sábado, 19 de dezembro de 2020

AC/DC – Power Up (CD-2020)


Reafirmando O Legado de Malcolm

Por Trevas

Os anos que seguiram o lançamento do morno Rock Or Bust (2014) foram especialmente cruéis com nossos australianos favoritos: Phill Rudd se viu envolto em uma rocambolesca trama policial com direito à drogas e ameaças de morte, Brian Johnson teve que abandonar a turnê na reta final por conta de problemas auditivos (uma condição então tida como irreversível) e Cliff Williams simplesmente jogou a toalha e pendurou seu baixo, alegando não ter mais condições físicas de seguir em frente. O drama ganhou tons de tragédia quando, em meados de 2017, Malcolm Young, o cérebro por trás da banda, perdeu enfim sua batalha contra os sérios problemas neurológicos que haviam causado seu afastamento das atividades do AC/DC. O fim parecia inevitável, e sombrio demais para uma trupe que frequentemente personificou tão bem a diversão sacana associada ao Rock And Roll.

Os velhinhos mais perigosos da Austrália estão de volta!

Coube a Angus, em respeito ao legado do irmão, juntar os cacos e tentar escrever mais um capítulo na longa história do AC/DC. Ao saber que Brian conseguiu apoio de uma nova tecnologia para sanar seus problemas de audição, Angus convenceu Cliff a calçar as chuteiras novamente (embora o baixista diga que não tem intenção de embarcar em uma turnê de verdade), aguardou Phill resolver seus problemas com a lei e rumou com seu bando para o estúdio do amigo Bryan Adams, gravando o novo disco inteiramente em 2018, num dos segredos mais bem guardados da história recente da indústria da música. Dois anos depois, eis que chega a nossas mãos Power Up, novamente sob a batuta de Brendan O’Brien (produtor dos dois discos anteriores), contendo 12 canções escritas pela dupla Angus/Malcom. As expectativas aqui não estavam altas, em especial após ouvir a não muito inspirada Shot In The Dark, primeira faixa de trabalho. Com esse espírito fui encarar esse que pode bem ser o último capítulo de uma longa jornada.

A bela e proibitiva edição deluxe de Power Up

A produção é perfeita, bem na cara e muito mais focada na timbragem caprichada do que em encher os ouvidos de informação. E o som é aquele que esperamos ouvir do AC/DC, um rock encardido calcado em blues, geralmente alvo de críticas que me soam tão estúpidas quanto cornetar a carreira de um vitorioso pugilista por este nunca ter sido visto dançando balé clássico. O AC/DC nunca almejou ser uma banda de progressivo ou Jazz, e em seu mundo puramente rocker, criou uma identidade sonora tão marcante e imitada que tendemos a menosprezar a mágica enganosamente simplista do quinteto. Dito isso, confesso que as três primeiras faixas não ajudaram em nada a combater meu ceticismo inicial. Se Realize e Rejection não tem nada que incomode, tampouco prendem a atenção. E Shot In The Dark soa tão “nada de especial” na septuagésima audição quanto da primeira vez.


Curiosamente, a coisa melhora consideravelmente a partir da quase fofa Through The Mists Of Time. Kick You When You’re Down é crua e certeira como nos tempos mágicos de Bon Scott e a dupla Witch’s Spell e Demon Fire conjura os melhores momentos da era Brian Johnson.


A essa altura já me sentia mais animado com o disco, perdoando até mesmo as pouco inspiradas Wild Reputation e No Man’s Land e batendo efusivamente o pé ao ritmo da encardida Systems Down, seguida pelo empolgante encerramento com Money Shot e Code Red. Power Up definitivamente passa longe de ser um novo clássico da banda, mas se esse disco está fadado a ser o canto do cisne do AC/DC, o faz com muito mais propriedade do que o murcho Rock Or Bust. E nos proporciona pouco mais de 40 minutos de diversão incontestável, o tipo de alívio que a humanidade precisa em um ano triste como esse 2020. RIP, Malcolm! (NOTA: 8,16)

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Gravadora: Sony Music (Importado)

Prós: energia pura e ótima produção

Contras: tem algumas faixas menos inspiradas também

Classifique como: Hard Rock, Rock

Para Fãs de: Airbourne e Rock em geral


2 comentários:

  1. Não é aquele disco preto lendário deles, mas esse também e bom ✌

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    Respostas
    1. Olá, Erica!
      Exatamente, diverte e não faz feio.
      Saudações
      T

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