segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Clutch – Book Of Bad Decisions (Cd-2018)

Clutch - Book OF Bad Decisions
Mais Um Grande Livro de Decisões Ruins
Por Trevas

A gestação do décimo segundo disco de estúdio dos estadunidenses do Clutch colocou a banda numa encruzilhada. O surpreendente sucesso de Earth Rocker (excelente disco de 2013, ler resenha aqui) fez com que a banda pela primeira vez em sua carreira repetisse a fórmula, com Psychic Warfare (de 2015, ler resenha aqui) dando sinais de que a mesma não sobreviveria a uma terceira reprise. Recorreram então ao produtor Vance Powell (Jack White, Rival Sons, Kings Of Leon...) com a missão de fazer um disco que soasse o menos programado o possível, na esperança de que a espontaneidade e o clima de gravação “ao vivo” botassem a cachola para funcionar fora da recente caixinha.

Não se engane, esses caras normais podem bem chutar sua bunda troozona
As sessões foram tão produtivas que a banda terminou com quinze faixas consideradas por todos os envolvidos para lá de satisfatórias. Não sou exatamente um grande fã de discos longos ou com esse tanto de faixas, acho que acaba por diluir a essência de um bom trabalho, e com isso em mente fui conferir o novo “livro” dos malucos. E eu tinha razão. E não tinha. Pois é. 



É que nada com esse quarteto é tão simples assim. O disco tem um som cru e que remete a uma mistura dos dois discos anteriores com a fase Robot Hive/From Beale Street. No cardápio, um som que migra entre um rock básico (Vision Quest, In Walks Barbarella e Paper & Strife), o stoner (como nas ótimas Spirit of ’76 e How To Shake Hands) e o Blues Rock encardido da faixa título (e no belo encerramento com Loreley, quase uma continuação de Oh, Isabella).


A variedade de ingredientes do universo culinário rocker é surpreendente para uma banda que faz um som relativamente simples. Barbarella, por exemplo, traz algo de Funk e seus naipes de metal tornam o refrão viciante ao extremo.


O gogó de Neil Fallon está em sua plenitude e negritude, e suas letras únicas trazem pequenas fábulas espirituosas (biritando com o ceifador? Infestação de advogados no Celeiro?) que ora poderiam estar num roteiro de filme noir (a faixa título), ora num livro de ...receitas?!?! Sim, Hot Bottom Feeder, com seu instrumental bem Southern Rock não passa de uma receita de casquinha de siri escrita com o senso de humor único característico de Neil e sua trupe.



E não é só Neil que brilha, claro. Tim Sult e sua guitarra cheia de fuzz produz por disco uma quantidade de riffs grudentos que muito guitarrista não produz numa carreira inteira. Jean-Paul Gaster é um dos bateristas mais subestimados da história do rock, extremamente versátil e inventivo em sua simplicidade vintage. E ainda por cima está acompanhado por um baixista excelente, Dan Maines, que tem espaço suficiente nos arranjos para mostrar suas ótimas linhas de baixo. Um caos controlado muito bem costurado e mixado pelo produtor Vance Powell.


Veredito da Cripta

Book Of Bad Decisions até tem mais faixas do que deveria. Mas por outro lado a versatilidade do material aliada a seu espírito bem espontâneo torna sua audição obrigatória a qualquer fã de Rock And Roll em sua forma mais pura que se preze. Mais um capítulo extremamente divertido no livro de boas decisões de uma das bandas mais “cool” da história recente do rock.


NOTA: 8.73


Visite O The Metal Club

Gravadora: Weathermaker Music (Importado)
Prós: sonoridade orgânica, clima descontraído e variedade
Contras: Quinze faixas? Coisa demais...
Classifique como: Blues Rock, Retro Rock
Para Fãs de: Rival Sons, ZZ Top


sábado, 24 de novembro de 2018

Michael Schenker Fest – Resurrection (Cd-2018)

Michael Schenker Fest - Resurrection

Chucrute Na Ceia do Alemão Biruta
Por Trevas

Michael Schenker, o prodígio alemão que despontou em precoce idade nas guitarras de monstros sagrados do rock como Scorpions e UFO, não é exatamente conhecido por tomar decisões previsíveis em sua longa carreira. Tendo passado por um período para lá de turbulento na segunda metade dos anos 1990 e primeira metade dos anos 2000, fruto do ápice do vício que alimentou desde os idos do UFO, Michael parecia inclinado a fazer as pazes com seus anos de glória frente ao MSG (Michael Schenker Group) a partir do lançamento de Tales Of Rock And Roll, em 2006. Contando com a participação de vários dos (muitos) vocalistas que gravaram com a banda no passado, talvez esse disco tenha sido a semente para esse Michael Schenker Fest. Obviamente como nada da vida do lelé da cuca alemão parece funcionar numa linha reta, antes disso ele lançou três bons discos sob o nome Michael Schenker’s Temple Of Rock, trazendo como vocalista o escocês Doogie White (Rainbow, Cornerstone). Não me pergunte o porquê ele não chama tudo isso de MSG, provavelmente nem ele deve saber. Mas o que importa é que esse Michael Schenker Fest (nome horrível) é fruto de um projeto que nasceu nos palcos com a ideia de unir músicos e cantores de várias fases do MSG e que agora tenta a sorte em estúdio.

