sábado, 21 de setembro de 2019

Sammy Hagar & The Circle – Space Between (CD-2019)



Sammy & Seus Mijoetes
Por Trevas

Sammy Hagar é incansável. Próximo de completar 72 bem vividos verões, o cabelo de miojo não precisaria mexer mais um músculo sequer para viver bem ainda que sobrevivesse por mais 200 anos. Desde seu debut fonográfico com o lendário primeiro disco do Montrose, Sammy fez fortuna com sua carreira solo, pulou dela para capitanear a fase comercialmente mais opulenta do Van Halen, nesse interim virou um barão das tequilas (só a venda de sua marca de Tequilas para uma gigante do ramo garantiu a bagatela de 100 milhões de doletas), montou outra marca de rum e é dono de dezenas de casas noturnas e restaurantes premiados. Então quando parecia ter se contentado em usar sua banda de festas (os Waboritas) para produzir descompromissados discos solo, voltou a estourar as paradas de sucesso com o surpreendente supergrupo Chickenfoot. Como a logística para juntar as quatro partes dessa banda se tornou complexa demais, criou então o tal The Circle. No cast, Jason Bonham (filho “du hômi”), Michael Anthony (o baixo e voz salvadora do Diamond Dave no Van Halen), Sammy e seu escudeiro dos Waboritas, Vic Johnson. Os shows iam de vento em popa, disputados e lotados, com clássicos da carreira solo, Montrose, Chickenfoot e VH. Mas Sammy queria mais, e com essa trupe resolve então gravar um disco de inéditas. Seu 27º da carreira, e primeiro conceitual. A temática, o distanciamento das relações humanas no mundo atual, centrando no papel dicotômico que o dinheiro (ou falta dele) tem nesse fenômeno.

Uma tarde qualquer em uma mansão em Cabo San Lucas
Mas Space Between começa morno que só. The Devil Came To Philly e Full Circle Jam se sucedem com estranhos fade-outs, dando sempre a impressão de vinhetas mal aproveitadas que preparam o terreno para algo maior e mais impressionante. Algo que nunca vem exatamente a acontecer...Can’t Hang já parece mais uma música completa, bacana, mas aquém do que se esperaria do time.


Ah, falando do time, é claro que a musicalidade aqui não é de baixo nível. Sammy aos 71 está com sua voz intacta, somente menos histriônica que no passado. Jason Bonham e Michael Anthony formam uma baita cozinha. Vic Johnson é um bom guitarrista, ainda que sempre me deixe a impressão de que tem menos capacidade que o próprio patrão em seus tempos de guitar-hero. A produção de Jaimeson Durr, com Sammy e Vic é cristalina, bem pés no chão, com a clara intenção de soar como um disco de rock simples. E é isso mesmo que Space Between entrega. Wide Open Space é uma daquelas baladas típicas de Sammy, mas definitivamente não uma das mais inspiradas. E nem as letras puxam tudo para o alto, convenhamos. A coisa melhora consideravelmente com a realmente boa e vigorosa Free Man, um Classic Rock vitaminado com toques de modernidade ao estilo do primeirão do Chickenfoot.


Bottom Line e No Worries devolvem a triste sensação do desperdício de ideias em faixas que nem servem bem como vinhetas nem como canções completas. Sammy precisou então regurgitar o riff virulento de I’ve Got The Fire para acordar a trupe, na excelente Trust Fund Baby. Segundo Sammy, uma maneira de fazer justiça ao fato de Montrose nunca ter creditado a ele a música original. Bom, Montrose ganhou citação como co-autor aqui, nesta que é de longe a melhor coisa em todo o disco.



Daí para frente, temos a esquecível Affirmation e o círculo fechando com Hey Hey, nos levando de volta à ideia da abertura, comprovando que definitivamente Space Between não vai mesmo a lugar algum. Ah, e como o tema central das letras gira em torno de dinheiro, faça-se um favor e não desperdice o seu com essa pouquíssimo inspirada bolachinha (NOTA: 6,54)

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Gravadora: BMG Records (importado)
Prós: ótima produção, algumas ideias perdidas
Contras: o disco nunca deslancha
Classifique como: Hard Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Montrose, Sammy Hagar, Chickenfoot


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