Longa e Bela Jornada

Por Trevas

Para o 13º disco de estúdio dos titãs do Metal Progressivo, o dono da bola, Jim Matheos, trabalhou arduamente, desde meados de 2019, com seu parceiro musical de longa data, o vocalista Ray Alder. O resultado final, Long Day Good Night, nos brinda com 13 novas faixas. Supostamente o trabalho mais variado da longa carreira da banda, segundo a dupla. Quem me conhece, ou acompanha a Cripta, sabe que essa é uma das minhas bandas de cabeceira, então levei um tempo até assimilar com justiça o disco, que ganhou caprichadíssima versão nacional pela Urubuz Records (papel de alta qualidade no encarte, ponto para eles!). Vamos lá.

Matheos, Abdow, Alder, Vera & Jarzombek

Melancolia é uma constante no bestiário Fateswarniano, e aqui não é diferente: The Destination Onward abre o disco de maneira nada urgente, mas o faz com sucesso. E quando Shuttered Wolrd chega a nossos ouvidos, já está claro se tratar intencionalmente de um CD para lá de acessível. Para os padrões da banda, claro.


Não me lembro de tantos refrães de fácil assimilação no mesmo disco dos caras, e longe de mim insinuar que isso seja um indicativo de diluição do som do Fates Warning: os longos 72 minutos de Good Day Long Night parecem voar, justamente por conta disso. E não há o que temer, tudo o que amamos na banda está presente aqui, a épica Longest Shadow Of The Day não me deixa mentir.


Mas há também um senso maior de urgência, gerando resultados tão dispares quanto os riffs encardidos de Shuttered World e Liar e sutilezas como nas belas Under The Sun e When The Snow Falls. Confesso que demorei um bocado a entrar de cabeça nesse novo mundo de Matheos e Alder, mas uma vez que Long day Good Night clicou na minha mente, foi um caminho sem volta. Outro disco fenomenal, e de fato o mais variado da carreira da banda mais bacanuda de seu subgênero. (NOTA: 9,21)

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Gravadora: Urubuz Records (nacional)

Prós: belas melodias e refrães, num disco variado

Contras: achei o som ligeiramente abafado

Classifique como: Prog Metal

Para Fãs de: Queensrÿche


domingo, 28 de março de 2021

Human Fortress – Epic Tales & Untold Stories (2CD-2021)


 

Épico em Dose Dupla

Por Trevas

Comemorando 20 anos de lançamento de seu primeiro Full Length, o combo teutônico de Power Metal Human Fortress preparou um pacote especialíssimo para os fãs: um disco duplo contendo passado e presente. O primeiro, ou Untold Stories, passa pouco a marca dos 30 minutos, e traz um compilado de material inédito, majoritariamente gravado durante as sessões de Reign Of Gold, de 2019. O segundo disco, seria o Epic Tales, um Best Of de toda a carreira do sexteto, que desde 2013 conta com os préstimos do brazuca Gus Monsanto (Astra, Revolution Renaissance, Adagio, Takara...) nos vocais.


Esqueça o 7x1, aqui Brasil e Alemanha jogam juntos...

Untold Stories

As faixas foram produzidas pelo lendário Tommy Newton (que já trabalhou em clássicos do Helloween e Conception, só para ficar em dois exemplos), que também toca baixo em Disappear In Dark Shadows. E o disco abre majestosamente, com a misteriosa e épica The Grimoire: fácil, fácil uma das músicas mais legais desse ano, que ainda conta com Michael Bormann no violão e backing vocal. 


Disappear In Dark Shadows e Vain Endeavour quebram o clima soturno da abertura, trazendo aquele Power Metal clássico e grudento que caracterizou o som dos alemães. Free é uma balada orquestrada, que bota a privilegiada de voz de Gus na marca do pênalti. Gol certo, é claro. Fernweh faz o mistério retornar ao som, e We Are Legion é daquelas de incendiar qualquer show. Cruel Fantasy e a folk Pray For Salvation, encerram o primeiro disco, 33 minutos que mostram que a banda vive seu melhor momento.

Epic Tales

No segundo disco temos 15 petardos tirados de 5 dos 6 discos de estúdio da carreira do Human Fortress. Apenas o polêmico Eternal Empire ficou de fora, até por apostar em uma sonoridade bem diversa, o que ocasionou um hiato nas atividades dos caras à época. O material é apresentado em ordem cronológica, o que permite observar a evolução da sonoridade do Human Fortress. Destaque para Gladiator of Rome e para o material de Reign Of Gold, último trabalho da banda, com Gus na voz. Uma compilação matadora, que apenas peca pela falta de informações técnicas sobre as faixas e respectivos discos de origem, a despeito do encarte do belo pacote (um digipack duplo) ser caprichado e trazer fotos de todas as eras.


