domingo, 27 de janeiro de 2019

Amon Amarth – The Pursuit Of Vikings – 25 Years In The Eye Of The Storm (Blu-Ray + Cd – 2018)



Bodas De Prata Viking!
Por Trevas

O Amon Amarth completou 25 anos de carreira, comemorados em 2017. The Pursuit Of Vikings lançado em diversos formatos, traz um documentário que conta a história dessa jornada, tendo como bônus as duas apresentações comemorativas (em algumas edições, só o show principal dá as caras) que a banda fez no Summer Breeze daquele ano. A nossa edição é um Digipack contendo um Blu-Ray e um Cd, então vamos às impressões.

Versão analisada pela Cripta
Documentário:

A estrela principal do pacote, o documentário 25 Years In The Eye Of The Storm tem 100 minutos de material que alterna entre entrevistas, imagens de shows e de arquivo. E mostra a longa jornada que o quinteto de Tumba (que ótimo nome para uma cidade de origem para uma banda de Death, hein?), lugarejo nos subúrbios de Estocolmo, percorreu até ter um disco como número 1 nas paradas da Alemanha, isso tocando Death metal e cantando sobre Vikings. As entrevistas focam a formação atual, mas como boa parte já está na estrada desde a década de 1990, não há grandes problemas. É legal imaginar que os caras que vemos agitando nos palcos dos festivais hoje já sofreram os mesmos revezes que qualquer banda que se tenha notícia: a ingrata divisão de tempo e dinheiro entre vida social, empregos normais e banda; a insegurança de que estariam fazendo a coisa certa que fez com que a banda quase acabasse, a falta de profissionalismo dos primórdios, quando a banda criou uma péssima reputação por subir extremamente bêbada nos shows. É difícil imaginar o hirsuto Johann Hegg entregando sorvete para crianças em um caminhão enquanto os outros meninos trabalhavam pesado como pedreiros em Estocolmo, todos se reunindo no fantasioso mundo dos estúdios após o horário comercial. Mais insólito ainda é descobrir que a escolha da temática viking, que os ajudou a mostrar um diferencial em relação a outras bandas para o resto do mundo, gerava imenso preconceito na Suécia natal. Sim, pois por lá a cultura viking é muito utilizada por grupos racistas da extrema direita. Precisou de tempo e do sucesso internacional para que o país entendesse que os rapazes definitivamente não abraçavam essa vertente política, se concentrando apenas no interesse pela mitologia e história daquele período.


Brian Slagel, Peter Tatgren e Andy Sneap aparecem ao longo do documentário, e muito é falado de quanto o falecido Michael Trengert, executivo da Metal Blade, colocou a banda debaixo dos braços, desenvolvendo conceitualmente o show que hoje conhecemos. A edição é bacana e a honestidade dos envolvidos é visível, mas a longa duração, a falta de histórias mais polêmicas e ausência de legendas (o inglês dos suecos nem sempre é fácil para ouvidos não treinados) podem tornar o filme desinteressante aos olhos do fã casual. Mas aos viciados por biografias, temos um ótimo e bem documentado apanhado da história de uma das bandas mais legais da atualidade.



Live At Summer Breeze: The Movie

O show dos suecos continua o mesmo em sua essência: furioso, com uma música quase emendando na outra e alto nível de proficiência técnica (com exceção feita ao inexplicável e já infame solo torto em Twilight Of The Thunder God). A diferença para outros tempos reside na produção: hoje a banda tem cacife para bancar pantomimas de encher os olhos do headbanger oitentista de lágrimas, como um praticado de bateria que é um elmo viking, um mjolnir explosivo, batalhas bem encenadas, um Loki de olhos fulgurantes e até mesmo a serpente marinha gigante da mitologia nórdica. O repertório é bem diverso (uma pena o show da noite anterior, mais Old School, só estar disponível no Box-set maior) e Johan Hegg capitaneia o quinteto com imenso carisma diante de uma plateia que parece incansável durante todo o set, rolando até mesmo o dueto legalzinho com a musa Doro. O som é cristalino e as múltiplas câmeras captam em alta definição e com edição de imagens bacana o clima festivo e a quase simbiose entre banda e público. Talvez o único senão seja a captação do som da tresloucada plateia durante as músicas, bem baixo na mixagem.




