Primordial - Exile Amongst The Ruins |
Exilados Na Escuridão
O período que
antecedeu a gestação do nono trabalho de estúdio dos titãs irlandeses do Black/Folk Metal viu um
quinteto desalentado. Uma verdadeira encruzilhada criativa, diante da qual os
experientes músicos questionaram veementemente a relevância do Primordial nos dias de hoje. Relutantes
em prosseguir, mas teimosos demais para decretar o fim das atividades, o
quinteto seguiu pela primeira vez em sua longa carreira para o estúdio sem nem
uma linha escrita. Em seu site oficial, a banda passou a definir seu som apenas
como heavy metal, o que evidencia o espírito e necessidade de libertação que os
envolveu. Se nada das sessões de gravação agradasse a todos os envolvidos, o
fim estaria decretado. Como Exile
ganhou a luz do dia, sabemos que a história teve um final feliz.
Rob Half...ehr, Primordial, 2018 |
Digibook
A edição Deluxe, aqui analisada, consiste em um
belíssimo Digibook com encarte em
papel especial que valoriza em muito a bela arte gráfica de Costin Chioreanu. Em miolos situados nas contracapas, temos os dois
discos. O primeiro, o trabalho em si, com oito músicas. No segundo disco, 6
músicas entre versões instrumentais, ensaios e duas inéditas. Um caprichado
pacote que agradará em cheio aos fãs de carteirinha. Quem é marinheiro de
primeira viagem, melhor se ater mesmo à edição padrão.
Digibook do Exile |
O Exílio
Nail Their Tongues, a apocalíptica faixa
de abertura já mostra um bocado do que encontraremos ao longo da bolachinha: um
Heavy Metal difícil de ser rotulado, mas sempre épico, intenso e pesado. Praticamente
nenhum sinal de Folk pode ser
entreouvido, e os resquícios de Black
Metal se fazem presentes em uma ou
outra voz rasgada e na bateria em sua reta final.
To Hell Or The
Hangman
segue explicitando ainda mais a liberdade que a banda almejou no novo trabalho.
Ao ouvinte desavisado, o sinistro conto de traição e assassinato bem poderia
ser confundido com um novo (e inspiradíssimo) single do misterioso combo gótico
britânico Fields Of The
Nephilim. Sim, o vocalista Allan Averill “Nemtheanga” soa
aqui como um improvável filho bastardo do Carl
McCoy com o Martin Walkyier (Skyclad). Uma das melhores faixas de um
inspirado 2018.
Where Lies The Gods traz consigo os
elementos folk, mas com um ar
oriental, e sua letra inicia um tema frequente no disco, o das civilizações e
feitos apagados e soterrados pelas areias do tempo. O tema é explorado ainda
mais vividamente na faixa título, carregada de emoção. Ambas apoteóticas.
Nemtheanga e suas linhas
melódicas fortes, voz carregada de emoção e ótimas letras pode até reinar
absoluto ao longo do disco, mas a banda está longe, muito longe de ser formada
por um amontoado de pernas-de pau. Os guitarristas Ciáran MacUiliam e Micheál Ó Floinn jogam para o
time, num peso minimalista repleto de nuances e dinâmica. E a cozinha, essa é
excelente, com as linhas inventivas de baixo de Pól MacAmhlaigh e a
bateria variada e tribal de Simon Ó Laoghaire
roubando a cena nas passagens instrumentais. A longa e matadora Upon Our Spiritual Deathbed, que migra de um som marcial
para algo mais próximo ao heavy metal mais tradicional é um belo exemplo da
versatilidade do quinteto, emoldurada pela produção sombria e acertadamente árida
de Ola Ersfjord (Tribulation).
Stolen Years, a melancólica e calma faixa de trabalho, assustou alguns dos
fãs da fase mais crua da banda, mas é bela e hipnótica e merece o posto de
single do disco, ainda que sua aura, com algo de Katatonia, pouco represente o restante do material.
O disco se encerra com dois pesadíssimos épicos: Sunken Lungs com sua
intrincada cozinha e novamente com aquele espírito de Fields Of The Nephilim sobressaindo; já Last Call é tão sombria
e claustrofóbica que não ficaria nem um pouco deslocada em um disco do My Dying
Bride.
Veredito da Cripta
A
crise de meia idade fez um imenso bem aos Irlandeses. Diante da necessidade de
se reinventar, o Primordial
conseguiu criar uma obra densa e difícil de ser rotulada. Um trabalho daqueles
que acabam por proporcionar uma atmosfera absolutamente imersiva, um louvável e
incomum resultado. Um dos melhores discos de 2018 e forte concorrente a disco
de cabeceira deste escriba aqui.
NOTA: 10
Visite o The Metal Club |
Gravadora: Metal Blade Records (importado)
Prós: atmosfera densa, sombria e imersiva
Contras: pode parecer monótono aos mais
imediatistas
Classifique como: Doom Metal, Black Metal
Para Fãs de: My Dying Bride, Enslaved, Fields Of
The Nephilim
Porra, quando pinta banda de macho nessa merda é com disco bicha
ResponderExcluirVTNC
Danilo Z de volta muleke
Gwhahhahahahhahahahaha
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