Orange Goblin - The Wolf Bites Back (Cd-2018) |
O
Lobo e o Ogro
Por Trevas
O nono disco de
estúdio dos britânicos do Orange Goblin nasceu de uma derrota dolorida. A
excelente receptividade dos últimos discos da banda fez com que o quarteto
resolvesse finalmente apostar todas as fichas em tornar o Goblin sua empresa e único trabalho. Back From The Abyss, primeiro rebento dessa era de profissionalização se mostrou
um sucesso de público e crítica. O Orange
Goblin passou a ser figura fácil em
festivais e abertura de shows de gigantes do Metal. Mas o sucesso de exposição
não gerou os frutos financeiros esperados. O quarteto, resignado, retornou a
seus “empregos normais”. Mas, longe de choramingar pelos cantos, Ben Ward e sua trupe decidiram apenas canalizar toda sua frustração para
fabricar o disco mais forte de sua carreira. A intenção admitida: replicar em
estúdio a força da banda nos palcos, cada música composta deveria ser capaz de
sobreviver no ambiente de um show. Um desafio honesto, mas teria o Orange Goblin sucesso na empreitada? Veremos.
Esquadrão Ogrão em Ação |
Sons Of Salem é o apocalipse musicado,
crua e direta, visceral e grudenta. Feita para o palco, nascida para moer
pescoços.
A faixa título segue, mostrando a versatilidade que a banda
intencionalmente quis introduzir ao disco (e já visível em Back From The Abyss), e é forte candidata a garantir lugar cativo
nos sets de turnês vindouras. E ela conta ainda com o inestimável trabalho de Phil Campbell, do Motörhead,
em seu solo.
A escolha de Jaime Gomez Arellana
(responsável pelas últimas belezuras do Paradise
Lost, o que seria o suficiente para
garantir uma bela indicação) se mostrou para lá de acertada. As guitarras de Joe Hoare soam cortantes como nunca, podemos sentir a cozinha gordurosa
de Chris Turner (bateria) e Martyn
Millard pulsar no peito, tamanha a
pressão. E o “limitado” gigante Ben Ward, esse cospe cada palavra como se a
tivesse mastigado junto com um punhado de caco de vidro. E essa fúria atinge um
primeiro ápice em Renegade, uma bela
ode ao falecido Lemmy.
Eu falei em versatilidade? Pois então, Swords Of Fire transita entre o Sludge e o Doom de uma
maneira que um ouvinte desavisado poderia confundir como sendo ali o Mastodon, se esse tivesse caído num
poço de piche. Ah, mas logo depois somos confrontados com um delicioso Classic Rock venenoso e cheio de feeling chamado Ghosts Of The Primitives. Aí os ingleses nos jogam um interlúdio instrumental (In Bocca Al Lupo) que bem poderia estar
nos primeiros trabalhos do Black Sabbath, só para depois dar um
pescotapa digno de Bud Spencer chamado Suicide Division, uma
das faixas mais brutais de sua discografia.
Ufa, a coisa acalma um bocado
com The Stranger, um Blues Rock de alma setentista com belos solos
do subestimado Hoare. Burn The Ships é talvez a
mais “genérica” do pacote, mas ainda assim boa o suficiente para manter o
interesse do ouvinte, que volta a se deliciar com a espetacular Zeitgeist, que traz empolgantes duelos
entre Phil Campbell e Hoare.
Veredito
da Cripta
Bom, se os ingleses queriam realmente
provar ao mundo seu valor com seu 9º disco, conseguiram. The Wolf Bites Back é ao mesmo tempo o disco mais visceral,
versátil e inspirado da carreira dos caras. Um petardo de um Heavy Metal feio,
ogroide e delicioso que vai direto para o topo de minha lista de melhores de
2018.
NOTA: 10
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Gravadora: Candlelight Records (importado)
Prós: dez belas faixas de um metal direto e visceral, mas que ainda assim consegue incorporar elementos diferentes
Prós: dez belas faixas de um metal direto e visceral, mas que ainda assim consegue incorporar elementos diferentes
Contras: é ogro e feio, pode desagradar
ouvidos mais sofisticados
Classifique como: Heavy Metal, Stoner
Metal
Para Fãs de: Monster Magnet, Clutch, Motörhead
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