Live At Summer Breeze: The Album

O pacote aqui analisado vem com o show da segunda noite, o do palco principal, completo. O áudio é cristalino como o do Blu-ray, mas no Cd o som baixo da plateia incomoda ainda mais. Difícil entender como uma banda experiente como o Amon Amarth pode ter deixado passar batido um pequeno grande detalhe que separou o presente trabalho da perfeição. Ainda assim, as rendições das músicas apresentadas são todas bem legais, no mínimo rivalizando com suas originais de estúdio.




Veredito da Cripta

Um ótimo e extenso documentário adornado com um show em alta definição de uma das bandas mais legais da atualidade para se ver ao vivo. Há como reclamar? Um pacote que por alguns pequenos detalhes não alcança a perfeição. Altamente recomendado.


NOTA: 9,00


Gravadora: Metal Blade Records/ Sony Music (importado)
Prós: documentário e show detonam
Contras: faltou o show do palco menor, a plateia na mixagem e a opção de legendas
Classifique como: Death metal Melódico
Para Fãs de: At The Gates, Unleashed


sábado, 26 de janeiro de 2019

Curtas: Doro, Annihilator, Graveyard & High On Fire







Doro – Forever Warriors, Forever United (2Cds-2018)

OverDOROse
Por Trevas

Impossível não admirar Doro Pesch. Na ativa desde muito jovem, quando à frente do Warlock, ajudou a colocar as mulheres em local de destaque numa cena majoritariamente dominada pela testosterona, Doro jamais deixou de carregar orgulhosamente a bandeira do Heavy Metal, mesmo nos períodos em que se associar cegamente ao estilo soava como amarrar uma âncora nos pés em termos de sucesso comercial. O problema é que, tal como acontece com seu conterrâneo UDO, a sonoridade que a loirinha explora em seus discos por muitas vezes parece se contentar em replicar de novo e de novo (e de novo) a mesma fórmula, ameaçando cansar até o mais devoto fã. Por isso mesmo, ao me deparar com a notícia de que a jovem senhora anunciara um novo disco, e que o mesmo seria duplo, fiquei com um pé atrás. E com razão. Temos aqui 25 músicas de um Hard & Heavy bem padrão para a carreira da alemã, com uma produção não mais que aceitável e participações especiais aqui e acolá (por exemplo, Johan Hegg do Amon Amarth, replicando o dueto algo desencontrado de Jomsviking), e a qualidade, se nunca chega a ser ruim, também raramente empolga de verdade.



Ou ao menos, não empolga o suficiente para que um ouvinte casual resista à audição contínua de todo o material. A destacar, a ótima homenagem ao Motorhead (que também aparece sob o correto cover para Lost On The Ozone), na feroz Bastardos, a gostosa Backstage To Heaven, a bacana Résistance e a tentativa (quase acertada) de replicar o poder de grude de All We Are em All For Metal (que conta com um coro estelar). Quase todas presentes no primeiro Cd, que é consideravelmente mais interessante que o segundo. Em suma, se você é fã de carteirinha, irá se divertir. Se nunca deu bola para a voz da milf mais querida da história do metal, passe bem longe pois não há nada de novo ou excepcional aqui. Talvez um best of de 10 faixas pinçadas dos dois discos rendesse um trabalho bem mais legal!