Os ilustres convidados para a ceia do alemão biruta
Assim que escutei a primeira faixa de trabalho, Warrior, fiquei logo encucado. Escolhida por trazer os quatro vocalistas envolvidos, confesso que não me cativou nem um pouco. Soando como algo feito forçosamente para tentar replicar o efeito We Are The World (ou sua versão metalizada, Stars), mas sem o mesmo carisma nem amparado por melodias memoráveis, a faixa não é ruim, mas não empolga. Não ajuda em muito a produção seca e sem dinâmica de Michael Voss-Schön, que co-assina algumas canções e letras. Temi pelo pior, mas como fã de carteirinha de Mr. Schenker, fui conferir a bolachinha assim mesmo. E agruparei as avaliações música a música de acordo com o vocalista envolvido.



Heart And Soul abre de maneira consideravelmente mais empolgante que o primeiro single, tendo o ótimo Robin McAuley à frente e Kirk Hammett solando com o alemão. Ah, mas a linha de bateria...Ted McKenna passa longe de ser um baterista que me agrade e parece fazer a mesma coisa desde seus tempos com o Rory Gallagher. Chris Glen está lá listado como baixista, mas seu instrumento raramente dá de fato as caras na mixagem, e quando dá parece estar lá só para cumprir tabela. Infelizmente a produção insossa de Voss-Schön não ajuda e por vezes faz escolhas inacreditáveis, como detonar o refrão da então promissora Time Knows When It’s Time preterindo a voz potente de Robin em prol de um pavoroso corinho murcho (com Schenker mostrando que deveria ficar longe dos microfones).


O escocês Doogie White, vocalista oficial do Temple Of Rock e MSG na média é o que se sai melhor. Sua voz ainda soa muito bem, e Take Me To The Church (vídeo) é a melhor faixa do disco, por uma longa margem. O único a ganhar três músicas no repertório, Doogie também acerta em cheio nas boas The Girl With The Star In Her Eyes e Anchors Aways (com clara referência à clássica Desert Song).



Graham Bonnet e sua voz encardida até acerta a mão na datada, mas divertida Night Moods, que poderia muito bem estar lá em Assault Attack (ou quiçá em algum disco perdido do Alcatrazz). Mas o clone do Golias ganhou em contrapartida um presente de grego chamado Everest, um verdadeiro pudim de jiló musicado.

Mesmo tendo gravado os dois primeiros discos do MSG, clássicos absolutos, acho pouco provável que qualquer fã não considere o simpático Gary Barden o patinho feio da turma. E de onde menos se esperava...realmente nada de notável surgiu. Brincadeirinha. Messin’ Around é realmente fraca, um sub AC/DC com um irritante Tic-Toc-Tic dando as caras a cada estrofe, mas Livin’ a Life Worth Livin’ é bem legal, com Gary fazendo o melhor que pode com a voz combalida que restou.

The Mad Axeman!

Michael Schenker ganha seu momento solo na razoável Salvation, e eu ganhei mais um momento de xingamento ao outro Michael, o produtor, por deixar o som de Pó-pó-pó que parece saído do jogo Quackshot na guitarra do patrão no “refrão” da música. Em todo o resto do disco, o gênio teutônico teve suas bases e riffs diluídos pela produção sem graça, mas os solos? Esses brilham a contento, o que tem sido a regra desde que o lelé da cuca se recuperou dos excessos etílicos (e talvez de outras cositas mas). As vozes retornam na última faixa, The Last Supper (que influenciou ou foi influenciada pela bacana arte gráfica). A última ceia também seria a derradeira chance de redimir a ideia de trazer os 4 vocalistas cantando juntos. Infelizmente uma chance jogada fora, a despeito da qualidade dos envolvidos, The Last Supper definitivamente não faz melhor que Warrior.


Veredito da Cripta

Resurrection retoma a maldição dos Supergrupos: o resultado ficou definitivamente aquém da soma das partes envolvidas. Com poucas músicas realmente inspiradas e uma produção algo monocórdia, o disco não emplaca e muito provavelmente cairá no esquecimento até mesmo entre os fãs Die Hard de Michael Schenker.


