terça-feira, 26 de junho de 2018

Earthless – Black Heaven (Cd-2018)

Earthless - Black Heaven
Paraíso Retrô
Por Trevas

Confesso que havia deixado a tarefa de conferir o som dos californianos da Earthless de lado zilhões de vezes, mesmo com inúmeras recomendações vindas de gente muito boa. Esquecimento? Em boa parte. Mas também um pouco de descrença, sabia que os caras tem projetos de jazz, ostentam uma predileção por sons instrumentais repletos de jams e um bocado de psicodelismo, e imaginei algo meio metido à besta e sem muita pegada. Bom, até eu esbarrar com essa belíssima arte de capa e pensar com meus botões: “alguém que faz um som blasè jamais apostaria numa capa tão visceral, né?” . Talvez fosse finalmente a hora de dar atenção ao Earthless. Lá vamos nós então embarcar na primeira viagem rumo ao paraíso negro de um dos power trios mais bem falados da atualidade.

O trio, que jura que não faz uso de psicotrópicos, só café e chá...ah, sei...

Gifted By The Wind dá o tom do disco, uma paulada setentista com ótimos riffs, solos destruidores, baixo irrequieto e aquelas linhas vocais meio soltas e cheias de feeling que te fazem até esquecer que o cantor nem tem lá uma bela voz.



Um jorro de fantasmagórico feedback faz a ponte entre a abertura e End To End, com riff cáustico e aquela cozinha matadora que, em conjunto com a voz de Isaiah Mitchell, acaba remetendo ao Grand Funk Railroad. O trio traz composições com cara da primeira metade dos anos 1970, e o faz com aquele senso de liberdade e com uma pegada impressionante, o que a cozinha de Mario Rubalcaba e Mike Eginton demonstram na excelente Electric Flame é de causar ereção em qualquer saudosista. E não, enaltecer os caras não significa diminuir o poder de fogo do guitarrista/vocalista Isaiah Mitchell. Se os vocais do cabrunco, principal compositor do trio, demandam alguma boa vontade aos não aficionados por Budgie, Rush ou Grand Funk, as guitarras são absolutamente incontestáveis: feeling absurdo nos solos e poder e muita criatividade nos riffs, sempre com timbres caprichados. Ah, e se você que já conhece a banda ainda não ouviu o novo trabalho, deve estar achando um bocado estranha a citação de vocais em todas as músicas. Sim, os caras fizeram diferente dessa vez, as músicas, ainda que tenham como destaque suas excelentes passagens instrumentais, dessa vez são calcadas numa abordagem de canções mais diretas, uma abordagem para lá de acertada, diga-se. A exceção se faz em dois números: a rápida Volt Rush, curiosamente a única a ganhar um vídeo oficial.




A segunda instrumental é a frenética faixa que nomeia a bolachinha: aliás, que petardo é Black Heaven, a música, com performances estelares do trio e pequenas nuances que remetem até mesmo à Black Sabbath!


Mas o melhor foi guardado para o final, Sudden End, uma power balada viajandona que faz frente a qualquer música do gênero composta entre 1969 e 1979, terminando os parcos 39 minutos de disco de forma absolutamente perfeita.




Veredito da Cripta

Black Heaven é o melhor disco de Retro-Rock que escuto desde o fenomenal Hisingen Blues, do Graveyard. Uma adição obrigatória à coleção e qualquer fã de rock setentista que se preze e forte candidato a parte de cima das listas de melhores de 2018.


NOTA: 9,64


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Gravadora: Nuclear Blast (importado).
Pontos positivos: ótima produção, grandes performances
Pontos negativos: absolutamente vintage, para horror de quem gosta de sonoridade moderna
Para fãs de: Grand Funk Railroad, Budgie, Graveyard, Kadavar
Classifique como: Retro-Rock, Classic Rock


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