NOTA: 6,77

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: a Doro de sempre
Contras: muitas músicas medianas diluem o poderio do disco
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Warlock, Burning Witches


Tia Doro podia ter maneirado na quantidade e apostado na qualidade
_____________________________________________________________




Annihilator – For The Demented (Cd-2017)

Demente Como Sempre
Por Trevas

Não é segredo para ninguém que o combo canadense de Thrash Metal Annihilator é praticamente um “exército de m homem só”, capitaneado pelo exímio guitarrista Jeff Waters. Mas volta e meia, como que para tirar qualquer dúvida que possa pairar sobre quem manda na pelota, Mr. Waters passa a assinar até mesmo os vocais de alguns discos da banda, com resultados que variam bastante. E esse é o caso de For The Demented, Jeff lidera com guitarras alucinantes e vocais apenas competentes em um disco direto, feroz e rápido de um Thrash/Speed Metal moderno repleto de solos e riffs excelentes. Twisted Lobotomy abre a bolachinha com o pé no acelerador, e One To Kill tem momentos guitarrísticos de clara referência (reverência?) à Michael Schenker.



Claro que em se tratando de uma banda com uma discografia tão extensa (e com diferentes fases) quanto essa (são 16 discos até agora!), cada novo capítulo costuma receber atenções um bocado polarizadas por parte dos fãs. Li um bocado de coisas ruins sobre o disco, mas tive imensa dificuldade em sequer entender o motivo das críticas negativas, já que o trabalho parece encapsular de maneira para lá de competente as diversas nuances que a banda já vinha apresentando pelo menos nos últimos 20 anos. Em suma, se você gosta de um Thrash mais técnico e não se importa com sonoridade moderna e com a limitação vocal do tio Jeff, pode conferir o disco sem medo.

NOTA: 8,17


Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: porradaria bruta
Contras: Jeff não é lá um grande vocalista
Classifique como: Thrash Metal

Para Fãs de: Megadeth

Jeff e os caras que trabalham nesse momento para ele
__________________________________________________________________





Graveyard – Peace (CD-2018)

Boca De Sino Rediviva
Por Trevas

Peace é o irônico título que estampa a capa do quinto disco de estúdio dos suecos do Graveyard. Irônico pois paz definitivamente foi o que a banda não viveu em tempos recentes. Após o lançamento do melancólico Innocence & Decadance, os caras supreendentemente anunciaram a separação. Uma das mais promissoras bandas do movimento Retro Rock que tomou a Escandinávia de assalto simplesmente sumiria do mapa em seu auge. Um ano depois o retorno foi anunciado, mas sem o baterista fundador, Axel Sjöberg. E como Axel era parte importante no som do quarteto, Peace chegou ás prateleiras debaixo de alguma desconfiança. Será que a banda efetivamente funcionaria a contento? Bem, a detonante faixa de abertura It Ain’t Over Yet talvez seja outra dose de bom humor sueco programada justamente para responder aos incrédulos.


São 10 faixas certeiras, fabricadas com esmero para viver os anos 1970 em sua plenitude. Timbres e estruturas totalmente vintage e vocais roufenhos (Nilsson e Morck se dividem ao longo do disco, oito para o primeiro, duas para o segundo) numa produção encardida e orgânica. O novo recruta, Oskar faz um ótimo trabalho, mas o coringa aqui são as composições caprichadas, que acham profundidade em sua fingida simplicidade. Os destaques ficam para The Fox, Walk On e a já citada faixa de abertura. Um belo retorno.


NOTA: 8,40

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: orgânico até a medula
Contras: falta aquele algo a mais de Hisingen Blues
Classifique como: Retro-Rock
Para Fãs de: Rival Sons, Witchcraft

Maior brasa, morou broto?
________________________________________________________________



High On Fire – Electric Messiah (Cd-2018)

Messias Sujismundo
Por Trevas

Electric Messiah é o oitavo capítulo do monstro criado em 1998 pelo homem-que-nunca-vestirá-uma-camisa Matt Pike, o cérebro ensopado de psicotrópicos responsável pelo som monolítico do Sleep. A jornada continua a mesma desde o segundo trabalho: um viciante e fétido crossover de Celtic Frost/Motörhead/Black Sabbath com riffs e solos carregados de sujeira, baixo gorduroso (Jeff Matz), bateria de homem das cavernas (Dens Kensel) e vocais que parecem saídos do Lemmy após um gargarejo com cerol. Coisas como as virulentas Spewn From The Earth e Electric Messiah (a melhor música do Motörhead que você vai ouvir pós existência da banda) devem causar um esgar de felicidade no cadáver do saudoso tio Crocotó.


