sábado, 5 de dezembro de 2015

Blue Öyster Cult – The Columbia Albums Collection (Box Set – 2012)



Bem Vindo Ao Culto
Por Trevas

Do preconceituoso mote de um crítico musical “The thinking men’s heavy metal band”, à oportunista  propaganda “a resposta americana ao Black Sabbath”, muitos já tentaram definir o som do Blue Öyster Cult (ou BÖC). O fato é que se trata de uma das bandas mais estranhas da história do rock pesado, mas que ainda assim influenciou gente tão diferente quanto Bruce Dickinson, Lizzy Borden, Ville Valo (HIM), os finlandeses do Tarot e o mala do Lars Ulrich (que tem em Tattoo Vampire uma de suas músicas favoritas).

O infame BÖC
Uma das bandas da moda, o polarizador de opiniões Ghost, se utiliza em muito de preceitos explorados exaustivamente pelo BÖC: aura mística, simbolismos por vezes fake e a estranha sonoridade que ora é pesada, ora parece uma versão capiroteada para os Beatles. Em suma, uma de minhas bandas favoritas e que merece ao menos uma checada por qualquer fã de rock pesado. Sua discografia não é tão longa para uma banda que está na ativa (ainda que não produza nada de novo há cerca de 10 anos), e em se tratando do período clássico, a mesma se concentra em uma gravadora só, a Columbia Records. E a Columbia, como a maioria das grandes gravadoras, perdeu em muito sua arrecadação. Nesses tempos difíceis, tem sido muito comum a exploração do catálogo de bandas tidas como clássicas, em pacotes que variam muito em termos de qualidade de apresentação, material inédito e até mesmo em preço (vide o para lá de proibitivo Box Set do Motörhead). A ideia aqui não é centrar a avaliação na qualidade musical do BÖC, tendo em vista que provavelmente só estará disposto a investir uma grana em um Box Set quem efetivamente for fã da banda. Nesse caso, dividirei a resenha em quatro partes: apresentação do material, conteúdo musical, preço e uma rápida abordagem crítica de cada álbum. É a primeira resenha desse tipo aqui na Cripta, espero que vocês gostem.

Apresentação

O Box Set segue os moldes do que a Columbia fez com o catálogo do Judas Priest anteriormente, e mais recentemente, com o Kansas. Uma caixa de papelão com design gráfico simples e não muito atrativo, com a traseira contendo algumas das capinhas dos discos inclusos e uma explicação pouco detalhada do material incluso (ver imagens abaixo).

Visão geral do Box Set.
Caixa aberta e detalhe de um dos Mini LPs (maldito foco, hehe)
Os discos inclusos estão em formato Mini-LP, com o design replicando os lançamentos originais. Por exemplo, Agents of Fortune replica sua capa dupla, apesar de ser um disco simples. As informações às costas de cada Mini-LP também remetem à prensagem original, ou seja, nada de informação sobre faixas bônus. Essas informações, tal qual os créditos de produção dos álbuns, estão inclusas no livreto de 40 páginas encartado no Box. O livreto também traz um breve prefácio assinado por Lenny kaye, o eterno parceiro de Patti Smith (moça que colaborou com o BÖC com alguma frequência), e algumas fotos interessantes. Tal qual o caso do Box do Judas Priest, o grande furo é que o livreto está todo em preto e branco, o que contribui para a impressão de que a gravadora não se esforçou tanto na apresentação do material quanto deveria.


Conteúdo Musical

Todo o material incluso no box se refere ao período em que a banda foi contratada da Columbia. E na verdade isso abarca quase toda a carreira dos caras, só excetuando dois discos mais recentes de estúdio e mais um ao vivo. Estamos falando de 16 cds e um DVD. Os discos de estúdio, onze no total, serão rapidamente avaliados ao final da resenha. Os três discos ao vivo da discografia original são todos excelentes e tem como trunfo centrarem seus repertórios em uma fase específica da banda. Os dois discos restantes estão focados em raridades. “Rarities” traz 19 faixas entre takes ao vivo, demos e uma introdução falada não utilizada para o álbum Imaginos por ninguém menos que Stephen King. Já The Best Of the Broadcasts traz 13 faixas ao vivo extraídas de 4 shows diferentes. Um material redundante, já que os quatro shows na íntegra fazem parte de outro material bônus do Box sob a forma de um código para download encartado em um folheto em separado.

Material bônus: Rarities, Best Of the Broadcasts e o folheto para download dos 4 shows.
As versões dos discos são todas remasterizadas, com ótima qualidade de áudio. Uma pena que só alguns títulos possuam material bônus. No caso dos discos de estúdio, os que contém faixas bônus são os cinco primeiros. Dos discos ao vivo, apenas Some Enchanted Evening, que também vêm com sua contraparte visual em DVD, ainda que a qualidade do material desse último seja muito mais próxima da de um Bootleg do que de um Home Video oficial. De qualquer forma, o Box traz um material bastante extenso e para lá de satisfatório.

Preço

Bom, a avaliação desse item fica extremamente prejudicada pelo momento econômico atual, com a cotação do dólar atingindo a estratosfera.  Na loja da Amazon, o Box Set está cotado em 100 doletas. Já no Mercado Livre o preço varia entre 575-650 Dilmas. Esse valor chega a quase o dobro de Box sets semelhantes, como nos casos dos pacotes do Judas, ZZ Top e Kansas. Por outro lado, ainda vale bastante mais a pena do que comprar as versões remasterizadas para os mesmos discos em separado. Em suma, não é um Box Set barato. À época (2012), consegui comprar o mesmo por cerca de 270 Dilmas, um preço para lá de justo.

Apanhado Crítico

Os dois primeiros discos, Blue Öyster Cult (NOTA 81) e Tyranny and Mutation (NOTA 83), preparam o terreno com sua estranheza e originalidade para a obra máxima da banda, Secret Treaties (ver resenha na Cripta). Essa primeira fase está representada no ao vivo On Your Feet Or On Your Knees.

Secret Treaties
A banda alcança o estrelato com Don’t fear the Reaper, de Agentes Of Fortune (NOTA 80), amansando o som com Spectres (NOTA 78) – rendendo outro ao vivo, o famigerado Some Enchanted Evening, em Cd e DVD -  e com Mirrors (NOTA 83). A chegada da NWOBHM fez com que os caras respondessem revitalizando seu som, com Cultösaurus Erectus (NOTA 83) e com o excelente Fire Of Unknown Origin (NOTA 90). Essa fase se encerra com o disco ao vivo Extraterrestrial Live.

Extraterrestrial Live
Daí para a frente o material flerta em muito com o AOR, se tornando bastante irregular. The Revolution By Night (NOTA 70) ainda se salva, mas Club Ninja (NOTA 57) e Imaginös (NOTA 63) vivem de uma ou duas músicas cada, sendo quase uma unanimidade negativa entre os fãs da banda.   

Saldo Final

Tivesse a Columbia caprichado um pouquinho mais na apresentação gráfica do material e teríamos em mãos um excelente exemplo de Box Set. Mas ainda assim, mesmo com o preço algo salgado, temos um vasto material que agradará tanto àqueles que não possuíam nada da banda quanto àqueles colecionadores que apenas querem renovar sua coleção, trocando as magras prensagens iniciais em CD pelas vitaminadas versões remasterizadas. Ah, e se você é um dos muitos que não compra mais mídias físicas mas leu essa resenha e não conhece a banda, faça o favor de baixar e dar a devida atenção a uma banda única na história do rock.


Saudações

Nenhum comentário:

Postar um comentário