Michael Schenker Fest - Resurrection |
Chucrute Na Ceia do Alemão Biruta
Por
Trevas
Michael Schenker, o prodígio alemão que despontou
em precoce idade nas guitarras de monstros sagrados do rock como Scorpions e UFO, não é exatamente conhecido por tomar decisões previsíveis em
sua longa carreira. Tendo passado por um período para lá de turbulento na
segunda metade dos anos 1990 e primeira metade dos anos 2000, fruto do ápice do
vício que alimentou desde os idos do UFO,
Michael parecia inclinado a fazer as
pazes com seus anos de glória frente ao MSG
(Michael Schenker Group) a partir
do lançamento de Tales Of Rock And Roll,
em 2006. Contando com a participação de vários dos (muitos) vocalistas que
gravaram com a banda no passado, talvez esse disco tenha sido a semente para esse
Michael Schenker Fest.
Obviamente como nada da vida do lelé da cuca alemão parece funcionar numa linha
reta, antes disso ele lançou três bons discos sob o nome Michael Schenker’s Temple Of Rock, trazendo como
vocalista o escocês Doogie White (Rainbow, Cornerstone).
Não me pergunte o porquê ele não chama tudo isso de MSG, provavelmente nem ele deve saber. Mas o que importa é que esse
Michael Schenker Fest (nome
horrível) é fruto de um projeto que nasceu nos palcos com a ideia de unir
músicos e cantores de várias fases do MSG
e que agora tenta a sorte em estúdio.
Os ilustres convidados para a ceia do alemão biruta |
Assim que escutei a primeira faixa de trabalho, Warrior, fiquei logo encucado. Escolhida
por trazer os quatro vocalistas envolvidos, confesso que não me cativou nem um
pouco. Soando como algo feito forçosamente para tentar replicar o efeito We Are
The World (ou sua versão metalizada, Stars), mas sem o mesmo carisma nem amparado por melodias
memoráveis, a faixa não é ruim, mas não empolga. Não ajuda em muito a produção
seca e sem dinâmica de Michael
Voss-Schön, que co-assina algumas canções e letras. Temi pelo pior, mas
como fã de carteirinha de Mr. Schenker,
fui conferir a bolachinha assim mesmo. E agruparei as avaliações música a
música de acordo com o vocalista envolvido.
Heart
And Soul abre de maneira consideravelmente mais
empolgante que o primeiro single, tendo o ótimo Robin McAuley à frente e Kirk
Hammett solando com o alemão. Ah, mas
a linha de bateria...Ted McKenna
passa longe de ser um baterista que me agrade e parece fazer a mesma coisa
desde seus tempos com o Rory Gallagher.
Chris Glen está lá listado como
baixista, mas seu instrumento raramente dá de fato as caras na mixagem, e
quando dá parece estar lá só para cumprir tabela. Infelizmente a produção
insossa de Voss-Schön não ajuda e
por vezes faz escolhas inacreditáveis, como detonar o refrão da então
promissora Time Knows When It’s Time
preterindo a voz potente de Robin em
prol de um pavoroso corinho murcho (com Schenker
mostrando que deveria ficar longe dos microfones).
O escocês Doogie
White, vocalista oficial do Temple
Of Rock e MSG na média é o que
se sai melhor. Sua voz ainda soa muito bem, e Take Me To The Church (vídeo) é a melhor faixa do disco, por uma
longa margem. O único a ganhar três músicas no repertório, Doogie também acerta em cheio nas boas The Girl With The Star In Her Eyes e Anchors Aways (com clara referência à clássica Desert Song).
Graham Bonnet e sua voz encardida até acerta a mão na datada, mas
divertida Night Moods, que poderia
muito bem estar lá em Assault Attack
(ou quiçá em algum disco perdido do Alcatrazz).
Mas o clone do Golias ganhou em contrapartida um presente de grego chamado Everest, um verdadeiro pudim de jiló
musicado.
Mesmo tendo gravado os dois primeiros discos do MSG, clássicos absolutos, acho pouco provável que qualquer fã não
considere o simpático Gary Barden o
patinho feio da turma. E de onde menos se esperava...realmente nada de notável
surgiu. Brincadeirinha. Messin’ Around
é realmente fraca, um sub AC/DC com
um irritante Tic-Toc-Tic dando as
caras a cada estrofe, mas Livin’ a Life
Worth Livin’ é bem legal, com Gary
fazendo o melhor que pode com a voz combalida que restou.
The Mad Axeman! |
Michael
Schenker ganha seu momento solo na
razoável Salvation, e eu ganhei mais
um momento de xingamento ao outro Michael,
o produtor, por deixar o som de Pó-pó-pó que parece saído do jogo Quackshot na guitarra do patrão no
“refrão” da música. Em todo o resto do disco, o gênio teutônico teve suas bases
e riffs diluídos pela produção sem graça, mas os solos? Esses brilham a
contento, o que tem sido a regra desde que o lelé da cuca se recuperou dos
excessos etílicos (e talvez de outras cositas mas). As vozes retornam na última
faixa, The Last Supper (que
influenciou ou foi influenciada pela bacana arte gráfica). A última ceia também
seria a derradeira chance de redimir a ideia de trazer os 4 vocalistas cantando
juntos. Infelizmente uma chance jogada fora, a despeito da qualidade dos
envolvidos, The Last Supper
definitivamente não faz melhor que Warrior.
Veredito da Cripta
Resurrection retoma a maldição dos Supergrupos: o resultado ficou
definitivamente aquém da soma das partes envolvidas. Com poucas músicas realmente
inspiradas e uma produção algo monocórdia, o disco não emplaca e muito
provavelmente cairá no esquecimento até mesmo entre os fãs Die Hard de Michael Schenker.
NOTA: 7.02
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Os solos de Schenker; Doogie e Robin tinindo
Contras: produção murcha; ah, e quem quer escutar a porra do Kirk Hammett num disco do Michael Schenker?!?!?!??!?!
Classifique como: Hard Rock
Para Fãs de: Axel Rudi Pell, Michael Schenker Group, Michael Schenker's Temple Of Rock (sim, estou seno sarcástico...)
Nossa meu camarada, confesso não ser muito fã do trabalho dele, mas esse disco eu dou mão a palmatória. O teu texto é o melhor, muito bom. Abração
ResponderExcluirValeu, grande Moshilão!
ExcluirAbraço
T
Nao sou muito fa dele. Prefiro o seu texto.
ResponderExcluirSe conferir, é por causa do Doogie ou Graham.
Fala, Moisés!
ExcluirExiste muita música boa para ser conferida para perdermos tempo com algo que não gostamos, bola pra frente, o Doogie e o Bonnet tem coisas novas em outros trabalho para você conferir, hehehehehe
abraço
T