Lucifer - Lucifer II (2018) |
Por Trevas
Lucifer, a banda, chamou a
atenção de muita gente com seu primeiro trabalho, lançado em 2015. Pudera, a loirinha
alemã Johanna Sadonis, que havia feito uma estreia excelente com o efêmero duo
feminino de Occult Rock nomeado The Oath, agora estava
amparada por gente do calibre de Gaz
Jennings, o mestre das seis cordas
do extinto Cathedral, e Andrew Prestridge (baterista de gente como Tytan e Angel Witch). Trazendo 8 músicas pesadas e
com uma aura bem sombria, o disco angariou espaço nas listas de melhores
daquele ano. Com a turnê vieram diversas mudanças na formação, e a banda
oficialmente passou a ser um trio (com adições de músicos contratados aqui e
acolá ao vivo), com Johanna tendo ao
seu lado Robin Tinderbrink (Saturn) e Nicke Andersson (The Hellacopters, Entombed). As mudanças drásticas de formação também acompanharam as
assertivas de que o novo trabalho teria um direcionamento musical diferente.
Johanna e seus capirotos |
Essa
diferença fica clara logo na abertura, com a viciante e totalmente 1968 California Son. Ficam de fora (ao menos num primeiro plano) o ocultismo e a
carga Doom nos riffs.
Mas
para nossa sorte a mudança de direcionamento nem de longe afetou a qualidade do
som, como bem mostra Dreamer, a bela
Power Ballad que traz belas performances de Robin Tidebrink e de Johanna, bem mais solta que no primeiro
trabalho.
Phoenix faz um delicioso rip-off das guitarras de Transmaniacon MC, do Blue Öyster Cult,
pega emprestado algo dos primórdios do Scorpions
na mistura e transpõe para seu próprio mundo, com um refrão que gruda de
primeira. Parece pesado dizer isso, mas Gaz
Jennings não faz falta aqui. Robin e Nicke (que detona como sempre na bateria) seguram a onda muito bem,
com ainda mais cores e timbres que no trabalho de estreia. O repertório ajuda,
e nem a opção pelo cover dos Stones,
em detrimento da belíssima Evening Wind do Scorpions, lançada como single, consegue derrubar o andamento da
bolachinha, que o diga a ótima Reaper In
Your Heels.
A opção por uma sonoridade e temática que se distanciam do Occult Rock pode erroneamente levar os incautos a imaginar que o novo
disco é pop e acessível. Bobagem, as músicas estão amis dinâmicas, com
variações e muita liberdade nos devaneios instrumentais (vide Before The Sun e Eyes In The Sky). Só que tudo soando coeso e
preparando uma cama rica sobre a qual se deita a voz da estrela da companhia, a
bela voz de Johanna Sadonis. A alemã (que co-assina a produção
com Nicke) simplesmente supera em
muito sua performance do primeiro disco, soando mais versátil e ainda mais
melodiosa, mas mantendo a aura de mistério nas interpretações. O rompimento
completo com a estética do primeiro disco mostrado até então cai completamente
por terra com a faixa de encerramento, a monolítica Faux Pharaoh, que tão
logo termina, já nos deixa com vontade de colocar a bolachinha para rodar de novo.
Veredito da Cripta
Lucifer II
é um demônio completamente diferente daquele conjurado por Sadonis e sua trupe no primeiro trabalho. Menos pesado e solene, mais
melodioso e versátil. A única linha que une por completo os dois discos é a da
qualidade, que se mantém para lá de alta. Outro excelente trabalho de uma das
melhores bandas da atualidade.
NOTA: 9,17
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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: uma perfeita máquina do tempo que
nos leva direto a algum ano entre 1968 e 1972
Contras: o ocaso da estética Occult
Rock/Doom pode alieanar fãs do primeiro disco
Classifique como: Retro-Rock
Para Fãs de: Purson, Coven
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