Vuur - In This Moment We Are Free - Cities (Cd-2017) |
Anneke
Is Back In Town!
Por Trevas
Já se passaram 23
anos desde que Mandylion, terceiro
disco do enigmático The Gathering, apresentou a bela voz de Anneke Van Giersbergen ao
mundo. Embora a banda flertasse com tantos estilos diferentes dentro de sua
música, a aura Doom/Gothic Metal que
permeou Mandylion e o álbum
subsequente, Nighttime Birds, acabou por tornar Anneke uma espécie de musa da emergente
cena de bandas pesadas com vozes femininas. Essa identificação fez com que a
ruivinha, após sua saída da banda, em 2007, sempre fosse cobrada em seus
trabalhos solo pela falta de peso e flerte com a música alternativa. As várias
participações de Anneke em projetos
de Heavy Metal (Ayreon, Devin Townsend, Moonspell e
até mesmo Napalm Death) acabavam por aumentar a
ansiedade daqueles que ainda gostariam de ver a simpaticíssima cantora de volta
a uma banda efetivamente pesada.
Anneke lá nos idos de 1990 e fumacinha |
E esses anseios foram respondidos pela
criação de uma nova banda, na qual Anneke
se junta a amigos compatriotas com quem já tocara no passado. Jord Otto (Revamp) e Ferry Duijsens (Anneke) nas
guitarras, Joham Van Stratum (Stream Of Passion)
no baixo e o monstro Ed Warby (Gorefest, Ayreon) na
bateria. O nome escolhido, Vuur, soa
estranho. Mas ao que parece significa fogo, paixão, em holandês. Faz sentido. E
o primeiro trabalho é conceitual, trazendo 11 músicas inspiradas por cidades
que a cantora julga especiais, e por como a “vibe” de cada cidade desperta de maneira
diferente um sentimento de liberdade. Diferente e interessante, mas vamos ver
se musicalmente a coisa funciona.
O Disco
My Champion
– Berlin inaugura o disco de forma interessante, um som diferente, a
despeito do approach vocal lembrar seus primórdios no Gathering. A ligação com a antiga banda fica extremamente mais
clara em Time – Rotterdam, com seus
riffs que beiram o Doom e com Anneke cantando (e como canta!)
exatamente como fazia em Nighttime Birds.
The Martyr And The
Saint - Beirut já traz algo mais próximo do Prog
Metal, ainda que em nenhum momento
de maneira exibicionista e gratuita, as melodias ainda são o foco da música. E
por falar em melodias, a dramática The
Fire – San Francisco, traz algumas das mais fantasmagóricas que a ruivinha
já compôs em toda sua carreira.
Vuur, banda ou projeto? O tempo dirá... |
Freedom – Rio é a primeira faixa a
transitar por um clima mais alegrinho e afim da carreira solo da cantora. Falar
o tempo todo de Anneke faz parecer
que o instrumental aqui é mero objeto decorativo de fundo, o que está longe da
verdade. Brilhantemente produzida por Just
van der Broek (tecladista do After Forever e ReVamp, embora tenha resistido e não exista sequer um teclado evidente no disco), que assina todas as composições em parceria da vocalista e
outros membros da banda, a bolachinha deixa espaço para todos os excelentes
músicos brilharem. E talvez o melhor exemplo desse fato seja visto em Days Go By - London, primeira música de trabalho e, possivelmente, a melhor de
todo o repertório. Nela podemos apreciar as guitarras afiadas e ótimos solos de
Otto e Ferry, além da sempre acachapante bateria da máquina Ed Warby.
Ed que bate bem forte
na pesada Sail Away – Santiago, uma
música forte e de clima algo pesado, contrastando com a algo sonhadora Valley Of Diamonds- Mexico City. A
tranquilidade permeia de maneira um pouco mais soturna a boa Your Glorious Light Will Shine - Helsinki,
que traz ótimos solos de guitarra. As guitarras também são o destaque em Save Me – Istambul, a mais Heavy Metal de todo o disco. O link com o que a vocalista faz em sua
carreira solo (e com o que ela fez em seu último disco do Gathering) se dá na faixa de encerramento, Reunite! – Paris, que tem mesmo cara de fim de festa.
Veredito da Cripta
In This Moment We Are Free
– Cities é um daqueles
trabalhos que crescem a cada audição. Excelentemente bem produzido e tocado,
traz alguns dos melhores momentos da carreira de Anneke. E o que é melhor, está longe de soar como uma requentada do
que ela fizera no The Gathering. Embora
as comparações sejam inevitáveis devido a alguns padrões de melodias, Vuur é uma banda totalmente diferente,
menos minimalista e mais próxima ao heavy
metal, ainda que de enfoque moderno
e algo progressivo. Uma excelente estreia num dos melhores trabalhos de 2017.
NOTA: 8,94
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Gravadora:
Inside Out/Sony Music (Importado).
Pontos
positivos: excelentes canções, ótima produção...ah e a Anneke
Pontos
negativos: é definitivamente um disco que carece de algumas audições para
chegar aos ouvidos
Para
fãs de: The Gathering
Classifique como: Prog Metal, Metal Moderno
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