Memoriam
– Requiem For Mankind (CD-2019)
Terceira
Batalha Vencida
Três discos em três
anos é um feito e tanto para os tempos modernos, ainda mais quando se trata de
uma banda formada por veteranos da cena Death.
Mas é exatamente esse o prolífico caminho trilhado pelo supergrupo britânico, uma
espécie de coalisão entre os baluartes Benediction
e Bolt Thrower. Se o monumental disco de estreia nos presenteou com uma
sonoridade que refletia a mistura das bandas de origem com uma improvável e
bem-vinda dose de Doom, o segundo
rebento, The Silent Vigil, apostou em
uma atmosfera menos inspirada, mais crua e direta.
O novo disco, com lançamento
nacional pela Shinigami Records, parece apostar na fusão desses
dois mundos distintos. A produção de Russ
Russell (Amorphis, At The Gates, Claustrofobia) definitivamente corrige
o problema do antecessor e Shell Shock abre o trabalho com a energia
esperada, seguida da indefectível Undefeated.
A aura Death Old School remete em
muito o que se esperaria do Bolt Thrower nos dias de hoje, com os
latidos de Karl Willets soando tão virulentos quanto no passado. Há temas de
guitarra (por Scott Fairfax) que fazem menção ao Doom, mas de maneira menos opressora
que no disco de estreia. Ainda que careça de algum destaque individual passível
de figurar como novo clássico da cena, difícil imaginar que algum fã do estilo
possa se decepcionar ao terminar a audição dos 48 minutos de Requiem For Mankind (NOTA: 8,42)
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: pesado e denso
Contras: fica aquém do disco de estreia
Classifique como: Death Metal
Para Fãs de: Bolt Thrower
Guerra, você não sabe o que é guerra! |
Fates Warning – Live Over Europe
(2CDs-2018)
Uma
Aula Dos Veteranos do Prog Metal
Exatos 20 anos após Still Life, os veteranos pioneiros do Prog Metal lançam seu
segundo trabalho ao vivo de carreira (Awaken
the Guardian Live está mais
para um álbum comemorativo, juntando inclusive ex-membros de outra era em
detrimento da banda atual). A decisão de fazer desse belo Digibook duplo um apanhado de várias apresentações da digressão
Europeia para o magistral Theories Of Flight
me deixou com a pulga atrás da orelha. Soaria o novo trabalho como um corte e
cola desorientado, sem aquela sensação de continuidade que é uma das mágicas de
um bom show?
Bom, bastaram três faixas do
primeiro disco para aplacar minha desconfiança: com o bruxo Jens Bogren cuidando da mixagem, não teve erro. Além da homogeneidade ao
longo dos 136 minutos (e 23 faixas) de Live
Over Europe, o que temos aqui é uma amostra fidedigna da força do
quinteto estadunidense ao vivo. Ao contrário da murchidão que afeta 99% das
bandas de Prog Metal ao vivo, o Fates Warning soa aqui com uma energia e
vitalidade invejáveis, muito mais reminiscentes do metal do que do progressivo,
bem que se diga. Misturando magistralmente faixas do novo trabalho com
clássicos e Lados B, Live Over Europe se mostra um dos melhores registros ao vivo de um subgênero
que costuma soar bem melhor em estúdio (NOTA:
10)
Gravadora: Inside Out (importado)
Prós: um ao vivo bem...vivo!
Contras: duas horas e blau de prog metal
podem ser demais
Classifique como: Prog Metal
Para Fãs de: Queensrÿche, Conception
Conta mais sobre essa história de que banda de Prog Metal ao vivo não tem energia... |
Enforcer
– Zenith (CD-2019)
Farofa
Speed Com Laquê
Um dos destaques
absolutos da NWOTHM, o quarteto
sueco Enforcer chega a seu quinto
trabalho de estúdio enfrentando pela primeira vez uma saraivada de críticas.