NOTA: 7.02



Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Os solos de Schenker; Doogie e Robin tinindo
Contras: produção murcha; ah, e quem quer escutar a porra do Kirk Hammett num disco do Michael Schenker?!?!?!??!?!
Classifique como: Hard Rock
Para Fãs de: Axel Rudi Pell, Michael Schenker Group, Michael Schenker's Temple Of Rock (sim, estou seno sarcástico...)




quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Lobos Que Foram Homens: A História Dos Moonspell – Ricardo S. Amorim (Livro-2018)



Dança Com Lobos
Por Trevas

“Cagar no Fernando Ribeiro e no Lagsuyar e conhecer o Fanã”

Essa frase, perdida ao final do posfácio do livro, posfácio este escrito pelo próprio “Fanã” (apelido de Fernando Ribeiro usado pelos amigos) talvez seja a que melhor resume o trabalho do jornalista Ricardo S. Amorim nesse exímio livro, o trabalho de rasgar a pele dos lobos empedernidos em busca dos homens que ali habitam. Homônimo do guitarrista de longa data da alcateia Lusa, Ricardo mergulha fundo na história de uma banda cuja trajetória se confunde com a própria história do metal português. O livro segue uma narrativa cuidadosa e detalhada, rica em informações sobre os bastidores das diferentes eras da banda e que se preocupa em situar o leitor no cenário de cada uma dessas eras, ficando bem mais fácil entender as decisões, decepções e cisões pelo caminho. A edição aqui analisada, com ótimo prefácio de Dani Filth, é a portuguesa, e até onde eu saiba, não há previsão de uma edição Brasuca.

Ricardo S. Amorim, traduzindo lobos em palavras

Todos os membros e ex-membros tem voz ativa aqui e nenhum episódio, por mais doloroso que tenha sido, passa descoberto. E assim descobrimos parte da magia que envolve a alcateia: todos extremamente autocríticos e humanos, as glórias e dissabores são igualmente repartidos, sem um apontar de dedos gratuito. E o mais legal do livro é aprender e testemunhar o quanto os reconhecidos profissionalismo e obstinação dos Moonspell permeiam cada uma das diferentes personalidades do grupo, tendo cobrado um alto preço pessoal ao longo do caminho. Ricardo, o escritor, a tudo observou e registrou, com uma delicadeza ímpar em saber os momentos nos quais o distanciamento favoreceria uma melhor análise de um acontecimento, ou quando a intimidade seria primordial para explicar um outro ocorrido qualquer. Esse caminhar numa linha tênue é que acaba por proporcionar um dos trabalhos biográficos mais humanizados que já tive o prazer de ler. Um excelente livro que me fez ter ainda mais respeito por esta que já era musicalmente uma de minhas bandas favoritas (NOTA: 10)




Editora: Saida de Emergência (importado, Portugal)
Data 1ª Edição: 02/03/2018
Páginas: 448


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Thunder – Stage (Box Set – Blu Ray + 2Cds - 2018)

Thunder - Stage

Trovejando em Alta Definição
Por Trevas

Os britânicos do Thunder, aproveitando a surpreendentemente boa receptividade a seus dois discos pós retorno (Wonder Days e Rip It Up) andam tirando o atraso dos anos vividos na sombra, fazendo participações em tudo o que é festival e conseguindo alguns grandes shows como Headliners. A reverberação desse sucesso se faz bem mais intensa no próprio Reino Unido, e foi justamente numa arena abarrotada de fãs em Cardiff que os coroas resolveram registrar sua ótima forma nos palcos.

Os tiozões do pavê britânico

Stage – Apresentação

Stage foi lançado em diversos formatos, o mais completo sendo o Box Set aqui analisado, que compreende dois Cds e um Blu Ray. Como faço usualmente com os Box Sets aqui na Cripta, sempre separo um espaço para comentar a apresentação, já que a maioria dos que ainda compram mídias físicas são colecionadores e adoram esses detalhes. A versão Box Set para Stage tem uma apresentação simples, mas bonita: um digipack que se abre em várias abas, com os 3 discos encartados em miolos de acrílico comuns e resistentes e um livreto com belas fotos e informações técnicas sobre os itens encartados. Ah, e esqueça a capa sem graça, o esmero com a parte gráfica dá de mil nesta. Um pacote bonito, compacto e eficiente.

Stage, o Box Set
Qualidade de Áudio e Vídeo

O Thunder é composto por um bando de senhores que mais parecem professores saídos de uma reunião de classe. Mas ainda assim os adereços são mínimos no palco, simples e sem nenhuma estrutura cenográfica típica de shows de arena. Só que o jogo de luzes é absurdamente bonito e eficaz, proporcionando um belo visual. A qualidade de captação de imagem, provinda de uma penca de câmeras, é fenomenal, das melhores que já vi. As tomadas são bonitas e a edição é ágil sem parecer histérica, combinando bem com o som classudo do Thunder. O áudio também tem uma qualidade absurda, tanto na edição do Blu Ray quanto nos Cds, e conta com o trunfo de uma mixagem que deixa tudo perfeitamente equilibrado, inclusive a participação dos Galeses, animadíssimos. Perfeição técnica absoluta.



