segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Curtas: Claustrofobia, Oceans Of Slumber, Trees Of Eternity, High Spirits

Claustrofobia, Oceans Of Slumber, Trees Of Eternity, High Spirits


Claustrofobia - Download Hatred (Cd-2016)
Claustrofobia – Download Hatred (Cd-2016)

Ódio Musicado

O sexto disco dos paulistas do Claustrofobia começa de forma avassaladora com a faixa título, que me remeteu aos bons momentos dos mestres poloneses do Vader. A produção absurda do britânico Russ Russell (que já trabalhou com nomes tão variados quanto Napalm Death, New Model Army, Amorphis e...Evil Scarecrow!?!?!?) só veio a melhorar o que já era bastante bom. São dez faixas que alternam entre velocidade e brutalidade frenéticos (Blasphemous Corruption, My Own Victory) e peso mastodôntico cadenciado (Sinking, The Greatest Temptation). Temos ainda alguns convidados especiais, que absolutamente não soam nada gratuitos (Shane Embury, Andreas Kisser e Moyses Kolesne).


Tudo aqui soa coeso e os 40 minutos de música passam voando numa audição brutalmente agradável. Marcus D’Angelo achou um novo parceiro para suas guitarras que estreou com o pé direito (Douglas Prado), e a cozinha formada por Daniel Bonfogo e Caio D’Angelo é das melhores do estilo no Brasil. Como grandes destaques, guardaria a faixa título, a quebrada Inverted Faith e a absurda My Own Victory. A grande maioria do material se encontra na língua de Shakespeare, praticamente o idioma oficial do mundo do metal, mas a bolachinha se encerra de maneira surpreendente com duas músicas em português, a virulenta Curva (com solo do onipresente Andreas Kisser) e a autoexplicativa Paulada (bônus para a edição brasuca). Mais um grande disco do Claustrofobia!


NOTA: 8,36


Pontos positivos: visceral e muito bem feito
Pontos negativos: nada a destacar
Para fãs de: Morbid Angel, Krisiun, Vader
Classifique como: Death Metal/Thrash Metal


Nossos amigos Claustrofóbicos

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Oceans Of Slumber - Winter (Cd-2016)
Oceans Of Slumber – Winter (Cd-2016)

Ecletismo Sorumbático

Quando o Metal Progressivo dos Texanos do Oceans of Slumber tomou de assalto meu aparelho de som, a primeira coisa que saltou aos ouvidos foi a bela e poderosa voz de Cammie Gilbert, um talento raro. A última vez que me mostrei tão impressionado com uma vocalista nova foi quando ouvi Mlny Parzon do Royal Thunder pela primeira vez. E se você já ficou desinteressado pela banda assim que citei Progressivo, pode ficar tranquilo(a), Winter, o disco, vai muito além da xaropagem masturbatória comum do estilo. O que temos aqui é uma mistura de referências que vem de lugares tão distantes quanto Gothic Rock, Death Metal, Doom, Ambient, Folk, Rock Alternativo e tudo o mais que existe no meio. Tudo feito de maneira tão sutil que os ouvidos nunca ficam confusos. Duvida? Assista do vídeo da faixa título aqui embaixo.


Winter é um disco com belos momentos e ocasionalmente bem original, mas está longe da perfeição. Batendo uma hora de duração, a montanha russa de agressividade/calmaria (eles se saem muito melhor nos momentos mais calmos, como a chata e pesada Apologue nos joga na cara) tende a enjoar um pouco. Dá a impressão que a banda por vezes se perde na ambiência e relega a qualidade das composições a um segundo plano. Não que não existam grandes composições, a doce Lullaby, a alternativa Suffer the Bridge (totalmente absolutamente descaradamente Royal Thunder) e a já citada faixa título são muito boas e a cover para Nights In White Satin do Moody Blues ficou melhor que boa parte das outras 789 releituras que a manjada música ganha anualmente. Um disco muito bom de uma banda que, aparadas algumas arestas, ainda pode brindar a gente com trabalhos imperdíveis no futuro.