Ao final das 23 faixas contidas em Epic tales & Untold Stories, fica fácil chegar à conclusão de que os alemães mereciam mais reconhecimento por essas paragens. Um material perfeito para quem quer conhecer a carreira dos caras, e uma promessa de que ainda há muita coisa boa por vir. (NOTA: 9,00)

Gravadora: Massacre Records (importado)

Prós: passado e presente em harmonia

Contras: faltou liner notes com a história da banda para ficar perfeito

Classifique como: Power Metal

Para Fãs de: Helloween, Heavens Gate


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Vader – Solitude In Madness (CD-2020)


Grosseria Polaca

Por Trevas

Um dos baluartes do Death Metal em sua forma mais simples, a banda polonesa Vader chega ao seu 12º trabalho de inéditas contando com uma formação estabilizada e fixa desde 2011. O disco contou com produção de Scott Atkins, o mesmo responsável por Scriptures, do Benediction, e foi lançado em solo Brazuca pela Shinigami Records.

Piotr sonhando acordado com um gorduroso X Bacon

E o que temos aqui é mais uma demonstração da mais pura grosseria polonesa, cortesia de Piotr Wiwczarek (voz e guitarras) e sua trupe. Shock And Awe faz justiça ao nome e a faixa de trabalho Into Oblivion nos lembra que os caras tem as manhas de colocar elementos grudentos em meio à porradaria. Os 78 segundos de Despair e a quase épica (mais de 3 minutos!) Incineration Of The Gods esfregam em nossos combalidos tímpanos o absurdo que é a performance do moedor de carnes que atende pelo nome de James Stewart. O cara deve perder uns 7 kg por show tocando bateria desse jeito!


O disco não deixa tempo para respirar e muito menos pensar, mas se assim o fizesse, talvez desse para processar a informação de que não há nenhuma novidade por aqui. Até mesmo na escolha do divertido cover para os patrícios do
Acid Drinkers, Dancing in The Slaughterhouse, o Vader não faz questão de se aventurar muito fora de sua zona de conforto. Mas quando sua zona de conforto rescende a enxofre e garante meia hora de devastação sonora como a que ouvimos aqui, quem se importa? Mais um disco matador! (NOTA: 8,57)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: violento e muito bem produzido

Contras: definitivamente não indicado a ouvidos de pelúcia

Classifique como: Death Metal

Para Fãs de: Morbid Angel, Behemoth


 

Heathen – Empire Of The Blind (CD-2020)


 

Recuperando o Tempo Perdido

Por Trevas

Os veteranos da Bay Area tem uma história que remonta aos idos de 1984. Curioso constatar então que Empire Of The Blind é apenas seu quarto disco de estúdio, o primeiro em 11 anos. Com uma formação que traz David White (vocalista) e o fundador Lee Altus (guitarras) ao lado de Kragen Lum (guitarras, ex-Exodus), Jason Mirza (baixo, Psychosis) e Jim DeMaria (bateria, Whiplash), o grupo partiu para o Planet Z Studios, para gravar seu novo trabalho ao lado do renomado produtor Zeuss (Queensrÿche, Rob Zombie, Soulfly).

Veteranos Pagãos

O disco começa com a curta e climática instrumental The Rotting Sphere, que prepara o terreno para a excelente The Blight. A faixa título prossegue com o massacre sonoro, um Thrash melodioso e mais técnico que em muito lembra o caminho trilhado pelo Megadeth, com similaridades com Exodus e Testament nos momentos mais pesados.


Dead And Gone é mais cadenciada, mas ainda excelente, e o impressionante assalto sonoro termina com Sun In My Hand, forte candidata a melhor faixa do disco. 