Repertório e Performances

O Thunder tem o costume de explorar bem seu material ao vivo, então nada mais normal do que o lançamento atual esteja recheado de músicas de seus dois últimos Cds. Que bom que o material de Wonder Days é excelente e que as músicas de Rip It Up funcionem melhor ao vivo que em estúdio. Mas longe de ser um disco fabricado apenas para fãs neófitos, temos belezuras como River Of Pain, I Love You More Than Rock’n’Roll, Dirty Love, Backstreet Symphony e Love Walked In brilhando em momentos oportunos no excelente repertório de pouco mais de hora e meia (e que é o mesmo nos Cds).



Sobre as performances, a banda soa ainda melhor que no ótimo lançamento ao vivo anterior All You Can Eat. Ben Matthews (que também assume os teclados quando necessário) e Luke Morley tem feeling escrito nos dedos. A cozinha de Chris Childs e Harry James é de uma classe e precisão invejáveis, e Daniel Bowes...bom, o animado tiozão é um daqueles casos raros de voz que parece ficar melhor com o passar dos anos. Com seu estilo que lembra um Paul Rodgers com timbre mais agudo, transpirando feeling e interpretação, Bowes pode bem ser considerado um dos vocalistas mais subestimados de sua geração. Ah, e a plateia galesa, conforme eu já escrevi ali em cima, essa mostra imensa devoção por cada música da banda, o que completa uma mistura muito boa.


Extras

Além da escolha do áudio (Stereo ou DTS-HD Master Audio 5.0), temos um punhado de entrevistas com a banda em seu Tour Bus. Um material bacana, até pela simpatia e franqueza dos músicos, mas que raramente será acessado por grande parte do público mais de uma vez. Ainda assim, uma adição que mal não faz.


Veredito da Cripta

Stage é um daqueles Home Videos feitos na medida para ganhar alta rotação nos Home Theaters da vida, delicioso de se ver e ouvir, tudo pensado e executado tecnicamente com muito esmero. Obrigatório na coleção de qualquer fã da banda que se preze.


NOTA: 10


Gravadora: ear music (Importado)
Prós: Um pacote audiovisual que beira a perfeição
Contras: absolutamente nada a dizer contra
Classifique como: Blues Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Free, Bad Company


sábado, 17 de novembro de 2018

Liberation Fest (16/11/2018 – Circo Voador – Rio de Janeiro/RJ)

Liberation Fest - Poster original

Satan Is Real!
Texto e fotos (de celular) por Trevas

O anúncio da Liberation Fest Tour foi uma grata surpresa. Trazendo lado a lado Arch Enemy e Kreator a várias cidades, e com adição posterior dos veteranos do Excel e do metalcore do Walls Of Jerycho, ficou no ar uma feliz promessa de uma grande noite. Mas a noite carioca começou com uma baixa inesperada, conforme informações da produção do evento, Candace Kucsulain, a vocalista do Walls Of Jerycho, ficou retida nos EUA devido à nevasca que (dentre mortes e caos) ocasionou centenas de cancelamentos de voos na Costa Leste estadunidense. Com a ausência do Walls, o show de abertura do Excel foi rearranjado para um pouco mais tarde, sem alteração do resto da programação, que traria o Arch Enemy como show de encerramento (respeitando o revezamento dos co-headliners do evento).

Cartaz da edição carioca
Excel

Assistir ao show do combo de Crossover Thrash, reunido em 2012 depois de longo hiato, é como tentar rever depois de coroa aquele filme da sessão da tarde que você adorava quando criancinha, só para descobrir que a película é muito melhor ali na sua memória pueril do que na vida real. A banda (que traz o vocalista Dan Clements e o baixista Shaun Ross da formação clássica) soa anacrônica e deslocada no palco do Circo. Com seu último disco de estúdio registrado em 1995, é até compreensível que tudo o que os caras tocaram nos 40 minutos do set tenha soado datado. O combo, formado por Dan, Ross, Michael Cosgrove (bateria) e Alex Barreto (guitarra) até tem bastante energia, se sacode o tempo todo no palco, mas de uma forma meio “autista”, sem nunca olhar nos olhos do público e com carisma próximo de zero, como se fossem uma banda iniciante que não sabe muito bem o que fazer ali. A recepção, de efusiva pela ala mais velha do público na primeira música, amornou com o passar do set, e se eu fosse um comentarista esportivo, diria na melhor das hipóteses (e com muita boa vontade) que o Excel foi um jogador limitado, mas esforçado. Um show apenas competente, que empalideceu ainda mais diante do massacre sonoro, carisma e profissionalismo das duas outras atrações da noite (NOTA:6)

Excel, em "perdidos na noite"
Kreator

No horário programado, Mars Mantra toma o som mecânico do circo diante de um belo jogo de luzes. Longe dos palcos cariocas desde a turnê do Coma Of Souls, o quarteto teutônico entra com os dois pés na porta com Phantom Antichrist, e  lá do mezanino pude observar a pista, abarrotada, se transformar num imenso liquidificador humano. Com minha base montada logo atrás da mesa de iluminação, com o setlist escancarado à minha frente, fui privado da sensação de surpresa já sabedor de cada passo de um curto repertório de apenas 13 músicas. Mas nem a indesejável presciência foi capaz de conter a emoção e frio na espinha de ver Mille e sua trupe em ação.

Mille, o gremlin
Sim, um só olhar do Gremlin alemão de voz estridente tem centenas de vezes mais carisma do que presenciamos em todo o show do Excel. E o capitão do kreator sabe aproveitar sua presença magnética, chamando para junto o público a todo o momento, comunicativo e simpático. Mas carisma sozinho não ganha o jogo. E dentro da limitação do tempo reservado ao show, que pareceria curto mesmo se tivesse uma hora a mais do que teve, tudo o que foi apresentado foi de uma ferocidade abissal. E como é bonito perceber que porradas eternas como People Of The Lie, Flag Of Hate e até mesmo Phobia (do outrora controverso Outcast) são cantadas com mesmo carinho pelos fãs quanto as novas Hail To The Hordes, Satan Is Real e Civilization Collapse. Sinais de uma banda que nunca parou no tempo e soube se reinventar com honestidade e paixão pelo que faz.

It's Time To Raise The Flag Of Hate!

O set regular se encerra com Fallen Brother (a faixa que teve recepção menos calorosa, mas ao que parece em muito pelo cansaço de um público que agitou monstruosamente e até então de forma ininterrupta). The Patriarch logo entra no som mecânico e todo mundo sabia o que esperar, com Violent Revolution fazendo o liquidificador humano voltar a funcionar, como que preparando o espírito para o tiro de misericórdia Pleasure to Kill. Ok, faltou muita coisa, mas quando Mille gritou a plenos pulmões “The Kreator Will Return”, todos nós, reles mortais, acreditamos. Um show daqueles que será citado como favorito em todos os tempos por muitos dos que ontem estiveram no Circo. E nas filas para comprar cerveja no pós-show, a conversa era única e onipresente: como o Arch Enemy vai subir no palco depois disso? A resposta, logo veríamos (NOTA: 10)


Kreator, a verdadeira horda do caos!

Arch Enemy

Ok, suceder um show apoteótico como o do Kreator poderia parecer uma tarefa ingrata para boa parte das bandas comuns, mas goste ou não do som dos caras, o Arch Enemy está longe de ser uma banda comum. E logo na primeira música, a faixa título do último (e ótimo) disco, já ficou claro que, ainda que não fosse possível superar a banda alemã, o quinteto ao menos tentaria com todas as armas disponíveis. E que armas! Com o palco visualmente muito bem planejado, víamos um verdadeiro arsenal de grandes músicos! O líder e exímio guitarrista Michael Amott (cada vez mais assumindo a postura de seu ídolo mor, Michael Schenker) achou uma companhia perfeita no monstro Jeff Loomis (sim, o prodígio do saudoso Nevermore), uma dupla de guitarrista que parece forjada em Valhalla! E o que dizer de uma cozinha que tem um rolo compressor como Daniel Erlandsson ao lado do gigante Sharlee D’Angelo? Seria o suficiente para estarmos certos de ao menos uma apresentação de qualidade técnica indiscutível. Mas em meio a esses grandes músicos, o grande trunfo do Arch Enemy atual vem numa esguia silhueta de madeixas azuis e talento surreal.

Alissa, Daniel e Sharlee
O salto de qualidade que o Arch Enemy deu ao recrutar a canadense Alissa White-Gluzz é algo comparável ao que o Iron Maiden deu com Bruce Dickinson. Sim, a banda, que teve um início de carreira para lá de genérico, já havia engrandecido sobremaneira ao trocar o fraco Johan Liiva pela musa Angela Gossow, assumindo enfim uma identidade própria. Mas se em estúdio a preferência entre as moças pode ser discutida, ao vivo a pupila de Angela consegue ser muito superior à sua mentora. Alissa agita a cada segundo de cada música, demonstrando vigor físico, simpatia e carisma incomuns. A voz? Muito mais forte e versátil, com guturais de fazer muito marmanjo barbudo e troozão parecer o boneco Ken vestido de coelhinho da páscoa. Com essa equipe tecnicamente afiada, resta um bom repertório para que o show emplaque.

