sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Motörhead – Under Cöver (Cd-2017)

Motörhead - Under Cöver (Cd-2017)

O Baú do Tio Crocotó!
Por Trevas

Under Cöver é o segundo lançamento póstumo do Motörhead, e ao menos tem uma ideia não tão gasta por detrás: uma compilação de covers que Lemmy e companhia fizeram ao longo da carreira. Como todo bom caça níquel, o catadão precisaria de algo inédito para chamar a atenção dos fãs de carteirinha da banda, que provavelmente já terão quase tudo incluso nesta bolachinha, certo? Certo. E existem duas faixas inéditas aqui, uma delas uma improvável versão para um dos maiores clássicos do recém falecido David Bowie, além de mais uma das homenagens do Tio Crocotó a seus amigos da maior banda punk da história, os Ramones.  O disco está disponível desde início de setembro no Spotify, e deve ganhar as prateleiras tupiniquins em breve. Vamos ao que interessa.


Catadão Fenömenal!

Com tanta música boa no repertório do Judas Priest, poderia soar broxante a escolha de Breaking The Law, a faixa mais batida da banda, para o Motörhead coverizar. Mas, convenhamos, ela é simples e direta, a cara de Lemmy e sua trupe. Só consigo pensar em como Grinder ficaria. Ela já havia parecido antes no tributo Hell Bent Forever e a despeito da escolha óbvia, ficou bem legal. God Save The Queen tem até videoclipe (ver abaixo) e era uma das muitas pérolas no subestimado We Are Motörhead. Arrisco dizer que é bem mais legal que a versão original.


E se um disco póstumo já soa quase sempre como oportunismo barato, o que pensar dum disco póstumo que contém uma cover inédita para o maior clássico de outra celebridade recém falecida? Pois é, é o que acontece com Heroes, do David Bowie. A versão que aparece aqui é bem legal, ainda que a fragilidade de Lemmy esteja estampada ao longo de seus pouco mais de quatro minutos. Uma escolha surpreendente e que sabe-se lá como, acaba funcionando. Seguindo a mesma lógica, Starstruck esteve presente no excelente tributo póstumo ao baixinho Ronnie James Dio, amigo pessoal de Lemmy. A música, um bem escolhido lado B do Rainbow, funcionou que é uma beleza naquele tributo. Naquela versão o próprio Lemmy, sabedor de sua limitação vocal, deixou os mesmos com o “parça” Biff Byfford, do Saxon. Já na versão aqui presente a mixagem é diferente da que consta em This Is Your Life, pois Lemmy aparece no refrão. Serve de curiosidade, mas ficou melhor só com o Biff. Sorry Lem


Como qualquer catadão que se preze, temos mais de uma formação da banda aparecendo no disco. Mais especificamente o falecido Würzel aparece em dois números, ambos originalmente contidos no injustamente massacrado March Ör Die, de 1992. O primeiro é a música mais emblemática de um dos artistas mais babacas do rock estadunidense, o infame Ted Nugent, Cat Scratch Fever que é divertida e ficou bem legal. Já o segundo não é exatamente um cover. Hellraiser é uma das músicas que Lemmy compôs para um desesperado Ozzy incluir no seu maior sucesso comercial, No More Tears. Segundo o tio crocotó, ele ganhou mais dinheiro fazendo essas músicas para o comedor de morcegos do que com a carreira inteira do Motörhead.



E por falar em dobradinhas, os Rolling Stones aparecem em dois números por aqui também. Chega a ser curioso que Lemmy, fã declarado de Beatles e que em sua biografia zombara da fama de bad boys dos Stones, tenha tanto apreço pelo som dos caras. Mas quem ganha com isso é a gente. Jumpin’ Jack Flash, que aparecera originalmente no excelente Bastards, ficou matadora. Já Sympathy For The Devil poderia ter ficado bem melhor que a original, se a turma tivesse tido a sacada de limar os chatos “uh-uh” que, sabe-se lá por escolha de quem, infernizam nossos ouvidos desde o longínquo Beggars Banquet, de 1968.

Motörhead nas sessões de fotos para Bad Magic, Lemmy já no puro osso
Mas se o apreço pelos Stones pode ter pego muitos de surpresa, uma homenagem aos Ramones por parte de Lemmy se fazia quase obrigatória. As duas bandas viviam trocando elogios e camaradagens, a despeito das desavenças eventuais com o coxinha Johnny. Rockaway Beach é a segunda pérola inédita no catadão e obviamente funciona bem, como se imaginaria, em se tratando de Motörhead tocando Ramones. E o que dizer do trio encarnando Shoot’em Down do igualmente divertido Twisted Sister? Irresistível? Sim ou claro?

O Metallica diz ter sofrido muita influência do Motörhead em sua sede por criar algo feroz e veloz. E na faixa que encerra o disco, Lemmy desconstrói Whiplash e a transforma em algo que claramente podia estar em Ace Of Spades e/ou Overkill. Matadora.


Saldo Final

Under Cöver é o que é. Um catadão repleto de material já conhecido confeitado com duas cerejas inéditas. Impossível maquiar a cara de caça níqueis. Mas, porra, Motörhead foi uma das bandas mais descompromissadas e divertidas da história do rock e sabia como ninguém converter as músicas dos outros para seu estilo inimitável. Impossível não balançar a cabeça e bater o pé ao som dessa compilação. Ponha para rodar, esqueça a rabugice e relembre que temos que ser gratos por termos vivido neste planeta hostil na mesma época que o Motörhead!


NOTA: 8,71


 
Gravadora: Warner Records (Nacional).
Pontos negativos: ok, é um caça níquel descarado.
Pontos positivos: Quem se importa?
Para fãs de: Motörhead, claro
Classifique como: Rock and Roll



2 comentários:

  1. Podiam tb lançar uma coletânea com as músicas q o Lemmy coverizou sem o MotörCabeça, a versão dele de Tie Your Mother Down é matadora.
    Abs!!!
    ML

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    Respostas
    1. Fala, Marcello
      Não seria nada mal!
      Tie Your Mother Down ficou realmente sensacional!
      Abraço
      Trevas

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