Liberation Fest - Poster original |
Satan
Is Real!
Texto e fotos (de celular) por
Trevas
O anúncio da Liberation Fest Tour foi uma grata
surpresa. Trazendo lado a lado Arch Enemy e Kreator a várias cidades, e com adição posterior dos veteranos do Excel e do metalcore do Walls Of Jerycho, ficou no ar
uma feliz promessa de uma grande noite. Mas a noite carioca começou com uma
baixa inesperada, conforme informações da produção do evento, Candace Kucsulain, a vocalista do Walls
Of Jerycho, ficou retida nos EUA devido à nevasca que (dentre mortes e
caos) ocasionou centenas de cancelamentos de voos na Costa Leste estadunidense.
Com a ausência do Walls, o show de
abertura do Excel foi rearranjado
para um pouco mais tarde, sem alteração do resto da programação, que traria o Arch Enemy como show de encerramento (respeitando o revezamento dos
co-headliners do evento).
Cartaz da edição carioca |
Excel
Assistir ao show do combo
de Crossover Thrash, reunido em 2012 depois de longo hiato, é como tentar rever depois
de coroa aquele filme da sessão da tarde que você adorava quando criancinha, só
para descobrir que a película é muito melhor ali na sua memória pueril do que
na vida real. A banda (que traz o vocalista Dan Clements e o
baixista Shaun Ross da formação clássica) soa anacrônica e deslocada no palco do Circo. Com seu último disco de estúdio registrado
em 1995, é até compreensível que tudo o que os caras tocaram nos 40 minutos do
set tenha soado datado. O combo, formado por Dan, Ross, Michael Cosgrove (bateria) e Alex
Barreto (guitarra) até tem bastante
energia, se sacode o tempo todo no palco, mas de uma forma meio “autista”, sem
nunca olhar nos olhos do público e com carisma próximo de zero, como se fossem
uma banda iniciante que não sabe muito bem o que fazer ali. A recepção, de
efusiva pela ala mais velha do público na primeira música, amornou com o passar
do set, e se eu fosse um comentarista esportivo, diria na melhor das hipóteses (e
com muita boa vontade) que o Excel
foi um jogador limitado, mas esforçado. Um show apenas competente, que
empalideceu ainda mais diante do massacre sonoro, carisma e profissionalismo das
duas outras atrações da noite (NOTA:6)
Excel, em "perdidos na noite" |
Kreator
No horário
programado, Mars Mantra toma o som mecânico do circo
diante de um belo jogo de luzes. Longe dos palcos cariocas desde a turnê do Coma Of Souls, o quarteto
teutônico entra com os dois pés na porta com Phantom Antichrist, e lá do mezanino pude observar a pista, abarrotada,
se transformar num imenso liquidificador humano. Com minha base montada logo
atrás da mesa de iluminação, com o setlist
escancarado à minha frente, fui privado da sensação de surpresa já sabedor de
cada passo de um curto repertório de apenas 13 músicas. Mas nem a indesejável presciência
foi capaz de conter a emoção e frio na espinha de ver Mille e sua trupe em ação.
Mille, o gremlin |
Sim, um só olhar do Gremlin alemão
de voz estridente tem centenas de vezes mais carisma do que presenciamos em
todo o show do Excel. E o capitão do
kreator sabe aproveitar sua presença
magnética, chamando para junto o público a todo o momento, comunicativo e
simpático. Mas carisma sozinho não ganha o jogo. E dentro da limitação do tempo
reservado ao show, que pareceria curto mesmo se tivesse uma hora a mais do que
teve, tudo o que foi apresentado foi de uma ferocidade abissal. E como é bonito
perceber que porradas eternas como People
Of The Lie, Flag Of Hate e até
mesmo Phobia (do outrora controverso
Outcast) são cantadas com mesmo
carinho pelos fãs quanto as novas Hail
To The Hordes, Satan Is Real e Civilization Collapse. Sinais de uma
banda que nunca parou no tempo e soube se reinventar com honestidade e paixão
pelo que faz.
It's Time To Raise The Flag Of Hate! |
O set regular se encerra com Fallen Brother (a faixa que teve recepção menos calorosa, mas ao que
parece em muito pelo cansaço de um público que agitou monstruosamente e até
então de forma ininterrupta). The Patriarch logo entra no som mecânico e
todo mundo sabia o que esperar, com Violent
Revolution fazendo o liquidificador
humano voltar a funcionar, como que preparando o espírito para o tiro de
misericórdia Pleasure to Kill. Ok, faltou muita coisa, mas quando
Mille gritou a plenos pulmões “The Kreator Will Return”, todos nós,
reles mortais, acreditamos. Um show daqueles que será citado como favorito em
todos os tempos por muitos dos que ontem estiveram no Circo. E nas filas para comprar cerveja no pós-show, a conversa era
única e onipresente: como o Arch Enemy vai subir no palco depois disso? A
resposta, logo veríamos (NOTA: 10)
Kreator, a verdadeira horda do caos! |
Arch
Enemy
Ok, suceder um show
apoteótico como o do Kreator poderia
parecer uma tarefa ingrata para boa parte das bandas comuns, mas goste ou não
do som dos caras, o Arch Enemy está longe de ser uma banda
comum. E logo na primeira música, a faixa título do último (e ótimo) disco, já
ficou claro que, ainda que não fosse possível superar a banda alemã, o quinteto
ao menos tentaria com todas as armas disponíveis. E que armas! Com o palco visualmente
muito bem planejado, víamos um verdadeiro arsenal de grandes músicos! O líder e
exímio guitarrista Michael Amott (cada vez mais assumindo a
postura de seu ídolo mor, Michael Schenker) achou uma companhia perfeita
no monstro Jeff Loomis (sim, o prodígio do saudoso Nevermore), uma dupla de guitarrista que parece forjada em Valhalla! E o que dizer de uma cozinha
que tem um rolo compressor como Daniel
Erlandsson ao lado do gigante Sharlee D’Angelo? Seria o suficiente para estarmos certos de ao menos uma
apresentação de qualidade técnica indiscutível. Mas em meio a esses grandes
músicos, o grande trunfo do Arch Enemy atual vem numa esguia silhueta de
madeixas azuis e talento surreal.