A partir desse momento a qualidade cai um pouco. Longe de dizer que coisas como Blood To Be Let e Devour sejam ruins, apenas não tem nada de especial. Há ainda a redenção com a instrumental A Fine Red Mist e com a espetacular The Gods Divide, corando um baita disco de Thrash, mas que poderia ser ainda melhor se mantivesse o poderio de sua primeira metade. (NOTA: 8,57)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: Thrash melodioso e bem trabalhado

Contras: perde força lá pela metade do disco

Classifique como: Thrash Metal

Para Fãs de: Megadeth, Testament


sábado, 23 de janeiro de 2021

Sepultura – Quadra (CD-2020)


 

Nasce Um Novo Clássico

Por Trevas

Uma vez, li uma entrevista com o guitarrista Andreas Kisser que achei bastante valiosa para ilustrar meu pensamento sobre o Sepultura. Nela, o entrevistador (acho que foi na Roadie Crew) perguntava sobre como a expectativa dos fãs sobre o direcionamento de um novo lançamento afetava a banda. Andreas, com sua inteligência habitual, explicou brilhantemente que cada fã tinha uma imagem do que considerava ser o Sepultura ideal. E ele mesmo também tinha uma imagem bem nítida de seu Sepultura ideal. Sendo assim, invariavelmente o que a banda viesse a lançar chegaria perto do Sepultura que alguns idealizam, e distanciaria de maneira igual do Sepultura ideal de outros tantos. Logo, seria tolice compor pensando nisso, o Sepultura real sempre perderia para os vários Sepulturas imaginários. Machine Messiah representou com maestria o nascimento de mais um desses muitos Sepulturas, ganhando espaço nas listas de melhores do ano ao redor do globo em 2017. Surpreendente para um disco cuja gestão total durou poucos meses. Mas Kisser queria mais. Repetindo a parceria com Jens Bögren, dessa vez a banda tomou todo o tempo necessário para trabalhar em seu sucessor. Novamente conceitual, as ideias por detrás de Quadra são repletas de nuances, e deixarei aos curiosos pesquisar mais sobre o assunto. Em resumo, o conceito brinca com estereótipos e maneiras diferentes de ver a realidade, com uma mensagem simplificada de respeito às diferenças. Como sempre digo, a intenção quando da criação de um disco conceitual pode ser brilhante, mas de nada servirá se as músicas não estiverem à altura. Então, vamos ao que interessa: como soa Quadra?

Os quatro de Quadra

O disco também está dividido em quartos, cada qual com 3 músicas. A dobradinha que abre a bolacha é de destruir qualquer pescoço. Isolation e a pretendente a clássico Means To An End mesclam os elementos sinfônicos típicos das produções de Bögren com uma ferocidade absurda. Os detratores podem reclamar de qualquer coisa do Sepultura atual, mas definitivamente jamais poderão acusar a banda de amansar seu som. Last Time encerra o primeiro quarto do disco, com orquestrações que dão um certo tom épico em outra pancadaria que ficará muito bem ao vivo.


O segundo quarto abre com elementos tribais em Capital Enslavement, outro destaque, com sua forte letra. Ali é o primeiro momento menos frenético do disco, contando com um groove carregado, assim como em Raging Void, um dos refrães mais legais de todo o disco. Já nesse ponto dá para comemorar Quadra como a melhor performance vocal do gigante Derrick Green, cada vez mais versátil.


A épica Guardians of Earth inaugura o terceiro quarto, com sua mensagem poderosa e preservacionista traduzida perfeitamente em um clipe igualmente forte. The Pentagram é uma das duas instrumentais que vem salientar a força criativa dessa formação da banda e nos lembrar do monstruoso guitarrista que é Andreas Kisser. E se alguém souber de que planeta vem Eloy Casagrande, favor avisar. Além da performance colossal, o baterista também co-assina quase todas as faixas do disco com Kisser.  Autem encerra mais um quarto do disco de maneira tão experimental quanto empolgante.


A faixa título inaugura sua soturna e aventureira reta final, uma pequena peça instrumental no violão clássico, seguida pela excelente Agony Of Defeat, que traz Derrick usando vocais limpos, com maestria, e com ótimo arranjo. A surpresa aumenta ainda mais com Fear, Pain, Chaos, Suffering, com um dueto espetacular entre Green e Emmily Barreto, a ótima vocalista do Far From Alaska. Ao final das contas, Quadra não só se mostra uma sequência digna para Machine Messiah, como também forte postulante a novo clássico do metal nacional. Um disco único e forte. (NOTA:10)

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Gravadora: BMG (nacional)

Prós: pesado, experimental e ainda assim viciante

Contras: só os muito puristas terão algo a reclamar

Classifique como: Thrash Metal, Modern Metal

Para Fãs de: Gojira, Machine Head


Trivium – What The Dead Men Say (CD-2020)

 


Mantendo A Boa Fase

Por Trevas

O 9º disco do quarteto estadunidense, agora com 20 anos de carreira nas costas, chegou às lojas repleto de expectativas, tendo em vista o sucesso de The Sin And The Sentence junto ao público e à crítica especializada. Repetindo a formação e a parceria com o premiado produtor Josh Wilbur, fomos checar se dessa vez a banda não repetiria sua sina de discos medíocres seguindo seus grandes trabalhos...

