Sammy
& Seus Mijoetes
Por
Trevas
Sammy Hagar
é incansável. Próximo de completar 72 bem vividos verões, o cabelo de miojo não
precisaria mexer mais um músculo sequer para viver bem ainda que sobrevivesse
por mais 200 anos. Desde seu debut
fonográfico com o lendário primeiro disco do Montrose, Sammy fez fortuna
com sua carreira solo, pulou dela para capitanear a fase comercialmente mais
opulenta do Van Halen, nesse interim virou um barão das tequilas (só a venda de sua
marca de Tequilas para uma gigante do ramo garantiu a bagatela de 100 milhões
de doletas), montou outra marca de rum e é dono de dezenas de casas noturnas e
restaurantes premiados. Então quando parecia ter se contentado em usar sua
banda de festas (os Waboritas) para
produzir descompromissados discos solo, voltou a estourar as paradas de sucesso
com o surpreendente supergrupo Chickenfoot.
Como a logística para juntar as quatro partes dessa banda se tornou complexa
demais, criou então o tal The Circle. No cast, Jason Bonham (filho “du hômi”), Michael Anthony (o baixo e voz salvadora do Diamond Dave no Van Halen), Sammy e seu
escudeiro dos Waboritas, Vic Johnson. Os shows iam de vento em popa, disputados e lotados, com
clássicos da carreira solo, Montrose,
Chickenfoot e VH. Mas Sammy queria
mais, e com essa trupe resolve então gravar um disco de inéditas. Seu 27º da
carreira, e primeiro conceitual. A temática, o distanciamento das relações
humanas no mundo atual, centrando no papel dicotômico que o dinheiro (ou falta
dele) tem nesse fenômeno.
Uma tarde qualquer em uma mansão em Cabo San Lucas |
Mas Space Between começa morno que só. The Devil Came To Philly
e Full Circle Jam se sucedem com
estranhos fade-outs, dando sempre a impressão de vinhetas mal aproveitadas que
preparam o terreno para algo maior e mais impressionante. Algo que nunca vem exatamente
a acontecer...Can’t Hang já parece mais uma música
completa, bacana, mas aquém do que se esperaria do time.
Ah, falando do time, é claro que a musicalidade aqui não é de baixo
nível. Sammy aos 71 está com sua voz
intacta, somente menos histriônica que no passado. Jason Bonham e Michael Anthony formam uma baita cozinha. Vic Johnson é um bom
guitarrista, ainda que sempre me deixe a impressão de que tem menos capacidade
que o próprio patrão em seus tempos de guitar-hero. A produção de Jaimeson Durr, com Sammy e Vic é cristalina, bem pés no chão, com
a clara intenção de soar como um disco de rock simples. E é isso mesmo que Space Between entrega. Wide Open Space é uma daquelas baladas típicas de Sammy, mas definitivamente não uma das mais inspiradas. E nem as
letras puxam tudo para o alto, convenhamos. A coisa melhora consideravelmente
com a realmente boa e vigorosa Free Man, um Classic Rock vitaminado
com toques de modernidade ao estilo do primeirão do Chickenfoot.
Bottom Line e No Worries
devolvem a triste sensação do desperdício de ideias em faixas que nem servem bem
como vinhetas nem como canções completas. Sammy
precisou então regurgitar o riff
virulento de I’ve Got The Fire para
acordar a trupe, na excelente Trust Fund Baby. Segundo Sammy, uma
maneira de fazer justiça ao fato de Montrose
nunca ter creditado a ele a música original. Bom, Montrose ganhou citação como co-autor aqui, nesta que é de longe a
melhor coisa em todo o disco.
Daí para frente, temos a esquecível Affirmation
e o círculo fechando com Hey Hey, nos levando de volta à ideia da
abertura, comprovando que definitivamente Space
Between não vai mesmo a lugar algum.
Ah, e como o tema central das letras gira em torno de dinheiro, faça-se um
favor e não desperdice o seu com essa pouquíssimo inspirada bolachinha (NOTA: 6,54)
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Gravadora: BMG Records (importado)
Prós: ótima produção, algumas ideias
perdidas
Contras: o disco nunca deslancha
Classifique como: Hard Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Montrose, Sammy Hagar, Chickenfoot
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