Alissa, Daniel e Sharlee |
O salto de qualidade que o Arch
Enemy deu ao recrutar a canadense Alissa White-Gluzz é algo comparável
ao que o Iron Maiden deu com Bruce Dickinson. Sim, a banda, que teve um
início de carreira para lá de genérico, já havia engrandecido sobremaneira ao
trocar o fraco Johan Liiva pela musa Angela Gossow, assumindo
enfim uma identidade própria. Mas se em estúdio a preferência entre as moças pode
ser discutida, ao vivo a pupila de Angela
consegue ser muito superior à sua mentora. Alissa
agita a cada segundo de cada música, demonstrando vigor físico, simpatia e
carisma incomuns. A voz? Muito mais forte e versátil, com guturais de fazer
muito marmanjo barbudo e troozão parecer o boneco Ken vestido de coelhinho da
páscoa. Com essa equipe tecnicamente afiada, resta um bom repertório para que o
show emplaque.
Um verdadeiro Dream Team! |
E sim, a banda tem grandes
músicas. O repertório, calcado nos dois discos com a canadense, pincelado pelos
números mais famosos da fase Angela
(We Will Rise, My Apocalypse, Ravenous, Nemesis) e duas curtas
instrumentais que deixaram os fãs de grandes solos de guitarra extasiados,
funcionou muito bem, aproveitando os curtos 70 minutos disponibilizados com
maestria e muita energia. Um show excelente que teve como único “defeito” o
comparativo com a perfeição alcançada pouco antes pelo Kreator! (NOTA: 9,50)
Hey, estou ali em cima, ó! (foto do perfil oficial do Arch Enemy no Instagram) |
Trevopático!
ResponderExcluirTem gente que vai querer comer seu fígado (bastante estragado) sem cebolas por chamar o inexpressivo Liiva de "fraco"... Hahahahaha.
Confesso que do Excel conhecia só UMA música ("Drive") que, claro, não foi tocada. Achei o show deles esquisito... Muito intenso, rápido, até agressivo mas que não engrenou... Sei lá. Acho que crossover BOM mesmo fazem/fizeram DRI e Cro-Mags. Os demais ficam meio que num nicho deslocado...
Walls of Jericho desconheço e sua ausência, para mim, não acrescentou nem retirou nada da noite.
KREATOR... Achei que meu cérebro (?) havia bugado quando o Mille falou que tinham vindo em 1991. Pra mim tinha sido em 1992. E confirmei. Aquele histórico show na quadra (antiga) da Estácio de Sá foi em 14/04/1992. Estava lá (acho que, junto com o Pantera, é o show a que fui para o qual digo: "Podem me idolatrar, malditos!") e sei o quanto são ferozes!! Mas NÃO GOSTEI DO FORMATO do Liberation. Não tiveram tempo para tocar várias delicinhas!!!! Some Pain Will Last, Betrayer, Extreme Aggression, Renewal (acho que sou o único que gosta dessa música), Tormentor, Love Us or Hate Us, Toxic Trace, Coma of Souls, Terror Zone (com que abriram em 92 - E claro que dessas eles não tocam mais algumas ao vivo!)... É muito difícil falar o que faltou de música. O certo é que faltou TEMPO! Respeito a ideia de coheadlining, mas Arch Enemy NÃO É NINGUÉM NA FILA DO PÃO frente ao Kreator (história, músicas, base de fãs) etcetcetc...
A única coisa boa foi NÃO TER ENCONTRADO sua vermiscência no dia... Hahahahahahahahaha
Há braços!
Krill, the Candiru Man (ui!)...
Fala, prego
ExcluirLiiva é fraco demais e acho esse papo de que a banda era boa só com ele coisa de marmanjo bobalhão que tem medo de mina que berra mais que hômi feioso.
Excel soou datado, os caras se esforçaram, talvez o show funcionasse no Garage...vinte anos atrás...
Com certeza faltou tempo, mas dentro do tempo dado, por mim foi massacrante.
Cara, certamente o Kreator tem mais história, mas hoje em dia o AE talvez chame mais gente mesmo. E o show do AE foi excelente também, então não achei ruim. talvez se e tivesse te visto aí sim não teria gostado da noite uhuhuhuhu
Abracetas
Mr. Cancromole