Sorriam, rapazes...ou não

IX é a típica introdução que as bandas de Metal costumam utilizar para criar um clima antes de subir nos palcos e precede a faixa título, nos deixando com a pulga atrás da orelha: teria a banda optado por retornar ao excesso de melodias que tornara Silence In The Snow uma pequena decepção? Produção bem polida e vocais limpos em destaque, a despeito da quebradeira instrumental ao fundo. Boa canção, mas que sucumbe ao poderio inicial do trabalho anterior, falhando como um cartão de visitas que impressione.


Melhor se sai Catastrophist. Apesar de não abrir mão da melodia, o refrão caprichado, a dupla quase telepática de guitarras (Matt e Beaulieu) e a devastação baterística de Alex Bent dão uma vida irresistível ao que poderia bem ser um Pop Metal aguado em outras mãos. E a ótima performance do quarteto (somem-se aos citados, o baixista e fundador Paolo Gregoletto), essa é uma constante na bolachinha.  A, e qualquer tentativa restante de comparação entre o novo material e Silence cai definitivamente por terra após a trauletada Amongst The Shadows & The Stones.


Na verdade, ao invés de repetir a fórmula do bem-sucedido disco anterior, aqui o Trivium optou por mesclar as facetas que já haviam aparecido em trabalhos mais recentes. As quase radiofônicas Bleed Into Me e The Defiant não ficariam estranhas, por exemplo, em Vengeance Falls. Assim como Sickness Unto You tem a caruncha de The Sin And The Sentence.


Ponto extra para a produção e banda por optarem em manter a duração do CD abaixo dos 50 minutos, fazendo com que What The Dead Men Say não deixe a peteca cair por um minuto sequer. Um dos discos mais equilibrados da carreira do Trivium, e olha que a banda já tem outro prontinho para sair. Que mantenham a boa fase! (NOTA: 9,08)

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Gravadora: Roadrunner Records (importado)

Prós: uma mistura das várias facetas da banda

Contras: nada a declarar

Classifique como: Heavy Metal, Metalcore

Para Fãs de: Killswitch Engage, Soilwork

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Lords Of Black – Alchemy Of Souls – Part I (CD-2020)

 


Spanish Castle Magic

Por Trevas

Com uma carreira relativamente curta, apenas 6 anos desde sua formação, a banda espanhola Lords Of Black ganhou atenção extra quando seu vocalista, o chileno Ronnie Romero foi anunciado como nova voz do lendário Rainbow. Com dois ótimos álbuns nas costas, o quinteto, liderado pelo guitarrista Tony Hernando, tinha tudo para capitalizar em cima disso com seu terceiro disco, Icons Of The New Days. Mas tão logo o trabalho ganhou as lojas, a saída de Ronnie, então disputado à tapa por dezenas de projetos musicais, fora anunciada. Tony tentou seguir em frente, escolhendo o argentino Diego Valdez para o posto, mas as coisas não vingaram. Já com o novo disco composto, de alguma maneira que talvez nunca saibamos ao certo, Hernando convenceu Ronnie a retornar e gravar esse Alchemy Of Souls, primeira parte de dois trabalhos cujo conceito das letras passa pela eterna luta que cada um de nós trava entre o bem e o mal.

Señores de La Negritud, 2020

E a nova bolachinha começa muito bem, obrigado. Com aquele enfoque moderno num Metal que vaga entre o tradicional e o Power, e ótima produção por parte de Hernando (com mixagem e masterização nas mãos de Roland Grapow), Dying To Live Again seria o tipo de faixa que se esperaria de Axel Rudi Pell, se ele resolvesse sair um passo que fosse da caixinha. É bom ouvir a voz de Ronnie Romero, e concordo com o patrão dele: ele soa melhor aqui do que em qualquer outro dos 789 projetos em que tem cantado atualmente.



Into the Black mantém a toada, com Ronnie dividindo os holofotes com a guitarra encorpada de Tony (que também responde pelos teclados climáticos), e a cozinha precisa de Dani Criado e Jo Nunez. Tony escreveu todas as canções e letras, com algumas parcas contribuições nessas últimas pelas mãos de Valdez, o breve vocalista substituto. E, a despeito do que o estilo e arte gráfica indicam, a temática raramente esbarra na fantasia, centrada bem mais em questões pessoais e do mundo atual. Letras bacanas, por sinal.


