sábado, 19 de setembro de 2015

Metalmorphose – Fúria dos Elementos (Cd -2015)

Metalmorphose - Fúria dos Elementos (Cd - 2015)
A Fúria Inspirada dos Veteranos!!
Por Trevas

Uma das pioneiras do Heavy Metal brasuca, a Metalmorphose surgiu em 1983 e escreveu seu nome na história ao lançar o Split Ultimatum, em conjunto com a mítica Dorsal Atlântica, em 1985. Sempre senti a banda como uma prima tupiniquim de bandas clássicas do metal Estadunidense surgidas sob a influência da NWOBHM, em especial Armored Saint e Riot. Com o diferencial da escolha pela língua portuguesa como forma de passar suas mensagens, dando uma cara única ao resultado final. Infelizmente os anos 1980 passaram sem que a banda conseguisse deixar sua marca em obras oficiais, encerrando suas atividades em 1989 e rumando a passos largos para um não merecido esquecimento por parte de muitos headbangers mais jovens.

Metalmorphose na época da arca de noé...
Eis que em 2008 um show comemorativo mudou esse destino fatalista por completo e com parte de sua formação clássica completada por outros craques veteranos com longa lista de serviços prestados em prol do rock nacional, a banda recuperou o material perdido de sua juventude através de compilações e um disco ao vivo e se arriscou até mesmo a remar contra a maré e lançar um disco com material novo. Surge então Máquina dos Sentidos, um baita disco que mostrou que o tempo não apagara em nada a sede da banda por destilar seu metal tradicional com equilíbrio entre o romantismo do metal oitentista de suas origens e um bem vindo toque de classe proporcionado pela experiência e rodagem na cena.


Seguiu-se uma turnê devidamente registrada através de um combo CD + DVD, Máquina Ao Vivo e então somos agraciados com a promessa de uma nova bolachinha, intitulada Fúria dos Elementos, contando com bela apresentação gráfica num digipack caprichado.

Fúria Em Detalhes

Marcas do Tempo abre o disco num tom algo sombrio e pesado e apesar do bom refrão linha de baixo marcante e ótimos solos (e uma convenção bacana com bateria à lá Bill Ward), não soa como a escolha ideal para abrir um disco. Mas talvez a intenção tenha sido justamente essa, iniciar de maneira inesperada. A acelerada música de trabalho Corda Bamba sim é a típica abertura de um disco de metal, direta ao ponto e grudenta pacas. Aliás, a produção de Gustavo Andriewiski deixou tudo com aquela pegada ao vivo que faz tão bem à sonoridade de bandas de metal tradicional.


O início de Puro Prazer faria Phil Lynnot abrir um sorriso de satisfação, e depois a música segue uma toada bem anos 1980, com um interlúdio bem legal. Porrada....bem essa faixa é uma...porrada? Uma música tão simples, divertida e direta que você fica encasquetado de como não haviam pensado nela antes! A épica e algo sombria Acorrentado demorou um pouco a me conquistar, mas se trata de uma música muito bem construída e que casa bastante bem com a letra.

Metalmorphose 2015 - too old to rock and roll? NOT!!
O nível cai um bocado com a fraca Ninguém é Maior que Você e a não tão inspirada Sinais Trocados, mas as pedradas Espanhola e Vá Para o Inferno (primeira música de trabalho) logo colocam as coisas de volta nos trilhos, preparando o terreno para uma de minhas favoritas do disco (e da banda), a épica Evolução. Contando com uma performance absurda de todos os integrantes (o que toca o rinoceronte branco Delacroix nessa faixa, camarada?) e um arranjo com elementos sinfônicos bem colocados, a música dribla a letra algo esquisita com um final para lá de apoteótico, com solos e dobras de guitarra de fazer chorar os fãs de NWOBHM, cortesia da dupla dinâmica Marcos Dantas e PP Cavalcante. Não me canso de escutar as guitarras dessa música! Excelente!


Me Leve Embora evoca o espírito do Candlemass em seu início e final, o mais perto de um Doom Metal que a banda já chegou. Talvez o material mais moderno e variado da bolachinha, a música não faz feio, e conta com ótima performance de Tavinho, mostrando uma capacidade de interpretação que falta a muita gente da nova safra. A majestosa Luta e Glória poderia se perder ao juntar dobras de guitarra, orquestrações, coral e piano em seus mais de sete minutos. Poderia, mas não se perde não. Um clássico obrigatório nos novos shows, certamente. E se você é daqueles que acha que metal em português não funciona, faça um favor a vossa pessoa e escute essa música, ok!?

Saldo Final
Para aqueles que encararam com algum ceticismo o retorno do Metalmorphose à ativa, Fúria dos Elementos é uma resposta para lá de convincente. Novamente a banda mostra um material ainda melhor do que o de sua juventude. Quantos grupos de metal agarraram uma segunda chance com tamanha gana? Um discaço, altamente recomendado.

NOTA: 82

Prós:
Grandes performances e músicas inspiradas.

Contras:
Só tem contra indicação para quem não consegue ouvir metal em outra língua que não o inglês.

Classifique como: Heavy Metal

Para Fãs de: Armored Saint, Riot, Jag Panzer

Ficha Técnica
Banda: Metalmorphose
Origem: BRA
Disco (ano): Metalmorphose: Fúria dos Elementos (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Rising Records/ Voice Music

Faixas (duração): CD  - 12 (60’).

Produção: Gustavo Andriewiski
Arte de Capa: Imaginativa Design

Formação:
Tavinho Godoy – voz;
PP Cavalcante – guitarra;
Marcos Dantas – Guitarra;
André Bighinzoli – baixo, teclados e voz;
André Delacroix – bateria.

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