Motörhead - Under Cöver (Cd-2017) |
O Baú do Tio Crocotó!
Por Trevas
Under Cöver é o segundo
lançamento póstumo do Motörhead, e ao menos tem uma ideia não tão gasta por
detrás: uma compilação de covers que Lemmy
e companhia fizeram ao longo da carreira. Como todo bom caça níquel, o catadão
precisaria de algo inédito para chamar a atenção dos fãs de carteirinha da
banda, que provavelmente já terão quase tudo incluso nesta bolachinha, certo? Certo.
E existem duas faixas inéditas aqui, uma delas uma improvável versão para um
dos maiores clássicos do recém falecido David
Bowie, além de mais uma das
homenagens do Tio Crocotó a seus amigos da maior banda punk da história, os Ramones. O disco está disponível desde início de
setembro no Spotify, e deve ganhar
as prateleiras tupiniquins em breve. Vamos ao que interessa.
Catadão Fenömenal!
Com tanta música boa no repertório do Judas Priest, poderia soar broxante a escolha de Breaking The Law, a faixa mais batida da banda, para
o Motörhead coverizar. Mas,
convenhamos, ela é simples e direta, a cara de Lemmy e sua trupe. Só consigo pensar em como Grinder ficaria. Ela já havia parecido antes no tributo Hell Bent Forever e a
despeito da escolha óbvia, ficou bem legal. God Save The Queen tem até videoclipe (ver abaixo) e era uma das
muitas pérolas no subestimado We Are
Motörhead. Arrisco dizer que é bem mais legal que a versão original.
E
se um disco póstumo já soa quase sempre como oportunismo barato, o que pensar
dum disco póstumo que contém uma cover inédita para o maior clássico de outra
celebridade recém falecida? Pois é, é o que acontece com Heroes, do David Bowie. A versão que aparece aqui é bem
legal, ainda que a fragilidade de Lemmy
esteja estampada ao longo de seus pouco mais de quatro minutos. Uma escolha
surpreendente e que sabe-se lá como, acaba funcionando. Seguindo a mesma
lógica, Starstruck esteve presente
no excelente tributo póstumo ao baixinho Ronnie
James Dio, amigo pessoal de Lemmy.
A música, um bem escolhido lado B do Rainbow,
funcionou que é uma beleza naquele tributo. Naquela versão o próprio Lemmy, sabedor de sua limitação vocal,
deixou os mesmos com o “parça” Biff Byfford, do Saxon. Já na versão aqui presente a mixagem é diferente da que
consta em This Is Your Life, pois Lemmy aparece no refrão. Serve de
curiosidade, mas ficou melhor só com o Biff.
Sorry Lem.
Como
qualquer catadão que se preze, temos mais de uma formação da banda aparecendo
no disco. Mais especificamente o falecido Würzel
aparece em dois números, ambos originalmente contidos no injustamente
massacrado March Ör Die,
de 1992. O primeiro é a música mais emblemática de um dos artistas mais babacas
do rock estadunidense, o infame Ted Nugent, Cat Scratch Fever que é divertida e ficou bem
legal. Já o segundo não é exatamente um cover. Hellraiser é uma das músicas que Lemmy compôs para um desesperado Ozzy incluir no seu maior sucesso
comercial, No More Tears. Segundo o
tio crocotó, ele ganhou mais dinheiro fazendo essas músicas para o comedor de
morcegos do que com a carreira inteira do Motörhead.
E
por falar em dobradinhas, os Rolling
Stones aparecem em dois números por
aqui também. Chega a ser curioso que Lemmy,
fã declarado de Beatles e que em sua biografia zombara da fama de bad boys dos Stones, tenha tanto apreço pelo som dos
caras. Mas quem ganha com isso é a gente. Jumpin’
Jack Flash, que aparecera originalmente no excelente Bastards, ficou matadora. Já Sympathy
For The Devil poderia ter ficado bem melhor que a original, se a turma
tivesse tido a sacada de limar os chatos “uh-uh” que, sabe-se lá por escolha de
quem, infernizam nossos ouvidos desde o longínquo Beggars Banquet, de
1968.
Motörhead nas sessões de fotos para Bad Magic, Lemmy já no puro osso |
Mas se o apreço pelos Stones pode
ter pego muitos de surpresa, uma homenagem aos Ramones por parte de Lemmy se fazia quase obrigatória. As
duas bandas viviam trocando elogios e camaradagens, a despeito das desavenças
eventuais com o coxinha Johnny. Rockaway Beach é a segunda pérola inédita no catadão e obviamente funciona
bem, como se imaginaria, em se tratando de Motörhead tocando Ramones. E o que dizer do trio
encarnando Shoot’em Down do
igualmente divertido Twisted Sister? Irresistível? Sim ou claro?
O Metallica diz ter sofrido muita influência do Motörhead em sua sede por criar algo feroz e veloz. E na faixa que
encerra o disco, Lemmy desconstrói Whiplash e a transforma em algo que
claramente podia estar em Ace Of Spades
e/ou Overkill. Matadora.
Saldo Final
Under Cöver é o que é.
Um catadão repleto de material já conhecido confeitado com duas cerejas
inéditas. Impossível maquiar a cara de caça níqueis. Mas, porra, Motörhead foi uma das bandas mais
descompromissadas e divertidas da história do rock e sabia como ninguém converter
as músicas dos outros para seu estilo inimitável. Impossível não balançar a
cabeça e bater o pé ao som dessa compilação. Ponha para rodar, esqueça a rabugice
e relembre que temos que ser gratos por termos vivido neste planeta hostil na
mesma época que o Motörhead!
NOTA:
8,71
Gravadora:
Warner Records (Nacional).
Pontos
negativos: ok, é um caça níquel descarado.
Pontos
positivos: Quem se importa?
Para
fãs de: Motörhead, claro
Classifique como: Rock and Roll
Podiam tb lançar uma coletânea com as músicas q o Lemmy coverizou sem o MotörCabeça, a versão dele de Tie Your Mother Down é matadora.
ResponderExcluirAbs!!!
ML
Fala, Marcello
ExcluirNão seria nada mal!
Tie Your Mother Down ficou realmente sensacional!
Abraço
Trevas