domingo, 15 de setembro de 2019

Curtas: Memoriam, Fates Warning, Enforcer & Conception







Memoriam – Requiem For Mankind (CD-2019)

Terceira Batalha Vencida

Três discos em três anos é um feito e tanto para os tempos modernos, ainda mais quando se trata de uma banda formada por veteranos da cena Death. Mas é exatamente esse o prolífico caminho trilhado pelo supergrupo britânico, uma espécie de coalisão entre os baluartes Benediction e Bolt Thrower. Se o monumental disco de estreia nos presenteou com uma sonoridade que refletia a mistura das bandas de origem com uma improvável e bem-vinda dose de Doom, o segundo rebento, The Silent Vigil, apostou em uma atmosfera menos inspirada, mais crua e direta. 



O novo disco, com lançamento nacional pela Shinigami Records, parece apostar na fusão desses dois mundos distintos. A produção de Russ Russell (Amorphis, At The Gates, Claustrofobia) definitivamente corrige o problema do antecessor e Shell Shock abre o trabalho com a energia esperada, seguida da indefectível Undefeated. A aura Death Old School remete em muito o que se esperaria do Bolt Thrower nos dias de hoje, com os latidos de Karl Willets soando tão virulentos quanto no passado. Há temas de guitarra (por Scott Fairfax) que fazem menção ao Doom, mas de maneira menos opressora que no disco de estreia. Ainda que careça de algum destaque individual passível de figurar como novo clássico da cena, difícil imaginar que algum fã do estilo possa se decepcionar ao terminar a audição dos 48 minutos de Requiem For Mankind (NOTA: 8,42)   


Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: pesado e denso
Contras: fica aquém do disco de estreia
Classifique como: Death Metal
Para Fãs de: Bolt Thrower

Guerra, você não sabe o que é guerra!
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Fates Warning – Live Over Europe (2CDs-2018)

Uma Aula Dos Veteranos do Prog Metal

Exatos 20 anos após Still Life, os veteranos pioneiros do Prog Metal lançam seu segundo trabalho ao vivo de carreira (Awaken the Guardian Live está mais para um álbum comemorativo, juntando inclusive ex-membros de outra era em detrimento da banda atual). A decisão de fazer desse belo Digibook duplo um apanhado de várias apresentações da digressão Europeia para o magistral Theories Of Flight me deixou com a pulga atrás da orelha. Soaria o novo trabalho como um corte e cola desorientado, sem aquela sensação de continuidade que é uma das mágicas de um bom show?


Bom, bastaram três faixas do primeiro disco para aplacar minha desconfiança: com o bruxo Jens Bogren cuidando da mixagem, não teve erro. Além da homogeneidade ao longo dos 136 minutos (e 23 faixas) de Live Over Europe, o que temos aqui é uma amostra fidedigna da força do quinteto estadunidense ao vivo. Ao contrário da murchidão que afeta 99% das bandas de Prog Metal ao vivo, o Fates Warning soa aqui com uma energia e vitalidade invejáveis, muito mais reminiscentes do metal do que do progressivo, bem que se diga. Misturando magistralmente faixas do novo trabalho com clássicos e Lados B, Live Over Europe se mostra um dos melhores registros ao vivo de um subgênero que costuma soar bem melhor em estúdio (NOTA: 10)

Gravadora: Inside Out (importado)
Prós: um ao vivo bem...vivo!
Contras: duas horas e blau de prog metal podem ser demais
Classifique como: Prog Metal
Para Fãs de: Queensrÿche, Conception  

Conta mais sobre essa história de que banda de Prog Metal ao vivo não tem energia...
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Enforcer – Zenith (CD-2019)

Farofa Speed Com Laquê

Um dos destaques absolutos da NWOTHM, o quarteto sueco Enforcer chega a seu quinto trabalho de estúdio enfrentando pela primeira vez uma saraivada de críticas. Pudera, logo de cara somos confrontados com Die For The Devil, faixa de trabalho que deve muito mais a bandas como WASP ou Motley Crüe do que ao Speed Metal Old School que se esperaria dos caras. A polêmica aumenta ainda mais quando se chega a Regrets, um xarope de groselha com chorume tão ruim que faria o Michael Sweet se morder de inveja por não ter composto isso antes para seu hediondo Stryper. Mas, convenhamos, de resto até que o disco não é assim tão distante do que o Enforcer fez no passado quanto andam alardeando por aí.



Zenith Of The Black Sun faz justiça ao posto de faixa título, Searching For You reascende a veia Speed, só que com um refrão mais radiofônico. Mesma coisa para End Of A Universe. Sail On tem toques de progressivo nos riffs e Forever We Worship The Dark faz bem a fusão entre o lado épico e a farofagem. A produção de Olaf e Jonas Wikstrand pode não ser o que há de mais caprichado, mas serve bem ao cenário “oitentista” escolhido. Olaf continua com seu vocal miado, mas cada vez mais contido nos exageros agudos, o que ajuda na palatabilidade do material. Enfim, Zenith pode até não ser a paulada esperada pelos fãs, mas há de se admitir que sua atmosfera mais polida e os flertes cada vez mais presentes com o Hard até que rendem uma diversão honesta. (NOTA: 7,31)

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: divertido
Contras: a mistura tendendo demais para o Hard pode afastar muita gente
Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal
Para Fãs de: WASP, Motley Crüe, Skullfist

Motlenforcer
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Conception – My Dark Symphony (EP-2018)

Re:torno Por:re:ta

Uma das bandas mais enigmáticas de seu tempo, a norueguesa Conception sumiu sem grande alarde, deixando para trás um quarteto de discos únicos. Seu último suspiro se deu com o brilhante e revolucionário Flow, que no distante ano de 1997 já antecipara boa parte dos maneirismos multidisciplinares que o Heavy Metal assumiria mais para frente. Roy Khan ainda carregaria seus vocais melancólicos para salvar o Kamelot da mesmice por um bom tempo antes de ser acometido por um misterioso chamado religioso. Tore Ostby faria um disco seminal (Burn The Sun) com o Ark. Mas logo os dois sumiriam de cena, parecendo fadados ao mesmo ostracismo que enterrara o Conception nas areias do tempo. Qual não foi minha surpresa (e felicidade) ao ouvir a notícia do retorno do quarteto, em uma bem-sucedida campanha de Crowdfunding para confecção de um single e um EP de retorno? Checando a bolachinha, fico ainda mais abismado pelo quanto que Flow soa atual: My Dark Symphony parece soerguer exatamente do horizonte deixado por seu primo distante.



Re:Conception prepara um terreno melancólico e futurista para a bela Grand Again. A sutileza de cada peça no arranjo de faixas aparentemente simples dando a pista do por que o Conception era tão único. Tore continua caprichando em timbres e num minimalismo que me lembra a maturidade de Jim Matheos do Fates Warning. Roy reina supremo, com seu vocal tão imitado ultimamente. Como todos os trabalhos que vieram antes, My Dark Symphony cresce a cada audição, mas soa como um retorno deliciosamente triunfal àqueles que gostam de um Prog Metal inteligente, longe do método “melancia no pescoço” de um Dream Theater. Só fica aqui a reclamação pela não inclusão da bela Feather Moves no EP. Ainda assim, um retorno belo e sombrio! (NOTA: 8,63)

Gravadora: Conception Sound Factory (importado)
Prós: soturno, belo e atemporal
Contras: por que não um disco completo?
Classifique como: Metal Progressivo
Para Fãs de: Fates Warning, Devin Townsend Project

Pastor Khan e seu rebanho






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