Enquanto isso há espaço para números mais tribais, calcados no Stoner épico do Sleep, como Steps Of The Ziggurat/House Of Evil e Sanctioned Annihilation e até sobra um pedaço para algo mais melodioso, como a ótima Drowning Dog. A sujeira e ogridão do som podem não render um prato requintado ao gosto de ouvidos mais sensíveis, e justamente por isso impressiona a notícia de que uma banda tão comprometida com a estética underground tenha ganho uma surpreendente indicação ao Grammy! Após terminar as 9 músicas que totalizam quase uma hora de som, duas perguntas permanecem: por que diabos Matt Pike não usa camisas? E de onde o infame biltre consegue tirar tantos riffs e solos encardidos? Espero que Tony Iommi nos responda...  

NOTA: 8,53

Gravadora: SPV (importado)
Prós: lindamente tosco
Contras: ainda assim, tosco e ogroide demais para ouvidos leite-com-pera
Classifique como: Stoner Metal
Para Fãs de: Celtic Frost, Motörhead, Orange Goblin, Black Sabbath

Fodam-se camisas! Matt Pike por Hillarie Jason


Notas Baseadas No Sistema de Avaliação do The Metal Club














sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Curtas: Unleashed, Brainstorm, Bullet For My Valentine & Beyond The Black







Unleashed – The Hunt For White Christ (Cd-2018)

Amon Amarth Raiz?
Por Trevas

Os 13 discos e 30 anos de estrada afiançam a verdadeira instituição sueca de Death Metal que atende pelo nome de Unleashed. E o novo trabalho, produzido pelo próprio guitarrista Fredrik Folkare, nos reserva uma sequência nada misericordiosa de ataques de um Death Metal poderoso, por muitas vezes lembrando os poloneses do Vader. Desde as primeiras notas da avassaladora Lead Us Into War até os últimos instantes de Open To All The World, o que se escuta são os riffs cortantes, a bateria destruidora e a destreza do Cookie Monster, baixista e dono da bola Johnny Hedlund vomitando suas letras que misturam mitologia nórdica, tradição viking e ficção.


Sim, o disco marca o quarto capítulo da história iniciada em 2010 com As Yggdrasil Trembles. Mas o caráter conceitual da obra não eclipsa o conteúdo musical não. E chamar o que a banda faz de Death Metal old school é minimizar o poder de fogo dos caras, há espaço para Metal Tradicional (talvez o que faça com que por vezes a banda lembre o Vader) e até mesmo Groove Metal (Stand Your Ground, Terror Christ e The City Of Jorsala Shall Fall). O fato é que os caras conseguiram criar um disco daqueles que você escuta de uma talagada só, sem nem prestar atenção no passar do tempo. Ótima pedida que fará a felicidade de todo e qualquer fã de Death Metal que se preze.

NOTA: 8,86

Gravadora: Urubuz Records (nacional)
Prós: porrada do início ao fim
Contras: doses de groove podem afastar os puristas
Classifique como: Death Metal
Para Fãs de: Amon Amarth, Vader

Sorriam!

_________________________________________________________




Brainstorm – Midnight Ghost (Cd-2018)

Canções Para o Bicho-Papão
Por Trevas

Os alemães do Brainstorm tiveram um início algo thrashy, rapidamente migrando para um Power Metal tipicamente teutônico e prontamente reconhecível tão logo Andy B. Franck (Ivanhoe, Symphorce) se adonou dos microfones, com maestria, por sinal. A banda, que conta com uma formação para lá de estável, é reconhecida por muitos por supostamente conseguir manter um padrão de qualidade (alto) bem homogêneo em sua discografia. O que também gera acusações de outros tantos de raramente tentar escapar da mesmice. Talvez a verdade resida em algum ponto entre esses dois polos. Midnight Ghost é o 12º disco do quinteto, e continua a saga já conhecida de um Power Metal que equilibra melodia e elementos modernos de maneira bem pensada.



