Enforcer, Ahab, Kadavar e Avatarium |
Enforcer - From Beyond (Cd-2015) |
Enforcer - From Beyond
(Cd-2015)
Irresistivelmente Veloz
Talvez o maior
expoente da New Wave Of Traditional
Heavy Metal (NWOTHM), a banda
sueca Enforcer volta com seu quarto
disco, tentando manter o lastro de sucesso que o disco anterior, Death By Fire, alcançou em 2013. Destroyer (ver vídeo) começa como manda
o figurino, veloz para cacete, ótimos riffs e aquelas melodias vocais que nos
tacam no meio de um moshpit em 1985. Aliás, de cara percebe-se que Olof Wikstrand, que além das guitarras
(divididas com maestria com Joseph Tholl)
responde pelos vocais da banda, está muito mais comedido em seus agudinhos, o
que é um grande ponto que me fez gostar mais desse trabalho que os anteriores. Undying Evil é excelente e parece saída
de um álbum nunca gravado pelo Grim
Reaper.
A
faixa título diminui a velocidade da bolachinha, mostrando que a banda também
se sai muito bem no terreno do mid tempo. A velocidade retorna com One With Fire e, sinceramente, fica
difícil não bater a cabeça com o disco até então, há até mesmo uma leve
referência ao Iron Maiden no meio da
faixa. A power ballad Below The Slumber por
vezes até lembra algo bem lá do início do WASP
e aqui a voz de Olaf esbarra no
limite do irritante, mas ainda assim a faixa é bem legal. Hungry They Will Come é o paraíso instrumental para os fãs da NWOBHM, lembrando aquelas pérolas que a
donzela fazia em seus primeiros dois discos. The Banshee, Farewell e Hell Will Follow são outras duas pedradas
velozes com refrães brilhantemente grudentos, essa última com algo de Motörhead em seu instrumental. Depois
da velocidade excruciante da maioria do material, a bolachinha encerra com uma
faixa épica e mid tempo, Mask Of Red
Death, infelizmente a única mais ou menos num disco quase perfeito. Mas não
se deixe enganar por essa pequena falha, From
Beyond é uma aula de metal tradicional à velocidade da luz!
NOTA: 90
Classifique como Speed
Metal, Metal Tradicional
Para fãs de Running Wild, Grim
Reaper, Iron Maiden, Anvil, Eciter, Razor
Passe longe se você só gostar de Funeral Doom
tocado à velocidade de uma tartaruga sifilítica.
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Baseado no livro homônimo do britânico William Hope Hodgson, uma obra de horror algo hermética publicada originalmente em 1907, The Boats Of the Glen Carrig é absolutamente o oposto do disco do Enforcer aí de cima. Lento, denso e muito, mas muito pesado, o som aqui emula com perfeição a atmosfera da horrenda história dos sobreviventes do naufrágio do Glen Carrig, que se defrontam com um indescritível horror em sua luta pela sobrevivência num mar infestado de seres nefastos. Alternando entre belos momentos semi-acústicos e riffs monolíticos, entre vozes lamuriosas e limpas (que fazem lembrar Opeth) e urros que parecem vindos das profundezas abissais, o disco tem apenas seis faixas, das quais só uma, The Red Foam (ver vídeo), tem menos de dez minutos de duração.
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Confesso que demorei um bocado a ceder aos encantos desse power trio alemão que faz um Retro Rock com pitadas de psicodelia e Stoner Rock. Talvez por estar cansado das 789 bandas surgindo ao mesmo tempo praticando esse estilo, eu não tenha dado a devida atenção ao escutar umas duas faixas do primeiro disco dos caras. Bom, sempre há tempo para corrigirmos nossas falhas curriculares, e no caso do Kadavar minha redenção vem justo com o novo disco, Berlin. Não precisou de muito mais que o riff inicial de Lord Of The Sky para me convencer que eu estava errado e diante de uma banda bem acima da média no estilo. A cozinha tem uma ótima pegada vintage (a saber, o batera Christoph “Tiger” Bartelt e o baixista Simon “Dragon” Bouteloup), as guitarras de Christoph “Lupus” Lindemann são diretas, sempre contendo riffs grudentos e com peso na medida. A voz do mesmo Lupus talvez seja o ponto fraco, com aquele timbre algo Ozzy, como em Last Living Dinosaur, que pode afastar os mais exigentes.
