sábado, 24 de novembro de 2018

Michael Schenker Fest – Resurrection (Cd-2018)

Michael Schenker Fest - Resurrection

Chucrute Na Ceia do Alemão Biruta
Por Trevas

Michael Schenker, o prodígio alemão que despontou em precoce idade nas guitarras de monstros sagrados do rock como Scorpions e UFO, não é exatamente conhecido por tomar decisões previsíveis em sua longa carreira. Tendo passado por um período para lá de turbulento na segunda metade dos anos 1990 e primeira metade dos anos 2000, fruto do ápice do vício que alimentou desde os idos do UFO, Michael parecia inclinado a fazer as pazes com seus anos de glória frente ao MSG (Michael Schenker Group) a partir do lançamento de Tales Of Rock And Roll, em 2006. Contando com a participação de vários dos (muitos) vocalistas que gravaram com a banda no passado, talvez esse disco tenha sido a semente para esse Michael Schenker Fest. Obviamente como nada da vida do lelé da cuca alemão parece funcionar numa linha reta, antes disso ele lançou três bons discos sob o nome Michael Schenker’s Temple Of Rock, trazendo como vocalista o escocês Doogie White (Rainbow, Cornerstone). Não me pergunte o porquê ele não chama tudo isso de MSG, provavelmente nem ele deve saber. Mas o que importa é que esse Michael Schenker Fest (nome horrível) é fruto de um projeto que nasceu nos palcos com a ideia de unir músicos e cantores de várias fases do MSG e que agora tenta a sorte em estúdio.

Os ilustres convidados para a ceia do alemão biruta
Assim que escutei a primeira faixa de trabalho, Warrior, fiquei logo encucado. Escolhida por trazer os quatro vocalistas envolvidos, confesso que não me cativou nem um pouco. Soando como algo feito forçosamente para tentar replicar o efeito We Are The World (ou sua versão metalizada, Stars), mas sem o mesmo carisma nem amparado por melodias memoráveis, a faixa não é ruim, mas não empolga. Não ajuda em muito a produção seca e sem dinâmica de Michael Voss-Schön, que co-assina algumas canções e letras. Temi pelo pior, mas como fã de carteirinha de Mr. Schenker, fui conferir a bolachinha assim mesmo. E agruparei as avaliações música a música de acordo com o vocalista envolvido.



Heart And Soul abre de maneira consideravelmente mais empolgante que o primeiro single, tendo o ótimo Robin McAuley à frente e Kirk Hammett solando com o alemão. Ah, mas a linha de bateria...Ted McKenna passa longe de ser um baterista que me agrade e parece fazer a mesma coisa desde seus tempos com o Rory Gallagher. Chris Glen está lá listado como baixista, mas seu instrumento raramente dá de fato as caras na mixagem, e quando dá parece estar lá só para cumprir tabela. Infelizmente a produção insossa de Voss-Schön não ajuda e por vezes faz escolhas inacreditáveis, como detonar o refrão da então promissora Time Knows When It’s Time preterindo a voz potente de Robin em prol de um pavoroso corinho murcho (com Schenker mostrando que deveria ficar longe dos microfones).


O escocês Doogie White, vocalista oficial do Temple Of Rock e MSG na média é o que se sai melhor. Sua voz ainda soa muito bem, e Take Me To The Church (vídeo) é a melhor faixa do disco, por uma longa margem. O único a ganhar três músicas no repertório, Doogie também acerta em cheio nas boas The Girl With The Star In Her Eyes e Anchors Aways (com clara referência à clássica Desert Song).



Graham Bonnet e sua voz encardida até acerta a mão na datada, mas divertida Night Moods, que poderia muito bem estar lá em Assault Attack (ou quiçá em algum disco perdido do Alcatrazz). Mas o clone do Golias ganhou em contrapartida um presente de grego chamado Everest, um verdadeiro pudim de jiló musicado.

Mesmo tendo gravado os dois primeiros discos do MSG, clássicos absolutos, acho pouco provável que qualquer fã não considere o simpático Gary Barden o patinho feio da turma. E de onde menos se esperava...realmente nada de notável surgiu. Brincadeirinha. Messin’ Around é realmente fraca, um sub AC/DC com um irritante Tic-Toc-Tic dando as caras a cada estrofe, mas Livin’ a Life Worth Livin’ é bem legal, com Gary fazendo o melhor que pode com a voz combalida que restou.

The Mad Axeman!

Michael Schenker ganha seu momento solo na razoável Salvation, e eu ganhei mais um momento de xingamento ao outro Michael, o produtor, por deixar o som de Pó-pó-pó que parece saído do jogo Quackshot na guitarra do patrão no “refrão” da música. Em todo o resto do disco, o gênio teutônico teve suas bases e riffs diluídos pela produção sem graça, mas os solos? Esses brilham a contento, o que tem sido a regra desde que o lelé da cuca se recuperou dos excessos etílicos (e talvez de outras cositas mas). As vozes retornam na última faixa, The Last Supper (que influenciou ou foi influenciada pela bacana arte gráfica). A última ceia também seria a derradeira chance de redimir a ideia de trazer os 4 vocalistas cantando juntos. Infelizmente uma chance jogada fora, a despeito da qualidade dos envolvidos, The Last Supper definitivamente não faz melhor que Warrior.


Veredito da Cripta

Resurrection retoma a maldição dos Supergrupos: o resultado ficou definitivamente aquém da soma das partes envolvidas. Com poucas músicas realmente inspiradas e uma produção algo monocórdia, o disco não emplaca e muito provavelmente cairá no esquecimento até mesmo entre os fãs Die Hard de Michael Schenker.


NOTA: 7.02



Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Os solos de Schenker; Doogie e Robin tinindo
Contras: produção murcha; ah, e quem quer escutar a porra do Kirk Hammett num disco do Michael Schenker?!?!?!??!?!
Classifique como: Hard Rock
Para Fãs de: Axel Rudi Pell, Michael Schenker Group, Michael Schenker's Temple Of Rock (sim, estou seno sarcástico...)




4 comentários:

  1. Nossa meu camarada, confesso não ser muito fã do trabalho dele, mas esse disco eu dou mão a palmatória. O teu texto é o melhor, muito bom. Abração

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  2. Nao sou muito fa dele. Prefiro o seu texto.
    Se conferir, é por causa do Doogie ou Graham.

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    Respostas
    1. Fala, Moisés!
      Existe muita música boa para ser conferida para perdermos tempo com algo que não gostamos, bola pra frente, o Doogie e o Bonnet tem coisas novas em outros trabalho para você conferir, hehehehehe
      abraço
      T

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