Não há realmente nada de novo no front, mas impossível não se deliciar com as cinco primeiras faixas, em especial Devil’s Eye, The Pyre e Jeanne Boulet. Essa última inclusive evidencia a temática que permeia as letras de toda a bolachinha, ao contar o triste destino de Jeanne Boulet, a jovem francesa cujo nome entrou para a história como a primeira vítima documentada da terrível “besta de Gévaudan”. Sim, todas as 10 faixas falam sobre monstros e fantasmas, mas o que importa mesmo é que os alemães conseguiram gerar um pacote de músicas viciante fadado a ganhar uma alta rotatividade nos sons dos fãs do estilo. Andy e sua trupe tem dito por aí que esse é o trabalho definitivo do Brainstorm, e talvez estejam realmente certos.

NOTA: 8,84

Gravadora: Valhall Music (nacional)
Prós: boa produção, músicas grudentas
Contras: não reinventa a roda
Classifique como: Power Metal
Para Fãs de: Symphorce

Brainstorm 2018
__________________________________________________





Bullet For My Valentine – Gravity (Cd-2018)

Gravitando Na Mediocridade
Por Trevas

Outrora considerada a maior aposta de renovação do Metal britânico, a galesa Bullet For My Valentine derrapou após seu meteórico início, contrastando a ótima reputação em cima dos palcos com uma discografia que no mínimo carece de algum direcionamento. Petardos como Venom se revezando com discos aguados como Temper Temper. Por isso mesmo quando o frontman e guitarrista Matt Tuck anunciou que o quarteto novamente mudaria sua sonoridade no novo trabalho, não pegou exatamente o mundo de surpresa. Mas dessa vez os caras foram mais longe do que de costume. Gravity é um disco que deve muito mais a bandas como Bring me The Horizon e Linkin Park do que ao próprio passado da banda, com eletrônica e climas calmos claramente fabricados para valorizar refrões bem radiofônicos. O que por si só não deve ser considerado um problema.




O que realmente incomoda é que o poder de fogo instrumental da banda, que conta com uma dupla de guitarristas invejável e uma ótima (e renovada) cozinha, acaba diluído em meio à essa proposta de sonoridade mecanizada. De bom, há muita dinâmica nos arranjos do disco e algumas boas faixas se salvam e podem render ainda mais em um ambiente ao vivo, como Leap Of Faith, Piece Of Me, Don’t Need You (a mais pesada do disco) e até mesmo a inicialmente polêmica Over It. Ainda que esteja longe da desgraça prevista por alguns fãs, Gravity se mostra um disco que raramente escapa para além da mediocridade, fadado a apenas reiterar a fama de inconstante dos galeses.

NOTA: 6,91

Gravadora: Spinefarm Records (importado)
Prós: boa produção, alguns bons refrães
Contras: um pouco mecânico demais
Classifique como: Metalcore, Nu Metal
Para Fãs de: Light The Torch, Linkin Park


Visual mais dark que o som: BFMV 2018

______________________________________________________



Beyond The Black – Heart Of The Hurricane (Cd-2018)

O Nome Dela É Jennifer
Por Trevas

O terceiro disco do combo alemão de Power Metal/metal Sinfônico surgiu fruto de uma curiosa reviravolta. Após o inesperado sucesso de venda dos dois primeiros trabalhos, a banda decidiu demitir a estrela da companhia, a bela Jennifer Haben. Mas, santo Geoff Tate, a moça conseguiu sair dessa com o nome da banda, juntou uma penca de novos músicos e pum, temos um novo Beyond The Black! E esse recente trabalho se assemelha tanto ao direcionamento atual do Within Temptation (e, por conseguinte, é os cornos do Delain), que chega a assustar. Mas a despeito dos problemas de identidade, o disco é muitíssimo bem feito. O início com Hysteria e a faixa título já explica o porquê do sexteto ter conseguido um contrato com uma major do porte da Universal, tudo aqui cheira a Metal Mainstream, fadado a arenas e afins. Duvida? Escute coisas como Million Light Years, Beneath A Blackned Sky e Songs For The Godless e tente não ficar com os refrães impregnados na cachola.