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Quando Leif Edling anunciou o fim do Candlemass, confesso que me senti dividido. Por um lado, uma de minhas bandas favoritas deixaria de existir. Por outro lado, o então último disco, Psalms From The Dead, era tão mixuruca que dava a entender que Leif encerrara as atividades pelo motivo certo: a fonte havia secado, enfim. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com o anúncio do lançamento do primeiro disco de seu novo projeto, pessimamente nomeado Avatarium (não consigo deixar de reclamar desse nome horrendo, sorry). Lançado em 2013, o disco homônimo mostrava um Leif revigorado, fazendo uma versão Light do Candlemass misturada com Occult rock, psicodelia e elementos setentistas. Tudo muito bem feito e empolgante, não tivesse escutado o disco só em meados do ano seguinte ele teria figurado na minha lista para 2013. Quando foi anunciado esse The Girl With The Raven Mask, fui conferir com a certeza de um grande trabalho. Infelizmente não é o caso.
Enforcer, forçando (ugh) anos oitenta através de nossas goelas |
Ahab - The Boats Of the Glen Carrig (Cd-2015) |
Ahab -The Boats Of The
Glen Carrig (Cd-2015)
Sailing the Seas Of
Doom!
Baseado no livro homônimo do britânico William Hope Hodgson, uma obra de horror algo hermética publicada originalmente em 1907, The Boats Of the Glen Carrig é absolutamente o oposto do disco do Enforcer aí de cima. Lento, denso e muito, mas muito pesado, o som aqui emula com perfeição a atmosfera da horrenda história dos sobreviventes do naufrágio do Glen Carrig, que se defrontam com um indescritível horror em sua luta pela sobrevivência num mar infestado de seres nefastos. Alternando entre belos momentos semi-acústicos e riffs monolíticos, entre vozes lamuriosas e limpas (que fazem lembrar Opeth) e urros que parecem vindos das profundezas abissais, o disco tem apenas seis faixas, das quais só uma, The Red Foam (ver vídeo), tem menos de dez minutos de duração.
Todos
os discos do Ahab tem como temática
o mar e seus mistérios e sua sonoridade, tal qual o Mastodon conseguira com Leviathan,
nos transporta exatamente para dentro do convés de um navio fantasma. Uma
qualidade cinemática que contagia o ouvinte, numa obra bastante interessante de
Funeral Doom para ser escutada de
ponta a ponta, desde o clima de aventura de The Isle, passando pelo desespero de The Weedmen, culminando com a redenção em The Light In The Weed. Um discaço que felizmente me foi apresentado
pelos antenados colegas do Música
Ofensiva.
NOTA: 89
Classifique como: Doom
Metal, Funeral Doom
Para fãs de: My Dying
Bride, Cathedral, Opeth de quinhentos anos atrás
Passe longe se metal tocado à velocidade de
tartaruga sifilítica te irritar.Nossos amigos do Ahab nas barcas, indo para Niterói |
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Kadavar - Berlin (Cd-2015) |
Kadavar - Berlin (Cd-2015)
Mofo do Bom
Confesso que demorei um bocado a ceder aos encantos desse power trio alemão que faz um Retro Rock com pitadas de psicodelia e Stoner Rock. Talvez por estar cansado das 789 bandas surgindo ao mesmo tempo praticando esse estilo, eu não tenha dado a devida atenção ao escutar umas duas faixas do primeiro disco dos caras. Bom, sempre há tempo para corrigirmos nossas falhas curriculares, e no caso do Kadavar minha redenção vem justo com o novo disco, Berlin. Não precisou de muito mais que o riff inicial de Lord Of The Sky para me convencer que eu estava errado e diante de uma banda bem acima da média no estilo. A cozinha tem uma ótima pegada vintage (a saber, o batera Christoph “Tiger” Bartelt e o baixista Simon “Dragon” Bouteloup), as guitarras de Christoph “Lupus” Lindemann são diretas, sempre contendo riffs grudentos e com peso na medida. A voz do mesmo Lupus talvez seja o ponto fraco, com aquele timbre algo Ozzy, como em Last Living Dinosaur, que pode afastar os mais exigentes.
