Renascimento no Caos
Por Trevas
Um meme que se tornou popular entre os headbangers diz que a guitarrista Prika Amaral já havia empregado mais gente que o atual Ministro da Economia, já que da dissolução da formação anterior da Nervosa, um Power trio, surgiram duas bandas de quatro integrantes. Brincadeiras à parte, quando a baixista/vocalista Fernanda Lira anunciou sua saída da Nervosa (seguida pela baterista Luana Dametto), no início de 2020, muitos apostaram se tratar do fim de uma das mais fortes marcas da história recente do metal nacional. E eu fui um deles. Prika bateu o pé, esse não seria o fim da banda, e uma formação ainda mais forte estava a caminho. Não levei fé. E como é bom estar errado: Meses depois uma sequencia de simpaticíssimos vídeos no YouTube mostravam o Making Of do que viria a ser Perpetual Chaos, uma sessão de imersão em um sítio na Espanha, com muita diversão e amor pela música. No novo time, um combo multinacional: na voz, a espanhola Diva Satânica (aka Rocio Vázquéz); no baixo, a italiana Mia Wallace; e na bateria, a grega Eleni Nota. Um time que nunca havia se visto antes. Tinha tudo para dar errado. Felizmente, não foi o caso. Com a produção novamente nas mãos do argentino Martin Furia, fez-se o caos.
A nova e poderosa formação da banda
Logo de cara, Venomous nos mostra que estilisticamente a Nervosa
optou por seguir o caminho trilhado em Downfall Of Mankind,
um Thrash/Death que não reinventa a roda, e nem vagamente tem
essa intenção. Mas, ao mesmo tempo, tudo soa mais forte aqui: Diva
alterna entre a voz mais esganiçada (semelhante à pegada de Fernanda) e
guturais de fazer muito marmanjo mijar nas cuequinhas de Super-Homem. Os riffs
estão visceralmente cortantes e a bateria de Eleni? Um rolo compressor. Mia
aparece menos na mixagem, mas joga claramente para o time. Claro que, grandes
performances individuais podem até ser desejáveis, mas de nada adiantariam caso
não ornamentassem grandes músicas.
E grandes músicas nós temos em profusão por aqui: a sequência inicial é particularmente arrasadora. Guided By Evil certamente comandará os repertórios dos shows quando essa bosta mole de pandemia passar, assim como a faixa título. Temos algumas participações especiais no disco, e a primeira delas é num dos solos da forte Until The Very End, nas mãos de Guilherme Miranda (Entombed AD, Revolta).
A segunda me fez lembrar em poucos segundos do por que não consigo gostar do Destruction: o simpático Schmier empresta a (des)graça de sua voz esganiçada a Genocidal Command. A música é boa, deve funcionar melhor ao vivo (sem o alemão). Dizer que o disco perde a força na sua metade é bobagem, já que o ritmo continua frenético, mas novos destaques absolutos aparecem mais para o final, com Blood Eagle, Rebel Soul (trazendo o vocal do Flotsam & Jetsam) e Under Ruins, todas avassaladoras. Exija, bem punk e com letra em português, aparece como bônus da versão nacional, e ainda que destoe de parte do material, também é interessante. Enfim, Perpetual Chaos é um disco arrasa-quarteirões que tem tudo não só para manter as conquistas anteriores da Nervosa, mas também para fazer a banda alçar voos ainda maiores mundo afora! Sensacional! (NOTA: 9,13)
Gravadora: Shinigami Records
(nacional)
Prós: uma trauletada atrás da
outra
Contras: nada a destacar
Classifique como: Thrash/Death
Metal
Para Fãs de: Destruction,
Sodom, Arch Enemy
Nenhum comentário:
Postar um comentário