Metalmorphose - Fúria dos Elementos (Cd - 2015) |
A Fúria Inspirada dos Veteranos!!
Por Trevas
Uma das pioneiras do Heavy
Metal brasuca, a Metalmorphose surgiu
em 1983 e escreveu seu nome na história ao lançar o Split Ultimatum, em conjunto com a mítica Dorsal Atlântica, em 1985. Sempre senti a banda como uma prima
tupiniquim de bandas clássicas do metal Estadunidense surgidas sob a influência
da NWOBHM, em especial Armored Saint e Riot. Com o diferencial da escolha pela língua portuguesa como forma
de passar suas mensagens, dando uma cara única ao resultado final. Infelizmente
os anos 1980 passaram sem que a banda conseguisse deixar sua marca em obras
oficiais, encerrando suas atividades em 1989 e rumando a passos largos para um
não merecido esquecimento por parte de muitos headbangers mais jovens.
Metalmorphose na época da arca de noé... |
Eis que em 2008 um show comemorativo mudou esse destino fatalista por
completo e com parte de sua formação clássica completada por outros craques
veteranos com longa lista de serviços prestados em prol do rock nacional, a
banda recuperou o material perdido de sua juventude através de compilações e um
disco ao vivo e se arriscou até mesmo a remar contra a maré e lançar um disco
com material novo. Surge então Máquina
dos Sentidos, um baita disco que mostrou que o tempo não apagara em nada a
sede da banda por destilar seu metal tradicional com equilíbrio entre o
romantismo do metal oitentista de suas origens e um bem vindo toque de classe
proporcionado pela experiência e rodagem na cena.
Seguiu-se
uma turnê devidamente registrada através de um combo CD + DVD, Máquina Ao Vivo e então somos
agraciados com a promessa de uma nova bolachinha, intitulada Fúria dos Elementos, contando com bela
apresentação gráfica num digipack caprichado.
Fúria Em Detalhes
Marcas do Tempo abre o disco num tom
algo sombrio e pesado e apesar do bom refrão linha de baixo marcante e ótimos
solos (e uma convenção bacana com bateria à lá Bill Ward), não soa como a escolha ideal para abrir um disco. Mas
talvez a intenção tenha sido justamente essa, iniciar de maneira inesperada. A
acelerada música de trabalho Corda Bamba
sim é a típica abertura de um disco de metal, direta ao ponto e grudenta pacas.
Aliás, a produção de Gustavo Andriewiski
deixou tudo com aquela pegada ao vivo que faz tão bem à sonoridade de bandas de
metal tradicional.
O início de Puro Prazer faria
Phil Lynnot abrir um sorriso de
satisfação, e depois a música segue uma toada bem anos 1980, com um interlúdio
bem legal. Porrada....bem essa faixa
é uma...porrada? Uma música tão simples, divertida e direta que você fica
encasquetado de como não haviam pensado nela antes! A épica e algo sombria Acorrentado demorou um pouco a me conquistar,
mas se trata de uma música muito bem construída e que casa bastante bem com a
letra.
Metalmorphose 2015 - too old to rock and roll? NOT!! |
O nível cai um bocado com a fraca Ninguém
é Maior que Você e a não tão inspirada Sinais
Trocados, mas as pedradas Espanhola e Vá Para o Inferno (primeira música de
trabalho) logo colocam as coisas de volta nos trilhos, preparando o terreno
para uma de minhas favoritas do disco (e da banda), a épica Evolução. Contando com uma performance
absurda de todos os integrantes (o que toca o rinoceronte branco Delacroix nessa faixa, camarada?) e um
arranjo com elementos sinfônicos bem colocados, a música dribla a letra algo esquisita
com um final para lá de apoteótico, com solos e dobras de guitarra de fazer chorar
os fãs de NWOBHM, cortesia da dupla
dinâmica Marcos Dantas e PP Cavalcante. Não me canso de escutar
as guitarras dessa música! Excelente!
Me Leve Embora evoca o espírito do Candlemass em seu início e final, o
mais perto de um Doom Metal que a
banda já chegou. Talvez o material mais moderno e variado da bolachinha, a
música não faz feio, e conta com ótima performance de Tavinho, mostrando uma
capacidade de interpretação que falta a muita gente da nova safra. A majestosa Luta e Glória poderia se perder ao
juntar dobras de guitarra, orquestrações, coral e piano em seus mais de sete
minutos. Poderia, mas não se perde não. Um clássico obrigatório nos novos
shows, certamente. E se você é daqueles que acha que metal em português não
funciona, faça um favor a vossa pessoa e escute essa música, ok!?
Saldo Final
Para
aqueles que encararam com algum ceticismo o retorno do Metalmorphose à ativa, Fúria
dos Elementos é uma resposta para lá de convincente. Novamente a banda
mostra um material ainda melhor do que o de sua juventude. Quantos grupos de
metal agarraram uma segunda chance com tamanha gana? Um discaço, altamente
recomendado.
NOTA: 82
Prós:
Grandes
performances e músicas inspiradas.
Contras:
Só tem contra
indicação para quem não consegue ouvir metal em outra língua que não o inglês.
Classifique
como: Heavy Metal
Para Fãs de: Armored
Saint, Riot, Jag Panzer
Ficha Técnica
Banda: Metalmorphose
Origem: BRA
Site Oficial: http://metalmorphose.com.br/
Disco (ano): Metalmorphose:
Fúria dos Elementos (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Rising
Records/ Voice Music
Faixas
(duração): CD - 12 (60’).
Produção: Gustavo
Andriewiski
Arte de Capa: Imaginativa
Design
Formação:
Tavinho Godoy –
voz;
PP Cavalcante –
guitarra;
Marcos Dantas –
Guitarra;
André
Bighinzoli – baixo, teclados e voz;
André Delacroix –
bateria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário