Capirotagem em HD!
Por
Trevas
The Satanist,
disco dos poloneses do Behemoth de
2014, é cercado de uma história de fundo digna de filme, tendo inclusive
rendido a resenha mais visualizada e elogiada desse Blog (ler aqui).
Se o trabalho anterior de Nergal e
sua trupe já havia propiciado um ganho de território na cena metálica mundial, The Satanist colocou o Behemoth
numa improvável condição de força a ser reconhecida comercialmente. Pudera,
trata-se de um dos trabalhos mais perfeitos da história recente do Heavy Metal. Com a banda tocando
em lugares melhores, em horários melhores dentro dos festivais e podendo
investir ainda mais na cenografia de palco, nada mais justo que Nergal optasse por registrar momentos
da turnê em alta definição.
Olá, você teria um minutinho de seu tempo para ouvir a palavra do cramulhão? |
Apresentação
Como é comum no
material da Nuclear Blast feito especialmente para
colecionadores, há um impressionante esmero no belo earbook. Uma coleção de fotos em preto e branco entremeadas por
impressos em papel manteiga remetem ao belo projeto gráfico do trabalho de
estúdio ao qual esse ao vivo faz referência. Os três disquinhos vêm encartados
na contracapa, em fundo aveludado com miolos de encaixe resistentes. A arte de
capa é bela e soturna, como esperado. Existem diversos outros formatos, mais
simples, para Messe Noire, mas imagino que o esmero se faça
presente em todos.
Messe Noire em suas várias faces |
Blu-Ray/DVD
Menu
Belo,
e intuitivo, reflete o projeto gráfico do restante do pacote, permite a seleção
de músicas individualizadas ou que cada sessão seja reproduzida integralmente.
Tem como única falha o cursor seletor, que apenas ilumina levemente a opção
escolhida.
Imagem, Edição e Som
A teatralidade e
preocupação com a temática visual são parte integrante do show do Behemoth. Temos então profusão de
closes nas caras e bocas dos integrantes, cortes e tomadas que privilegiam os
belos e sombrios adereços de palco, tudo capturado em vários ângulos, em sua
grande maioria por câmeras de alta definição. A edição é ágil sem se tornar
esquizofrênica demais, com imagens em preto e branco se alternando com as
coloridas. A iluminação é parte do espetáculo, tudo muito bem pensado e
sombrio. As tomadas que privilegiam a plateia também são bem legais e até mesmo
a sobreposição de imagens, originalmente projetadas no telão, recurso que
geralmente repudio, aqui se encaixa, deixando um clima de desespero e
claustrofobia no ar. O som, em 5.1 ou estéreo, é perfeito, mantendo peso e
crueza aliados a uma qualidade cristalina, com boa captação da interação com o
animado público.
Performances e Repertório
A banda consegue
alternar entre a teatralidade, passividade solene e ferocidade num piscar de
olhos. Nergal é o mestre de
cerimônias e centro das atenções nessa missa negra, mas seus companheiros atuam
como excelentes coadjuvantes. Tecnicamente o quarteto funciona à perfeição e, a
despeito da complexidade do material de The
Satanist (que demanda por samplers e backing tracks aqui e
acolá) e da crueza do som ao vivo, a atmosfera está ali, intacta. O repertório
tem início com a execução do então recente trabalho na íntegra. Findada essa
parte, ainda temos uma bem escolhida sucessão de músicas do restante da carreira
dos poloneses, totalizando 15 faixas.
Extras
O
primeiro extra se chama Live Assault, anunciado como um Official Bootleg que traz 12 faixas tocadas ao vivo no festival Brutal Assault, em 2016. O repertório novamente é baseado na reprodução de
The Satanist na íntegra, adicionando 3 faixas de outros discos no
encore. A qualidade de áudio e vídeo é bacana (nem merecia o epíteto Bootleg) e a despeito do repertório
repetido, é uma adição interessante para conferirmos os poloneses tocando em
outro ambiente para um público não unicamente deles.
O segundo extra se
chama Cinematic Archive e engloba os seis videoclipes oficiais para músicas de The Satanist, com destaque absoluto para os belos e funestos clipes de Blow Your Trumpets Gabriel e O Father O Satan
O Sun!
CD
O Cd talvez seja o “ponto fraco” do
pacote. Não, a mixagem não é ruim, é até bem boa, diga-se, respeitando o
poderio da banda sem abandonar o som cristalino e colocando a plateia em
destaque quando necessário. Então qual seria o “problema” com a bolachinha? Bom
o “problema” é meramente conceitual, já que o disco traz somente as faixas do The Satanist, o que deixa espaço vago que poderia ser muito bem ocupado
por algumas das músicas que aparecem no bis. mas o importante é saber que o
material funciona muito bem ao vivo, mesmo sem a impactante contraparte visual.
Veredito da Cripta
Messe Noire é um deleite audiovisual, que mostra bem o motivo do Behemoth ter conseguido galgar espaço
para além do restrito nicho do metal extremo. Grandes composições, executadas
com muito esmero e vigor e engrandecidas por um cuidado gráfico invejável. Item
obrigatório para os fãs dos poloneses.
NOTA: 10
Prós: Um pacote audiovisual que beira a
perfeição
Contras: Sendo chato, o Cd bem poderia
trazer algumas das músicas do encore
Classifique como: Black Metal, Death
Metal, Blackened Death metal
Para Fãs de: Vader, Dimmu Borgir, Emperor,
Watain, Ihsahn.
Sei lá, esse negócio de meu nome é gal e eu sou mau feito um pica-pau cagando na roupa do varal... Acho tão infantiloide...
ResponderExcluirVou me autopunir e escutar a discog desses putos aí pra formar minha opinião. Alguma dica?
No mais, se fosse só pelo texto eu comprava a edição deluxe mega blaster plus. hehe
Abração, caro trevoso!!
ML
Fala, Lacerdão!
ExcluirNão sou exatamente fã de Black metal e a postura que acompanha o gênero. Mas Nergal é um cara inteligente e divertido, só acompanhar ele nas mídias sociais que já se tem noção desse lado. Vendo por esse ângulo, entendo mais o Behemoth como algo teatral, como King Diamond, por exemplo - filme de horror, shok rock. Muito diferente de bandas como o Watain, onde o senso de humor é zero e a coisa é levada a sério demais.
Na verdade as letras são até bem bacanas, e bem provocativas. Te recomendo o the Satanist, se curtir, passe para o anterior. Não conheço os caras desde o início, ao que parece era bem mais podrão o som. Esses caras do BM no geral começam muito novos, então é bacana ver que em algum momento amadurecem e trazem algo novo ao som.
Ah, e obrigado pelo elogio à resenha!
Abração
T
Eu gosto bastante do Me And That Man; vou aproveitar tua dica e fazer uma audição regressiva...
ExcluirValeu!!!!
ML