Pudera, logo de cara somos confrontados com Die For The Devil, faixa de trabalho que deve muito mais a bandas como WASP ou Motley Crüe do que ao Speed Metal Old School que se esperaria
dos caras. A polêmica aumenta ainda mais quando se chega a Regrets, um xarope de groselha com chorume tão ruim que faria o Michael Sweet se morder de inveja por não ter composto isso antes para seu
hediondo Stryper. Mas, convenhamos,
de resto até que o disco não é assim tão distante do que o Enforcer fez no passado quanto andam alardeando por aí.
Zenith
Of The Black Sun faz justiça ao posto de faixa título, Searching For You reascende a veia Speed, só que com um refrão mais
radiofônico. Mesma coisa para End Of A
Universe. Sail On tem toques de progressivo nos riffs
e Forever We Worship The Dark faz
bem a fusão entre o lado épico e a farofagem. A produção de Olaf e Jonas Wikstrand pode não
ser o que há de mais caprichado, mas serve bem ao cenário “oitentista”
escolhido. Olaf continua com seu
vocal miado, mas cada vez mais contido nos exageros agudos, o que ajuda na
palatabilidade do material. Enfim, Zenith
pode até não ser a paulada esperada pelos fãs, mas há de se admitir que sua
atmosfera mais polida e os flertes cada vez mais presentes com o Hard até que rendem uma diversão
honesta. (NOTA: 7,31)
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: divertido
Contras: a mistura tendendo demais para o
Hard pode afastar muita gente
Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal
Para Fãs de: WASP, Motley Crüe, Skullfist
Motlenforcer |
Conception
– My Dark Symphony (EP-2018)
Re:torno Por:re:ta
Uma das bandas mais
enigmáticas de seu tempo, a norueguesa Conception
sumiu sem grande alarde, deixando para trás um quarteto de discos únicos. Seu
último suspiro se deu com o brilhante e revolucionário Flow, que no distante ano de 1997 já antecipara boa parte dos
maneirismos multidisciplinares que o Heavy
Metal assumiria mais para frente. Roy Khan ainda carregaria seus vocais melancólicos para salvar o Kamelot da mesmice por um bom tempo
antes de ser acometido por um misterioso chamado religioso. Tore Ostby faria um disco seminal (Burn
The Sun) com o Ark. Mas logo
os dois sumiriam de cena, parecendo fadados ao mesmo ostracismo que enterrara o
Conception nas areias do tempo. Qual
não foi minha surpresa (e felicidade) ao ouvir a notícia do retorno do quarteto,
em uma bem-sucedida campanha de Crowdfunding
para confecção de um single e um EP
de retorno? Checando a bolachinha, fico ainda mais abismado pelo quanto que Flow soa atual: My Dark Symphony parece soerguer exatamente do
horizonte deixado por seu primo distante.
Re:Conception
prepara um terreno melancólico e futurista para a bela Grand Again. A sutileza
de cada peça no arranjo de faixas aparentemente simples dando a pista do por
que o Conception era tão único. Tore continua caprichando em timbres e
num minimalismo que me lembra a maturidade de Jim Matheos do Fates Warning. Roy reina
supremo, com seu vocal tão imitado ultimamente. Como todos os trabalhos que
vieram antes, My Dark Symphony cresce a cada audição, mas soa como um retorno
deliciosamente triunfal àqueles que gostam de um Prog Metal inteligente,
longe do método “melancia no pescoço” de um Dream Theater. Só fica
aqui a reclamação pela não inclusão da bela Feather Moves no EP. Ainda assim, um retorno belo e
sombrio! (NOTA: 8,63)
Gravadora: Conception Sound Factory
(importado)
Prós: soturno, belo e atemporal
Contras: por que não um disco completo?
Classifique como: Metal Progressivo
Para Fãs de: Fates Warning, Devin Townsend
Project
Pastor Khan e seu rebanho |
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