Doro – Forever Warriors, Forever United (2Cds-2018)
OverDOROse
Por Trevas
Impossível não
admirar Doro Pesch. Na ativa desde muito jovem, quando à frente do Warlock, ajudou a colocar as mulheres
em local de destaque numa cena majoritariamente dominada pela testosterona, Doro jamais deixou de carregar
orgulhosamente a bandeira do Heavy Metal, mesmo nos períodos em que se associar
cegamente ao estilo soava como amarrar uma âncora nos pés em termos de sucesso
comercial. O problema é que, tal como acontece com seu conterrâneo UDO, a sonoridade que a loirinha
explora em seus discos por muitas vezes parece se contentar em replicar de novo
e de novo (e de novo) a mesma fórmula, ameaçando cansar até o mais devoto fã.
Por isso mesmo, ao me deparar com a notícia de que a jovem senhora anunciara um
novo disco, e que o mesmo seria duplo, fiquei com um pé atrás. E com razão.
Temos aqui 25 músicas de um Hard &
Heavy bem padrão para a carreira da alemã, com uma produção não mais que
aceitável e participações especiais aqui e acolá (por exemplo, Johan Hegg do Amon Amarth, replicando o dueto algo desencontrado de Jomsviking), e a qualidade, se nunca
chega a ser ruim, também raramente empolga de verdade.
Ou ao menos, não empolga o
suficiente para que um ouvinte casual resista à audição contínua de todo o
material. A destacar, a ótima homenagem ao Motorhead
(que também aparece sob o correto cover para Lost On The Ozone), na feroz Bastardos,
a gostosa Backstage To Heaven, a
bacana Résistance e a tentativa (quase
acertada) de replicar o poder de grude de All
We Are em All For Metal (que
conta com um coro estelar). Quase todas presentes no primeiro Cd, que é
consideravelmente mais interessante que o segundo. Em suma, se você é fã de
carteirinha, irá se divertir. Se nunca deu bola para a voz da milf mais querida da história do metal,
passe bem longe pois não há nada de novo ou excepcional aqui. Talvez um best of de 10 faixas pinçadas dos dois discos rendesse um trabalho bem
mais legal!
NOTA: 6,77
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: a Doro de sempre
Contras: muitas músicas medianas diluem o
poderio do disco
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Warlock, Burning Witches
Tia Doro podia ter maneirado na quantidade e apostado na qualidade |
Annihilator – For The Demented (Cd-2017)
Demente Como Sempre
Por Trevas
Não é segredo para
ninguém que o combo canadense de Thrash
Metal Annihilator é praticamente um “exército de m homem só”, capitaneado
pelo exímio guitarrista Jeff Waters. Mas volta e meia, como que para
tirar qualquer dúvida que possa pairar sobre quem manda na pelota, Mr. Waters passa a assinar até mesmo os
vocais de alguns discos da banda, com resultados que variam bastante. E esse é
o caso de For The Demented, Jeff lidera com guitarras alucinantes e
vocais apenas competentes em um disco direto, feroz e rápido de um Thrash/Speed Metal moderno repleto de solos e riffs excelentes. Twisted Lobotomy abre a bolachinha com
o pé no acelerador, e One To Kill
tem momentos guitarrísticos de clara referência (reverência?) à Michael Schenker.
Claro que em se tratando de
uma banda com uma discografia tão extensa (e com diferentes fases) quanto essa
(são 16 discos até agora!), cada novo capítulo costuma receber atenções um
bocado polarizadas por parte dos fãs. Li um bocado de coisas ruins sobre o disco, mas
tive imensa dificuldade em sequer entender o motivo das críticas negativas, já
que o trabalho parece encapsular de maneira para lá de competente as diversas
nuances que a banda já vinha apresentando pelo menos nos últimos 20 anos. Em
suma, se você gosta de um Thrash
mais técnico e não se importa com sonoridade moderna e com a limitação vocal do
tio Jeff, pode conferir o disco sem
medo.