Um verdadeiro Dream Team!
E sim, a banda tem grandes músicas. O repertório, calcado nos dois discos com a canadense, pincelado pelos números mais famosos da fase Angela (We Will Rise, My Apocalypse, Ravenous, Nemesis) e duas curtas instrumentais que deixaram os fãs de grandes solos de guitarra extasiados, funcionou muito bem, aproveitando os curtos 70 minutos disponibilizados com maestria e muita energia. Um show excelente que teve como único “defeito” o comparativo com a perfeição alcançada pouco antes pelo Kreator! (NOTA: 9,50)   



Hey, estou ali em cima, ó! (foto do perfil oficial do Arch Enemy no Instagram)



quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Orange Goblin - The Wolf Bites Back (Cd-2018)

Orange Goblin - The Wolf Bites Back (Cd-2018)
O Lobo e o Ogro
Por Trevas

O nono disco de estúdio dos britânicos do Orange Goblin nasceu de uma derrota dolorida. A excelente receptividade dos últimos discos da banda fez com que o quarteto resolvesse finalmente apostar todas as fichas em tornar o Goblin sua empresa e único trabalho. Back From The Abyss, primeiro rebento dessa era de profissionalização se mostrou um sucesso de público e crítica. O Orange Goblin passou a ser figura fácil em festivais e abertura de shows de gigantes do Metal. Mas o sucesso de exposição não gerou os frutos financeiros esperados. O quarteto, resignado, retornou a seus “empregos normais”. Mas, longe de choramingar pelos cantos, Ben Ward e sua trupe decidiram apenas canalizar toda sua frustração para fabricar o disco mais forte de sua carreira. A intenção admitida: replicar em estúdio a força da banda nos palcos, cada música composta deveria ser capaz de sobreviver no ambiente de um show. Um desafio honesto, mas teria o Orange Goblin sucesso na empreitada? Veremos.

Esquadrão Ogrão em Ação
Sons Of Salem é o apocalipse musicado, crua e direta, visceral e grudenta. Feita para o palco, nascida para moer pescoços.


A faixa título segue, mostrando a versatilidade que a banda intencionalmente quis introduzir ao disco (e já visível em Back From The Abyss), e é forte candidata a garantir lugar cativo nos sets de turnês vindouras. E ela conta ainda com o inestimável trabalho de Phil Campbell, do Motörhead, em seu solo.


A escolha de Jaime Gomez Arellana (responsável pelas últimas belezuras do Paradise Lost, o que seria o suficiente para garantir uma bela indicação) se mostrou para lá de acertada. As guitarras de Joe Hoare soam cortantes como nunca, podemos sentir a cozinha gordurosa de Chris Turner (bateria) e Martyn Millard pulsar no peito, tamanha a pressão. E o “limitado” gigante Ben Ward, esse cospe cada palavra como se a tivesse mastigado junto com um punhado de caco de vidro. E essa fúria atinge um primeiro ápice em Renegade, uma bela ode ao falecido Lemmy.


Eu falei em versatilidade? Pois então, Swords Of Fire transita entre o Sludge e o Doom de uma maneira que um ouvinte desavisado poderia confundir como sendo ali o Mastodon, se esse tivesse caído num poço de piche. Ah, mas logo depois somos confrontados com um delicioso Classic Rock venenoso e cheio de feeling chamado Ghosts Of The Primitives. Aí os ingleses nos jogam um interlúdio instrumental (In Bocca Al Lupo) que bem poderia estar nos primeiros trabalhos do Black Sabbath, só para depois dar um pescotapa digno de Bud Spencer chamado Suicide Division, uma das faixas mais brutais de sua discografia.



Ufa, a coisa acalma um bocado com The Stranger, um Blues Rock de alma setentista com belos solos do subestimado Hoare. Burn The Ships é talvez a mais “genérica” do pacote, mas ainda assim boa o suficiente para manter o interesse do ouvinte, que volta a se deliciar com a espetacular Zeitgeist, que traz empolgantes duelos entre Phil Campbell e Hoare.


Veredito da Cripta

Bom, se os ingleses queriam realmente provar ao mundo seu valor com seu 9º disco, conseguiram. The Wolf Bites Back é ao mesmo tempo o disco mais visceral, versátil e inspirado da carreira dos caras. Um petardo de um Heavy Metal feio, ogroide e delicioso que vai direto para o topo de minha lista de melhores de 2018.


NOTA: 10


Visite o The Metal Club
Gravadora: Candlelight Records (importado)
Prós: dez belas faixas de um metal direto e visceral, mas que ainda assim consegue incorporar elementos diferentes
Contras: é ogro e feio, pode desagradar ouvidos mais sofisticados
Classifique como: Heavy Metal, Stoner Metal
Para Fãs de: Monster Magnet, Clutch, Motörhead



terça-feira, 13 de novembro de 2018

Judas Priest + Alice In Chains + Black Star Riders (11/11/18 – Km de Vantagens Hall – Rio de Janeiro/RJ)