Deliverance Lost flerta com o Power Metal mais clichê, se salvando da mediocridade mais pela voz do chileno.  Já a excelente Sacrifice destaca o baixo de Criado, evocando o clima algo dark dos dois primeiros discos, o que se repete em Brightest Star.


Closer To Your Fall tem um quê de Prog Metal, mas de uma maneira interessante. A partir daí temos um final que se mantém bacana, mas sem nenhum destaque absoluto. O que não diminui nem um pouco o brilho de mais um capítulo de qualidade dessa jovem banda que já impressiona pela regularidade. Recomendo. (NOTA;8,64)


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Gravadora: Hellion Records (nacional)

Prós: Ronnie Romero e Tony Hernando fazem uma dupla e tanto

Contras: podia ser umas duas músicas mais curto

Classifique como: Heavy Metal

Para Fãs de: Rainbow, Dio


sábado, 16 de janeiro de 2021

Phil Campbell and the Bastard Sons – We’re The Bastards (CD-2020)

Bastardos Gloriosos

Por Trevas

Quando Lemmy Kilmister partiu desse plano, o mundo da música pesada sofreu um baque imenso. E nem precisa dizer o quanto a morte do patrão e amigo desmontou o universo de seus parceiros de longa data, Mickey Dee e Phil Campbell. Mickey logo encontraria asilo nos titãs teutônicos do Scorpions, mas Phil escolheria um caminho bem diferente para se manter ativo: um disco solo que demorou mais que obra de igreja e, em paralelo, uma banda que permitisse tocar com seus três filhos: Todd (guitarras, gaita), Dane (bateria) e Tyla (baixo). Com o amigo dos garotos, Neil Starr (Attack! Attack!), assumindo os vocais, surge finalmente o quinteto galês Phil Campbell and the Bastard Sons. O que Phil não previa é que rapidamente a demanda pela banda cresceria ao ponto de tocarem em destaque nos festivais de verão europeu, além de turnês abrindo para Saxon, Guns & Roses, Hawkwind e Airbourne. We’re The Bastards é o segundo full length da banda, dessa vez produzido por Todd Campbell. Vamos ao som...

Tio Phil ensinando aos moleques as regras de etiqueta de Lemmy


E logo de cara temos a faixa título, feita sob medida para o ambiente ao vivo. Grudenta, mostra um Rock ao mesmo tempo vigoroso, simples e com uma pegada atual. A produção é caprichada e também se vale dos elementos clássicos, misturados ao Rock moderno, como na gaita na viciante Born To Roam, um Southern Rock que bem poderia estar no hoje incensado disco do Pride & Glory.



A mistura de elementos nunca se faz de modo gratuito por aqui. E, embora definitivamente esse projeto passe longe do legado do Motörhead, temos aqui e acolá números que tem um pouco da essência da banda do saudoso Tio Crocotó, como Son Of A Gun, Animals e, em especial, a virulenta paulada Punk Rocker que leva o nome sugestivo de Destroyed (co-escrita por Harley Flanagan, do Cro-Mags, que também dá uma palhinha).


Falando das performances individuais, Phil e Todd detonam em ótimos riffs e solos, e a cozinha de Tyla e Dane vai muito além do meramente funcional. A turminha talentosa se estende para além do DNA, Starr é um vocalista muito bom, ainda que por vezes me soe muito Poppy Punk, que é seu background na cena galesa. Mas além das melodias bem boladas o cara também tem a manha de escrever letras bem acima da média.

As 13 músicas do repertório oficial da bolachinha são todas pelo menos legais, encerrando com um dos destaques, a bela Power balada Waves, que demonstra ainda mais a versatilidade do quinteto. A edição nacional, pelas mãos da Shinigami, ainda conta com 4 faixas gravadas ao vivo, com boa qualidade, mostrando que a patota funciona bem nos palcos. A última dessas faixas bônus é nada mais nada menos que uma releitura para Rock’n’Roll, do Motörhead, uma ode ao estilo musical mais amado do planeta. E que resume bem o espírito de We’re the Bastards: é apenas Rock, mas se Rock And Roll é tudo que nos resta, até que a coisa não pode ser tão ruim assim. Um disco surpreendentemente divertido! (NOTA: 9,00)

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: ótimo rock misturando o clássico com o moderno

Contras: o disco é um pouco longo, embora não pareça

Classifique como: Rock ‘n’ Roll

Para Fãs de: AC/DC, Airbourne, Black Stone Cherry