NOTA: 8,17
Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: porradaria bruta
Contras: Jeff não é lá um grande vocalista
Classifique como: Thrash Metal
Para
Fãs de: Megadeth
Jeff e os caras que trabalham nesse momento para ele |
Graveyard – Peace (CD-2018)
Boca
De Sino Rediviva
Por Trevas
Peace é o irônico
título que estampa a capa do quinto disco de estúdio dos suecos do Graveyard. Irônico pois paz
definitivamente foi o que a banda não viveu em tempos recentes. Após o
lançamento do melancólico Innocence & Decadance, os caras supreendentemente anunciaram a separação. Uma
das mais promissoras bandas do movimento Retro Rock que tomou a Escandinávia de
assalto simplesmente sumiria do mapa em seu auge. Um ano depois o retorno foi
anunciado, mas sem o baterista fundador, Axel Sjöberg. E como Axel era parte importante no som do
quarteto, Peace chegou ás
prateleiras debaixo de alguma desconfiança. Será que a banda efetivamente
funcionaria a contento? Bem, a detonante faixa de abertura It Ain’t Over Yet talvez seja outra dose de bom humor sueco
programada justamente para responder aos incrédulos.
São 10 faixas certeiras,
fabricadas com esmero para viver os anos 1970 em sua plenitude. Timbres e
estruturas totalmente vintage e
vocais roufenhos (Nilsson e Morck se dividem ao longo do disco,
oito para o primeiro, duas para o segundo) numa produção encardida e orgânica.
O novo recruta, Oskar faz um ótimo
trabalho, mas o coringa aqui são as composições caprichadas, que acham
profundidade em sua fingida simplicidade. Os destaques ficam para The Fox, Walk On e a já citada faixa de abertura. Um
belo retorno.
NOTA: 8,40
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: orgânico até a medula
Contras: falta aquele algo a mais de
Hisingen Blues
Classifique como: Retro-Rock
Para Fãs de: Rival Sons, Witchcraft
Maior brasa, morou broto? |
High On Fire – Electric Messiah
(Cd-2018)
Messias
Sujismundo
Por Trevas
Electric Messiah
é o oitavo capítulo do monstro criado em 1998 pelo
homem-que-nunca-vestirá-uma-camisa Matt
Pike, o cérebro ensopado de psicotrópicos
responsável pelo som monolítico do Sleep.
A jornada continua a mesma desde o segundo trabalho: um viciante e fétido
crossover de Celtic Frost/Motörhead/Black Sabbath com riffs e solos carregados de sujeira, baixo gorduroso (Jeff Matz), bateria de homem das cavernas (Dens Kensel) e vocais
que parecem saídos do Lemmy após um
gargarejo com cerol. Coisas como as virulentas Spewn From The Earth e Electric Messiah (a melhor música do Motörhead que você vai ouvir pós
existência da banda) devem causar um esgar de felicidade no cadáver do saudoso tio
Crocotó.
Enquanto isso há espaço para números
mais tribais, calcados no Stoner
épico do Sleep, como Steps Of The Ziggurat/House Of Evil e Sanctioned Annihilation e até sobra um pedaço para algo mais melodioso, como a
ótima Drowning Dog. A sujeira e
ogridão do som podem não render um prato requintado ao gosto de ouvidos mais
sensíveis, e justamente por isso impressiona a notícia de que uma banda tão
comprometida com a estética underground tenha ganho uma surpreendente indicação
ao Grammy! Após terminar as 9
músicas que totalizam quase uma hora de som, duas perguntas permanecem: por que
diabos Matt Pike não usa camisas? E de onde o infame biltre consegue tirar
tantos riffs e solos encardidos? Espero
que Tony Iommi nos responda...
NOTA: 8,53
Gravadora: SPV (importado)
Prós: lindamente tosco
Contras: ainda assim, tosco e ogroide
demais para ouvidos leite-com-pera
Classifique como: Stoner Metal
Para Fãs de: Celtic Frost, Motörhead, Orange
Goblin, Black Sabbath
Fodam-se camisas! Matt Pike por Hillarie Jason |
Notas Baseadas No Sistema de Avaliação do The Metal Club |
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