Um Inspirado (e Versátil) Triunvirato
Texto e fotos ridículas por Trevas

A segunda edição do festival Solid Rock trouxe ao Brasil três bandas representando três escolas diferentes do som que amamos: levando a bandeira do Hard/Classic Rock, temos o multinacional Black Star Riders, o pouco falado (por aqui) Spin Off do Thin Lizzy, uma das bandas de rock mais influentes da história.
Aos fãs dos anos 1990 e do grunge (um rótulo odioso forjado pela imprensa que colocou no mesmo saco bandas que nada tem em comum em termos de sonoridade, mas fazer o quê), temos o Alice In Chains, provavelmente o mais pesado expoente daquela cena e que vive um indiscutível segundo auge criativo.
E para quem ama Heavy Metal, a cereja do bolo, que tal um revigorado Judas Priest, inventor de 90% dos maneirismos audiovisuais do gênero, com um show para lá de caprichado amparando um dos melhores discos de sua extensa carreira?
Pois é, foi com ouvidos esfomeados que eu e minha esposa e parceira de perrengues musicais rumamos para o longínquo Km De Vantagens Hall (maldita seja essa josta de Naming Rights) para conferir esse trio, que se apresentou no Rio sem a chancela do festival citado (sei lá o porquê).

Black Star Riders

Às 19h em ponto é chegado o momento da primeira atração da noite, o Black Star Riders, que sobe ao palco sem muito alarde. Combo multinacional que começou suas atividades em dezembro de 2012, como uma espécie de continuação criativa do legado do Thin Lizzy, o quinteto começa com os dois pés no acelerador, mandando duas faixas do ótimo disco de estreia em sequência, seguindo as mesmas com o clássico Jailbreak, a música que elevara o TL ao status de titã do rock décadas atrás. 
A banda é uma máquina tão azeitada que nem corda de guitarra estourando e baixo pifando a fase ativa foram capazes de fazer os caras perderem a compostura. Pudera, o quinteto pode ser composto por peças pouco reconhecidas aqui debaixo da linha do Equador, mas tem toneladas de experiência nas costas. 
O baterista Chad Szeliga é um dos muitos pistoleiros de aluguel “descobertos” pelo ursão Zakk Wylde, que tem mão cheia para escolher bons músicos. O bom baixista Robbie Crane tem extenso currículo, que inclui gente como Ratt e Lynch Mob. Esquentando o banco deixado por Damon Johnson para a chegada futura de Christian Martucci (do Stone Sour), temos Luke Morley (do subestimado combo britânico de Blues Rock, Thunder) que faz bonito nas seis cordas, eclipsando parcialmente seu colega mais famoso. O que chega a ser curioso quando o tal colega atende pelo nome de Scott Gorham, o lendário axeman californiano do Thin Lizzy, que até está lá no palco, mas como tem ficado evidente de uns anos para cá tem deixado cada vez mais o protagonismo na banda em outras mãos. Mais especificamente, nas mãos tatuadas de Ricky Warwick, frontman, guitarrista e principal compositor do BSR, que detona com sua bela voz (com influência explícita do saudoso Phil Lynnot) e muito carisma (pudera, o cara já fez parte do New Model Army e conquistou o Reino Unido com o The Almighty na década de 1990). 
Ricky se recusa a deixar a banda, evidentemente desconhecida de boa parte do público, assumir o status de mero coadjuvante, comandando as ações com muita energia nos parcos 45 minutos de show munido de doses beneficamente equilibradas de simpatia e marra. E o resultado valeu o esforço, os aplausos ao final da apresentação foram muito além daquelas palmas respeitosas e protocolares. 
O quinteto sai do Metropolitan (esqueçam o nome idiota que a casa assumiu, por favor) com a certeza de ter angariado mais uma penca de fãs. Um pequeno grande show (NOTA: 9,00)



Black Star Riders
Alice In Chains

Com dois imensos e polêmicos praticados de iluminação em cada lado da bateria, o quarteto estadunidense começa seu set com a poderosa Check My Brain. Sim, iniciar o show em um festival com uma música que nem é do disco mais recente nem da fase clássica diz muito sobre o caráter do Alice In Chains, uma banda única que sempre trilhou um caminho igualmente único sem nunca comprometer seu som ou postura sob os ditames da mídia. 
A reverberação positiva pela maioria esmagadora do público que já enchia a casa (que nessa noite chegou a uns 70% da lotação, presumo) a esse surpreendente início de show mostra que o tortuoso caminho escolhido pelo renascido quarteto colheu seus frutos, aparentemente deixando para trás a envelhecida picuinha dos fãs de Metal/hard em relação à “geração Seattle”.

