domingo, 1 de setembro de 2019

Amon Amarth – Berserker (CD-2019)




Mais Uma Pilhagem Bem-Sucedida
Por Trevas

O 11º trabalho de estúdio dos Vikings suecos do Amon Amarth chega num momento em que o quinteto navega seu Drakkar por águas curiosamente plácidas. Desde o lançamento de Twilight Of The Thunder God, em 2008, o que se viu foi o crescimento da banda no cenário, de maneira rápida e improvável. Ao ponto de assinarem com uma Major e se tornarem figuras constantes em qualquer festival do estilo que se preze, geralmente em posição de destaque. Definitivamente nada mal para um bando de grandalhões, hirsutos e feiosos, que usam de um Death Metal Melódico como canal para suas letras versando sobre mitologia nórdica e batalhas Vikings. Após o sucesso comercial (e de crítica) de Jomsviking, um de seus melhores trabalhos, o quinteto resolveu dar uma chacoalhada. Deixando Andy Sneap, o mago-produtor-fetiche de 10 entre 10 bandas de Metal, de lado, buscaram o premiado Jay Ruston (Stone Sour, Killswitch Engage, Anthrax e Meat Loaf) para capitanear as gravações do que viria a ser Berserker. Apesar de usar a lenda dos violentos guerreiros quase sobrenaturais aqui e ali, o disco não é conceitual, mas também não foge à temática padrão da banda. Aliás, o gigante vocalista Johan Hegg refuta que um dia a banda venha a abandonar as letras habituais. Estive pela Europa pouco após o lançamento de Berserker, estampado com destaque em grandes lojas (como a FNAC) e caríssimo mesmo para um lançamento. O disco vendeu que nem água. O show no GRASPOP foi fenomenal, uma superprodução amparada por um set list poderoso, com receptividade surreal por parte da plateia. Berserker figurou no Top 100 em nada mais nada menos que 20 países, repetindo o feito de atingir o topo das paradas alemães, como fizera Jomsviking. As resenhas ao redor do globo, majoritariamente positivas, indicam que a banda acertou seu machado no alvo novamente. Sucesso comercial à parte, lá vai a Cripta averiguar a fúria do alucinado guerreiro nórdico...

Prestobarba? Quer morrer moleque?

O valor alto cobrado pela bolachinha tem lá sua razão de ser, o belo e fino Digipack contém um encarte caprichado, repleto de liner notes explicando a inspiração histórica das letras. Aos primeiros instantes da abertura, com a poderosa Fafner’s Gold, logo se percebe também que Jay foi uma escolha acertada para a produção: um som cristalino e ao mesmo tempo poderoso. A bateria do estreante (em estúdio) Jocke Wallgren bem na cara, e Johan Hegg soando cavernoso como nunca (e esqueça as críticas de malas troozões reclamando de “vocais limpos” no disco, na verdade são alguns pequenos trechos declamados que nunca soam gratuitos). Fafner’s Gold é uma bela e promissora abertura.



Uma das faixas de trabalho, Crack The Sky é um hino Amonamarthiano virulento. Uma belezura midtempo feita para fazer os fãs pularem e cantarem junto à banda seu repetitivo, mas viciante, refrão.



É fácil encontrar por aí Bangers desiludidos com o Amon Amarth. Grande parte das reclamações são originárias da doença babacoide que atinge a ala Troozona dos fãs de Metal: toda vez que uma banda de coração alcança um sucesso grande demais e deixa de ser seu “tesourinho escondido”, a mesma “deixa de prestar”. Mas há sim aqui um fundo de verdade em algumas reclamações. Se outrora a banda se valia de um Death Metal Melódico de verdade, com traços de Metal Tradicional, hoje seu instrumental tem MUITO mais de Metal Tradicional, com os resquícios de Death Metal praticamente residindo no vocal de urso sifilítico de Johan. Mas convenhamos, você precisa ser um chato de galocha para conseguir não curtir uma belezura como a pesada e grudenta Mjolner, Hammer of Thor, um dos destaques do novo disco.



A tribal Shield Wall fez a felicidade da plateia ao vivo, moendo pescoços a torto e a direito, e sua versão em estúdio também bota em sério risco o mobiliário da sala. Valkyria chega e, ainda que boa o suficiente para não comprometer, empolga menos do que o material que a antecedeu.



Raven’s Flight foi a primeira faixa de Berserker a ser apresentada ao público. Pudera, talvez seja a melhor do disco, pesadíssima e forte candidata a clássico absoluto do Amon Amarth. Uma pena que daí para diante o trabalho perca um bocado de sua impressionante força.



E não é exatamente por que exista qualquer música ruim daqui em diante, todas são suficientemente boas para merecer seu espaço no bestiário dos suecos (vide a bela e diferente When Once Again We Can Set Our Sails). Talvez o grande erro da banda (e produtor) tenha sido não saber onde parar. Batendo quase uma hora de música, Berserker é de longe o trabalho mais longo da carreira dos suecos. E com uma produção poderosa, mas que forma uma parede de escudos sonora que pode cansar os ouvidos depois de uns 40 minutos, acaba minando o potencial do que poderia ser o melhor disco de toda a carreira do Amon Amarth. Ainda assim, estamos diante de um trabalho de respeito, que só deve consolidar ainda mais a reputação de um dos novos gigantes da cena. (NOTA: 8,61) 

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Gravadora: Metal Blade/Sony Music (Importado)
Prós: ótima produção, boas músicas
Contras: longo demais, perde força em sua reta final
Classifique como: Melodic Death Metal, Heavy Metal
Para Fãs de: Amorphis, At The Gates, Iron Maiden


4 comentários:

  1. Ainda tenho um bocado de senões para esse tipo de vocais e, também, pra toda essa coisa viking etc e tal tão clichezenta do metal em geral. Do pouco que venho acompanhando essa banda, essa "mudança" de gênero, que vem sendo bem gradual, me agrada profundamente, mas, mesmo assim, não é o tipo de som que eu consiga ficar escutando por mais de 30 minutos direto - um disco com uma hora de duração, véio, de uma vez só, mas nemfu!!!! KKKKKK
    Abração, mizifio!!
    ML

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    Respostas
    1. Fala, Lacerda!
      Então, o enfoque deles para o lance Viking definitivamente não é aquela coisa Manowaresca caricata. Até é bacana perceber que há uma pesquisa histórica que embasa as letras.
      Sobre os vocais, entendo pois já tive senões aos guturais. Mas uma vez que passei a gostar, dificilmente me causam problemas.
      Atualmente, não vejo com bons olhos nenhum disco de estúdio com uma hora de duração hehhehehe. Acho que 45 minutos é mais do que suficiente, com raríssimas exceções
      Abração
      T

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  2. Terceiro disco que meus vizinhos ouvem bastante!
    Aguardando sua nova parada pela Terrae Brasilis...

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