Revivendo a NWOBHM
Por
Trevas
Uma Festa Ploc Metálica
Fósseis
vivos da New Wave Of British Heavy Metal
(NWOBHM), Satan e Saxon trilharam
caminhos bem diferentes em suas carreiras até o ano de 2015. O Saxon, sempre presente, desafiou
modismos, rachas internos, descrença por parte da mídia britânica, mas nunca
perdeu seu posto. Mesmo que esse posto seja no panteão da segunda liga dos Deuses
do Metal. Já o Satan nunca teve
estabilidade, mesmo em seu glorioso início. Court In the Act catapultou o nome dos cabruncos de Newcastle na
preferência dos headbangers oitentistas, mas desde então a banda teve uma vida
errática, migrando de nome duas vezes até o encerramento das atividades (ver
histórico nesse post da Cripta). Em 2004 o retorno da formação clássica
aconteceu, e aos poucos a ideia de lançar novo material foi amadurecida, até
que 2013 viu o nascimento de Life
Sentence, uma peça nostálgica feita com tanto esmero e garra que ganhou as
listas de melhores do ano ao redor do globo. E aqui na Cripta não foi
diferente. Quis o destino que em 2013 o Saxon
também lançasse um de seus melhores trabalhos, o excelente Sacrifice.
Produção
E
não é que 2015 viu as duas bandas novamente nos brindando com trabalhos saídos do
forno? As coincidências também dão as caras em detalhes da produção: ambas ao
encargo de produtores que também são guitarristas. No caso do Saxon, o britânico Andy Sneap, guitarrista do Sabbat
e do Hell, produtor de inúmeras
pérolas do metal moderno. Já pelo lado do Satan,
o italiano Dario Mollo (The Cage, Voodoo Hill) capitaneou as
gravações. Nos dois casos é a segunda experiência dos produtores com as bandas
em questão.
Mas
o resultado é bem diferente. Enquanto Sneap,
tal qual em Sacrifice e nos discos
recentes do Accept, deu uma roupagem
moderna para o som clássico do Saxon.
Já Mollo praticamente repetiu a
fórmula absolutamente vintage que foi responsável por parte do sucesso
inesperado de Life Sentence.
Músicas
De nada adiantaria
dispor de magos por detrás da mesa de produção sem músicas que valham o
investimento. Para nossa sorte, nesse quesito as duas bandas estão muito bem,
obrigado.
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Saxon - Battering Ram |
Battering Ram
O Saxon começa seu disco com uma faixa
título pesada e competente, mas nada especial (ver vídeo), mas logo ganha o
jogo com pedradas como Devil’s Footprint,
Eye of the Storm e Destroyer.
Enfim, um disco para lá de bom de Heavy metal tradicional, traduzido
para 2015 pela ótima produção de Andy
Sneap. Biff continua com a voz
poderosa, sem dar nenhum sinal de envelhecimento. Doug Scarratt e Paul Quinn
formam uma dupla de guitarras que parece se comunicar por telepatia, e poucas
bandas da história do metal clássico tiveram uma cozinha tão boa quanto a formada
por Nibbs Carter e o subestimado Nigel Glockler. Mas mesmo com todos
esses abençoados atributos, não dá para deixar de notar que algumas faixas parecem
caminhar confortavelmente demais em território conhecido, problema que afeta em
especial Top of the World e Hard and Fast. Um toque épico e
progressivo trazem Kingdom of the Cross
e Queen Of Hearts para um lugar de
destaque, em especial essa última, talvez o grande destaque do disco.
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Saxon |
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Satan - Atom By Atom |
Atom By Atom
Já o Satan envereda por outras paragens. O grito
algo desnecessário de Brian Ross nos
primeiros segundos do disco mostram de cara dois pontos importantes do novo
disco: 1. Brian sofre do mesmo mal
que Biff, e parece se recusar a
envelhecer; 2. O Satan se entrega de
corpo e alma aos anos 1980. Cara, e nenhuma dessas duas coisas é ruim, em absoluto.
Afora o berro inicial, Farewell
Evolution é deliciosa, e Atom By
Atom desfila riffs, solos e refrães memoráveis aos borbotões.
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Satan |
Quase
uma continuação sonora de Life Sentence,
Atom By Atom não tem nenhuma faixa dispensável, ao menos não para quem consegue
mergulhar na viagem nostálgica dos velhinhos. Steve Ramsey e Russ Tippings
desfilam sua magia nas seis cordas de uma maneira bem mais primitiva que os
colegas do Saxon, e por vezes isso
confere um charme a mais às músicas. A bateria de Sean Taylor é desenfreada, algo meio Philthy “Animal” Taylor, acompanhada por um baixo (cortesia de Graeme English) que sempre encontra um
espaço para desfilar suas linhas em meio à aparente confusão. Todas as faixas
garantem aquele arrepio na espinha do Headbanger mais empolgado, mas destacaria
My Own God, Ruination, a faixa título e a épica Fall Of Persephone das demais. Em suma, para quem acreditava que Life Sentence havia sido um feliz
acidente de percurso, Atom By Atom
faz-se um ainda mais feliz tapa na cara.
Saldo Final
Duas
grandes bandas da velha guarda na ponta dos cascos, uma atualizando seu som e a
outra revivendo o tempo perdido de uma era de ouro. Diria que o Satan pode até ter se saído melhor do
que o Saxon esse ano, mas na verdade
se há um vencedor aqui são os fãs de Heavy Metal em sua forma mais pura.
NOTAS:
BATTERING RAM: 81
ATOM BY ATOM: 90
Classifique como: Heavy
Metal Tradicional, NWOBHM
Para fãs de: Angel Witch,
Diamond Head, Judas Priest, Iron Maiden
Passe longe se: cara, tá
de sacanagem, né?
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