domingo, 11 de novembro de 2018

Lucifer - Lucifer II (Cd-2018)

Lucifer - Lucifer II (2018)
Mesmo Capeta, Maldição Diferente
Por Trevas

Lucifer, a banda, chamou a atenção de muita gente com seu primeiro trabalho, lançado em 2015. Pudera, a loirinha alemã Johanna Sadonis, que havia feito uma estreia excelente com o efêmero duo feminino de Occult Rock nomeado The Oath, agora estava amparada por gente do calibre de Gaz Jennings, o mestre das seis cordas do extinto Cathedral, e Andrew Prestridge (baterista de gente como Tytan e Angel Witch). Trazendo 8 músicas pesadas e com uma aura bem sombria, o disco angariou espaço nas listas de melhores daquele ano. Com a turnê vieram diversas mudanças na formação, e a banda oficialmente passou a ser um trio (com adições de músicos contratados aqui e acolá ao vivo), com Johanna tendo ao seu lado Robin Tinderbrink (Saturn) e Nicke Andersson (The Hellacopters, Entombed). As mudanças drásticas de formação também acompanharam as assertivas de que o novo trabalho teria um direcionamento musical diferente.

Johanna e seus capirotos
Essa diferença fica clara logo na abertura, com a viciante e totalmente 1968 California Son. Ficam de fora (ao menos num primeiro plano) o ocultismo e a carga Doom nos riffs. 



Mas para nossa sorte a mudança de direcionamento nem de longe afetou a qualidade do som, como bem mostra Dreamer, a bela Power Ballad que traz belas performances de Robin Tidebrink e de Johanna, bem mais solta que no primeiro trabalho.


Phoenix faz um delicioso rip-off das guitarras de Transmaniacon MC, do Blue Öyster Cult, pega emprestado algo dos primórdios do Scorpions na mistura e transpõe para seu próprio mundo, com um refrão que gruda de primeira. Parece pesado dizer isso, mas Gaz Jennings não faz falta aqui. Robin e Nicke (que detona como sempre na bateria) seguram a onda muito bem, com ainda mais cores e timbres que no trabalho de estreia. O repertório ajuda, e nem a opção pelo cover dos Stones, em detrimento da belíssima Evening Wind do Scorpions, lançada como single, consegue derrubar o andamento da bolachinha, que o diga a ótima Reaper In Your Heels.



A opção por uma sonoridade e temática que se distanciam do Occult Rock pode erroneamente levar os incautos a imaginar que o novo disco é pop e acessível. Bobagem, as músicas estão amis dinâmicas, com variações e muita liberdade nos devaneios instrumentais (vide Before The Sun e Eyes In The Sky). Só que tudo soando coeso e preparando uma cama rica sobre a qual se deita a voz da estrela da companhia, a bela voz de Johanna Sadonis. A alemã (que co-assina a produção com Nicke) simplesmente supera em muito sua performance do primeiro disco, soando mais versátil e ainda mais melodiosa, mas mantendo a aura de mistério nas interpretações. O rompimento completo com a estética do primeiro disco mostrado até então cai completamente por terra com a faixa de encerramento, a monolítica Faux Pharaoh, que tão logo termina, já nos deixa com vontade de colocar a bolachinha para rodar de novo.



Veredito da Cripta

Lucifer II é um demônio completamente diferente daquele conjurado por Sadonis e sua trupe no primeiro trabalho. Menos pesado e solene, mais melodioso e versátil. A única linha que une por completo os dois discos é a da qualidade, que se mantém para lá de alta. Outro excelente trabalho de uma das melhores bandas da atualidade.


NOTA: 9,17

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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: uma perfeita máquina do tempo que nos leva direto a algum ano entre 1968 e 1972
Contras: o ocaso da estética Occult Rock/Doom pode alieanar fãs do primeiro disco
Classifique como: Retro-Rock
Para Fãs de: Purson, Coven



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