Clutch - Book OF Bad Decisions |
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Um Grande Livro de Decisões Ruins
Por Trevas
A gestação do décimo
segundo disco de estúdio dos estadunidenses do Clutch colocou a banda numa encruzilhada. O surpreendente sucesso
de Earth Rocker (excelente disco de 2013, ler resenha aqui) fez com que a
banda pela primeira vez em sua carreira repetisse a fórmula, com Psychic Warfare (de 2015, ler resenha aqui) dando sinais de que a mesma não
sobreviveria a uma terceira reprise. Recorreram então ao produtor Vance Powell (Jack White, Rival Sons, Kings Of Leon...) com a missão de fazer
um disco que soasse o menos programado o possível, na esperança de que a
espontaneidade e o clima de gravação “ao vivo” botassem a cachola para
funcionar fora da recente caixinha.
Não se engane, esses caras normais podem bem chutar sua bunda troozona |
As sessões foram tão
produtivas que a banda terminou com quinze faixas consideradas por todos os
envolvidos para lá de satisfatórias. Não sou exatamente um grande fã de discos
longos ou com esse tanto de faixas, acho que acaba por diluir a essência de um
bom trabalho, e com isso em mente fui conferir o novo “livro” dos malucos. E eu
tinha razão. E não tinha. Pois é.
É que nada com esse quarteto é tão simples assim. O disco tem um som cru
e que remete a uma mistura dos dois discos anteriores com a fase Robot Hive/From Beale Street. No cardápio,
um som que migra entre um rock básico (Vision
Quest, In Walks Barbarella e Paper
& Strife), o stoner (como
nas ótimas Spirit of ’76 e How To Shake Hands) e o Blues Rock encardido da
faixa título (e no belo encerramento com Loreley, quase uma continuação de Oh, Isabella).
A variedade de ingredientes do universo culinário rocker é surpreendente para uma banda que faz um som relativamente
simples. Barbarella, por exemplo, traz
algo de Funk e seus naipes de metal tornam
o refrão viciante ao extremo.
O gogó de Neil Fallon está em sua plenitude e
negritude, e suas letras únicas trazem pequenas fábulas espirituosas (biritando
com o ceifador? Infestação de advogados no Celeiro?) que ora poderiam estar num
roteiro de filme noir (a faixa título), ora num livro de ...receitas?!?! Sim, Hot Bottom Feeder, com seu instrumental
bem Southern Rock não passa de uma receita de casquinha de siri escrita com o
senso de humor único característico de Neil
e sua trupe.
E não é só Neil que brilha, claro. Tim Sult e sua guitarra cheia de fuzz
produz por disco uma quantidade de riffs
grudentos que muito guitarrista não produz numa carreira inteira. Jean-Paul Gaster é um dos bateristas
mais subestimados da história do rock, extremamente versátil e inventivo em sua
simplicidade vintage. E ainda por cima está acompanhado por um baixista excelente,
Dan Maines, que tem espaço suficiente nos arranjos para mostrar suas
ótimas linhas de baixo. Um caos controlado muito bem costurado e mixado pelo
produtor Vance Powell.
Veredito
da Cripta
Book
Of Bad Decisions até tem mais faixas do que deveria. Mas por
outro lado a versatilidade do material aliada a seu espírito bem espontâneo
torna sua audição obrigatória a qualquer fã de Rock And Roll em sua forma mais pura que se preze.
Mais um capítulo extremamente divertido no livro de boas decisões de uma das
bandas mais “cool” da história recente do rock.
NOTA: 8.73
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Gravadora: Weathermaker Music (Importado)
Prós: sonoridade orgânica, clima
descontraído e variedade
Contras: Quinze faixas? Coisa demais...
Classifique como: Blues Rock, Retro Rock
Para Fãs de: Rival Sons, ZZ Top
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