domingo, 13 de janeiro de 2019

Primordial – Exile Amongst The Ruins (Deluxe Edition – 2018)


Primordial - Exile Amongst The Ruins
Exilados Na Escuridão

O período que antecedeu a gestação do nono trabalho de estúdio dos titãs irlandeses do Black/Folk Metal viu um quinteto desalentado. Uma verdadeira encruzilhada criativa, diante da qual os experientes músicos questionaram veementemente a relevância do Primordial nos dias de hoje. Relutantes em prosseguir, mas teimosos demais para decretar o fim das atividades, o quinteto seguiu pela primeira vez em sua longa carreira para o estúdio sem nem uma linha escrita. Em seu site oficial, a banda passou a definir seu som apenas como heavy metal, o que evidencia o espírito e necessidade de libertação que os envolveu. Se nada das sessões de gravação agradasse a todos os envolvidos, o fim estaria decretado. Como Exile ganhou a luz do dia, sabemos que a história teve um final feliz. 

Rob Half...ehr, Primordial, 2018

Digibook

A edição Deluxe, aqui analisada, consiste em um belíssimo Digibook com encarte em papel especial que valoriza em muito a bela arte gráfica de Costin Chioreanu. Em miolos situados nas contracapas, temos os dois discos. O primeiro, o trabalho em si, com oito músicas. No segundo disco, 6 músicas entre versões instrumentais, ensaios e duas inéditas. Um caprichado pacote que agradará em cheio aos fãs de carteirinha. Quem é marinheiro de primeira viagem, melhor se ater mesmo à edição padrão.
Digibook do Exile

O Exílio

Nail Their Tongues, a apocalíptica faixa de abertura já mostra um bocado do que encontraremos ao longo da bolachinha: um Heavy Metal difícil de ser rotulado, mas sempre épico, intenso e pesado. Praticamente nenhum sinal de Folk pode ser entreouvido, e os resquícios de Black Metal se fazem presentes em uma ou outra voz rasgada e na bateria em sua reta final.



To Hell Or The Hangman segue explicitando ainda mais a liberdade que a banda almejou no novo trabalho. Ao ouvinte desavisado, o sinistro conto de traição e assassinato bem poderia ser confundido com um novo (e inspiradíssimo) single do misterioso combo gótico britânico Fields Of The Nephilim. Sim, o vocalista Allan AverillNemtheanga” soa aqui como um improvável filho bastardo do Carl McCoy com o Martin Walkyier (Skyclad). Uma das melhores faixas de um inspirado 2018.



Where Lies The Gods traz consigo os elementos folk, mas com um ar oriental, e sua letra inicia um tema frequente no disco, o das civilizações e feitos apagados e soterrados pelas areias do tempo. O tema é explorado ainda mais vividamente na faixa título, carregada de emoção. Ambas apoteóticas.




Nemtheanga e suas linhas melódicas fortes, voz carregada de emoção e ótimas letras pode até reinar absoluto ao longo do disco, mas a banda está longe, muito longe de ser formada por um amontoado de pernas-de pau. Os guitarristas Ciáran MacUiliam e Micheál Ó Floinn jogam para o time, num peso minimalista repleto de nuances e dinâmica. E a cozinha, essa é excelente, com as linhas inventivas de baixo de Pól MacAmhlaigh e a bateria variada e tribal de Simon Ó Laoghaire roubando a cena nas passagens instrumentais. A longa e matadora Upon Our Spiritual Deathbed, que migra de um som marcial para algo mais próximo ao heavy metal mais tradicional é um belo exemplo da versatilidade do quinteto, emoldurada pela produção sombria e acertadamente árida de Ola Ersfjord (Tribulation).




Stolen Years, a melancólica e calma faixa de trabalho, assustou alguns dos fãs da fase mais crua da banda, mas é bela e hipnótica e merece o posto de single do disco, ainda que sua aura, com algo de Katatonia, pouco represente o restante do material.




O disco se encerra com dois pesadíssimos épicos: Sunken Lungs com sua intrincada cozinha e novamente com aquele espírito de Fields Of The Nephilim sobressaindo; já Last Call é tão sombria e claustrofóbica que não ficaria nem um pouco deslocada em um disco do My Dying Bride.




Veredito da Cripta

A crise de meia idade fez um imenso bem aos Irlandeses. Diante da necessidade de se reinventar, o Primordial conseguiu criar uma obra densa e difícil de ser rotulada. Um trabalho daqueles que acabam por proporcionar uma atmosfera absolutamente imersiva, um louvável e incomum resultado. Um dos melhores discos de 2018 e forte concorrente a disco de cabeceira deste escriba aqui.


NOTA: 10


Visite o The Metal Club
Gravadora: Metal Blade Records (importado)
Prós: atmosfera densa, sombria e imersiva
Contras: pode parecer monótono aos mais imediatistas
Classifique como: Doom Metal, Black Metal
Para Fãs de: My Dying Bride, Enslaved, Fields Of The Nephilim


2 comentários:

  1. Porra, quando pinta banda de macho nessa merda é com disco bicha
    VTNC
    Danilo Z de volta muleke

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