Mas se criativamente só tenho boas palavras a escrever sobre o AIC, já não consigo ser tão entusiasta do show dos caras. O peso monolítico das músicas em suas versões de estúdio diminui consideravelmente no ambiente dos palcos. Talvez o exímio Jerry Cantrell, com seu timbre idiossincrático e encardido, sinta falta de companhia. Não ajuda em muito o baixo do sempre preciso Mike Inez estar enterrado na mixagem (para desespero do bom Sean Kinney) e a guitarra eventual de DuVall parecer meramente cenográfica. Em determinado momento de um solo, visivelmente Cantrell olhou para o frontman com aquela cara de “caralho, cadê o som da sua guitarra?”.  
Mas esteve longe de ser um show ruim. 
O repertório foi montado lotado de clássicos entremeados com bem selecionados números dos (grandes) discos recentes, todos muito bem recebidos e cantados a plenos pulmões pelos fãs.  
Uma banda competente e precisa, mas que deixa a nítida sensação de que as faixas originais de estúdio têm mais energia do que suas contrapartes ao vivo.  
Ah, e nem adianta tentar culpar o “novato”. William DuVall merece um capítulo à parte, com sua esguia silhueta e portentoso afro (ok, não dá para não deixar de citar a semelhança dele com um jovem Hélio de La Peña), o cara é um achado. União rara de um grande talento com carisma e visual de rock star, o Alice In Chains conseguiu o pacote completo. Some a isso o fato da banda sempre prestar sua emocionante homenagem ao saudoso Layne Staley e as viúvas dificilmente poderão reclamar do que a banda se tornou. Enfim, um show competente e bem feito de uma banda que simplesmente funciona melhor em estúdio (NOTA: 7,50).



Alice In Chains

Judas Priest

Com o palco menos ornado de plataformas e estruturas mecanizadas do que em outras ocasiões, o quinteto britânico apostou acertadamente num visual baseado em projeções no imenso telão de fundo para adornar sua apresentação. Obviamente só foi possível atestar isso após a queda da bela cortina aos primeiros acordes da potente Firepower. Se a banda já havia se mostrado revigorada na turnê anterior, que marcara a efetivação de Richie Faulkner e a recuperação de Rob Halford após uma operação delicada que o salvou das dores lancinantes nas costas com as quais havia convivido por quase duas décadas, dessa vez a energia que emanava do palco se fazia quase palpável.

Que o diga a sequência quase inacreditável com Running Wild, GrinderSinner e The Ripper, cantadas de uma maneira tão perfeita que se calhasse de fechar os olhos eu bem poderia acreditar que Rob, do alto de 67 anos bem vividos, havia rejuvenescido uns 30 anos! A deusa do metal, muito mais solta no palco que em qualquer momento nos últimos 15 anos, estava em chamas. Mas não estava sozinho.

Halford, imponente
Faulkner, exatamente 30 anos mais novo que o patrão, quicava pelo palco, assumindo um protagonismo muito bem-vindo, em especial quando lembramos que a banda teria que suplantar a ausência de Glenn Tipton, impossibilitado de excursionar por conta dos efeitos da doença de Parkinson. Seu substituto (provisório), Andy Sneap (os cornos do Jason Statham), um guitarrista reconhecidamente técnico, agitava, mas de maneira comedida, como que respeitosamente mostrando que em nenhum momento intenciona “pegar o lugar” de um dos maiores ícones do gênero. Ian Hill, o Stênio Garcia Headbanger, fazia o mesmo papel que faz desde o início da banda, e Scott Travis, esse estava muito mais empolgado do que em qualquer outra das 7 vezes que vi a banda, inclusive brincando com a plateia ao microfone. A diferença de postura fica ainda mais clara quando lembramos que, desde a época do Ripper, a banda sistematicamente dava intervalos grandes entre uma música e outra. Aqui, os intervalos se resumiram a dois, para lá de mínimos.

Faulkner, em chamas
E quando uma banda como o Judas está com fogo nas ventas, amparada por um som perfeito (ainda que muito alto) do Metropolitan, resta um grande set list em mãos para termos uma noite memorável. E os caras são, das veteranas do metal, uma das bandas que mais resgata pérolas de sua discografia. E tome belezuras como Desert Plains, Night Comes Down e Freewill Burning (com uma anacrônica, mas inofensiva, homenagem ao Senna no telão, politizada de forma abobalhada por veículos de imprensa conservadores) dividindo terreno com as excelentes músicas do Firepower (No Surrender, Lightning Strike e Rising From Ruins), todas recebidas efusivamente pela mesma plateia que aplaudira o Alice In Chains antes. Isso sim é bonito de ver. Uma pena que na reta final o repertório (mais curto do que nas últimas turnês, uma exigência da idade?) acaba por descambar para as obviedades, como Hell Bent For Leather, Breaking The Law, Painkiller, Living After Midnight e You’ve Got Another Thing Coming. Não que isso seja exatamente ruim, cada uma dessas “obviedades”, merecedoras de espaço cativo no panteão dos grandes hinos do Metal, tendo feito o público quicar e cantar com emoção. Que é o que importa, afinal. E Painkiller, essa ganhou a melhor rendição que já vi a banda fazer dela ao vivo. Ao final do show, um dos melhores que já presenciei do Judas, os tradicionais sorrisos e agradecimentos e uma mensagem no telão “The Priest Will Be Back”. Que os Deuses do Metal assim permitam! (NOTA:10


When The Show Comes Down...

O Reino dos Metal Gods