sábado, 26 de janeiro de 2019

Curtas: Doro, Annihilator, Graveyard & High On Fire







Doro – Forever Warriors, Forever United (2Cds-2018)

OverDOROse
Por Trevas

Impossível não admirar Doro Pesch. Na ativa desde muito jovem, quando à frente do Warlock, ajudou a colocar as mulheres em local de destaque numa cena majoritariamente dominada pela testosterona, Doro jamais deixou de carregar orgulhosamente a bandeira do Heavy Metal, mesmo nos períodos em que se associar cegamente ao estilo soava como amarrar uma âncora nos pés em termos de sucesso comercial. O problema é que, tal como acontece com seu conterrâneo UDO, a sonoridade que a loirinha explora em seus discos por muitas vezes parece se contentar em replicar de novo e de novo (e de novo) a mesma fórmula, ameaçando cansar até o mais devoto fã. Por isso mesmo, ao me deparar com a notícia de que a jovem senhora anunciara um novo disco, e que o mesmo seria duplo, fiquei com um pé atrás. E com razão. Temos aqui 25 músicas de um Hard & Heavy bem padrão para a carreira da alemã, com uma produção não mais que aceitável e participações especiais aqui e acolá (por exemplo, Johan Hegg do Amon Amarth, replicando o dueto algo desencontrado de Jomsviking), e a qualidade, se nunca chega a ser ruim, também raramente empolga de verdade.



Ou ao menos, não empolga o suficiente para que um ouvinte casual resista à audição contínua de todo o material. A destacar, a ótima homenagem ao Motorhead (que também aparece sob o correto cover para Lost On The Ozone), na feroz Bastardos, a gostosa Backstage To Heaven, a bacana Résistance e a tentativa (quase acertada) de replicar o poder de grude de All We Are em All For Metal (que conta com um coro estelar). Quase todas presentes no primeiro Cd, que é consideravelmente mais interessante que o segundo. Em suma, se você é fã de carteirinha, irá se divertir. Se nunca deu bola para a voz da milf mais querida da história do metal, passe bem longe pois não há nada de novo ou excepcional aqui. Talvez um best of de 10 faixas pinçadas dos dois discos rendesse um trabalho bem mais legal!

NOTA: 6,77

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: a Doro de sempre
Contras: muitas músicas medianas diluem o poderio do disco
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Warlock, Burning Witches


Tia Doro podia ter maneirado na quantidade e apostado na qualidade
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Annihilator – For The Demented (Cd-2017)

Demente Como Sempre
Por Trevas

Não é segredo para ninguém que o combo canadense de Thrash Metal Annihilator é praticamente um “exército de m homem só”, capitaneado pelo exímio guitarrista Jeff Waters. Mas volta e meia, como que para tirar qualquer dúvida que possa pairar sobre quem manda na pelota, Mr. Waters passa a assinar até mesmo os vocais de alguns discos da banda, com resultados que variam bastante. E esse é o caso de For The Demented, Jeff lidera com guitarras alucinantes e vocais apenas competentes em um disco direto, feroz e rápido de um Thrash/Speed Metal moderno repleto de solos e riffs excelentes. Twisted Lobotomy abre a bolachinha com o pé no acelerador, e One To Kill tem momentos guitarrísticos de clara referência (reverência?) à Michael Schenker.



Claro que em se tratando de uma banda com uma discografia tão extensa (e com diferentes fases) quanto essa (são 16 discos até agora!), cada novo capítulo costuma receber atenções um bocado polarizadas por parte dos fãs. Li um bocado de coisas ruins sobre o disco, mas tive imensa dificuldade em sequer entender o motivo das críticas negativas, já que o trabalho parece encapsular de maneira para lá de competente as diversas nuances que a banda já vinha apresentando pelo menos nos últimos 20 anos. Em suma, se você gosta de um Thrash mais técnico e não se importa com sonoridade moderna e com a limitação vocal do tio Jeff, pode conferir o disco sem medo.