NOTA: 8,14


Pontos positivos: belos vocais e belos momentos
Pontos negativos: os belos momentos por vezes se diluem em composições não tão boas
Para fãs de: Royal Thunder, The Gathering, Pain Of Salvatiom
Classifique como: Prog Metal

Cammie e sua trupe
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Trees Of Eternity - Hour Of the Nightingale (Cd-2016)

Trees Of Eternity – Hour Of The Nightingale (Cd-2016)

Enya Goes Doom

E por falar em clima soturno e bela voz feminina, esse é o ponto de partida desse Trees Of Eternity, projeto capitaneado pelo guitarrista do Swallow the Sun - Juha Raivio - e pela vocalista Sul-Africana radicada na Suécia, Aleah Stanbridge. Mas se a história do Oceans Of Slumber é de uma banda com um futuro em aberto, aqui resta a tristeza. O projeto nasceu de uma colaboração de Aleah para uma música de um dos discos do STS. Raivio resolveu experimentar algumas alternativas à música e descobriu que a jovem vocalista tinha uma gama de ideias que permeavam o Doom e a New Age sombria. Raivio e Aleah lançaram uma demo em 2013 com o embrião do que seria o primeiro disco. Um contrato com uma gravadora britânica alavancou a parceria e assim Hour foi composto. Mas quis o destino que Aleah nunca chegasse a ver seu sonho realizado: em abril de 2016, um agressivo câncer pôs fim à vida da talentosa cantora.


A gravadora então perdeu o interesse no desenvolvimento do projeto, mas lançar Hour Of The Nightingale se tornou uma questão de honra para Raivio, e em novembro de 2016 o disco viu a luz do dia, lançado por um pequeno selo finlandês. O que escutamos aqui é a mistura exata entre Doom/Gothic Metal e...Enya! A voz sussurrante e bela de Aleah faz das sorumbáticas My Requiem e Eye Of The Night verdadeiras odes ao lado sombrio do mundo. A bela Condemned to Silence é engrandecida pela presença da voz de Mick Moss, do Antimatter. A Million Tears tem um quê de My Dying Bride. Já a faixa título combina luz e sombra de maneira perfeita com pitadas de Ennio Morricone. A ótima The Passage carrega mais um pouco no Doom Metal, como o faz também o matador encerramento com Gallows Bird, contando com a voz imponente de Nick Holmes (Paradise Lost). Uma belíssima homenagem póstuma a um talento que nos deixou cedo demais. Altamente recomendado!


NOTA: 9,06


Pontos positivos: belos vocais e clima sombrio e denso
Pontos negativos: é um disco bem atmosférico e lento, não deve agradar aos amantes da velocidade
Para fãs de: My Dying Bride, The Gathering
Classifique como: Doom Metal, Gothic Metal


Trees of Eternity - Raivio na extrema esquerda, Aleah ao centro. RIP

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High Spirits - Motivator (Cd-2016)
High Spirits – Motivator (Cd-2016)

Exército de Um Homem (Com Mullets) Só

Motivator é o terceiro disco de estúdio do grupo estadunidense High Spirits. O som aqui é bastante calcado numa mistura do Heavy Metal da primeira metade dos anos 1980 com algo de AOR. Após uma rápida introdução instrumental somos arremessados a boa Flying High. This Is The Night segue com guitarras que remetem a Thin Lizzy e Foghat e linhas melódicas que não ficariam estranhas nos momentos mais roqueiros dos discos do Foreigner ou Journey. Já Reach for the Glory tem suas guitarras iniciais chupadas de Aces High, com um refrão que esbarra no brega. A produção tem a cara daqueles discos de 1978 a 1983 e salvo alguns timbres nas guitarras que por vezes dão a impressão que algo está fora da afinação, é tudo bastante bem feito.


E aqui cabe uma curiosidade, embora a banda se apresente num formato de quinteto ao vivo, aqui no estúdio é tudo executado pelo multi-instrumentista Chris Black, figura rodada na cena estadunidense. Do You Wanna Be Famous certamente estouraria em alguma rádio rock nos idos de 1984. Haunted By Love é mais uma com aquela cara de single-esquecido de 1984. Aliás, essa é a fórmula que se repete ao longo dos parcos 29 minutos da bolachinha. Mas a despeito de ao longo do percurso ficarmos com aquela impressão que as referências a faixas conhecidas de AOR e Metal beiram o plágio, é tudo tão incrivelmente bem feito e com um ar descompromissado que não vale a pena se agarrar à rabugice. Um deleite para os fãs daquela época em que as bandas da NWOBHM e derivados começaram a polir um pouco mais seu som.


NOTA: 8,00


Pontos positivos: parece um disco perdido de meado dos anos 1980
Pontos negativos: parece um disco perdido de meado dos anos 1980
Para fãs de: NWOBHM, em sua fase mais comercial
Classifique como: NWOBHM, em sua fase mais comercial


Chris Black, ou High Spirits...não, ele não tem Mullet...

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