Haben tem uma bela voz e um tino certeiro para ótimas melodias, e o disco transcorre como a trilha sonora de algum filme futurista, com os teclados onipresentes fazendo as vezes da orquestra (com bom gosto, nada brega) e o restante do instrumental atuando com maturidade em performances acima da média (temos também backing vocals masculinos aqui e acolá num contraponto à voz da dona da bola). Um trabalho maduro e muito bacana, que a contar pela receptividade surreal nas paradas teutônicas, provavelmente marcará o início de um novo reinado no planeta do Metal Sinfônico.

NOTA: 8,54

Gravadora: Universal Music (importado)
Prós: ótima produção, boas músicas
Contras: muito semelhante ao trabalho atual do Within Temptation
Classifique como: Metal Sinfônico
Para Fãs de: Delain, Within Temptation

O nome dela é...ah, tá deixa quieto...






segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Curtas: Nordic Union, The Night Flight Orchestra, Visigoth & Lords Of Black

Curtas da Cripta





Nordic Union – Second Coming (Cd-2018)

União Sonolenta
Por Trevas
O segundo trabalho que une os talentos do multi-instrumentista sueco Erik Martensson (Eclipse, WET) com o veteraníssimo vocalista dinamarquês Ronnie Atkins (frontman do Pretty Maids) traz 11 faixas inéditas e escritas pela própria dupla. Mas vem com um problema à tiracolo: se a primeira bolachinha tinha como trunfo unir o lado AOR do Pretty Maids com a expertise da ala moderna do estilo de Erik, aqui fica evidente que a fonte está começando a secar.



O AOR algo tristonho da bolachinha (que remete ao Starbreaker de Tony Harnell e Magnus Karlsson) combina bem com os talentos da dupla, mas faltam músicas mais marcantes, e terminar a audição de um disco de AOR sem ter um punhado de refrãos imediatamente grudados na mente definitivamente não é um bom indicativo. Ainda assim, Second Coming está longe de ser um disco ruim, apenas não tem nada que o eleve do patamar do competente para o memorável.


NOTA: 6,96


Gravadora: Frontiers Records (importado)
Prós: boa produção, sonoridade interessante
Contras: parece feito para cumprir tabela
Classifique como: AOR
Para Fãs de: Starbreaker

Erik, erh...acho que você deve prestar mais atenção na sua esposa...
__________________________________________________________________




The Night Flight Orchestra – Sometimes The World Ain’t Enough (Cd-2018)

Mullet-Rock
Por Trevas

Mais um capítulo do incrível projeto paralelo que se tornou gigante, o novo disco da NFO mergulha ainda mais naquele AOR que parece feito em algum momento entre 1978 e 1985. A fórmula já não é mais nenhuma surpresa, mas a capacidade de escrever canções grudentas de Bjorn e David Andersson (os cabeças do projeto, direto do Soilwork) permanece aguçada.



A produção impressiona, cada timbre e arranjo mergulhado em glitter e calçado em polainas, como deveria ser para as intenções do projeto. Os músicos são todos excelentes, mas Bjorn e Sharlee D’Angelo impressionam ainda mais pela capacidade de expressar seu talento de maneira tão absurda num estilo totalmente diferente daquele que catapultou seus nomes na cena. De negativo, apenas a impressão de que a cada disco que passa dessa patota e temos menos músicas talhadas para sobreviver ao teste do tempo. Talvez devessem dar um espaço maior entre os discos. Ainda assim, um Cd que é daqueles Guilty Pleasures para o banger troozão!    