Mas
ao contrário de boa parte dos grupos do estilo, e contrariando até mesmo a
impressão que o nome passa, o Kadavar
tem algo de alto astral em seu som. As faixas, quase todas abaixo dos quatro
minutos e bem legais, vão direto ao ponto, não dando tempo de enjoar do som dos
caras. Feito bastante interessante em tempos onde as bandas confundem
complexidade forçada e com criatividade. Além da trinca que abre o disco,
destacaria The Old Man, Into The Night
e Stolen Dreams acima do restante do
material da bolachinha, que cai ligeiramente de qualidade na sua segunda metade,
mas ainda assim soando interessante o suficiente para merecer uma conferida.
Algumas edições contam ainda com a viajandona versão para Reich Der Träume, faixa da carreira solo de Nico (Velvet Underground)
como um interessante bônus, mostrando uma outra faceta dos alemães.
NOTA: 82
Classifique como: Retro
Rock, Stoner
Para fãs de: Graveyard, Witchcraft,
Hellacopters, Black Sabbath
Passe longe se a onda vintage cheirar a mofo e
ervas ilícitas demais para você.Kadavar aproveitando Floripa com a galera do Música Ofensiva |
Avatarium - the Girl With the Raven Mask (Cd-2015) |
Avatarium – The Girl With
The Raven Mask
Candlemass Desnatado
Quando Leif Edling anunciou o fim do Candlemass, confesso que me senti dividido. Por um lado, uma de minhas bandas favoritas deixaria de existir. Por outro lado, o então último disco, Psalms From The Dead, era tão mixuruca que dava a entender que Leif encerrara as atividades pelo motivo certo: a fonte havia secado, enfim. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com o anúncio do lançamento do primeiro disco de seu novo projeto, pessimamente nomeado Avatarium (não consigo deixar de reclamar desse nome horrendo, sorry). Lançado em 2013, o disco homônimo mostrava um Leif revigorado, fazendo uma versão Light do Candlemass misturada com Occult rock, psicodelia e elementos setentistas. Tudo muito bem feito e empolgante, não tivesse escutado o disco só em meados do ano seguinte ele teria figurado na minha lista para 2013. Quando foi anunciado esse The Girl With The Raven Mask, fui conferir com a certeza de um grande trabalho. Infelizmente não é o caso.
A
faixa título, um raro momento de velocidade na bolachinha, parece um remake
mequetrefe de Black Dwarf. De resto temos uma espécie de Candlemass desnatado
genérico, com aquele clima de ocultismo servindo como uma cortina de fumaça
para esconder riffs e refrões genéricos e estruturas musicais preguiçosas. Claro
que existem bons momentos, como o peso etéreo de Ghostlight e a acelerada Run
Killer Run, essa a que mais difere do restante do material, apostando mais no
clima setentista. De resto, a bela voz de Jennie-Ann Smith, cujo timbre garante
a autenticidade do som dos caras, é quem salva o material da mediocridade absoluta.
Uma pena.
NOTA: 68
Classifique como: Retro
Rock, Doom Metal
Para fãs de: Purson, Jess
And the Ancient Ones
Passe longe se não for fanboy do Leif.Jennie-Ann, a garota com a voz bonita tenta fazer com que a gente não durma... |
Enforcer é uma das poucas bandas desse estilo que eu curto. É mais reto, sem músicas engraçadinhas. O Ahab apareceu em um monte de listas de melhores do ano, mas só fui escutar por agora, achei muito massa. Kadavar é s2 e o Avatarium (pior nome) até que me agradou nessa música, vou conferir outras pra ver se continuo nessa vibe.
ResponderExcluirFala, André
ResponderExcluirO que costuma me irritar na NWOTHM é a insistência em vocais ultra-agudos all the time.
O Ahab foi culpa da lista do Lucas.
Avatarium é um dos piores nomes da história...não costumo gostar desses nomes latinizados, muito comuns em bandas góticas e de extremo.
Abraço
T