NOTA: 8,17


Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: porradaria bruta
Contras: Jeff não é lá um grande vocalista
Classifique como: Thrash Metal

Para Fãs de: Megadeth

Jeff e os caras que trabalham nesse momento para ele
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Graveyard – Peace (CD-2018)

Boca De Sino Rediviva
Por Trevas

Peace é o irônico título que estampa a capa do quinto disco de estúdio dos suecos do Graveyard. Irônico pois paz definitivamente foi o que a banda não viveu em tempos recentes. Após o lançamento do melancólico Innocence & Decadance, os caras supreendentemente anunciaram a separação. Uma das mais promissoras bandas do movimento Retro Rock que tomou a Escandinávia de assalto simplesmente sumiria do mapa em seu auge. Um ano depois o retorno foi anunciado, mas sem o baterista fundador, Axel Sjöberg. E como Axel era parte importante no som do quarteto, Peace chegou ás prateleiras debaixo de alguma desconfiança. Será que a banda efetivamente funcionaria a contento? Bem, a detonante faixa de abertura It Ain’t Over Yet talvez seja outra dose de bom humor sueco programada justamente para responder aos incrédulos.


São 10 faixas certeiras, fabricadas com esmero para viver os anos 1970 em sua plenitude. Timbres e estruturas totalmente vintage e vocais roufenhos (Nilsson e Morck se dividem ao longo do disco, oito para o primeiro, duas para o segundo) numa produção encardida e orgânica. O novo recruta, Oskar faz um ótimo trabalho, mas o coringa aqui são as composições caprichadas, que acham profundidade em sua fingida simplicidade. Os destaques ficam para The Fox, Walk On e a já citada faixa de abertura. Um belo retorno.


NOTA: 8,40

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: orgânico até a medula
Contras: falta aquele algo a mais de Hisingen Blues
Classifique como: Retro-Rock
Para Fãs de: Rival Sons, Witchcraft

Maior brasa, morou broto?
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High On Fire – Electric Messiah (Cd-2018)

Messias Sujismundo
Por Trevas

Electric Messiah é o oitavo capítulo do monstro criado em 1998 pelo homem-que-nunca-vestirá-uma-camisa Matt Pike, o cérebro ensopado de psicotrópicos responsável pelo som monolítico do Sleep. A jornada continua a mesma desde o segundo trabalho: um viciante e fétido crossover de Celtic Frost/Motörhead/Black Sabbath com riffs e solos carregados de sujeira, baixo gorduroso (Jeff Matz), bateria de homem das cavernas (Dens Kensel) e vocais que parecem saídos do Lemmy após um gargarejo com cerol. Coisas como as virulentas Spewn From The Earth e Electric Messiah (a melhor música do Motörhead que você vai ouvir pós existência da banda) devem causar um esgar de felicidade no cadáver do saudoso tio Crocotó.


Enquanto isso há espaço para números mais tribais, calcados no Stoner épico do Sleep, como Steps Of The Ziggurat/House Of Evil e Sanctioned Annihilation e até sobra um pedaço para algo mais melodioso, como a ótima Drowning Dog. A sujeira e ogridão do som podem não render um prato requintado ao gosto de ouvidos mais sensíveis, e justamente por isso impressiona a notícia de que uma banda tão comprometida com a estética underground tenha ganho uma surpreendente indicação ao Grammy! Após terminar as 9 músicas que totalizam quase uma hora de som, duas perguntas permanecem: por que diabos Matt Pike não usa camisas? E de onde o infame biltre consegue tirar tantos riffs e solos encardidos? Espero que Tony Iommi nos responda...  

NOTA: 8,53

Gravadora: SPV (importado)
Prós: lindamente tosco
Contras: ainda assim, tosco e ogroide demais para ouvidos leite-com-pera
Classifique como: Stoner Metal
Para Fãs de: Celtic Frost, Motörhead, Orange Goblin, Black Sabbath

Fodam-se camisas! Matt Pike por Hillarie Jason


Notas Baseadas No Sistema de Avaliação do The Metal Club














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