NOTA: 7,72


Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: te coloca numa máquina do tempo direto para o tempo dos mullets
Contras: músicas divertidinhas, mas a banda vem perdendo poder de fogo
Classifique como: AOR
Para Fãs de: Foreigner, Journey, Survivor


Alô, poderiam enviar mais um carregamento de polainas por favor?
_________________________________________________________________





Visigoth – Conqueror’s Oath (Cd-2018)

Barbaridade!
Por Trevas

Os bárbaros de Salt Lake City chegam ao temido segundo disco tendo que lidar com as altas expectativas criadas diante do improvável sucesso do Debut The Revenant King. Mas é só colocar para rodar a faixa de abertura, Steel And Silver, que o headbanger mais tradicionalista abrirá um sorriso maior que a ferida feita por um machado afiado. O som dos caras transita entre o metal tradicional oitentista e cargas de sonoridade épica que tornam a mistura algo polarizadora. Os vocais operísticos adornados por corais bem macho-man de Jake Rogers por exemplo, a depender do ouvido receptor, podem soar como uma benção ou como a coisa mais ridícula do planeta. E as letras são aquela coisa capa e espada nada cerebral regurgitada de novo e de novo desde o início dos tempos por bandas do estilo.



Mas para quem curte esse tipo de Heavy Metal forjado na linha tênue entre a breguice e a genialidade, fica difícil resistir aos charmes de faixas como Hammerforged, Blades In The Night e Warrior Queen. E o que dizer das épicas Traitor’s Gate e a faixa título? Metal épico de primeira, gravado com esmero e feito sob medida para a galera cantar junto nos shows, com punhos e cervejas em riste.

NOTA: 8,69

Gravadora: Urubuz Records (nacional)
Prós: mais épico que a tanguinha de guaxinim do Joey de Maio
Contras: vai dizer que tu não foi olhar a foto da tanguinha de guaxinim?
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Grand Magus, Hammerfall


Minhas férias na floresta, parte 666
____________________________________________________________




Lords Of Black – Icons Of The New Days (2Cds – 2018)

Fechando A Trilogia
Por Trevas

O terceiro disco dos espanhóis do Lords Of Black marcaria o canto de cisne do vocalista chileno Ronnie Romero junto à banda. Sua saída foi anunciada pouco após o lançamento da bolachinha, que ganhou edição especial repleta de bônus espalhados por dois discos. Uma pena, já que sua voz rascante, a exata mistura de Dio com Freddie Mercury (conforme palavras do patrão do chileno, Ritchie Blackmore), combina muito bem com o Metal dos espanhóis, uma espécie de Heavy/Power moderno que deve tanto ao Kamelot e Masterplan quanto ao próprio Rainbow. A despeito da estrela do cantor, o dono da bola é o guitarrista Tony Hernando, que assina todas as 12 faixas do repertório da edição padrão.


O disco é menos sombrio que seus antecessores, mas continua a apostar em faixas midtempo repletas de dramaticidade e sem grandes arroubos de virtuosismo, tudo aqui é feito em prol da musicalidade. A produção de Roland Grapow é seca e moderna, e todos os músicos aparecem com igual destaque. As doze faixas são boas, mas a faixa título e a longa e pesadíssima King’s Reborn fazem as vezes de grandes destaques. No disco bônus, boas covers para Edge Of The Blade (Journey), Innuendo (Queen), Only (Anthrax) e Tears Of The Dragon (Bruce Dickinson) e mais duas inéditas. Resta desejar boa sorte para a banda, pois um vocalista como Romero não se acha todo dia.


NOTA: 8,35


Gravadora: Frontiers Records (importado)
Prós: bem construído e com ótimos vocais
Contras: menos impactante que seus antecessores
Classifique como: Heavy Metal, Power Metal
Para Fãs de: Kamelot, Masterplan

Ronnie fazendo sua última aparição com os amigos espanhóis