sábado, 2 de junho de 2018

We Sell The Dead – Heaven Doesn't Want You And Hell Is Full (CD-2018)

We Sell The Dead 

Tim Burton Metal
Por Trevas

Banda ou projeto? Ainda não ficou claro para ninguém, mas We Sell the Dead (chamarei de WSTD para economizar, se me permitirem) foi apresentado ao mundo como um “projeto multimídia inspirado na era vitoriana, mas que transpõe a atmosfera daqueles tempos para uma sonoridade moderna. Se Jack O Estripador tivesse viajado no tempo para os dias modernos ele certamente entraria para uma banda de heavy metal, e ela seria We Sell The Dead...” baboseiras mil, o press release mais me afastou inicialmente do que causou curiosidade. De fato, o que temos aqui é um grupo formado por gente de bandas conhecidas e variadas da cena, mas gente não tão famosa assim para podermos chamar de supergrupo. São eles os suecos Niclas Engelin (guitarrista do In Flames, Engel e Passenger), Apollo Papathanasio (voz, ex-Firewind, atual Spiritual Beggars), Jonas Slättung (baixo e voz, Drömriket) e Gas Lipstick (bateria, ex-HIM). Se a mistura das bandas originais dos membros do WSTD parece estranha, matou a charada, é exatamente nessa estranheza que reside o charme desse projeto, amparado pelos visuais do artista gráfico e game designer Dan Lind.

Quarteto sueco? Seria o ABBA?

Bora Vender Defunto

A climática (e cinemática) introdução The Body Market, nos arremessa para o centro da viagem no tempo proposta no press release, e então Echoes Of An Ugly Past aparece com seu riff totalmente Doom contrastando com uma sonoridade moderna (a produção pelo jeito ficou ao encargo da própria banda) e a voz única de Apollo. O refrão é daqueles que gruda que nem chiclete na cachola e é seguido por um baixo gorduroso e a bateria pesada de Gas. Foi a primeira coisa que escutei deles e definitivamente me conquistou de cara. Excelente início.




Mais veloz que a faixa anterior, Leave Me Alone mantém o peso e a cara única, se bem que talvez pudesse ser explicada como algo que o Tony Iommi pudesse assinar nos dias de hoje se resolvesse prosseguir com uma nova versão do Black Sabbath. Imagine tem uma cara de trilha sonora de musical, um dirigido por Tim Burton mais especificamente, e a matadora Turn It Over é um improvável Gothic-AOR que traz uma interessante parceria vocal entre Jonas e Apollo.



Chuva, piano e um violão criam o clima para a sorumbática balada Too Cold To Touch, um momento de absoluta calmaria no disco, é outra a trazer um bem encaixado dueto. Trust vem a seguir com a solenidade Doom de uma marcha fúnebre, e soa como se o My Dying Bride tivesse tido um filho com alguma banda finlandesa. Por um momento me veio o extinto Sentenced à mente. À primeira vista a letra de Pale And Perfect pode indicar uma daquelas breguices do HIM, mas há de se notar um sutil toque de necrofilia no ar. Silent Scream é a derradeira das oito faixas, e é bem climática, com um dos melhores refrões do disco.




Veredito da Cripta
E de onde eu menos esperava saiu um disco simples, único e viciante. Difícil dizer se há conteúdo para se levar o We Sell The Dead para além desse álbum de estreia, mas se ficar só nele, a junção dos suecos já terá valido à pena.  


NOTA: 9,08

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Gravadora: Shinigami Records (nacional).
Pontos positivos: sonoridade única e músicas grudentas
Pontos negativos: pode soar um pouco melancólico demais para alguns
Para fãs de: Sentenced, Poisonblack
Classifique como: Gothic Metal, Modern Metal




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